Ceres - O Retorno Da Escuridã...

By erika_vilares

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TERCEIRO LIVRO DA SÉRIE AS ADAGAS DE CERES Após o hediondo banho de sangue e o regicídio ocorrido no reino no... More

Prólogo
Capítulo Um - Parte I
Capítulo Um - Parte II
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Conspirações Cerianas agora no INSTAGRAM!
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta - Parte I
Capítulo Trinta - Parte II
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Nos capítulos anteriores das Adagas de Ceres...
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete
Capítulo Trinta e Oito
Capítulo Trinta e Nove - Parte I
Capítulo Trinta e Nove - Parte II
Último Capítulo - Parte I
Último Capítulo - Parte II
Último Capítulo - PARTE III
Agradecimentos + Novidades
PRÉ VENDA

Capítulo Cinco

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By erika_vilares

Capítulo Cinco

A princesa de Wanderwell andava sorridente pelo gramado bem aparado de uma das propriedades da família Alksen. Observando de vez em quando o brasão, cor de sangue, com o cavalo negro que ondulava no ar, exageradamente por quase todo lugar. Nunca tinha ouvido falar muito daquela família, além de que eles tinham uma ligação próxima com a coroa e eram os segundos mais poderosos do Norte. Se via de longe esse poder, aquele torneio feito por Izaak Alksen era incrivelmente fabuloso. A luxuria da música, da comida, das roupas e até mesmo os criados.

Por fora a princesa mostrava leveza, doçura e uma linda expressão de beatitude. Era uma boa fingidora. Por dentro estava corroída de ansiedade e estresse. Duas luas tinham se passado, partiram de Skyblower no dia seguinte da chegada. Enfrentaram mais uma longa viagem cansativa pela conhecida Floresta Negra, um dia e meio em direção ao noroeste. Ouvia constantemente os nortenhos agradecendo por estarem indo para aquelas propriedades, diziam que lá o inverno seria mais manso. A princesa discordava, o clima parecia tênue em ambos lugares, pareciam que os nortenhos não conheciam o verdadeiro inverno. Por isso era uma bela desculpa para usar vestidos com decotes mais ousados.

Talvez aqueles decotes chamassem a atenção do rei para si. Ela não trocara mais palavras com ele no dia em que oferecera um banquete em sua homenagem. Acreditou que seu gesto era uma maneira de demonstrar interesse, entretanto Elliot ficou pouquíssimo tempo presente e o tempo que esteve, não pareceu estar. Então sua chance agora seria na Casa Alksen.

Assim como os orientais, os nortenhos estavam comemorando a entrada na guerra através do Torneio de Krieges. Não haveria melhor oportunidade para ela ser apresentada para a Corte Skyanna.

Estava decidida a ganhar o coração do rei do Norte. Mas, a reação do rei sobre ela e a última conversa que tivera com o irmão depois do banquete, fez a princesa recear a indecisão do casamento.

Astrid não conseguiu parar de pensar naquilo por nem um único minuto. Decidiu agir, pediu a sua aia mais fiel que encontrasse informações para ela. Algo que se arrependeu por completo, afinal fora uma razão para Júdit desaparecer durante um dia. Thor também não deu nenhum sinal de vida. Para não ser vista pelos corredores do castelo sozinha, Astrid pediu a uma das aias, aquela que achou mais descente e menos sem graça para lhe mostrar o castelo. Aproveitou daquele dia para recolher os nomes de todas as pessoas que deveria conhecer no Norte.

Se concentrava para demonstrar sua felicidade naquele grande Torneio de Krieges onde teria a Corrida de Inverno e as grandes justas. Se reuniriam grandes vassalos do rei do Norte. Desejaria estar ali já para se declarar futura rainha, mas ainda era muito cedo. Mas ao mesmo tempo, não era tarde.

Elliot poderia tomar uma decisão naquele dia mesmo.

Através dos olhos de cristais, a menina avistou seu irmão ao lado de uma mulher mestiça. Conversava com ela, mas pareciam ter certa intimidade. Logo Astrid lembrou-se de tê-la visto algumas vezes em Wanderwell, precisamente no dia da morte de sua mãe, e também no dia em que chegara em Skyblower, era uma conselheira do rei. Se tivesse descoberto aquilo antes, teria lhe causado uma melhor impressão. Ela colocou um ilustre sorriso nos lábios e se aproximou deles.

– Bom dia, caro irmão.

– Olá Astrid – ele notou os olhos ansiosos da irmã para as apresentações e adiantou: – Lady Winston, você deve se lembrar de Astrid, minha irmã mais nova.

– É um imenso prazer revê-la Lady Winston – a princesa fez uma pequena reverência com a cabeça.

– O prazer é meu, princesa – ela respondeu, com um ar quase gentil. – Mas, preferiria ser chamada apenas de Emily.

– Tem um belo nome, Emily. Para quem faz suas apostas hoje? Posso ser irmã do príncipe, mas lhe segredo que ele faz um show durante as justas. Receio de não lembrar se houve alguma vez que ele perdera uma justa.

Emily fitou rapidamente Thor, em seguida respondeu ela com um ar constrangido.

– Não faço apostas para esses tipos de eventos.

– Me perdoe, deveria ter imaginado – rapidamente corrigiu. – Para alguém que tem tanto contato com a natureza, imagino que seja de cortar o coração ver animais sendo cansados apenas para nosso divertimento.

Quando ela viu um sorriso discreto se formar no rosto da bruxa, Astrid se sentiu mais confiante.

– De fato, Vossa Alteza.

– Amaria um dia, caso você conseguisse ter algum tempo, ter algumas aulas sobre sua religião.

– Se interessa por bruxaria, Astrid? – Thor perguntou, sem esconder sua surpresa.

– Tenho muitos interesses, irmão – especialmente pela coroa, ela pensou, com um inocente sorriso.

– Se realmente lhe interessa, seria uma honra, princesa – Emily assentiu. Parecia ser uma mulher reservada, mas carente. Era próxima do rei, era sua melhor chance.

– Ótimo, mal posso esperar. Quanto a você irmão, quem será o primeiro miserável que lhe enfrentará para a ajusta?

– Eu não vou participar, Astrid – ele revelou.

Ela arregalou os olhos azuis.

– Por que não? Os ferimentos ainda doem?

– Sim, mas esta não é a razão – a princesa esperou ele dizê-lo. – Eu apenas não quero.

– Me perdoe, creio que não ouvira bem. Você está me dizendo que não participará do Torneio de Krieges do Norte por que você não quer?

– Exatamente – ele confirmou, sem remorso algum. Astrid fitou Emily, desejou que ela não estivesse ali para que pudesse falar como deveria com seu irmão, mas apesar de se demonstrar constrangida, a bruxa não se afastou.

– Poderia então perguntar qual é a razão que justifica não participar do Torneio?

Thor ficou menos impaciente.

– Estamos em meio a uma guerra, Astrid. Essas cores vibrantes de tecidos ostentoso, essa comida irritantemente suntuosa não nos ajudará a ganhar a guerra. As pessoas estão comemorando a entrada do talvez pior ano de suas vidas.

