A Crônica de Eastar

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A CRÔNICA DE EASTAR História por Henrique Zimmerer Revisão por Sagami Riku Distribuição: My Light Novel - www... More

Prólogo
Hora de Descer
Passeio
Herói
Aprendendo Rápido
Obviamente, espadas
O que passou
Colina iluminada
Problemas vêm sempre aos montes
Preparações
Partida
Controle de absorção
Gêmeos Selvagens
Encontrando os monstros
Seguindo em frente
Uma Conversa Estranha
Uma história de heróis caídos
VOLUME 2 - Cidade Agitada
VOLUME 2 - Armadilha
VOLUME 2 - Separação
VOLUME 2 - O Segredo do Tenente
VOLUME 2 - Reencontro
VOLUME 2 - O Mascarado
VOLUME 2 - Moral da História
VOLUME 2 - O Conto de Morrigan
VOLUME 2 - Ataque
VOLUME 2 - Recepção
VOLUME 2 - A Rainha
VOLUME 2 - Lição de Vida e de Guerra
VOLUME 2 - A Festa
VOLUME 2 - O Dia que Decidirá o Futuro

O Flautista dos Girassóis

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          Seguiram por duas horas depois de achar um caminho bom para os cavalos, o que não foi difícil. Sulcos haviam sido formados no chão devido à passagem de viajantes e mercadores ao longo de anos, formando assim uma trilha larga o bastante para uma carruagem, que descia o leve declive desde a borda da floresta escura até chegar ao vale.

          Quando finalmente chegaram, já se aproximava da hora do almoço e o sol estava alto no céu, apesar da manhã fresca. Eastar olhou para aquela luz branca e já ia reclamar da fome quando o som chegou a seus ouvidos.

          Todos se viraram na direção da melodia, um som agudo e ritmado. Sem perceber, o jovem estelar começou a sorrir, divertindo-se com o ritmo da música. Era alegre e rápida, descendo a tons mais graves como que dando intervalos entre rodopios.

          Ele já estava extasiado quando se virou para Sindar.

          — Isso é uma flauta, não é?

          — Sim, e quem está tocando faz isso muito bem.

          — Eu não esperava ver músicos por essas bandas nesses dias, ainda mais com tudo isso que está acontecendo. — Allyn, que estava mais atrás, franziu o cenho. — Algo está errado.

          — Ora, não seja tão negativa, querida. — Remus deu um sorriso gentil e pôs a mão no ombro dela. — Agradeça por termos música para o almoço.

          Sean e Drun se agitaram em seus cavalos, sorrindo um para o outro enquanto se animavam com a perspectiva de um músico viajante e pela possibilidade de conseguirem alguns doces para a sobremesa. Foi decepcionante quando o velho mercador que encontraram na floresta escura disse que não tinha nenhum.

          Todos incitaram os cavalos e seguiram pela trilha que rumava para perto da cachoeira, aos poucos foram percebendo girassóis no caminho, como se tivessem sido plantados ali em pequenas rodas a cada metro da trilha. Arbustos ladeavam o grupo, e algumas árvores de galhos finos tinham suas folhas dançando a medida que o vento as instigava.

          Quando fizeram uma curva e finalmente viram onde a trilha se encontrava com o rio, descobriram de onde vinha o som.

          Um velho com cabelos brancos, que iam até a sua cintura presos por um rabo de cavalo, dava pulinhos com uma flauta na boca, a cada vez que seus pés tocavam o chão, um pequeno grupo de girassóis brotava ao redor deles. Estava de costas para os recém-chegados.

          — Olá, amigo! Como vai? — Edwin levantou a voz e acenou com o braço para que o velho se virasse para eles.

          O velho desafinou e tropeçou, caiu para a frente com a flauta em uma das mãos que usou para aparar a queda e acabou por quebrá-la.

          — Ai, minha úlcera! — gritou.

          Ficou de joelhos e olhou para a flauta quebrada.

          — Mais uma que se vai... — dizia enquanto a colocava no chão e pegava uma das duas outras que levava presas à cintura.

          Enquanto ele tentava se levantar, Eastar se viu boquiaberto junto com mais da metade do grupo. O jovem não achava que poderia encontrar alguém tão desastrado quanto ele. Ao menos parecia ser precavido, ou era normal um flautista carregar três flautas o tempo todo?

          O flautista se levantou e esticou as costas. Parecia ter quase o mesmo tamanho que o garoto estelar e seu corpo era mais forte do que poderia se supor para um homem daquela idade.

          Ele olhou para o grupo enquanto batia as mãos para limpar a terra em sua bermuda, de uma cor que já deveria ter sido azul, mas que agora parecia quase cinza, além de estar rasgada.

          O velho tinha uma barba comprida que lhe passava do peito, tampando um pouco as palavras "Alter Bridge" que havia em sua camiseta branca com a imagem de um pássaro embaixo. Aquilo não eram palavras da Língua Estelar, que os terráqueos haviam adotado definitivamente desde a Previsão. Era alguma língua antiga.

          E, mesmo assim, nenhuma dessas coisas era tão interessante quanto os olhos do flautista. Não se podiam vê-los, estavam cobertos por um objeto preto que se apoiava em suas orelhas e no nariz. Era impossível saber para onde ele olhava.

          Ele passou a língua pelos lábios, pôs a flauta na boca e começou a tocar enquanto seguia aos pulinhos para perto do grupo. Dessa vez os girassóis não brotaram. O velho seguiu assim, cantando uma melodia divertida até que Eastar não conseguiu se segurar.

          — Será que o senhor poderia parar apenas um segundo?

          O flautista parou no meio de uma nota e levantou a cabeça, olhando para o jovem, ao menos era o que se supunha levando em conta que seus olhos estavam tampados.

          — Meu pequeno Eastar, de quem você puxou esse mal humor? — O velho tinha uma voz limpa, ela parecia encher o lugar de energia assim como sua música.

          O garoto se espantou pelo velho saber seu nome, arregalou os olhos e se virou para o pai. Nesse momento, percebeu que Aros cobria a mão com a boca, segurando o riso, ele devia estar assim há um bom tempo e naquele momento ele não conseguiu mais se segurar. A gargalhada que soltou chegou a assustar os cavalos e ele passou a mão pelos cabelos, tentando se acalmar.

          — O que você está fazendo aqui, cacete? — explodiu, cruzando os braços e sorrindo.

          — Ora essa, Aros, meu querido mestre! Você sabe bem o porquê de eu estar aqui. — Ele parou por um segundo e deu um tapa na testa. — Esqueci desses óculos, não adianta piscar pra você se você não consegue enxergar por trás deles, né? — Abriu um sorriso largo.

          — Óculos? Mestre? Oi? — Eastar virava sua cabeça de um homem para o outro, então, já completamente exasperado, levantou os braços e levantou a voz. — Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?

          — Ô! Ô! Calma, garoto. — O flautista estendeu os braços, balançando-os. — Vou explicar tudo, mas primeiro, porque todos vocês não descem dos cavalos? Vamos para a beira d'água, assim conversaremos melhor enquanto bebemos e comemos um pouco.

          — Bem, nossa bebida acabou há uns dois dias. — Remus disse, do final da fila.

          Olhando para trás, Eastar percebeu que Sean e Drun olhavam impressionados para a figura à frente deles, assim soube que não era algo estranho só para ele e se sentiu um pouco melhor, menos frustrado.

          — Não se preocupem, tenho cerveja. Deixei na água, assim vai estar fresca quando formos beber. Venham, venham!

          — Senhor, você acaba de ganhar um amigo valioso. — Edwin sorriu e esfregou as mãos.

          O velho sorriu, se virou e foi, saltitando e tocando, para perto do rio. Os membros do grupo se entreolharam e com um dar de ombros coletivo o seguiram.

          Desmontaram todos perto de árvores para poderem amarrar os cavalos e deixá-los na sombra. Se reuniram em torno do flautista, que agora se sentava em uma pedra cutucando o nariz, com a flauta de volta à cintura.

           — Podem ir se refrescar no rio até comermos — disse, analisando a sujeira que conseguira reunir em um dedo.

          Remus olhou para ele, fez menção de dizer algo, mas apenas balançou a cabeça e se virou para os garotos.

          — Sean, Drun, vocês dois, para baixo da cachoeira. Vamos fazer um treino interessante hoje.

          — Oba! — Os garotos gritaram juntos e tiraram as botas e as camisas, jogando-as para o lado e correndo para a água.

          Allyn seguiu para o outro lado, se sentou em uma pedra para tirar as botas longas, que chegavam até seus joelhos, depois se levantou e tirou a calça assim como a túnica, revelando seus pequenos seios.

          Eastar havia acabado de tirar a sela do seu cavalo e olhava boquiaberto na direção da mulher, o que lhe rendeu um tapa na cara.

          — Ai! — Ele olhou para Sindar, assustado.

