Jasmine
Sentada próximo ao balcão etiquetando alguns produtos para Yoná colocar nas araras meu celular começou a vibrar, olhei no visor e era Zachary, atendi as pressas.
- E então?
Nasceu, uma menina linda e forte. Pode vir correndo para cá, não aceito desculpas e você prometeu a Erin que estaria aqui para vê-las.
- Sim... Sim... Eu estou indo! - disse toda feliz. - Elas estão bem?
- Muito bem... - Senti que Zack sorria do outro lado. - Erin dorme agora, está exausta, praticamente nasceu a uns 40 minutos.
- Vou para casa, tomar um banho e ir para o aeroporto, logo estarei aí.
- Maternidade Sant Louis.
- Sei qual é... Até mais! - desliguei e olhei para Yoná. - Minha sobrinha nasceu, tenho que correr para Nova York, você cuida de tudo.
- Claro... Vá tranquila. - Nos abraçamos e eu corri para casa.
Três horas depois estava dentro do avião seguindo para NY para conhecer minha sobrinha Ingrid e comemorar com minha irmã.
Esses momentos para mim eram até nostálgicos, pensar que meu bebê era para estar com a idade de Caleb e ver aquele menino me deixava de coração partido, não existia um só dia que não me lembrasse da minha gestação. Precisava aprender a viver com essa dor e a aceitar a perda, mas nunca deixar de amar aquele que eu desejei e muito, eu agora tinha a oportunidade de dar amor a uma criança que necessita-se de muito amor e carinho, educação e estrutura financeira para ser alguém.
Assim que cheguei em NY fui direto para o Hospital, assim que entrei no quarto, Erin amamentava a pequena Ingrid, Zack dormia no sofá com caleb ao seu lado que também dormia.
- Oi! - disse baixinho me aproximando.
- Meu Deus! - Olhei para aquele rostinho lindo. - Ela é tao linda... ôh! parece esfomeada, não larga o peito pra nada.
- Mortinha de fome!- Erin sorriu- Ela é tão pequenina. O Caleb era um bebê grande e rechonchudo,mas a Ingrid é diferente!
- Deu trabalho para nascer? - A encarei preocupada.
- Não! Foi um parto tranquilo! Ela só é pequena,não é?
- Para mim todos os bebês tem o mesmo tamanho. - estendi uma sacola com motivos de crianças na embalagem. - Um presente para minha sobrinha linda.... espero que goste.
- É lindo, Jess! - ela sorriu-Quer segurar um pouco?
- Quero... mas me deixa lavar as mãos... estava na rua. - Me virei e entrei no banheiro, lavei bem as mãos e voltei.
- Ela acabou de arrotar! - Erin sorriu.
- Então não corro o risco de ser batizada hoje! - Pisquei para minha irmã e tomei Ingrid em meus braços, cheirei seus cabelinhos negros e a coloquei em meus baços. - Acho que essa garotinha gostou do colo da titia Jasmine... - A embalei no meu colo, a emoção bateu forte, olhei para minha irmã.
- Eu vou ficar com você uma semana, quero cuidar de você e da Pequena, apesar de termos dois babões dorminhocos, mas acho que será bom eu ajudar.
- Acho que você seria uma ótima mãe, sabia? Iria aprender muito com um bebê. Eu amadureci muito depois do Caleb.
- Eu sei!... Eu preciso primeiro aprender a me virar sozinha... Sem dependência de um homem. - Revirei os olhos e ri. - Acho que vou virar lésbica.
Segurei para não gargalhar com a cara que Erin fez para mim.
- Gosta de meninas também?
Sacudi a cabeça em negativa.
- Isso é algo que não desce... Só disse por brincadeira. - Me sentei na cadeira ao seu lado, respirei fundo olhando para Ingrid. - É que as vezes a solidão bate, sabe! Não é fácil estar sozinha, não ter com quem conversar e as vezes acho que te atrapalho quando ligo e fico falando de coisas idiotas... - Dei de ombros.
- Você é minha irmã! Com quem mais falaria coisas idiotas?