– Você não entende nada! Isso é sobre dar apoio moral para nós, mulheres que ficarão para trás esperando nossos homens e para vocês lembrarem-se de uma boa razão para voltar para casa! – Ela rebateu quase levantando o tom.

– Dar apoio moral para pessoas que ficarão trancadas em suas casas com servos e comida de sobra. Homens que comandarão exércitos, não liderarão eles. Se realmente quisessem fazer eventos que dessem apoio moral as pessoas, deveriam fazer um evento beneficente nas cidades e distribuírem comida para os menos afortunados. Isso sim seria levantar a moral de pessoas que tem mais chance de morrerem na primeira invasão sulista na cidade.

Astrid deveria estar vermelha de raiva, mas guardou sua resposta quando viu um homem se aproximar, com um sorriso malicioso nos lábios. Tinha cruzado com ele no dia anterior. Lembrou-se vividamente dos olhos ambiciosos de Lorde Alksen. Deveria ter por volta de trinta anos, quase o dobro de sua idade, mas não deixava de ser um homem charmoso. Ela flertou discretamente com ele, mas rapidamente não gostou de sua ousadia de dizer que ele conseguia tudo que queria.

– Príncipe Thor, enfim vejo em pessoa. Estava cansado de escutar apenas histórias – ele fez uma quase imperceptível reverência.

– Lorde Alksen – A feição fria do irmão aguçou os sentidos da irmã. Era quase discreto, mas ela sabia exatamente diferenciar a educação e cortesia do irmão de sua educação e desdém.

– Em pessoa. Lady Winston – os olhos verdes do homem caíram para Astrid. – E esta, já conheço – ele anunciou com certa malicia, que pegou a jovem completamente desprevenida.

Ela sentiu as bochechas corarem.

– Conhece minha irmã? – Thor questionou.

– Ontem me sentia sozinha, então pedi para uma das aias me levar para conhecer o castelo. Encontrei Lorde Alksen no jardim e ele me ofereceu uma azaleia. Fora aprazível de sua parte.

Um sorriso se formou nos lábios de Izaak, tinha dentes encavalados, mas aquilo não parecia tirar seu encanto.

– Não pude me segurar, príncipe Thor. Tem uma irmã encantadora. Certamente, há canções da Sereia de Wanderwell inspiradas nela.

– Eu sei – Thor respondeu com um sorriso de desgosto, deu um passo a frente e disse diante a todos: – Mas quero você longe dela.

Astrid faltou perder a cor do rosto ao ouvir as palavras inesperadas do irmão. O que tinha acontecido com Thor?!

Izaak riu, sem parecer constrangido.

– Certo, creio que somos atualmente rivais pelas alianças.

Thor retribuiu o sorriso, mas este era amargo.

– Sinto dizê-lo, mas não o considero meu rival Lorde Alksen. Longe disso. Apenas digo que não são unicamente minhas histórias que viajam continentes, as suas também. E por não gostar de você, quero que fique longe de minha irmã.

A princesa quis se esconder de baixo do gramado, embasbacada. Fixou automaticamente a bruxa que também não parecia acompanhar a reação do príncipe. Mas do que eles estavam falando?

Lorde Alksen aquiesceu no mais presunçoso sorriso e se afastou aprumado.

– O que foi isso, Thor? – Ela não pôde esperar para questionar, incrédula. Não tinha gostado dele tanto quanto Thor, mas aquilo não era uma razão para humilhá-lo diante outras pessoas. – Ele é um Alksen!

– Ao invés de um cavalo de brasão, deveriam ter um bode – Thor desabafou, deixando a irmã ainda mais irritada.

– Que tipo de reação é essa?!

– Lorde Alksen é ganancioso, Astrid.

– Olhe a sua volta e me diga alguém quem não é ganancioso aqui! – Ela rosnou.

– Astrid aqui não é nem o lugar, nem a hora certa para falarmos disso. Mas ouça o que eu digo e não se aproxime dele, explicarei depois.

Inteiramente irritada, a princesa apenas deu as costas para o irmão e saiu batendo os pés do gramado. Quando avistou a alguns passos dela, Hans, sozinho. Não parecia saber para onde ia, estava fora do Leste talvez pela primeira vez, deveria estar deslocado. Não vestia um gibão como os outros convidados, estava com uma fina cota de malha que reluzia na gris do dia. Ele seria um dos cavaleiros que lutaria por Wanderwell naquele dia, alguém pelo menos representaria o Leste.

Ele a olhava com ternura, mesmo que fosse de longe. Mais atrás, os olhos da princesa alcançaram os cabelos ruivos de sua aia. Astrid quis ir conversar com Hans, sussurrar para encontrá-la em outro lugar, mas não podia. Aquele evento era simplesmente a sua melhor oportunidade para aparecer para o Norte, assim todos já saberiam seu nome quando fosse declarada rainha.

Ela seguiu em sua direção, viu os olhos claros do jovem se encherem de esperança, mas ignorou. Passou diretamente por ele e não quis ver a sua decepção, continuou aprumada até chegar a Júdit, que mantinha um sorriso provocante.

– Eu quero matá-la por ter me abandonado.

– Não irá querer me matar quando descobrir todas as valiosas informações que trago, minha querida princesa.

– Então fale logo!

– Não antes de dizer que me ama – ela quis brincar.

– Eu a amo, Júdit – a princesa respondeu numa voz doce e em seguida mudou completamente sua expressão para impaciente. – Agora me diga!

– Seu casamento com o rei Elliot está a um passo de não acontecer.

– O que? – Ela perdeu o ar.

– Não há somente uma, como duas mulheres no jogo.

– Pelos deuses! Ficou um dia inteiro desaparecida para dizer que meu casamento não acontecerá, que voltarei para Wanderwell humilhada e antes disso me faz dizer que eu a amo?!

A mulher rio, sadicamente. Se divertia com a situação.

– Disse que tinha acabado? – Perguntou a ruiva e Astrid se calou. – Você me ama exatamente pela razão que eu consegui os nomes das duas meninas.

Astrid não soube como agir, envergonhada porque quase estava quase a ponto de chorar.

– Quem são elas?

– Valerye Alksen foi prometida para Sua Majestade dias antes de nossa chegada.

– Oficialmente?!

– Com a benção do rei.

O queixo dela estava caído, Lorde Alksen era de fato seu rival. Aquele maldito bode! Certamente queria aproveitar-se dela e depois jogaria na sua cara que tinha a aliança antecipadamente.

– Como isso é possível?

Júdit jogou os cabelos pesados para trás e explicou:

– Aparentemente nosso querido rei não estava se comportando muito bem com seus deveres e o pai resolveu arranjar um casamento. Mas, a boa noticia que chegamos bem a tempo de fazer o rei adiar sua decisão.

– O que significa que ele ainda não decidiu – Astrid concluiu.

– Valerye estará aqui hoje, para conhecê-lo. Você deve zelar por sua imagem, querida. Até mesmo porque existe outra mulher no jogo – Astrid rangeu os dentes, mal sabia como cuidaria de uma e já tinha outra. – Essa talvez devesse ser menos preocupante.

– Por que, quem é?

– Apenas uma criada, mas essa dorme com ele.

– E para que vou querer o nome delas? – Astrid questionou, angustiada.

