O peito de Jeon ergueu-se, sendo preenchido de saciedade.
— Seja bem-vindo ao búnquer.
O búnquer é uma estrutura completamente subterrânea, camuflado pelas folhas esverdeadas. Antigamente utilizados para resistir aos projéteis de guerra. O formato cilíndrico continha metais e ferros gastos, enferrujados à medida que o denso corredor parecia cada vez mais infinito e longe de alcançar o quarto de armas.
Havíamos saído da floresta tropical para à cidade e entre casas abandonadas e alguns quilômetros à frente, encontrava-se o Búnquer. Incapaz de ter contato com os humanos.
— James Carter. Magos são diferentes de bruxas e feiticeiros. São estudiosos e altamente inteligentes, então não deixam de serem humanos. — Os sapatos rangiam no ferro velho, ecoando por toda a estrutura. — O conheci de bobeira andando na cidade, a procura de livros e é claro que não poderia perder uma oportunidade dessas.
E, droga, é ferro. Se eu chegar perto o suficiente, nem precisa ter tanto contato com a pele, ela começa a derreter feito acido. Devia ir embora, mas seria orgulhoso de minha parte querer ficar por conta de tentar não ser fraco para Jeon Jungkook?
O rosto jovial de túnica preta com largos traços cor-marrom. Fora inesperado, já que pensei no lendário mago de barbas enormes e vestimenta com cheiro de pó de tão velho. No chute deve ter 20 anos, porque o rosto retangular é bastante angulosos e magos tem a probabilidade de começarem a estudar cedo.
— E aí, irmão. — Sorriu, os fios castanhos movimentando-se conforme saía do batente da porta. — Este é o famoso Jimin, não é? É mais bonito do que disseram.
Aproximou-se e cumprimentou Jeon com um aceno de mãos. Quando se voltou a mim, os olhos castanhos encararam-me.
— O quê? — Ri como quem está envergonhado e provavelmente como quem não sabia de exatamente nada do que ele queria dizer.
— Não é nada. — O tom de voz de Jungkook transformou-se em menosprezo, brutal. — Ela está com você?
— Por que não estaria? — A risada ressoou nervosa e o cara virou-se para a sala novamente.
O cubículo é revestido de madeira. Li em algum lugar o qual não me recordo que magos não usavam espadas, apenas cajado. Porque os materiais atrapalhariam canalizar a energia.
Abrindo os lábios lentamente, boquiaberto, não resisti antes de falar ''Uou.'' A espada de arcanjo simplesmente reluzia, brilhando e cintilando tão forte como se o ambiente estivesse escuro. No cabo branco listras finas de ouro adornavam onduladamente e parecia pesar mais que o necessário.
— Que saudade de você. — Jeon sorriu, tentando não rir de como o mago parecia um idiota ao carrega-la tão desajeitadamente.
Jungkook as tateou como se fosse à descoberta do valor que havia o diamante, a única coisa de precioso que tinha. Então os olhos queimaram, incendiando e transbordando os sentimentos de vingança, rancor e ódio. Cada vez mais se rebelava, demonstrando o real objetivo. Seria matar Crowler? Porque, se for, vai ajudar muito.
— E então, fada. — Comentou, ao ver-me adentrar a sala. — Solteiro?
A forma direta que a pergunta fora pronunciada fez-me soltar um riso perverso sem ao menos tentar conseguir conter.
— Ele é. — Murmurou Jeon, com os olhos dilatando pela espada. — Mas não pode sair com ninguém por causa do amiguinho dele.
— Amiguinho? — Questionou Carter.
— Conta pra ele aí. — Jungkook deu de ombros, passando o dedo indicador pela lâmina da espada.
— Não tem nada a ver.
— Tem sim. Passar tanto tempo comigo te fez esquecer o cachorro molhado apaixonado por você?
— Cala a boca. Ele está ficando com a sua ex-namorada e você sabe disso.
— Eles não estão. — Sorrira provocativamente, pegando a bainha em cima da mesa de madeira e amarrando-as do ombro à cintura. A alça realça ainda mais às costas sob o tecido. Por fim colocara a enorme espada dentro dela ao erguer o braço e o inclinar para trás. Com um simples vacilo poderia cortar as costas. — Acha que o cachorrinho do internato estaria vivo agora se tivessem ficado?
Não é Jeon Jungkook quem deveria me afirmar isso, mas de certa forma me deixara aliviado. Se ele o disse, de algo compreendia. Além do mais Áurea vivia consigo, deve ter dito algo. Acontece que quero ouvir dos lábios de Kim Taehyung. Ele quem me deve explicações e, se ele disser mesmo, irei comentar sobre o professor de história. Mas só se ele falar a verdade.
Em sua bolsa enorme Jeon devolvia todos os tipos de armas que mal sabia o nome, escolhendo outras que estavam na prateleira. James teria as colocado ali apenas para que Jungkook as pegassem.
Algumas bombas, diversas poções e variados objetos pontudos reverberaram enquanto tintilavam dentro da mochila enorme. O cara sequer hesitava em pegá-las, como se soubesse exatamente o que usaria.
Respirando profundamente, empurrando o zíper que não pretendia fechar, sussurrou:
— Qualquer coisa sabe como me chamar, James.
— Você não pode quebrar esse gelo pra mim e deixar Jimin aqui?
— Sem essa. — Passou os dedos entre os fios, como de costume. — Pede outra coisa. Qualquer coisa.
O olhei, pasmo. Ele fazia questão de me ter, então?
— Livros. — O psicopata e viciado em estudos reluziu sob os feixes de luz.
— Me deixa adivinhar. — Fingiu pensar, andando ao redor do cubículo. — Uns exclusivos dos de Crowler?
Ele sabia sobre John? Quer dizer, o cara é o melhor feiticeiro entre os três mundos, mas como parecia reconhecer que íamos até ele, tentar derrota-lo ou o que for que Jeon vai inventar de fazer.
— E, se for matar aquele esquisito, pegue o cajado. Sabe como é, adoraria ter um tão poderoso quanto.
— Vou pensar no seu caso. — Comentou, humoristicamente.
— Talvez da próxima. — Mordi o lábio, sorrindo em seguida. Estou há tanto tempo sem beijar alguém que um mago nunca me pareceu tão instigante.
— Fica quieto. — Me empurrou pelo ombro quando já estávamos no corredor vasto, rindo. — Ele não faz seu tipo.
— Ok, sabe tudo. O que mais sabe sobre mim?
— Muitas coisas. — Cutucou a alça da bainha, sorrindo divertidamente feito uma criança no parque de diversões.
— Está disposto a dizer?
— Depende, o que vou receber por isso? — Jungkook vislumbrou-me intensamente.
Disfarcei pensar, dizendo em seguida:
— O que você quer? — Questionei e os olhos pretos dele pareciam ainda mais interessados em propor algo.
— Você vai saber. — Sorrira de canto, rindo nasal.
Notei-me rindo também.
De repente o ambiente pareceu tão quente e eletrizante, consumindo toda partícula que existe em meu corpo. Jeon nunca esteve tão sensual.
— Posso ter pesquisado além da sua ficha. — Revelou, permanecendo com o sorriso nos lábios. — Mas ainda é uma hipótese. — Desviou o olhar, ajustando a outra alça da mochila. — Não que eu tenha te espionado ou amedrontado seus amigos. Sou muito bom em ver caráter, sabe como é.
Desejava indagar como James soube que iriamos até John, mas pelo momento, fez-me desviar intensamente, tipo uma hipnose que te faz esquecer o nome e se sentir em um conto mágico e surreal.
Cocei os olhos que marejavam, tentando retornar a realidade. Meu coração disparava e não estou sabendo assimilar o que está ocorrendo. É um feitiço de Jeon Jungkook, isso é o que ele é. Manipulador que joga nas melhores oportunidades.
— Isso não é legal, Jungkook. — Comentei, notando que esse efeito causado em mim não é nada normal. Mesmo que Jeon fosse toda a merda que falam, como por exemplo: o galanteador gostoso e o homem dominador, macho predominante.
— Isso o que, meu bem? — Interrogou, amoroso e afável.
— Você não pode... — Uma nuvem cinza fez-se em minha consciência e não tive a capacidade de pensar absolutamente nada.
— Está se sentindo bem? — Os olhos cuidadosos penetraram minha alma e os dedos percorriam minhas costas.
Jeon não é assim, não é ele. É uma mascara.
É, não é?
— Sim, está tudo bem. — Meus dedos involuntariamente tocaram os seus e me perdi na compaixão dos olhos amáveis.