- Eu te amo, Jess.
- Também amo você, Erin. - Sorri grata por seu amor. - E como vai a procura de seus pais verdadeiros?... Já os achou?
Zack e eu nos encarregamos disso, mas com a sociedade dele com o Chris Carpenter, e eu tendo que trabalhar em novas obras pra última exposição, acabamos deixando esse assunto dormente. E eu confesso que, eu não tenho certeza se quero mexer muito nessa história.
Tenho medo deles não serem o que eu espero, ou de eu os detestar.
Peguei na mão de Erin, segurei com firmeza.
- Você já pensou o quanto já esperaram por uma noticia sua?... Já conseguiu imaginar a dor deles quando te perdeu? - Sorri amável e encorajando-a. - Se precisar, eu vou com você... Somos irmãs e quero ser adota! - Fiz careta e ri. - Não os deixe esperar mais!
- Talvez você esteja certa. Vou retomar as buscas e quero você ao meu lado.
- Conte comigo... - Beijei sua mão. - Agora me conte como está sendo viver em Nova York!?
Estava animada pra saber das novidades, já que nos últimos dias não dei chance dela falar.
- Não sei nem por onde começar. É diferente da vida que eu tinha em Boston e em San Francisco! Acho que porque aqui eu tenho amigas e faço o que eu gosto. Tenho até medo de confessar mas,eu me sinto feliz a maior parte do tempo. Algo que eu não tive nem quando vivi com o Zack na casa da vovó,já que eu pressentia que o Vladimir ia dar um jeito de acabar com aquilo. Aqui eu me sinto em paz,além de feliz. É como se eu soubesse que nada vai nos separar de novo e se alguém tentar,eu sou bem mais forte agora!
- Nunca deixem que te separem da sua família.
Me levantei e coloquei a pequena em seu berço acrílico.
- Vamos deixar dormir mais confortável.
- Quanto tempo vai ficar com a gente?
- Uma semana... E assim que achar apropriado para procurar por seus pais, você me conta... Temos 40 dias pra que se restabeleça, Ingrid se fortalece e a vida do casal se adapta com uma criança nova em casa. - Sorri amável. - Estou feliz por você...Muito mesmo.
- Eu também, Jess! Só é pena que vá ficar tão pouco.
Dei de ombros.
- Tenho que ganhar a vida. - Fiz um bico resignada.
- Você vai levar uma bela herança. Sua mãe tinha milhões numa conta,sabia? Logo os bens vão estar desbloqueados e depois que o fisco tirar a sua parte ainda vai haver um belo montante pra você.
- Uma parte é sua... - Pisquei para ela.
[20:19, 3/2/2018] Neila: - Não! É toda sua!
- Erin... Não! - Me senti surpresa em vê-la abrir mão. - Você carrega o sobre nome da família, não é porque foi adotada que tem que abrir mão. Você merece, cuidou dela, ainda sofreu um acidente por conta daquela maluca.
- Eu não sofri um acidente, Jess! Eu fui jogada da escada e eu não quero nem preciso desse dinheiro. Meu marido é multimilionário e minhas esculturas estão sendo avaliadas em milhões.
Respirei fundo e concordei.
- Mesmo assim, Erin... Posso ter muito dinheiro que aquela teimosa nos deixou... Mas o trabalho é o que me mantem na linha, sem recaídas. Entende?
- Claro que te entendo. Eu não me permito viver as custas do Zack... Ao menos não totalmente...Eu tenho medo de voltar a ser fraca,se me acomodar com o dinheiro do meu marido. E depois que eu me mudei pra São Francisco,aprendi a gostar muito de depender do suor do meu rosto.
- É isso aí! - Dei um soco no ar.
- O que tanto falam? - Zack estava sentado no sofá, cara de quem estava cansado.
- Boa noite, Zack. - Fui até ele e lhe dei um beijo no rosto. - Parabéns, é uma linda garotinha.
- Obrigado! - ele sorriu. - Que bom ver você.
- Também estou feliz.