– Ora, ora, vejamos que você não aprendeu nada – Júdit retorquiu com desgosto, cruzando os braços. – Uma vez que você descobre quem são seus inimigos minha pequena Astrid, você os destrói!

II

Emily caminhava ao lado de Thor pelo gramado. Observava o príncipe sempre que lhe surgia a oportunidade. Ele não parecia mais ser aquele homem sereno e diplomático que um dia ela conhecera. Mas, se caso continuasse sendo, talvez deveria taxá-lo de um ser não humano. Depois de tudo que acontecera em sua vida desde que o conhecera, se impressionava com o fato de não tinha perdido a sanidade.

– Por que você simplesmente não disse para ela que talvez o casamento não aconteça? – A bruxa quis saber.

– Ao contrário de Mia, minha irmã tem dois sonhos: ser rainha e ser mãe. Meu pai a comprometeu diante toda a corte de Wanderwell. Enquanto a resposta não seja certeiramente negativa, não pretendo magoá-la.

Emily espiou o olhar sério debaixo das sobrancelhas franzidas de Thor. Certamente o nome de Mia viera acompanhado de alguma memoria.

– Sei que, seja onde ela estiver, está orgulhosa de você – ela respondeu, com um sorriso discreto.

Ele abaixou o olhar.

– Honestamente, duvido disso – o príncipe retorquiu, numa voz quase engasgada.

– Politica nunca se tratou de afinidade com nossos próximos e sim deveres necessários a serem cumpridos. Não é certo abandonar seu reino durante uma guerra.

– Olhe a sua volta Emily, essas pessoas realmente parecem tristes pela guerra que se aproxima? Estão se divertindo para comemorar a ansiedade de poder e a matança.

– Pare – ela tocou seu braço, fazendo com que parassem de andar. – Talvez esse não seja o lado perfeito, mas ele ainda é de longe o melhor lado para estar. Você não tem a mínima ideia de como Gardênia pode ser!

– Eu não tenho ideia de como eles podem ser? Eles mataram a mulher que eu amo!

– Eu não estou apenas falando de assassinar pessoas a sangue frio! Estou falando do mal eles proliferam! – Ela elevou o tom da voz e arfou.

Emily balançou a cabeça, sentindo as más lembranças invadirem sua mente.

– Esqueça.

Ela apressou o passo, porém sua tentativa de fuga foi interceptada pelo príncipe. Sentiu a mão pesada contornar seu fino braço.

– Pare. Sei que é uma pessoa reservada, mas estou farto disso. Diga por uma vez o que pensa. Se você quer ganhar essa guerra, você precisa dizer quem é nosso verdadeiro inimigo.

A bruxa olhou em seus olhos e balançou a cabeça, com indecisão. Falar o que sabia, era abrir feridas que nunca foram realmente curadas.

– Por favor, Emily.

Ela olhou em volta, estaria pronta para contar?

– Vamos para o solar, lá poderemos conversar com mais tranquilidade.

A bruxa com receio aquiesceu, Thor lentamente soltou seu braço e começou a andar na sua frente para o solar. Entraram no grande salão, ali fizeram uma pista de dança para os convidados que quisessem bailar, pois do lado de fora ainda fazia muito frio. Aquele espaço tinha sido bem decorado para receber o rei, entretanto em momento algum se importaram em substituir os brasões do local. Em todos lugares via-se o grande cavalo negro ao invés do cavalo alado dourado. Eles subiram para o mezanino e se sentaram na reservada mesa de maneira, o príncipe pediu algumas bebidas para a servente e em seguida pousou um pesado olhar sobre Emily.

– Me perdoe, não quis fazer isso – ele começou, ajeitando-se no banco. – Não quero obrigá-la a dizer nada, eu apenas ando perdendo rapidamente minha paciência.

Ela o observou.

– Vamos apenas conversar e tomar algo para se aquecer.

Emily abaixou o olhar e sentiu uma terrível culpa subindo pela garganta, ela sabia muitas coisas sobre Thor, e ele deveria saber mais coisas sobre ela que quase ninguém. Quando os vinhos quentes foram servidos e a servente se afastou, ela encheu seus pulmões com uma grande massa de ar.

– Eu... eu nunca realmente lhe disse como eu perdi meu filho.

– Emily, não precisa fazê-lo se não quiser.

Ela prensou os lábios e respondeu:

– Preciso...

Thor assentiu e fitou seus olhos de maneira atentiva. Ela encheu os pulmões com uma grande massa de ar e então começou:

– Existe uma grande floresta que beira o Clã das Bruxas, o Bosque de Aeon. Foi nesta floresta, especificamente no lago de Lânio que a Deusa-Mãe se sacrificou em nome da humanidade quando uma terrível praga quase dizimou toda a população de Reynes durante o Mundo Antigo. Este lago sempre foi considerado sagrado e durante eras ele abasteceu nosso Clã.

O príncipe parecia interessado nas suas palavras, tão interessado que se esquecia de tomar seu vinho quente. Emily por sua vez tomou o dela, em grandes goladas, precisava de coragem se não quisesse mudar de ideia.

– Entretanto, nosso Clã que sempre sobreviveu bem sem precisar do contato com o mundo exterior. Até uma época... no início de uma primavera, o clã enfrentou estações de puro terror quando uma peste surgiu. Muitos se recusaram em acreditar que aquela praga tinha contaminado a lago de Lânio, pois este era sagrado. Esses conflitos de crenças nos fizeram perder muitas e muitas vidas – ela gaguejou.

Decidiu molhar ainda mais a garganta de vinho.

– Por alguma razão incompreensível, nosso Clã não conseguiu controlar aquela peste. Mataram nossa gente, nossa comida, nossas plantações... Foi quando nós recebemos uma carta de Gardênia. Ele disse que tomou consciência do mal que nos atingira e queria nos ajudar. Convidou os representantes para um banquete no castelo de Gardênia. Estávamos receosos, mas desesperados. Lembro-me do dia em que vi meu pai partir.... Eles voltaram semanas mais tarde, mais pessoas tinham morrido.... Rei Marcus tinha anunciado que estava disposto a nos ajudar... em troca de nossa lealdade a ele.

Ela lembrava-se de todos os momentos com vivacidade, parecia que tudo tinha acontecido recentemente. Lembrou-se também que na mesma época ela conhecera Aspen Butler, mas pouparia o príncipe dos detalhes sórdidos.

– Duas famílias aceitaram e duas não. A nossa família, por sua vez, não soube decidir. Precisávamos de ajuda, porém por mais de séculos estávamos vivendo sozinhos. Nas poucas vezes que tentamos nos aliar com humanos, percebemos que eram seres individualistas. Fazer uma aliança daquela era como nos emprisionar com um homem poderoso. Meu pai estava indeciso, meu irmão estava de acordo e eu era contra. Desconfiava das intenções do rei Marcus, desconfiava daquela peste...

– Acreditava que ele tinha sido o responsável?

– Nunca consegui prová-lo.... Mas aquilo começou com brigas em tavernas, em seguida brigas nas plantações, no mercado, na rua, nas casas, discussões violentas no conselho... Nós estávamos a beira de uma guerra civil...

