- Prólogo -

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Mina Myoui estava cansada. Para quem observava a mulher de fora, tudo em sua vida parecia perfeito, quase como em um conto de fadas, o sonho realizado que todos desejavam. Com 23 anos ela já possuía uma das maiores empresas de entretenimento da Coreia, tinha uma beleza e um ar de elegância marcantes que chamavam a atenção de todos por onde passava, no quesito inteligência ela também não ficava atrás, Mina poderia facilmente ser considerada um gênio. Entretanto, para a mulher, nada disso realmente importava pois ela se sentia... Sozinha.

Desde criança, a morena nunca teve muitos amigos. As mudanças quase constantes entre o Japão e os Estados Unidos não geraram uma situação favorável para criar amizades duradouras. Além disso, interagir com outras pessoas que não pertenciam a sua família a deixava muito nervosa, então ela preferia falar apenas nos momentos necessários. Ela nunca achou que isso era um grande problema, as crianças que estudavam em sua turma eram mais velhas devido ao seu adiantamento escolar então não era como se eles quisessem conversar com ela também.

Seu pensamento perdurou até o dia em que seus pais e seu irmão mais velho faleceram.

Na época, a família tinha acabado de voltar para o Japão para ficar definitivamente após um longo período morando no Texas e Mina ficou devastada quando bateram em sua porta para informar o falecimento das únicas pessoas que amava no mundo em um trágico acidente de carro. Como a Myoui ainda tinha 14 anos, acabou sendo enviada para lares temporários — muitos deles — até sair do sistema.

Alguns anos depois, aqui estava ela sentada na sala de sua grande mansão com seu maior companheiro, o vinho. Além dele, suas únicas companhias eram sua governanta, que era vista na mansão apenas algumas vezes na semana, e seus funcionários da empresa, a quem Mina fazia questão de tratar sempre com gentileza e respeito, incluindo os jovens trainees. Ela sabia que eles eram forçados a ritmos excessivos e quase desumanos em outras empresas da área e se esforçava para fazer diferente. Fora essas pessoas, a mulher não tinha mais ninguém, nem família, nem amigos próximos, nenhum tipo de conexão profunda que tanto almejava.

Droga!

A taça quebrada após cair no chão de madeira polido poderia facilmente ser um reflexo de seu coração.

Sem se preocupar em limpar a bagunça de cacos e vinho em seu piso, Mina apenas se levanta e segue para seu quarto no segundo andar da mansão. Os corredores quase vazios por sua decoração minimalista aumentam a sensação de solidão no local enquanto seus passos ecoam até ela chegar em seu quarto e se jogar nos lençóis.

Seu olhar encontra o teto e flutua até a porta de vidro da sacada. Mesmo com a iluminação excessiva da cidade ainda era possível ver o brilho das estrelas.

Mina nunca foi uma pessoa religiosa, mas olhando para a imensidão do céu, iluminado por milhares de estrelas, ela não pode deixar de se levar e pedir a quem quer que fosse responsável por essa bela criação, permitisse alguém para lhe fazer companhia enquanto contemplava tudo aquilo. Alguém para preencher o vazio em seu coração e dar algo para se importar além de seu trabalho, alguém para impedir que ela se afundasse ainda mais em sua dor e tristeza.

— Por favor... — com uma última súplica chorosa, a mulher é levada pelo sono.

[...]

No dia seguinte, Mina passou cada minuto entre acordar, se arrumar, limpar a bagunça que havia feito e seguir para a empresa, se repreendendo por ter bebido tanto antes de um dia de trabalho. Suas dores de cabeça sempre eram intensas depois de beber e com a quantidade de reuniões diárias e papéis que tinham que ser lidos e analisados ela sabia que só iria piorar.

Independente de seu estado, ao chegar em sua empresa ela fez questão de cumprimentar cada "bom dia" que recebia em seu caminho até seu escritório na cobertura do prédio, onde sua secretária já estava a esperando com seu café em mãos. Mina só começava a funcionar corretamente após uma xícara de café, adquirindo coragem e forças para começar a trabalhar e fazer o máximo possível antes de deixar o prédio e voltar para casa.

Beautiful SkyeWhere stories live. Discover now