31 - Escolham a vida para que vocês e seus filhos vivam.

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Finalmente o congresso chegara ao fim, Michael estava distante e infelizmente teve pouco aproveitamento naquela tarde. Ele e os amigos andavam para o estacionamento, mas ele estava com os pensamentos na amizade de seu pai com o pai de Claudia.

- Você não me parece bem, algum problema? - Perguntou Victória. - Foi grave o problema com a Katie na escola? - Perguntou preocupada.

- Não exatamente! Amanhã que eu vou saber a dimensão do que aconteceu.

- Eu só espero que você não tenha sido severo demais com ela. - Disse Artur mexendo no celular.

- Não tive tempo disso, mas eu disse que não iria ser severo e não vou, mas vou falar seriamente com ela sobre o ocorrido, não quero que minha filha seja uma pessoa agressiva.

- É impossível a Katie ser agressiva, ela é um doce de menina. - Disse Artur ainda mexendo no celular.

- Céus! Larga esse celular! - Disse Victória frustrada, ele apenas fungou e continuou com a cara no aparelho. - Desisto! - Retrucou exasperada.

- Você tem razão Artur, minha filha é um doce de batata doce, que deu um murro na colega que o sangue desceu, e a colega caiu com dificuldades para respirar. - Disse angustiado, Artur parou bruscamente.

- Você tem que convir que aquela menina fez por merecer, você já falou com os pais dela, e eles não deram jeito, talvez agora ela deixe a nossa menina em paz. - Disse Artur furioso. - E eu sei que você vai ficar furioso comigo, mas eu vou passar na sua casa mais tarde, só pra dar um abraço nela e dizer que ela fez a coisa certa.

- Artur você não pode dizer para a minha filha que o que ela fez é certo. - Exasperou-se Michael. - Pelo amor de Deus cara, você é um educador.

- Exato! Eu sou um educador, não um político. Você sabe muito bem por que eu decidi ser educador. - Disse sério.

- E você não vai falar para a minha filha sobre 'um diretor contra todos'. - Disse empurrando-o.

- Eu vou locar o filme e assistir com ela, tenho certeza que o Stivie vai me apoiar. - Disse sorrindo.

- Claro que vai, ele é um destemperado igual a você. Vick me ajuda aqui! - Pediu Michael sorrindo.

- Na verdade eu estou aqui pensando naquela cena do James Belushi com um taco de basebol na mão, e fico tentando imaginar os professores do novo milênio naquela situação. Participamos de congressos sobre inclusão social, mas somos professores da rede privada, vemos nossas crianças sofrendo bullying, sendo abusadas, e não fazemos nada. Conhecemos a realidade educacional desse país, enquanto as crianças da escola particular são do jeito que são porque a maioria são criadas por babás, as da escola pública são do jeito que são porque são criadas sozinhas.

Os dois pararam olhando pra ela, e ela parou mais na frente passando as mãos na cabeça suspirando.

- O que deu em você? - Perguntou Artur intrigado.

- Nada! Apenas não importa qual filme, ou qual professor tenha nos inspirado a sermos educadores, a vida real é desgastante e cruel, porque as pessoas passam para seus filhos seus medos e traumas, e não faz diferença em qual rede de educação você está, pública ou privada, ambas estão fadadas ao fracasso.

- Vick... - Começou Michael.

- Mike você sabe que eu tenho razão. Agora por exemplo, você está certo, a Katie não pode sair por aí esmurrando os colegas. No entanto o Artur também está certo, você passou quatro meses falando com a direção da escola, e com os pais da menina, a situação foi resolvida? Não importa o quanto tentamos fazer dessas crianças homens e mulheres de bem, se seus pais não são, pois eles serão os exemplos que têm em casa. - Disse angustiada. - Eu vou ver meu marido, que eu estou precisando de colo. Tchau! - Despediu e foi sem olhar pra trás.

Deus também estava lá.Where stories live. Discover now