11 - Lance sobre Ele toda a sua ansiedade.

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Antes mesmo de abrir os olhos, ela sentiu as dores, todo o seu corpo doía. Nada havia sido quebrado, e pelas lesões que sofrera, ela era uma garota de muita sorte dada a gravidade do acidente, foi tudo o que o médico lhe falara antes de voltar a apagar.

Mas agora sentindo tantas dores, ela cogitou a possibilidade de ter sonhado com o diagnóstico de ser sortuda. E lembrou do paramédico.

"Apenas para registro, sorte não existe, existe a providência de Deus, Ele cuidando de cada um de nós."

Mexeu-se frustrada, e gemeu. A mãe imediatamente se materializou ao seu lado.

- Oi mãe! - Disse com um meio sorriso.

Parece que não importava, o quanto dizia a si mesma, que iria fazer o possível para não ir parar em um hospital, e deixar a mãe naquela situação, quando menos esperavam, lá estavam elas naquele quarto branco, impessoal, frio, e com a mãe destruída. Apertou os olhos para as lágrimas não escaparem.

- Está sentindo dor? - Perguntou a mãe preocupada, ela abriu os olhos triste, sua mãe parecia tão cansada!

- Não muito. Que horas são? A senhora parece cansada, eu sinto muito!

- É óbvio que eu estou cansada Claudia! Como você pôde fazer isso de novo? Você nos prometeu, o que é, a sua palavra não vale nada? Quando você vai crescer? Vai aprender que o mundo não gira ao seu redor? Que você vai sofrer decepções, que as coisas nem sempre serão como você quer? Quando minha filha? - Perguntou exasperada, indo sentar em uma cadeira de fibra.

Claudia ouviu cada palavra estupefata, por que nunca lhe perguntavam as coisas? Por que sempre tinham que pensar o pior dela? E quanto mais a mãe falava mais seu coração acelerava, sua boca ficava seca, e o ar mais demorava chegar em seus pulmões, ela tornou a fechar os olhos tentando respirar, então não ouviu mais a voz da mãe, abriu os olhos apavorada. Ela estava sentada com a cabeça apoiada nas mãos, parecia que chorava.

- A. Senhora. Acha. Que. Eu. Fiz. Isso. De. Propósito? - Falou pausadamente, pois estava difícil respirar.

- E não foi? Como você me explica, você ter ido parar debaixo de um caminhão? - Perguntou furiosa.

Tentou levantar, pois agora não respirava de jeito nenhum, mas as dores a impediam de se levantar. Viu a mãe correr até ela, e falar alguma coisa mas não compreendia, sua concentração estava toda em respirar. Chegou uma enfermeira, e ela fechou os olhos fortemente, talvez estivesse finalmente chegado a hora dela.

Acordou novamente, com dores e sonolenta, a mãe estava jogada na mesma cadeira, suspirou com pesar.

- Eu não me joguei debaixo do caminhão. - Conseguiu dizer baixo, mais a mãe ouviu, ela levantou e se aproximou da filha, de braços cruzados.

- Sério? Por que não é o que parece! - Disse sarcástica. - E se não pode ter uma conversa franca, é melhor não começarmos. - Concluiu irada.

- E desde quando eu não posso ter uma conversa franca? Vocês nunca me pouparam disso, por que fariam isso agora? - Perguntou confusa.

- Aparentemente você teve uma crise de ansiedade, era só o que faltava para o seu currículo de esquisitices. - Disse descruzando os braços, e andando de um lado para o outro. - Agora temos que ser cautelosos com você, porque você não aguenta a pressão! - Ironizou.

- Tem toda razão mãe! E quer saber não ligo a mínima para o que vocês pensam que aconteceu, é sempre assim. Vocês nunca me perguntam o que aconteceu, vocês deduzem o que houve e pronto, a minha versão dos fatos que se dane. E quer saber mais, eu acho melhor a senhora ir para casa, passar mais uma noite comigo em um hospital deve ser muito desgastante. Principalmente comigo cheia dos melindres. - Disse no mesmo tom que a mãe usara.

Deus também estava lá.Where stories live. Discover now