63 - O Senhor teu Deus é o que vai contigo.

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Ela se esforçou para respirar direito e assumir o controle da situação, em seu sonho ele não queria lhe fazer mal, e naquele momento em meio a todas aquelas pessoas, com certeza ele não poderia machuca-la.

- Quer ir ao hospital? Você está muito pálida, está sentindo alguma coisa? - Perguntou ele trazendo-lhe um copo d'agua, ela negou. - Por favor, pessoal afastem-se um pouco ela precisa de espaço. Você é turista? Nunca te vi por aqui. - A voz calma em nada parecia com a voz desesperada do seu primeiro sonho, ou a angustiada do segundo, mas com certeza era a mesma voz.

- Pode se dizer que sim. - Respondeu em um fio de voz.

- Logo se vê! - Respondeu sorrindo, olhando-a de cima abaixo, blusa azul de mangas longas, calça jeans e tênis. - Quer que eu chame uma ambulância?

- Não, obrigada. - Disse passando a mão direita na cabeça.

Esquecera qual a blusa que estava vestida, com este gesto a manga que era folgada cedeu mostrando a tatuagem, e ela viu o brilho do reconhecimento no olhar dele, e foi a vez dele ficar pálido e teria caído se não tivesse se apoiado no balcão.

- Afinal o que está acontecendo aqui? - Perguntou uma voz desconhecida e ela se alegrou com isso, por um momento pensou que ouviria a voz do outro rapaz.

- Dona Diana aquela moça não se sente bem, e agora parece que o Victor Hugo que está passando mal. - Respondeu o caixa, que nem mesmo havia se mexido do lugar.

- Pessoal vamos voltar ao trabalho, e prezados clientes, agradeço pela ajuda, mas se a moça teve um pico de pressão ou algo do tipo é melhor chamarmos a ambulância. - Disse a mulher olhando friamente para Claudia.

- Estou bem, eu acho que foi o calor, desculpem-me pelo transtorno. - A mulher de nome Diana gargalhou.

- Se você está achando quente agora, imagine daqui a algumas horas. - Disse com desdém. - Deveria ter procurado outro lugar para passar o feriado, o Tocantins não é lugar para pessoas com peles tão delicadas quanto a sua; e Victor Hugo qual é o seu problema? Por acaso viu um fantasma? - Perguntou irritada.

- "Mulher desagradável"! - Pensou Claudia.

- Nada! Eu estou bem. - Respondeu ele olhando para Claudia.

Ela respirou fundo, devolveu o copo a ele, e foi fazer o que o Sérgio pedira, o local estava cheio não tinha como tirar nenhuma dúvida com o rapaz naquele momento, agora ela tinha um nome, a tal Diana não parava de manda-lo fazer isso ou aquilo, e quando ela saiu ela não o viu em lugar nenhum.

Chegando à casa do pai, deixou as sacolas na mesa, e foi para a mesma espreguiçadeira que sentara na manhã anterior, fechou os olhos.

- "O que o Senhor quer de mim? Eu estou aqui, mas não sei o que fazer. Prepare-me para que eu não me perca no caminho, prepare-me para que eu Te honre, coloque o perdão no meu coração, e coloque o arrependimento no coração dele. Não permita que o medo me afaste daquilo que o Senhor tem reservado para mim". - Pensou, e continuou de olhos fechados.

Assustou-se com o telefone, procurou-o na bolsa, e respirou aliviada ao perceber que não tremia mais, sorriu radiante ao ver quem era no identificador de chamada.

- Bom dia! - Atendeu saudosa.

- Bom dia. - Respondeu no mesmo tom. - Está tudo bem?

- Sim. - Respondeu inquieta, sem saber o que falar, não queria esconder as coisas dele, mas também não poderia deixa-lo aflito com uma coisa que ele nada poderia fazer. - Estamos nos conhecendo, o Sérgio e os filhos parecem comigo mais do que eu poderia imaginar. - Respondeu com a verdade mais tranquila.

Deus também estava lá.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora