O Último Corvo

Galing kay CyberBlueEyes

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Era a época da "caça às bruxas". No entanto, não eram apenas as mulheres que estavam na mira da Igreja. Os co... Higit pa

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Agradecimento

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Galing kay CyberBlueEyes

— O que significa isso, Antony?

O rapaz loiro tensionava a mandíbula e batia o pé direito no piso com impaciência enquanto tinha o lado esquerdo do rosto suturado de ponta a ponta. Por sorte, não perdera a visão.

— Um corvo maldito fez isso comigo.

— Um corvo? — A voz do cardeal estava carregada de incredulidade — Foram todos mortos, já se esqueceu? Por acaso vai começar a delirar igual aos caçadores e aldeões?

— Não é delírio, meu pai. Ainda sobrou um.

— Então é verdade mesmo? Interessante... Mas não é sobre isso que quero saber agora. — Brasjen franziu o cenho e semicerrou os olhos — Os pais da menina disseram que você a ameaçou e mandou os camponeses atirarem nela. Além disso, impediu o contato de mãe e filha. O que tem a me dizer a respeito?

— A garota é a bruxa — O jovem murmurou, fitando o chão. — Não poderia permitir que uma de nossas fiéis se contaminasse, mesmo que fosse filha dela.

— E quanto ao restante? Ameaçar sua noiva em frente aos camponeses e seus futuros sogros é uma falta grave, não esperava isso de você.

— Estou cansado de passar por toda essa humilhação. — Os olhos do rapaz encontraram os de seu pai adotivo — Desde quando ela desapareceu escuto e vejo pessoas rindo de mim, principalmente agora que a viram como uma bruxa. Sim, eu a ameacei entre se casar comigo ou morrer.

— Pela sua cara, imagino que a segunda opção prevaleceu.

— Por isso ameacei me casar com ela à força, para reparar tudo o que sofri até agora.

— Entendo, porém isso não é coisa que se faça, ainda mais com outras pessoas por perto — O religioso repreendeu. — Mandei trazê-la de volta e ponto. Você sequer precisaria pensar a respeito de sua honra. Se ela de fato era a bruxa, então seu dever absoluto era obedecer minhas ordens e eu cuidaria do restante.

O garoto engoliu seco e fez uma careta quando o curandeiro passou um algodão frio e molhado no rosto dele, fazendo o líquido escorrer pela bochecha e cessar a dor. Ele reconhecia sua falha, que era gravíssima. Por causa da falta de controle, perdeu créditos com os pais de Serene e mais ainda com o próprio pai de criação por tê-la deixado escapar como bruxa.

— Acho que agora terei que ir por conta própria, uma vez que ela jamais se aproximará de você depois de tudo isso. E também quero ver esse último corvo com meus próprios olhos.

— Sim, senhor. — Antony não teve coragem de dizer mais nada.

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Resolvi parar de pensar no que aconteceu e fazer algo mais útil do que lamentar a discussão com Avren. Fui até a plantação e decidi que já estava na hora de dar um jeito em tudo. Até então apenas estava colhendo, sem plantar nada, portanto em breve não haveria mais legumes para comer. Vasculhei primeiro a casa toda, procurando por sementes e encontrei algumas.

Quando cheguei à horta, porém, tudo estava no lugar. Os alimentos restantes haviam sido plantados e o terreno se encontrava impecável. Já soube que aquilo foi trabalho de Avren e logo me senti inútil outra vez. O que poderia fazer agora? 

Peguei a cesta e comecei a colher os ingredientes para o jantar quando ouvi o corvo grasnar e o grito de uma garota não tão longe. Tentei seguir o som e a primeira coisa que vi foi o pássaro com as penas eriçadas e encarando uma... árvore?

— O que houve? — perguntei para o corvo, que saiu de onde estava e voou até a árvore que estava próxima. 

O segui, ficando surpresa ao ver uma garota encolhida e tremendo de medo com as mãos tampando as orelhas, de certo tentando abafar o barulho do pássaro. Agachei perto dela e acabei por assustá-la sem querer.

— Uma bruxa! Oh, por favor, tenha piedade, não vim para lhe fazer mal algum, eu juro!

— Não sou uma bruxa, e sim uma camponesa.

Ela arqueou uma sobrancelha para mim.

— Uma camponesa não se veste desse jeito.

— É uma longa história, acredite. O corvo é testemunha.

A ave assentiu silenciosamente, o que a fez se assustar mais ainda.

— Nenhuma pessoa normal fala com corvos. — Certo, talvez tenha causado uma impressão pior ainda.

— Já disse que é uma longa história. Posso explicar no caminho.

— Contanto que você não me amaldiçoe...

Revirei os olhos, impaciente.

— Não sou uma bruxa. Por favor, pare com isso. Meu nome é Serene.

— Amira. — Aquele nome era o mesmo da princesa, mas nunca a vi em toda minha vida. Será que...

Ela acabou por se calar e aceitar minha ajuda para ficar em pé. Deveria ter a minha idade, apesar do rosto parecer mais jovem. Usava uma capa azul e um vestido de veludo da mesma cor, mostrando que realmente não era apenas uma simples pessoa da cidade como eu. Tinha olhos azuis e cabelos encaracolados castanhos que iam até a cintura e estavam soltos. Caminhamos juntas até a casa da bruxa, que já estava no nosso campo de visão, com o corvo sempre nos seguindo do alto.

— Então, se você não é uma bruxa, por que mora em uma casa isolada no meio da floresta?

— Não é minha casa de verdade, só estou aqui por causa de um favor. Realmente havia uma bruxa morando aqui e as roupas também eram dela, mas ela já morreu faz um tempo.

— E o que está fazendo por aqui?

— Fugi de casa. — Dei de ombros, sem me importar com julgamentos.

— Por quê? — Amira pareceu incrédula — Ninguém foge de casa a troco de nada.

— Fugi para não ter que me casar com o filho adotivo do Segundo Cardeal e porque queria liberdade.

Ela parou de repente e começou a me olhar de um jeito estranho.

— Então seríamos quase conhecidas.

— O que quer dizer? — perguntei, sem entender onde queria chegar.

Logo vi a fina aliança dourada no dedo anelar direito dela, mostrando que estava comprometida.

— Sou noiva do sobrinho do Primeiro Cardeal.

— Agora entendo. — Só poderia ser a princesa, não restava dúvida. No entanto, se ela não quis se revelar, decidi respeitar sua decisão.

— E você também não é uma simples camponesa — acrescentou. — Os clérigos só fazem propostas para as moças de famílias abastadas! Não precisa ser tão humilde.

— Obrigada, eu acho.

Continuamos caminhando em silêncio e fiquei pensando se o noivado dela era obrigatório, assim como o meu, ou se realmente era algo ligado com seus sentimentos. No entanto, não iria me intrometer nesses assuntos, por isso acabei por puxar conversa para outros lados.

— Você também deve estar longe de casa, presumo.

— Estou, mas são por motivos de força maior.

— Mesmo?

— Sim. — Amira concordou com a cabeça, sua expressão parecia de profunda tristeza — Saí de casa procurando algo ou alguém para ajudar meu pai. Ele está muito doente, com febre e uma tosse tão forte e horrenda que é capaz de assustar a qualquer um. Se continuar assim, não sei por quanto tempo mais continuará vivo...

— Sinto muito. — Não, o rei definitivamente não poderia partir deste mundo. A situação já estava ruim o bastante e, se ele morresse... É melhor nem imaginar o que aconteceria.

— Os cardeais não aceitam que nenhum curandeiro, médico ou sacerdote chegue perto dele, mas aquelas orações estúpidas não estão levando a lugar nenhum! Eles só dizem que, se for da vontade divina, meu pai será curado e por isso não fazem nada. — Ela enxugou uma lágrima — Não aguento mais isso... São um bando de oportunistas e apenas obrigaram minha família a aceitar meu casamento com o Johann Smerzzio para garantirem que continuarão no governo independente do que aconteça.

— Você mora no castelo, então — comentei.

— Sou filha do rei. — Amira finalmente se apresentou de verdade — Mas ninguém pode saber que estive por aqui.

— Não se preocupe. Seu segredo estará a salvo.

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