Emily fez uma pausa e tomou mais vinho.

– Nunca me disse que tinha um irmão – Thor pareceu tentar ir por um caminho que talvez ele achasse menos doloroso.

– Somos gêmeos. Mas inteiramente diferentes...

– Então o que aconteceu?

– Na mesma época eu comecei a procurar por Ceres. Tinha uma ligação forte com Eliza e acreditava que de alguma maneira, ela poderia nos ajudar. Foi assim que me aproximei de Conde Butler, ele estava no Clã a mando do rei. Por algum motivo o Conde confiou em mim e me contara a verdade sobre Mia.

Talvez porque ele quisesse dormir com você, uma voz disse em sua cabeça. Emily tentou se afastar desses pensamentos.

– A tensão se espalhava pelo Clã, eu sofria vendo todas aquelas pessoas morrendo, adoecendo, mas eu pensava que era exatamente naquele momento de fragilidade que precisávamos ser unidos. Mas não era o que estava acontecendo. Meu pai ainda estava dividido, confuso, tinha perdido alguém muito próximo dele para a peste. Meu irmão fazia sua cabeça. Ele estava a um passo de mudar seu lado, e ele o fez... quando adoeceu... Eram três famílias originais contra duas. Lembra-se de Soraya? A família Raven estava contra a união. A família de Willow por sua vez estava a favor, Ludmilla nunca conseguiu perdoá-los por isso.

Shelter - Bird

A mente da bruxa foi invadida por gritos, lembrava-se do pesadelo que tinha quase todos os dias. Ela berrando aos prantos, em seguida sendo atirada contra a parede, uma dor sufocante e o sangue aquecendo sua virilha...

– Mas, meu pai estava frágil. Tinha medo de morrer e passar seu legado. As famílias originais sempre precisam ter um líder, seja ele homem, seja ele mulher. Este tem que ser o filho mais velho, normalmente porque costuma ser o mais forte da família. Mas quando se há duvidas, somos obrigados a batalhar, um contra o outro...

Seu coração começou a bater mais forte. Emily sentiu sua barriga se contorcer, lembrar-se era doloroso, mas falar sobre aquilo era torturante.

– Meu pai sabia que eu era a irmã mais forte..., mas ele já tinha tomado sua decisão e apesar das discussões, eu não tinha voltado atrás com a minha. Ele desconfiava que eu soubesse onde a reencarnação de Ceres estava, mas eu não o dizia. Eu era contra a união com Gardênia. Ele dizia que tinha medo onde as coisas poderiam acabar. Temia qual destino eu receberia por minhas decisões... por isso ele tentou... fazer uma transfusão.

– O que isso quer dizer? – Thor perguntou com a voz ansiosa.

– Tentou passar meus poderes para meu irmão e torná-lo chefe da família ao invés de mim. Ele me enganou e tentou roubar meus poderes.

As lágrimas subiram aos seus olhos e Emily sentiu uma terrível dor de cabeça por segurá-las.

– E eu naquele dia... perdi todo o controle... Não estava lidando apenas com os meus dons, eu também tinha os de Eliza. Ela, de alguma forma, conseguira dá-los para mim antes que fosse presa. – Ela respirou fundo, sentindo mesmo assim algumas lágrimas correrem por seu rosto.

– Não me lembro como, mas lembro-me de ter o sangue em minhas mãos e ver os olhos aterrorizados de meu pai fixados... em mim. Matei acidentalmente meu pai. Entrei em pânico... tentei reverter a situação e meu irmão perdeu a cabeça. Nosso pai era tudo para ele... Ele me expeliu contra a parede, uma pancada violenta e, também naquele dia, eu perdi meu o bebê.

Thor se endireitou nas costas da cadeira e não conseguiu esconder sua expressão perplexa.

– Quem controlou a situação foi Soraya, ela ouviu os gritos e entrou na casa. Fez meu irmão ficar inconsciente e me tirou dali as pressas... Tentou salvar o bebê quando chegamos no Jardim de Ainwick, mas... – Emily mexeu o maxilar para tentar aliviar a dor que sentia na cabeça, umedeceu os lábios, erguendo o olhar para o príncipe.

– Então como eu quis te dizer no início, Gardênia não é somente que o inimigo desonrado que invade salões de Bailes e mata a sangue frio seus participantes, também sabe jogar uma faísca para causar incêndios indomáveis.

– Eu sinto muito – Thor confessou, com um olhar culpado.

– Eu também sinto.

Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, um ruído metálico chamou a atenção de seus ouvidos e ambos espiaram a parte inferior do mezanino. Emily avistou o rei adentrando o salão com seus quatro guardas. Se instalou no seu reservado trono, tinha um olhar perdido, mas um tanto perturbado. A bruxa se perguntava se ele ainda tinha visões fantasmagóricas, o rei negava, mas somente nos dias anteriores ao Torneio de Krieges percebeu que suas olheiras tinham diminuído.

– Talvez você devesse falar com ele – ela sugeriu. – Explicar que não tinha a intenção de ameaçá-lo.

– Não estou com paciência para esse menino – Thor rezingou.

Ela suspirou.

– Thor você tem grandes chances de não conseguir esse casamento. O rei quis adiar a resposta para uma reflexão, pois ter Wanderwell como aliado de guerra é sem duvida primordial. Entretanto, a aliança com a casa Alksen já está formada. Conhecendo o pouco que pude, Lorde Alsken não me parece que aceitará a quebra desta aliança com gentileza e sem rancor.

– Está dizendo que o rei tem outro acordo em mente – o príncipe abrangeu.

– Honestamente ainda não sei o que possa ser, mas sim.

Thor revirou o rosto e amaldiçoou os deuses quase num murmúrio.

– Meu pai não aceitará isso.

– Então desça e tente reconquistar a confiança de Elliot, mostre para ele que vocês estão do mesmo lado.

Ela viu Thor bufar.

– Thor, você sabe fazer isso, sempre soube. Há tempos atrás você já teria conseguido essa aliança.

– Há tempos atrás eu apenas tinha sido responsável por uma de um ente querido, hoje sou responsável por três – ele rebateu numa voz tensa. Emily pensou que certamente duas eram a rainha de Wanderwell e a princesa de Skyblower, quis saber quem era a primeira, mas não tinha tempo para mais conversa.

O príncipe se levantou com esforços e assentiu com a cabeça.

– Agradeço a paciência e a confiança, Winston. Desejaria ter metade da força que você tem – ele disse com um meio sorriso que a deixou desprevenida.

Quando o príncipe se afastou para seguir as escadas, ela decidiu que deveria estar mais perto. Afinal nem um dos dois estavam capacitados de ter algum equilíbrio, então se algo desse quase errado, ela estaria por perto.

Thor já estava no final da escada quando a bruxa alcançou os primeiros degraus. Por um olhar de soslaio viu diversas sombras alcançarem a pista de dança, a bruxa desviou o olhar para a entrada e viu a aproximação de Izaak Alksen acompanhado de uma jovem dama e de três guardas. O âmbito pareceu se silenciar com o encontro do príncipe e do Lorde.

– É uma honra encontrar vocês dois aqui – a voz do Lorde pareceu ser mais alta que a própria musica. Todos os olhares se encontraram sobre ele e sobre a jovem que o seguia.

Emily nunca tinha a visto desde que chegara em Skyblower. Era uma garota com um e setenta de altura, mas com uma expressão juvenil, deveria ter a idade ou um pouco mais nova que o rei. Tinha claramente as características de Izaak como a cabeça oval, as maçãs do rosto acentuadas e os olhos claros. Entretanto ela tinha cabelos mais escuros. Ao mesmo tempo que havia algo sedutor no olhar frio e nas feições inocentes, havia algo mórbido em sua presença. Emily pensou que talvez fosse o vestido negro acompanhado de uma gargantilha negra. Sem dúvidas aquela era Valerye Alksen.

– Pensei que era primordial que estivessem juntos para uma conversa amigável – Izaak continuou, no mais charmoso sorriso.

Emily não sabia o que estava por vir, mas não gostou. Continuou descendo os degraus.

– O que deseja, Lorde Alksen? – Thor questionou sem cordialidade, andando pelo salão ao seu encontro. A altura do príncipe e os músculos poderia intimidar qualquer homem. Mas, o Lorde não parecia ser do tipo que se deixar intimidar facilmente.

– O mesmo que você, caro príncipe. Ter a honra de deixar minha queria irmã ao lado de minha majestade.

– E por que precisa fazer um alarde sobre isso? – A voz do príncipe era congelante como as águas paradas de Wanderwell no inverno.

Lorde Alksen riu com escárnio.

– Não é segredo para ninguém as minhas intenções, príncipe Thor. As suas são?

– Prossiga com o assunto, Lorde Alksen – a voz do rei interviu.

– Apenas gostaria de fazer as honras de apresentar minha bela irmã, Vossa Graça.

Todos viram Valerye deslizar pelo salão e reverenciar-se para seu rei.

– Valerye Alksen, Vossa Majestade.

– É um prazer conhecê-la, Lady Alksen.

– O prazer é todo dela – o irmão continuou. – Mas o verdadeiro motivo de eu querer este encontro é para esclarecer alguns conflitos deixados a colheita. Soube que o príncipe de Wanderwell representa seu pai no Norte para uma possível união entre a encantadora princesa Astrid e o rei do Norte. Porém, o rei tem um trato a cumprir com meu falecido pai.

Emily rangeu os dentes, aquilo não parecia que poderia tomar algum rumo bom.

– Creio que o rei esteja agora analisando as vantagens e desvantagens dessa indesejável rivalidade que há entre essas duas possíveis alianças – a voz de Izaak era serena e ao mesmo tempo intensa, tinha de longe uma boa oratória. – Mas devemos ter consciência que certas picuinhas devem ser abandonadas em tempos de crise.

Ele olhou a volta, com um assentimento presunçoso. Rapidamente Emily entendeu que o discurso não se dirigia somente ao príncipe e ao rei, ele era público.

– Então acreditei que poderíamos ter um acordo de cavaleiros, se Vossa Majestade estiver de acordo, claramente.

– Prossiga – disse Elliot.

– Poderíamos nos livrar deste fardo com uma simples aposta – ele revelou. – Uma corrida de cavalos. O ganhador poderá ter a honra de ficar ao lado do majestoso rei e o perdedor terá de continuar na guerra sem sua desejada aliança.

Emily arqueou as sobrancelhas, chocada. Era uma armadilha.

Thor lhe dissera que os divertimentos do Lorde Alksen era suas apostas, ele conhecia os cavalos. Ele fizera aquela proposta pública para que o príncipe não pudesse recuar. Caso o fizesse, seria considerado um homem covarde por fugir de acordos de cavaleiros para um bem maior: a guerra.

Thor não poderia recusar, mas talvez o rei pudesse.

– Se você perder a aposta ainda assim continuará na guerra fornecendo seus soldados e sobretudo seus corcéis, Lorde Alksen? – Elliot quis saber.

Deuses! Onde estava Aspen naquele momento?

A bruxa fitou Thor, que observava a situação. Ele já tinha entendido sua efêmera posição.

– Um acordo de cavaleiros é um acordo de cavaleiros. Darei minha palavra que apesar de uma triste anulação do casamento, continuarei ao seu lado o servindo, Vossa Majestade. Não deixarei minhas terras nortenhas em questão por uma querela de alianças durante a guerra.

A altivez e o cinismo do Lorde estavam começando a irritar a bruxa.

– E quais são minhas vantagens, Lorde Alksen? – Thor inquiriu, com desprezo. – Conhece seus cavalos. Quais são as minhas vantagens nesse acordo?

– Posso escolher cinco corcéis de meu gosto e você escolherá qual correrá por você e por mim, príncipe.

– Me parece justo. – O rei respondeu. – Eu quero que essa rivalidade acabe com essa corrida. O ganhador terá a irmã com um casamento garantido e o perdedor terá que estar ao meu lado na guerra, querendo ou não.

– Como desejar, Vossa Majestade – Izaak disse.

III

O rei se direcionava para o grande hipódromo da casa Alksen, somente existiam hipódromos tão grandes como aqueles na propriedade deles, na Cidade-Livre e um quase tão grande numa das propriedades dos Norwood. Mas a moda estava começando a se espalhar pelo continente e os hipódromos estavam crescendo numa quantidade impressionante para o prazer de Izaak.

Nunca imaginara que ele colocaria tal aliança numa aposta. Era um homem que gostava de riscos.

Mas o que tinha deixado Elliot mais intrigado era Valerye Alksen. Algo nela lhe fazia lembrar de um felino. Ela não somente tinha um ar intrigante, sombrio e sedutor, como tinha deixado o próprio rei constrangido pela maneira que fixava o seu olhar nele. Mas, nem de longe se via casado com ela. Ou com a princesa Astrid. Ambas aparentavam ser mulheres interessantes, mas ele somente conhecia pensar naquele momento em Ethel que tinha ficado no castelo de Skyblower.

Ela era a mais bela dentre as três, isso somente não era visível pois a aia não tinha o mesmo dinheiro para gastar em tratamentos de beleza ou roupas da moda. Mas não era somente a beleza dela que fazia o rei não conseguir tirá-la da cabeça, era também sua delicadeza, sua fragilidade, sua inteligente, seu corpo... Ethel era a única que conseguia afastá-lo dos problemas. Então, naquela altura, pouco importava a mulher com quem iria se casar. O que importava era que ambos lados estariam do seu lado durante a guerra.

– Sei que está pensando – ele sussurrou para a bruxa que andava ao seu lado, enquanto eram seguidos por guardas –, mas eu sei que estou fazendo. Uma aposta é uma boa maneira de manter a casa Alksen e o reino de Wanderwell unidos a coroa.

Ele espiou a mulher por cima do ombro, sua cor tinha contraste com o dia claro. Era encantador a maneira como a bruxa se destacava diante os outros convidados com sua cor, seu cabelo e seus olhos.

Ela não respondeu.

– Emily era o melhor que eu podia fazer.

– Apenas me pergunto onde o Conde Butler se encontra.

– De certo cortejando as mulheres da festa – a mulher revirou o olhar para ele. – Ele pode parecer um homem dedicado ao trabalho e bem educado, mas Aspen gosta de entretenimentos. É cortejando as mulheres que ele consegue as informações valiosas. Ele não deve ser muito do seu gosto, mas aqui no reino Conde Butler é cobiçado pelas jovens e pelas velhas, casadas ou não. Gostam de ouvi-lo falar sobre assuntos que não tem nem noção do que significam, mas entendem sempre os cortejos.

Emily continuou no seu mais profundo silêncio.

Ambos chegaram no arraial onde deveria ter não somente as corridas como o torneio horas mais tarde. Aquele não era nem de longe o maior hipódromo da família, mas Izaak Alsken sempre demonstrava seu favoritismo por ele nas reuniões. Deveria ter em média mais de duzentos e vinte metros de comprimento e por volta de cento e vinte metros de largura.

O rei teve seu assento especial debaixo de uma tenda, onde ele teria a companhia dos irmãos Meszaros, assim como os irmãos Alksen. Pensou o quanto o clima seria pesado. Felizmente também pedira dois lugares para seus conselheiros, a bruxa Winston e o Conde Butler. Quem também acompanhava era Sor Hubert Kaufmann, que estava com a pior expressão como de costume.

– Meu rei – ele fez a reverência. – Precisaria de algo?

– Acompanhe Lady Winston, ela supervisionará a escolha dos cavalos para a corrida. Lorde Alksen deve escolher cinco cavalos e Thor decidirá quais participarão da corrida.

– As suas ordens, Vossa Majestade.

– Sor Kaufmann? – Ele rapidamente retornou. – Alguém estará participando no torneio por sua casa?

Uma sombra passou pelo rosto do Chefe da Guarda real.

– Nikolas Kaufmann era um traidor e meu único sobrinho. Então ninguém estará participando no Torneio por minha casa.

Elliot sentiu o peso de sua resposta e assentiu, com permissão Sor Kaufmann partiu. O rei um tanto solitário andou até a borda da cerca que sua tenda, e observou a grande arena.

– Animado? – A voz súbita fez todos os pelos do rei se arrepiarem e bruscamente ele se virou para trás, onde avistou a figura de sua irmã mais velha sentada na sua cadeira.

– Mia? – Elliot balbuciou, incrédulo. Viu a perfeita imagem da irmã, ainda trajada com o vestido vermelho do Baile de Sangue, sorridente e sentada na sua cadeira.

– Sinto falta desses torneios – ela suspirou. – Amava ver os corcéis fazendo grandes shows. Era mágico. Nunca entendi essa maldita regra de que eu poderia ser rainha, mas não poderia ser um cavaleiro!

– Mia, você está bem? – ele se aproximou, surpreendido, olhando surpreso sua irmã. – Por que demorou tanto tempo para reaparecer?

– Eu não tinha certeza se você gostaria de me rever...

– Você... você realmente está morta?

Ela deixou um discreto sorriso aparecer nos lábios avermelhados.

– Do contrário, você não seria rei, não é mesmo?

– Não... não seria – ele respondeu num murmúrio. – Me perdoe, nunca quis dizer que realmente queria sua morte quando disse que você estava morta para mim.

Mia se levantou e seguiu até ele.

– Eu sei disso. Mas é muito tarde para se desculpar, eu já estou morta.

Uma secura invadiu a garganta do rei e, por um momento, ele perdeu a fala.

– Então, agora pense no que está por vir – antes que ele dissesse o que pensou, ela mesmo disse: – Izaak Alksen. Ele é perigoso para estar tão perto e não confiável para mantê-lo afastado. Casando com uma Alksen, você corre o risco de mudar o nome da família real.

– O nome da família será Norwood...

– Nessa geração Elliot, ninguém pode falar pela próxima. Eles sempre quiseram o poder. Lorde Alksen não tem intenções de ganhar uma mera aliança.

O rei refletiu sobre suas palavras e de repente ouviu seu nome ser chamado, ele virou a cabeça e avistou Conde Butler.

– Eu acabei de ouvir o que aconteceu!

Elliot desviou o olhar para sua cadeira e ela estava vazia. Como se ninguém estivesse estado ali.

– Majestade com todo o respeito, o movimento de Lorde Alksen somente foi uma jogada suja. Era a garantia que ele precisava manter a aliança se você aceitasse!

Elliot ainda estava pasmado com as palavras da irmã que vagavam na sua cabeça.

– Lorde Alksen participa o tempo todo de apostas, ele costuma montar seus cavalos, habituou cada corcel a uma personalidade, para que pudesse montar todos os tipos de cavalos, mesmo os indomáveis. O príncipe ainda tem ferimentos do Baile de Sangue, meu rei. As chances de Thor vencer são escassas.

– E onde você estava, pelos malditos infernos?! – Ele arfou.

Lorde Alksen tentaria deixar sua linhagem na realeza caso um casamento acontecesse. Elliot já suspeitava daquilo, mas deixou-se enganar como um patinho.

– Eu estava recolhendo informações – Aspen segredou, aproximando-se dele. – Tinha ouvido boatos de que o escudeiro mais próximo de Lorde Alksen, Volder Ludwig, desapareceu um pouco depois do Baile de Sangue. Era um homem respeitado, mas ninguém tem noticias dele desde então.

– Desapareceu onde?

– Numa viagem para a Cidade-Livre, segundo os boatos.

Elliot sentiu os músculos de seu corpo contraírem, aquilo poderia significar tantas coisas, como ao mesmo tempo podia significar nada.

– O que faremos agora? – Elliot perguntou, tentando esconder seu pavor.

– Rezaremos para Thor ganhar a aposta – o Conde afirmou.

A conversa foi interceptada quando uma jovem garota adentrou a tribuna, Elliot não demorou a perceber que era a princesa Astrid. Trajava um solene capa de veludo azul sobre os ombros, vestido de alta costura, bege com detalhes dourados, realçando seus cabelos, e com um generoso decote na altura do peito.

– Boa tarde, Vossa Majestade – ela se reverenciou. – Conde Butler.

– Princesa Astrid – ele a cumprimentou.

– Me perdoe a ignorância, mas alguém poderia me explicar o que está prestes a acontecer? Me disseram que meu irmão participará de uma aposta.

Elliot quis manter a postura, mas espiou o Conde com o olhar. Como explicar que ela corria o risco de voltar para casa e sem um casamento?

– Lorde Alksen desafiou o príncipe Thor para uma aposta sobre as alianças, princesa Astrid. Para que possam tomar uma decisão justa a base da sorte – Aspen tomou a palavra.

O rei viu a princesa engolir em seco, mas manter sua bela expressão de calmaria no rosto.

– Apenas para tornar as coisas mais excitantes – uma quarta voz surgiu de fundo e os olhos de todos caíram sobre Valerye Alksen. – Meu irmão mais velho sempre gostou de desafios, meu pai sempre disse que era algo da juventude, mas ele continua o mesmo.

A senhorita tinha um grande contraste ao lado da princesa, era perceptível mesmo de longe. A jovem se aproximou e ficou ao lado de Astrid.

– Uma de nós será o prêmio, princesa – ela continuou.

– Que vença o melhor – a princesa respondeu entre os dentes.

