Conhecendo o abrigo

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Segurei as mãos de Jonathan e desci olhando o local, no estacionamento já deu pra perceber que o local era bem organizado, já na entrada se passava por dento de uma arco iris, eu amei aquilo, não conseguia parar de rir. Assim que fomos recebidos por uma senhora muito bem vestida em seu conjunto de calça e blazer bege claro, seguimos para uma sala grande, onde tínhamos puf's de todas as cores, mesinhas coloridas com lápis de cor, papel para desenhar e o que era melhor de tudo, muitas crianças, algumas carequinhas, outras com alguns fios de cabelo, outras em cadeira de rodas muito debilitadas, mas que não deixavam de sorrir por nos ver ali.

Eu e Jonathan recebemos narizes de palhaço e uma peruca laranja. Tenho que confessar, eu poderia fazer aquilo todos os dias se precisasse.

Senti alguém puxar os meus cabelos e me voltei para trás.

- Ai!

- Desculpa! - uma garotinha de olhos arteiros, sardas no nariz e sorriso tímido me encarava. - Eu tinha cabelos bonitos como os seus. - Ela afirmou. - Mas eram vermelhos. Os seus parecem fios de ouro.

- Jess, essa é a Aldy.

- Meu nome é Audrey. - Ela o corrigiu. - Por que sumiu, tio Joh.

- Eu viajei para longe, minha pequena.

- Você me abandonou! - ela fez um bico e cruzou os braços. John agachou-se e a apanhou no colo.

- Nunca, minha princesa! - ele beijou o seu rosto e a apertou em seus braços.

- Tio, ta apertando! - ela reclamou e ele afrouxou os braços.

- Aldy essa é a Jasmine.

- Olá Jasmine! - ela sorriu. - Você é bonita.

- Oi, meu anjo... - Jess estava encantada. - Você que é a mais linda de todas aqui. - Jess tocou na ponta do nariz de Andrey fazendo ela rir.

- Ela é a minha esposa, Aldy!

Audrey exibiu um sorriso alvo e me encarou me avaliando.

- Eu gosto dela. Ela tem o cheiro bom!

John colocou a pequena no chão e ela saiu correndo.

- A Audrey está se recuperando de uma leucemia. Infelizmente a mãe dela morreu da doença e não sabemos quem é o pai. A avó é uma alcoólatra e não tem condições psicologicas ou financeiras de cuidar da garota. Então ela está aqui há quase dois anos. Ela chegou aqui com três e nós quase a perdemos, mas ela é uma criança bem forte.

- Sim! E você escondendo o jogo? - Jess me encarou divertida se juntando a mim. - Ela ainda faz quimioterapia?

- Está no estágio final da radioterapia! Da quimio ela já se livrou. Ela tinha cabelos lindos! - ele sorriu. - Mas vão crescer de novo, não é? Ela recebeu um transplante de medula muito bem sucedido também.

- Vão sim... Vamos cuidar da nossa princesa e a fazer feliz. - Jess me deu um beijo. - Me mostre o quarto dela e depois vamos conversar com o médico e ver o que mais ela precisa.

- Venha! - ele tomou minha mão. - Quero que conheça o Tommy! Ele será o seu terapeuta e pode te dar detalhes sobre a Aldy. Ele sabe de tudo muito melhor que eu por aqui. Adivinha só quem está custeando esse lugar atualmente?

- Você?

- Adoraria, mas sou um pobre coitado. Já ouviu falar em Laurah Carpenter?

- Sim... Eu a conheço só de vista. Sei que Erin a conhece muito bem.

- Bem, ela tem uma parceira bem íntima sua. Elas mandam a verba e eu distribuo. Não imagina quem seja essa parceira?

- Erin?

- Exatamente!

Jess entristeceu e seguiu calada ao meu lado.

- O que foi, meu anjo?

- As vezes acho que não exista um espaço para mim... E às vezes acho que você admira mais a minha irmã do que a mim.

- Jess... Só comentei porque achei que te motivaria. Trabalhar em parceria com alguém que você ama. E você tem a vantagem de ver tudo de perto.

Jess me soltou.

- A vantagem de trabalhar com que você ama? Você está me dizendo que ama Erin?!

- Você as vezes é uma criança, sabia? A vantagem de você trabalhar com alguém que VOCÊ ama, sua irmã! Meu Deus que cabeça dura!

- Já pensou que estou tentando dizer a você que gostaria de ter um projeto nosso!... Meu e seu? - Jess parou no corredor. - Eu tenho a sensação de que você trabalha sempre ligada a Erin, justamente para não perder o contato.... E sim... Eu tenho ciúmes e não vou esconder isso de você... - Jess estava seria, seu tom de voz era baixo. - é difícil de lidar com isso, John! Você fala mais em Erin e em Rejane do que em mim... Eu não fico falando de Hill... Não acho que seja necessário isso. E isso está me magoando.

- Jess! Eu só explanei o fato de que a sua irmã custeia o local com a Laurah Carpenter. O que eu fiz ou disse demais? Eu quero você aqui porque esse lugar, essas crianças são importantes pra mim e eu não tenho tempo de estar aqui por causa do meu trabalho. Já passou pela sua cabeça que eu quero que você trabalhe com crianças, porque acho importante que você conviva com elas pra que esteja pronta pra ser mãe? Olha, quer saber... - Ele levou as mãos aos cabelos. - Esquece! Você não quer, vamos embora.

- Você é um idiota. - Jess me deu as costas e saiu andando pelo corredor, olhando quero por quarto . Procurando por Aldy.

- Jasmine! - John me seguiu. - Desculpa! - ele me puxou pra si me abraçando. - Eu te amo, sua moleca rebelde! Amo muito, você é meu alicerce.

- Então pare de me chamar de criança, me inclua nessas realizações e me deixe criar um projeto onde eu e você possamos trabalhar juntos! - Jess acariciou meu rosto. - Pare de falar em Rejane e Erin... Mesmo que você esteja ligado em projetos com elas... Quero saber, mas não quero detalhes.

- Tio John! - Audrey surgiu correndo do nada e nos abraçou pelo meio. - Me pega!

- Eu quero essa garotinha, Jess! - ele sussurrou entre meus lábios. - Ela está aqui há dois anos só esperando por pais carinhosos. Esperando por nós!

- Então o que está esperando pra levá-la para casa? - Jess abraçou a mim e Aldy. - Eu não sou tão ruim assim.

- Eu já tentei! Mas, o juiz que julgou o caso da Audrey não daria a sua guarda a um homem solteiro de baixa renda. - John apanhou a pequena. - Então, me tornei seu padrinho. Agora que estamos casados posso tentar outra vez, mas não poderia fazer isso sem antes falar com você. Mas, não podemos deixar brechas, Jess! Temos que estar totalmente aptos para a adoção física, financeira e emocionalmente

- John... A parte financeira não é o problema é muito menos emocional... - Jess sorriu amorosa, mantendo sua mão nas costas de Aldy acariciando. - Eu fiz tratamento por 4 meses na clinica, em 9 meses já estava de alta, eu sei o que quero. E se acha que tenho dependência afetiva por você, sim, tenho porque isso é natural de uma mulher apaixonada.

- Vamos fazer terapia de casal, Jess! Pela Aldy.

Jess torceu a boca, puxando o ar com força.

- Tudo bem. - Jess olhou pra Aldy. - Tudo por nossa filha!

- Pela nossa filha!

REVENGE - FIXING YOU (completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora