08 - Tu pusestes sobre mim a tua mão.

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Claudia olhava o cartão de Victória em sua mão, gostaria de ser uma dessas pessoas desinibidas, e ligar aceitando o convite. Sorriu amargamente, e iria fazer o quê? Iria para a praia, com uma blusa de manga? Passou o polegar nas cicatrizes dos braços, e as lágrimas molharam o cartão.

- Claudia? - Chamou Marcelo, assustando-a. - Está tudo bem?

- Estou sim. E como foi na casa dos meus pais? - Perguntou afastando o foco de si.

- Graças a Deus tudo bem. Eles ficaram sentidos porque você não foi. - Disse sentando ao seu lado.

- Eu imagino! Eles estão bem? - Perguntou preocupada.

- Estão sim! Não se preocupe, apenas não fique muito tempo sem visita-los. Meus pais costumam dizer que os filhos que moram longe, visitam eles mais que os que moram na mesma cidade. E isso é muito triste.

- Eu não vou abandona-los. - Disse sorrindo. - Até porque pra mim, é difícil também estar sozinha, sem os dois.

- E como foi na escola? - Perguntou mudando radicalmente de assunto.

- Foi tudo bem. Mas você lembra daqueles dois, ontem na pizzaria? - Perguntou receosa.

- Como não lembrar? - Perguntou sarcástico.

- Pois é, os dois trabalham na escola. - Marcelo arregalou os olhos.

- Oh, Deus! Querida eles fizeram alguma coisa contra você? - Perguntou preocupado.

- Não! O Artur até que se comportou, e disse que vai me deixar em paz; eu acredito que sim, é o ambiente de trabalho dele, então, vamos esperar.

- Sei não! Ele não me pareceu o tipo de pessoa que respeita algum lugar, ou alguma coisa. Mas você tem razão, vamos esperar, só Deus sabe todas as coisas. E o amigo dele?

- O amigo dele? Bem... - Ela ficou corada, enquanto pensava em como falar sobre o Michael, sem parecer uma boba.

Marcelo começou a sorrir, em segundos estava gargalhando, e a prima escarlate de tanta vergonha.

- Você achou o bonitão interessante, então alguma coisa aconteceu!

- Marcelo por favor! - Pediu desesperada, e ele parou de rir.

- Ei! O que foi? É otimo que você o ache interessante, algum dia, isso iria acontecer. É natural, você é uma mulher jovem e saudável, e merece conhecer alguém e permitir que este alguém te conheça.

- E quem disse que ele quer me conhecer? E você está equivocado, eu não sou saudável, olha para mim! Sempre coberta demais, sempre esquisita... - Ele colocou o indicador na boca dela, para que se calasse.

- Sabe o que eu vejo? Uma mulher linda, carinhosa, inteligente; e feliz do homem que conquistar esse coraçãozinho. - Disse carinhoso.

- Você é meu primo-irmão e me ama, é claro que você vê o que seu coração quer mostrar. - Disse triste.

Ele secou a lágrima que descia pelo rosto dela e sorriu.

- Me conta o que aconteceu, para que ele despertasse a sua curiosidade?

Timidamente, ela disse do momento em que os viu na sala de reunião; do medo que se apoderou dela, se não fosse a colega leva-la até a cadeira, o mais provável seria que ela virasse as costas e saisse correndo; de Victória, do quanto é simpática e gentil; de quando foi falar com o Artur, que estava tão temerosa que estava pronta para pedir demissão antes mesmo de começar; falou da reunião estranha com a diretora depois, e do quanto ela estava diferente das outras vezes em que a vira, inclusive momentos antes na reunião com todos.

Deus também estava lá.Where stories live. Discover now