36 - Se confessarmos os nossos pecados, Ele é Fiel e Justo.

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Na saída da escola Michael despediu-se de Artur e entrou no carro pensando na noite de karaokê, amava sair com os amigos, mas quando pensava que estaria com a Claudia, seu coração acelerava; distraído pegou o telefone tocou, era o pai.

- Oi pai! - Atendeu.

- Ainda está na escola?

- Estou indo pra casa. O que foi?

- Você pode me encontrar na praça do bosque? - Ele olhou a hora, e suspirou.

- Pai, já vai dar seis horas, esqueceu que vamos ao karaokê? - Perguntou passando a mão na cabeça.

- Não esqueci. Será rápido.

- Ok! Estou indo pra lá. - Respondeu, desligando o celular e dando à ré no carro voltou em direção à praça do bosque.

O pai já o esperava, quando chegou lá; achou-o distraído, ambos pediu água de coco, e falaram de amenidades enquanto esperavam; e ele observava a tranquilidade do pai, era uma das características do novo homem em que Deus o havia transformado, ele não vivia mais ansioso, com pressa, e sempre procurando uma rota de fuga. Este novo homem, quando algo o incomodava ou ficava batendo com o pé no chão, ou os dedos em alguma coisa, e neste momento ele batia com os pés, e os dedos dedilhava um piano ou um teclado imaginário.

- E então pai, qual é o problema? - Perguntou Michael, tomando a água de coco gelada, exatamente como gostava.

- Eu quero te pedir perdão. - Disse olhando-o nos olhos. - Gostaria que você me perdoasse filho, por ter me envolvido com a sua esposa, por nunca ter sido o pai que você merecia e precisava. Se você soubesse o quanto eu lamento! - Disse pesaroso.

- Eu sei pai. Ninguém é transformado pelo Espírito Santo, sem lamentar as coisas más que fez. Eu já perdoei o senhor. E o senhor pai, já se perdoou? - O pai suspirou profundamente, e olhou em outra direção.

- É complicado meu filho. - Disse desolado.

- Eu imagino! Mas o senhor mudou de vida, agora o senhor é uma nova criatura, o que o senhor fez no passado já era, acabou, Deus já te perdoou. - Disse emocionado e constrangido, jamais vira o pai vulnerável.

- Não é fácil ver a raiva, e a mágoa das pessoas, e saber que eu não posso fazer nada, por que fui eu que provoquei tudo aquilo. - O pai respirou fundo passando a mão na cabeça. - Você por exemplo, quando eu penso no que poderia ter acontecido com você se não fosse sua avó e a dona Júlia, eu não sei o que teria sido de você, e o pior, é que até um dia desses eu nunca tinha pensado em nada disso.

- E o senhor não precisa pensar em nada disso. Pense em tudo que deu certo, apesar das circunstâncias. Pense no quanto Deus foi maravilhoso comigo! - Disse sorrindo, o pai também sorriu, mas visivelmente triste.

- Sua avó sempre me detestou, mas cuidou muito de você e de sua irmã. - Reconheceu carinhosamente.

- A minha avó não detesta o senhor, ela detesta o que o senhor fazia. E me diga sinceramente, o senhor gostaria que a Michelle tivesse casado com alguém que fizesse as coisas que o senhor fazia? - Perguntou com um meio sorriso.

- Antes disso eu o mataria. - Respondeu naturalmente. Michael sentiu um calafrio ao ouvi-lo, mas infelizmente, ele sabia que o pai estava falando a verdade, o homem que um dia o seu pai foi, era bem capaz de fazer isso.

- Pai! Isso é coisa que se diz? - Perguntou aflito, como sempre ficava quando se via diante de algo que lembrava a velha natureza do pai.

- Desculpe, mas você lembra que quando a Michelle casou eu ainda pertencia àquele mundo. Aliás não sei bem como eu e o Patrick não matamos um ao outro, afinal, eu acho que naquele contexto, ela casar com um agente federal do FBI, foi pior que casar com um mafioso.

Deus também estava lá.Where stories live. Discover now