Quando Sor Hubert e a senhorita Winston voltaram para a tribuna, todos tomaram seus assentos. Não muito depois foi anunciado a entrada do príncipe de Wanderwell e do Lorde Alksen em seus grandes corcéis.

Thor montava um cavalo musculoso e esbelto. Um verdadeiro alazão vestido com panos azuis, branco e dourados. Enquanto o Lorde montava um cavalo um pouco menor, com uma admirável pelagem castanha e negra. Vestia panos vermelhos e negros. Os cavalos da casa Alksen eram admirados por sua resistência e sua beleza. Ambos carregavam panos com a cor de suas casas. Eles tiveram uma primeira volta pela arena, para aquecerem os cavalos e sobretudo para que os observadores fossem atraídos pelo show e fizessem suas apostas.

Lorde Alksen quis fazer um espetáculo, demonstrar a velocidade do seu corcel, saltar alvos e fazer a multidão gritar. Já o príncipe se contentou de cavalgar e acenar para o público.

Assim ambos pararam diante o rei.

Com a voz engasgada, Elliot pronunciou:

– Hoje, ambos cavalheiros correram em nome da união durante a Guerra. O vencedor terá a honra de ter uma aliança com a linhagem da família real. O príncipe de Wanderwell, Thor Meszaros, e o senhor da casa Alksen, Izaak, correrão com honra e honestidade. E os Deuses estarão do lado de quem tiver a sorte.

Com as trombetas, os corredores se colocaram no ponto de partida. Dada a largada, os cavalos dispararam pela arena. O cavalo de Thor rapidamente teve a liderança, correu assustadoramente rápido e em poucos segundos deixou Izaak para trás.

– Vamos, Thor! – Elliot ouviu Astrid sussurrar ansiosa.

– Parece que o príncipe dos mares também sabe navegar por terras firmes – Butler comentou, orgulhoso.

Elliot sentiu um alivio e procurou o olhar da bruxa para confirmar que sabia o que estava fazendo. Entretanto, Emily ainda tinha olhos demasiados desconfiados. Sentia-se vitorioso por sua decisão.

Eles viram Thor correr os duzentos metros como um relâmpago e, na primeira curva, o cavalo derrapou violentamente no chão. O príncipe tentou manter o controle, mas o corcel não teve equilíbrio nenhum sobre a terra e desabou sobre o chão.

Imediatamente todos ergueram-se dos assentos, chocados, e perderam o príncipe na poeira que se levantou do chão. Apenas viram Lorde Izaak atravessar a poeira e liderar a corrida.

– Ele está ferido? – A irmã perguntou, aflita.

Quando a poeira se abaixou, Thor estava de pé, sangrava no músculo do braço, mas não parecia dar importância aos seus ferimentos. Ele conferiu se seu cavalo estava bem após a queda, analisou as grossas pernas e em seguida os cascos. Mesmo de longe, Elliot percebeu que o príncipe notou alguma coisa que deixou seu desprezo claro em seu rosto. Ele trouxe o cavalo pelo percurso feito e uma vez estando no centro da tribuna, assistiu o Lorde Alksen chegar, com um presunçoso sorriso no rosto.

– Você trapaceou! – O príncipe acusou, aproximando-se violentamente do Lorde.

Ele riu.

– Nunca imaginei que fosse um mau perdedor, príncipe Thor.

– Onde estavam as ferraduras do meu corcel, Lorde Alksen?

– Estavam atiradas pela pista – ele apontou com o braço. – Acreditei que você tinha as visto cair, tentei avisá-lo, mas estava correndo muito rápido para que eu pudesse dizê-lo.

– O que está acontecendo? – Elliot interviu, elevando a voz para que os convidados também escutassem.

– As ferraduras de meu corcel não foram bem postas.

– O que de fato me impressiona, pois eu não desconfio do trabalho de meus homens! Não contrato imbecis para me servir!

Thor aproximou-se de Izaak de forma brusca e o encarou com olhos fervidos de raiva.

– Príncipe Thor – Elliot agravou a voz quando o viu serrar os punhos.

– Irá me dizer que seus homens não sabotaram meu cavalo?

– Jogo para ganhar, Thor, não preciso de trapaças.

– Príncipe Thor, você tem como provar suas acusações?

O príncipe trancou o maxilar e se afastou.

– Não, Vossa Majestade.

Elliot respirou fundo, incomodado.

– Então creio que deva parabenizar Lorde Izaak Alksen, pela vitória da aliança – o rei pronunciou, engolindo o desgosto. – Casarei com sua irmã mais nova, a futura rainha e senhora Valerye Alksen.

Após o almoço, as justas iniciaram-se. Todos assistiam com muita ansiedade o combate de cada casa. A explosão de cores e de brasões eram incrivelmente decorativos e hipnóticos. Haviam diversos cavaleiros de todo o Norte, das casas maiores até as menores, os mais ricos carregavam escudos incrivelmente polidos e de matérias invejáveis. Os mais singelos, por sua vez, não tinham tanta ostentação, nem coragem para enfrentarem cavaleiros maiores. Entretanto, dois cavaleiros destacaram-se como se montassem verdadeiros cavalos alados.

Um jovem, talvez com a idade de Elliot, que representava Wanderwell. O arauto anunciara que seu nome, Hans Kovacs. Ouviram-se risadas quando ele adentrou a arena, usava visivelmente uma armadura de qualidade inestimável, porém enorme para seu tamanho. Seu escuto tinha o majestoso espadarte branco, suas vestimentas carregavam as cores de Wanderwell. Hans estava representando Thor, que certamente se recusara em participar do Torneio de Krieges. Ele queria sua proteção para um casamento, mas estava o desafiando em todos aspectos. De longe via-se a semelhança entre o príncipe e o cavaleiro, Thor somente era mais alto e mais solene.

Ele atrevera-se a deixar um bastardo representar sua casa?

As risadas de Kovacs logo foram encerradas quando ele derrotou, com facilidade seu primeiro concorrente da casa de Sharwood. Em seguida a casa Valois. Rapidamente tinha derrotado todas as pequenas casas.

Outro destaque da noite fora o cavaleiro negro, desconhecido. Ele carregava vestes pretas sem nenhum ornamento de alguma cor para ter contraste, até mesmo seu corcel era mergulhado na cor mais escura já existente. O Cavaleiro Desconhecido anunciou-se não ter casa. Ele não fazia encenação como outros cavaleiros, não tentava atrair o público. Era silencioso e mortífero, tinha ganhado com poucos esforços todas as rodadas entre as casas menores.

– Quem poderia ser este? – Elliot questionou para Conde Butler.

– Talvez Lorde Izaak tenha alguma ideia – ambos direcionaram os olhares para o Lorde que se servia de mais vinho.

– Infelizmente não saberia responder – ele observou discretamente o Cavaleiro Negro derrotando dolorosamente seu rival da casa Vogel. – Mas penso em contratá-lo caso faça desse Torneio um espetáculo.

Assim, na segunda rodada, Kovacs e o Cavaleiro Desconhecido encontraram-se com os grandes Cavaleiros das grandes casas do Norte.

