Depois do Ritual (romance gay)

ramqsa tarafından

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[HISTÓRIA COMPLETA] Todos os anos antes do retorno das aulas, os alunos da Zaco Beach School se reúnem em vol... Daha Fazla

[APRESENTAÇÃO]
[UM]: O RITUAL NA PRAIA
[DOIS]: DEPOIS DO RITUAL
[TRÊS]: NAMORADOS
[QUATRO]: HORA DO BEIJO
[CINCO]: TIME PRINCIPAL
[DREAMCAST]
[SEIS]: AINDA SOMOS NÓS
[SETE]: O CONVITE
[OITO]: A FESTA DO ADAM
[NOVE]: O EFEITO DA MACONHA
[DEZ]: AONDE VOCÊ ESTAVA?
[ONZE]: É APENAS UM BANHO
[DOZE]: O QUE ÉRAMOS E O QUE SOMOS
[TREZE]: ESTAMOS JUNTOS NESSA
[QUATORZE]: PÉSSIMA CONFIRMAÇÃO
[QUINZE]: JUNTAR AS PEÇAS
[DEZESSEIS]: ADAM, ROMEU E LORENZO
[DEZESSETE]: O VÍDEO
[DEZOITO]: ACAMPAMENTO
[DEZENOVE]: EU E VOCÊ
[VINTE]: EU AMO VOCÊ
[VINTE E UM]: FRAGMENTOS
[VINTE E DOIS]: ADAM, NICHOLAS E VEGAS
[VINTE E TRÊS]: O RESULTADO
[VINTE E QUATRO]: SER VERDADEIRO
[VINTE E CINCO]: CONEXÃO
[VINTE E SEIS]: LIBERDADE
[VINTE E SETE]: DE VOLTA AO LAR
[VINTE E OITO]: YUNA
[VINTE E NOVE]: QUEBRADO
[TRINTA]: LORENZO
[TRINTA E UM]: DE VOLTA AO JOGO
[TRINTA E TRÊS]: RENDENÇÃO
[TRINTA E QUATRO]: SONHO DA CALIFÓRNIA
[TRINTA E CINCO]: MUDANÇAS
[TRINTA E SEIS] BEM-VINDOS À ANCHIETA
[TRINTA E SETE]: DOIS PEDAÇOS DE UM CORAÇÃO PARTIDO
[TRINTA E OITO]: A PROPOSTA
[TRINTA E NOVE]: NICHOLAS DANVERS
[QUARENTA]: PLANO EM AÇÃO
[QUARENTA E UM]: RONY E ROMEU
[QUARENTA E DOIS]: A DESPEDIDA E A QUEDA
[QUARENTA E TRÊS]: TREZE DE MAIO
[QUARENTA E QUATRO]: PONTO FINAL
[QUARENTA E CINCO]: ADEUS, SAN PIER
[FINAL]: PRIMEIRO O BAILE, DEPOIS LA
[EPÍLOGO]: PARA SEMPRE NÓS
[INFO]

[TRINTA E DOIS]: CAMPEONATO

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ramqsa tarafından

NICHOLAS

SEMANAS DEPOIS

Ignorar o Derek estava me destruindo. Eu imaginei que pudéssemos ultrapassar essa fase, que tivéssemos evoluído o máximo possível para resolver os nossos problemas de forma madura, mas não, ainda estamos aqui. Ele tentou conversar comigo outras duas vezes, e até que o papo fluiu muito bem antes de tudo girar de cabeça para baixo outra vez, com o retorno da Yuna para os corredores da Zaco, me afastando dele outra vez. Era assim que estávamos agora, juntos pelo desafio, mas afastados por ela que precisava de um ponto de apoio quando toda a Zaco descobriu – através de amizades falsas – que a Yuna estava grávida do Adam, não do Derek. Isso tornou tudo mais difícil, mais doloroso. Eu não queria sentir pena da Yuna, isso seria impossível para mim, mas lá no fundo, eu sentia.