          — Vai levar outro se não prestar atenção em outra coisa.

          — Mas, mas ela não usa sutiã! Como você queria que eu não olhasse! Olhe para a cara deles.

         Apontou os outros homens do grupo e Sindar viu que Aros, Jaime e Edwin olhavam para a mulher com as bocas abertas e sem mexer um músculo, enquanto ela entrava na água devagar, até mesmo o velho olhava com o dedo enfiado no nariz, completamente paralisado.

         — Por que não quer que eu olhe? — completou

         — Porque não, oras.

          Aros deu um tapinha no ombro do filho.

          — Apenas aceite, pivete. As coisas aqui embaixo funcionam igual comigo e sua mãe, lembra da última vez que uma soldado pediu pra fazer sexo comigo?

          — Lembro... e ainda sinto pena dela.

          — Eu também, mas sua mãe não. Então apenas se foque na sua princesa, tudo bem?

          — Tudo bem. — Eastar engoliu em seco e sorriu para Sindar, que cruzou os braços com cara fechada.

          Vendo a reação dela, ele abaixou a cabeça. Ela não aguentou e riu.

          — Você é bobo demais pra conseguir me deixar com raiva.

          — O quê? — Ele olhou para ela. — Não entendi...

          — Sei que não.

          — Essa mulher ainda vai me fazer ter um ataque! — disse Edwin, de repente, depois da conversa ao seu lado finalmente tirá-lo do devaneio em que estava.

          — Muito bem, acho que vou me juntar à Remus e os garotos — disse Jaime, começando a tirar a camisa.

          — Você vai treinar ou ajudar o Remus a treiná-los? — Eastar se virou para ele.

          — Bem, na verdade pretendo treinar. Não é sempre que se tem a chance de fazer treinos como os das histórias de antigamente.

          — O quê?

          — Dizem que nas grandes histórias de eras passadas, sempre havia um ancião muito sábio que meditava perto de uma cachoeira e que seus alunos treinavam nesses lugares... — Olhou para o velho que dava um peteleco em uma nova pequena bola de meleca que havia conseguido juntar. — Sem querer ofender, mas o senhor foi uma decepção.

          O velho olhou para Jaime e sorriu.

          — Não estou ofendido meu jovem, pode ir. Enquanto isso, responderei às perguntas que o Eastar fez. Depois, Aros, acho que precisaremos conversar também. — Aros assentiu com a cabeça enquanto se sentava no chão.

          Eastar virou os olhos azuis para a princesa e percebeu que ela observava Jaime seguindo para a cachoeira.

          — Tá vendo, não se pode culpar alguém por olhar. — Ele cruzou os braços e levantou uma sobrancelha.

          Pega de surpresa, a princesa pigarreou o se virou para ele.

           — Ah... bem... tá bom, tá bom... não vou reclamar mais. — Revirou os olhos.

          Aros, Edwin e o velho começaram a rir e o casal se juntou a eles.

          Pigarreando, o flautista pôs a mão na barba, pensativo.

          — Qual foi a primeira pergunta mesmo, Eastar? Ah, sim! Óculos! — Tocou o objeto preto no rosto. — Isso é um óculos escuro, garoto. Serve para proteger do sol, não que nós, estelares, precisemos, mas era uma moda bem bacana a muitas eras atrás, por sorte, sou bom em guardar coisas, como essas roupas, porque não se consegue mais se fazer algo como elas! Muito bem, segunda... — O velho parou por um tempo, cofiando a barba e girando a flauta.

          — Mestre? — Eastar levantou as sobrancelhas para ele.

          — Isso! Sim, seu pai foi meu mestre a muito tempo. Ele me ensinou muito, você nem acreditaria. Apesar dos óculos esconderem, eu sou um estelar.

          — Quem é você, afinal?

          — Eu? É mesmo! Nem sequer lhes dei um nome pra me chamar. Caramba, continuo distraído... Vamos ver, um nome... Já sei! Pode me chamar de Velho.

          — Velho? Isso não é um nome.

          — Bem, talvez não, mas é o que eu sou, ou pareço ser. É bem interessante para falar a verdade, mas não é algo que eu queria repetir tão cedo, apesar de achar que não terei escolha. — Estranhamente, ao dizer isso, ele virou a cabeça na direção de Sindar.

          O movimento foi rápido, algo quase imperceptível, mas Eastar conseguiu acompanhar. Franziu o cenho e abriu a boca para falar quando viu o olhar que seu pai lhe dava. O assunto estava encerrado.

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