Kovacs enfrentou um difícil combate contra Peter da casa Weizen, mas conseguiu impressionantemente ganhar as duas últimas partidas. O Cavaleiro Desconhecido enfrentou o temido engenhoso Fagner da casa Landwirts, ganhou outra vez violentamente a justa. O público estava indo a loucura com aquele show inesperado.

– Deixará um individuo sem casa ganhar seu torneio quando o Torneio de Krieges deveria promover a grandeza de Skyblower e Wanderwell nessa guerra? – A voz fria de Astrid se espalhou na tribuna. Ela lançou um olhar de desgosto para Izaak e em seguida fitou Hans Kovacs que se preparava para outra justa contra Simon da casa Holz. Um grande homem, o cavaleiro mais temido da casa.

– Não me importo com títulos, princesa Astrid. Gosto de ser impressionado.

Ela fitou ansiosamente Hans.

A justa iniciou-se. Kovacs atingiu a lança no peito de Simon, fazendo seu escudo cair. Uma bandeira foi colocada para ele. Se reposicionaram e Simon levou a vitória da segunda quando quebrou a lança de Kovacs. Outra bandeira foi posta, mas aquela pertencia a Simon. Na terceira, a tensão estava no ar. Quem ganhasse seria classificado para as finais.

Elliot estava receoso, seria uma completa vergonha se a final do Torneio de Krieges apenas contasse com um representante de uma grande casa do Norte. Klaus Northstein era o irmão de Tadeas, o senhor da casa. Ele era conhecido por ser o melhor cavaleiro do Norte. Mas, se ele perdesse para desconhecidos, seria um vexame total.

Os cavaleiros se preparavam para a última rodada. Assim que receberam as lanças, se posicionaram e dada a largada, Kovacs voou pela arena tal como Simon. O encontro dos dois resultou num choque de armas contra as placas metálicas, mas quem caiu do cavalo foi Kovacs. Ele rolou pelo chão descontroladamente. Somente o baque já tinha sido doloroso de se ouvir. Entretanto, o jovem não se mexeu. Deveria ter quebrado algum osso.

– Deuses – Astrid soltou.

Thor se levantou e se aproximou da bancada, tentando avistar Hans caído ao chão. Alguém gritou que ele estava sangrando. Foi lhe prestado socorros e Kovacs foi tirado do hipódromo, carregado.

Elliot faltou deixar um suspiro de alivio correr dos lábios. Eram dois nortenhos contra um Cavaleiro Desconhecido. Os melhores do Norte.

O alívio do rei foi rapidamente embora quando com duas rodadas, o Cavaleiro Desconhecido derrotou Simon Holz. O silêncio foi cortante quando Klaus Northstein e o Cavaleiro Desconhecido se colocaram em suas posições.

Muitos diziam que Klaus lembrava o falecido rei do Norte, ele era bem-apessoado e tinha elegância. Não parecia temer em nenhum momento aquele homem no qual ninguém conhecia e ainda assim, tinha derrotado os melhores cavaleiros do Norte. Klaus era confiante, e Elliot esperava que essa confiança tivesse sentindo.

Os cavalos relinchavam e raspavam os cascos no chão de terra. Foram dados aos cavaleiros lanças incrivelmente pesadas e longas, ainda assim, correram com elas perfeitamente inclinadas. Os cavalos trotaram em cima dos cascos pesados e correram um até o outro. O rei quase perdeu a respiração quando viu o primeiro choque da lança de Klaus Northstein atingir o peito do Cavaleiro Desconhecido. Ele quis comemorar quando uma bandeira foi posta na bancada da casa vassala.

Eles se prepararam para mais uma rodada, Klaus conversou com seus escudeiros e rapidamente, após se refrescar, estava pronto para mais uma partida. Ainda estava confiante. A segunda rodada resultou num empate. A maneira como as lanças se chocavam contra um ao outro era barulhento e doloroso. A terceira e última, estava levando o público a loucura. Todos gritavam o nome de Klaus. Os cavalos novamente coçaram seus cascos no chão.

O silêncio era completo até mesmo na tribuna.

– Isso será um Torneio inesquecível – Izaak quebrou o silêncio, mas ninguém o retorquiu.

Os cavalos começaram a correr, correr tão rapidamente que nem ao menos se via as patas tocarem o chão. As lanças foram arqueadas e foi ouvido um trovejo. Em seguida, milhares de lascas voarem pelo centro. 

Me and the Devil - Soap&Skin

Viu-se Klaus inclinado no seu cavalo, com a cara então descoberta. O impacto fora de tanta intensidade que lhe arrancara o elmo da face e cobrira sua pele com sangue escuro.

Ouviu-se gritos horrorizados. Os escudeiros de Northstein correram para acudi-lo.

O rei levantou de seu trono, incrédulo. Nunca vira algo um golpe brutal como aquele.

O Cavaleiro Desconhecido galopeou pela arena, gritando palavras irreconhecíveis na língua comum, fez o contorno e seguiu para a tribuna. Quando ele se aproximou, Elliot já tinha sido cercado por seus guardas. Todos apontaram bestas para o cavaleiro que continuava a gritar maldições em outra língua, causando horríveis arrepios no rei.

O Cavaleiro Desconhecido arrancou o elmo e Elliot não reconheceu o homem de vista. Mas ele ouviu Aspen murmurar o nome do escudeiro mais próximo de Lorde Alksen, Volder Ludwig. O mesmo que tinha sido declarado como desaparecido desde o Baile de Sangue. Tinha algo assombroso em sua feição, pálida e furiosa. Ele decidiu então trocar sua língua para a comum:

– Norte se declara inimigo de Gardênia! Leste se declara inimigo de Gardênia! Vocês se declaram inimigos do poderoso império de Marcus! Estarão todos condenados a morte! Perderão a guerra e aqueles que não forem torturados até a morte, serão humilhados, violados e implorarão pelo perdão do Imperador e da Kapelle Principal!

Elliot arfava, vendo os olhos irados e monstruosos de Volder Ludwig declarar tais palavras. Mas aquele show de ódio não parara por ali. O antigo escudeiro de Lorde Izaak apanhou uma das afiadas lascas de madeira e a enfiou em sua própria garganta. O sangue começou a jorrar e Elliot viu o escudeiro arrancar sua vida diante todo o público e morrer, caindo sobre os joelhos, sufocado pelo próprio sangue.

O rei sentiu uma terrível vertigem cercá-lo, lembrou-se da imagem de seus país brutamente assassinados. Ele perdeu o ar que sustentava em seus pulmões e quase o equilíbrio que o mantinha em pé.

Virou-se e encontrou os olhos horrorizados de Lorde Izaak Alksen, também pego de surpresa pela cena traumatizante que tinha acabado de presenciar.

– Não me casarei com sua irmã. Não depois disso.

Era oficial, Elliot Norwood vivia o pior pesadelo de sua vida.

__________________________________________________

Quinto Capítulo da série As Adagas de Ceres.

8657 PALAVRAS

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Dedico a @Pamy_OLopes , que acompanha Ceres há uma vida já haha, mas porque também foi aniversário dessa fofa nesse último sábado. Somente tenho que agradecer o apoio, as histórias engraças com sua avó. Você merece toda a felicidade do mundo <3

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