Grandes partes de mim agora odiavam ela. Parte do meu tempo com o Derek foi sugada porque segundo ele, fazer a coisa certa é o fundamental e a família da Yuna não está ajudando em nada com toda essa situação que está assustando-a. Sua mãe é fútil, eu pai é viciado em jogos, dinheiro e luxo. De acordo com o Derek, a vida é difícil, mas ele não é nenhum Deus capaz de amenizar a dor, sei o que ele está fazendo, mas não confio na Yuna para que isso se prossiga. Ela sabe da verdade, sabe que o meu desafio com o Derek é uma mentira criada pelo babaca do Adam, mas mesmo assim ela insiste, ela se mantém em cima, se fazendo de sonsa tão bem que ele é capaz de acreditar e me deixar para trás para segurar os dedos dela pelo corredor e trazer para mim olhares tortos de quem foi traído por até então seu namorado.

Lorenzo me confortou por todos esses dias. Ele esteve do meu lado, tentando me manter animado enquanto a Alison e a Kimberly se tornaram mais próximas de nós dois também, estávamos sempre juntos, embora o Derek aparecesse vez ou outra, mas precisasse se distanciar para treinar para o campeonato ou estar com a Yuna outra vez. Ela não deveria se apoiar tanto nele, ela deveria entender que esse é o nosso último ano e tudo o que eu quero é estar com o meu melhor amigo pelos míseros poucos meses que nos restam até dizermos adeus a Zaco para continuarmos nossas vidas longe o suficiente desse ritual e de todo inferno que foi criado para prender nós dois. Resistimos até aqui, no agora, mas sinto que obstáculos grandes demais podem me levar à uma grande queda, grande o suficiente para que, pela primeira vez, minha conexão com o Derek seja perdida por um bom tempo.

Nunca fomos assim. Ele sempre esteve comigo, ele sempre me priorizou e me acostumou que, enquanto estivéssemos na vida um do outro, eu sempre seria a sua prioridade, o seu primeiro lugar, o seu melhor amigo, a sua primeira opção independente de qualquer coisa. Se matássemos alguém, saberíamos quem chamar, se precisássemos fugir no meio da noite, também saberíamos para onde ir, quem nos daria apoio, quem iria nos abraçar tão forte que o mundo todo pararia e nada de ruim seria capaz de nos alcançar ali dentro.

Derek era minha paz. Minha grande paz.

Mas agora só o caos estava instalado entre nós dois. E isso não deveria acontecer de forma alguma, prometemos isso um para o outro. Mas eu sabia que ele não iria conseguir cumprir até final. Ele sempre foi fraco, sempre desistiu, ele sempre teve recaídas por ela.

Me sinto tolo e fútil. É assim que me sinto sempre. Saber que fui trocado, substituído, saber que talvez não terminaremos isso juntos, ou que hoje a noite não será por mim que ele estará jogando em campo. Isso tudo machuca porque sempre torcemos um para o outro, um pelo outro. Derek costumava a fazer gols por mim, mesmo quando estávamos juntos em campo. Sempre era por mim, por nós dois.

Não mais.

— Você vai deixar em branco? — ouço a voz da Kimberly me trazendo de volta a realidade. Estávamos fazendo um teste de física e ela era melhor do que eu naquelas questões.

— Eu não sei. — desvio o olhar para encara-la. Os cachos soltos. — Você é melhor do que eu para resolver isso, e eu realmente não estou com cabeça para fazer algum teste, eu só quero ir embora logo daqui.

Ela entende bem o que falo, porque logo me abraça.

— Você não pode ficar tão triste assim por causa daquele idiota do Derek, Nicholas. — ela diz baixinho, tentando me confortar. — A Yuna passou por uma situação bem complicada, você não vai entender isso porque não é uma garota, ela pode estar sendo bastante sonsa ou pode realmente estar precisando dele, só tenha paciência, as coisas são assim. O Derek é justo, é um babaca às vezes, mas ele nunca, em hipótese alguma, teria a coragem de magoar você. — seus lábios tocam a minha bochecha, me selando.

— Ele está fazendo isso agora. Me machucando.

— Não. Ele está ajudando uma amiga e você tem ciúmes dessa amiga. Eu entendo você. — ela ri. — Eu também ficaria com ciúmes, na verdade eu estaria um pouco mais surtada, mas entenda, você sempre será a primeira opção do Derek, eu já vi isso inúmeras vezes.

— Você pode parar de morder o meu lápis? — ignoro o que ela diz para dar prioridade aquilo. Kimberly rapidamente se afasta, me dando um tapa no ombro.

— Eu nunca mais te dou conselhos, Danvers.

Ela me faz rir.

— Eu agradeço muito por você estar aqui agora. — meus olhos localizam a Alison na sala, quatro cadeiras à frente, fazendo o teste com o Yuri. — E por você ter me entendido e me aceitado, isso me faz um bem enorme, não sei te explicar.

— Eu apenas estou dando prioridade para o que é real. Sua amizade sempre foi prioridade para mim, embora eu gostasse de você, e para ser bem sincera, eu ainda gosto. — ela pousa o cotovelo na mesa e apoia a cabeça na mão para me encarar. — Você é uma pessoa amável e incrível é difícil não se apaixonar perdidamente por você, o Derek não vai perder essa oportunidade, Nicholas. Eu queria que ela fosse minha — Kimberly sorri. —, você entende isso? Pessoas incríveis querem ter você por perto, e você sabe que eu não sou a única.

— O que você quer dizer com isso?

— Você está mesmo se fazendo de cego, Danvers?

— Você me faz vários elogios e depois insinua algo. — dou de ombros.

— Eu estou falando do Lorenzo. — ela me faz rir. — Não é pra rir, é sério. Você não vê a forma como ele age com você? Como ele ficou preocupado com você nesses últimos dias em que o Derek se aproximou da Yuna? Ele sabe que você é caído pelo Derek e que isso tudo está te machucando, ele gosta de você também.

— Para. Isso é tolice, eu conheço ele há poucas semanas e a única coisa que temos é uma amizade, você não pode dizer que o Lorenzo gosta de mim só porque eu dormi na casa dele e porque ele sempre me abraça quando me vê.

— Não é por isso. É pela forma que os olhos dele brilham quando te vê, é a mesma coisa que seus olhos fazem quando você vê o Derek. — aquilo me deixa confuso.

— Responde as questões, Dacuzzi. — engulo a saliva.

— Você sabe que eu estou certa.

— E eu não quero falar sobre isso.

Kimberly ri de volta, só para me provocar.

Depois das aulas, eu e o Lorenzo convencemos a Alison e a Kimberly a pegarem o ônibus com a gente, o que foi bastante engraçado porque no fundo, alguns outros garotos começaram a cantar músicas e fazerem piadas, a alegria do dia era devido ao campeonato que aconteceria a noite, e todos estavam convidados, até aqueles que não fazia parte da Zaco.

O Derek me procurou outra vez para saber se eu viria ou não ao anoitecer, nesse momento o Lorenzo estava ao meu lado, com um dos braços em volta da minha cintura, e eu acho que ele entendeu o que isso quis dizer, porque simplesmente sorriu para mim e mandou-me trazer o meu acompanhante.

Eu queria dizer para ele que a minha aproximação com o Lorenzo era devido aos problemas que ele estava sofrendo em casa, com toda a pressão do problema do seu pai e a sua mãe chorando pelos cantos, escondida. Até o seu irmão estava prestes a retornar para casa, as coisas realmente não estavam boas.

Embora eu não conhecesse o Lorenzo há tanto tempo, começamos a nos conectar de uma forma sobrenatural nos últimos dias, quando as coisas desmoronaram para mim e ele se tornou o meu maior apoio.

— Eu não acredito que estou dentro do ônibus escolar, isso é tão fundamental. — a Alison bufou, escorregando na poltrona e então voltando a se sentar logo em seguida, ela estava inquieta.

— Melhor do que irmos andando, você não acha? — Mia rebate, ela estava sentada à nossa frente, com o Michael.

— É, você tem razão. — Alison concordou, o que me deixou totalmente confuso, normalmente ela não concordava com desconhecidos.

E novamente a conversa morreu, ao menos a nossa, porque o barulho das outras estava sendo o mais terrível, eram risadas e músicas se misturando.

Na poltrona, a mão do Lorenzo estava próxima a minha, tão próxima que eu conseguia sentir seu dedo tocar os meus, vez ou outra. E indo contra a minha sanidade mental, eu a segurei e fiquei feliz quando ele não recusou, entrelaçando seus dedos nos meus, me passando o seu calor embora todo o meu corpo já estivesse em chamas por dentro.

Eu queria saber o motivo disso, o motivo das chamas que estava me fazendo queimar, acelerando meu coração e fazendo cada centímetro do meu corpo querer explodir. Essa sensação só deveria existir com o Derek, com o meu Derek que agora estava nos braços da Yuna.

Eu não posso pensar nele, eu quero me arriscar. Eu quero me queimar nas chamas e me molhar na chuva, se o Derek pode passar boa parte do seu tempo ignorando o fato de eu estar aqui somente porque a Yuna precisa dele, eu também posso ignorar meus sentimentos, eu posso substituí-lo, eu posso dar esse amor para o Lorenzo sem me importar se isso irá machuca-lo ou não, afinal, ele não se importou se a sua decisão me machucaria também.

Eu quero que você se foda, Derek Haze. — penso.

— Treze de maio, não é? — Lorenzo me pergunta após mais algum tempo de silêncio. — O seu aniversário, está chegando, não é? — ele olha para mim, dessa vez não está com sua jaqueta de couro e sim com uma camiseta preta de mangas normais com o símbolo da própria banda, The Darkness Moon, no centro, eu acho que poderia chamá-lo de minha escuridão, porque enquanto ele estava de preto até os pés, com seus coturnos, eu estava de branco, com minha camiseta de pug vomitando arco-íris e meu par de all star.

— É. — respondo sem ânimo. — O tão aguardado dezoito, que de impressionante não tem nada. — reviro os olhos. — Um ano atrás, eu torcia para que esse dia chegasse logo para me tornar mais independente, para sair por aí e conseguir fazer o que aqueles adolescentes de filmes fazem, sabe? Ir para a balada, encher a cara de bebida, queimar baseado, beijar diversas bocas e fazer um bom sexo no final da noite, mas agora eu vejo que isso era apenas ilusão minha. — confesso, e por algum motivo, ele ri da minha cara.

— Você não precisa ter dezoito anos para fazer essas coisas, Nicholas. E você não precisa fazer essas coisas, isso não vai te tornar melhor em absolutamente nada. — ele passa a língua nos lábios. — Que tal festejarmos no dia? Você diz que tem vontade de ir para a balada, que tal irmos? — seus olhos estão fixos nos meus, preto no azul.

— Você não poderia me fazer um convite melhor. — e então eu me viro para a Alison, que está sentada com a Kimberly. — Cancelem os planos para treze de maio, é meu aniversário e vamos comemorar em uma balada com o Lorenzo.

— Nicholas, ainda estamos em abril. — Kimberly me olha sem empolgação enquanto a Alison permanece sem expressão.

— É o meu aniversário, precisamos planejar agora que o Lorenzo me deixou ansioso. — eu repito. — Se alguma das duas faltar, eu vou ficar profundamente chateado e isso vai desencadear a terceira guerra mundial porque eu vou matá-las e depois serei preso, e assim será o fim de uma bela e duradoura amizade.

As duas se entreolharam, e em uníssono confirmam presença.

— Tudo bem, Danvers. A gente vai.

Quando a noite chegou, eu não estava nenhum pouco preparado para ir ao campeonato de futebol, o Lorenzo prometeu vir me buscar, e a Alison me mandou uma mensagem dizendo que se encontraria com a Mia e o Michael para irem juntos, a Kimberly se envolveu em um problema com o os pais, causando um atraso em sua ida para o campeonato.

Meus pais decidiram que me acompanhariam no campeonato, o que seria um saco já que o Lorenzo teria que ir no mesmo carro que eu e isso iria limitar nossa aproximação dentro dele. A tia Rouse, mãe do Derek, também iria – obviamente –, mas por sorte a delegacia local de San Pier cedeu a viatura para que o tio Fred chegasse à tempo depois do seu plantão, pelos boatos que havia entre as conversas dele com o meu pai, ele estava prestes a ser promovido e a tia Rouse estava prestes a voltar para casa, mas antes disso ela teria que retornar a Vegas, ela tinha uma vida e uma carreira médica lá.

Diante do grande espelho do meu banheiro, eu admiro a minha imagem. Eu estou bem perfumado, e acho que uma camiseta preta de mangas compridas com algumas rosas vermelhas costuradas em ambos os seus braços é o mais confortável para uma noite possivelmente fria, já que segundo a previsão, ainda existia chances de chuva. A calça cor mostarda era a minha melhor opção, e o all star preto finalizou o processo.

— Nicholas!? — ouvi a voz do meu pai, batendo na porta do meu quarto algumas vezes. — O tal do Lorenzo chegou, desça para atender.

— Pode pedir para ele subir, pai? É que eu estou terminando algumas coisas por aqui. — minto, porque a única coisa que eu queria era passar um minuto a sós com o Lorenzo, e quando ele invade o meu quarto alguns minutos depois do meu pedido, um sorriso quase rasga o meu rosto de tão grande.

— Eu tenho algo para você. — ele diz após fechar a porta, e então leva a mão até o bolso da jaqueta de couro, imagino que o tal presente seja uma carteira de cigarros sabor menta, mas eu erro. — Não é algo grande, te darei um presente melhor depois, mas eu estava dando uma volta por algumas lojas à procura de algo para mim e achei isso para você. — ele tira uma pequena caixa preta que é aberta em seguida, revelando um colar com o pingente do yin yang, aquele símbolo chinês onde o yin é a parte da escuridão com o seu ponto de luz e o yang é a luz com o seu ponto de escuridão.

Aquilo faz o meu coração acelerar.

— Obrigado. — eu mordo meus lábios em seguida. — E como dividiremos isso?

— Você é a minha luz. — ele diz, se aproximando com a parte branca em mãos. — Eu não sinto vontade de beber ou fumar ou fazer qualquer outra merda quando estou do seu lado, então você fica com o yang. — ele passa o colar por minha cabeça e termina ajustando ele em meu pescoço. — E eu sou seu yin, aceite isso como o presente de um amigo que gosta muito de você.

— Cale a boca, Lorenzo.

— O quê? — sua confusão me deixa ainda mais ansioso para o que estou prestes a fazer. Eu já mandei o Derek se foder, e é isso o que eu quero agora.

Eu colo meu corpo no do Lorenzo que cola o seu corpo contra a porta do meu quarto, ele entende o que eu quero, porque me envolve em seus braços e roça seus lábios nos meus. É o nosso primeiro beijo. Não deveria ser assim, mas eu não resisto.

O seu hálito de álcool é excitante, e isso desperta em mim a vontade de arrancar a sua roupa e levá-lo para a minha cama onde passaríamos o restante da noite colocando a casa em chamas.

— Não faça isso. — ele me pede, desviando o seu rosto. — Por favor, não faça isso comigo.

— O quê? O que você acha que eu estou fazendo? — meus dedos passeiam por sua bochecha, sua pele é macia.

— Me dando esperanças quando na verdade você é perdidamente apaixonado por outro cara, eu não quero que você imagine ele enquanto me beija, eu não quero ser usado como uma segunda opção porque talvez eu esteja gostando de você. — seu olhar está fixo no meu, ele não está mentindo.

— Eu não estou te iludindo. O Derek está muito bem com a Yuna e eu quero ele bem longe de mim. — eu também não minto em minhas palavras. — Esses últimos dias com você tem sido incrível, e isso tem despertado algo dentro de mim também, eu não sei se já posso dizer que estou gostando de você, mas existe algo, eu também estou sentindo esse algo, então por favor, não me afaste.

Minhas palavras são o suficiente para ele me apertar ainda mais em seu corpo, e então outra vez os nossos lábios estão próximos, eu fecho meus olhos quando a sua língua encontra a minha, e eu me derreto ali como se estivesse fazendo aquilo pela primeira vez.

Um fervor percorre todo o meu corpo enquanto nos beijamos, e o meu desejo de parar o tempo para que esse momento dure pela eternidade é insano. Lorenzo sabe como me conduzir, e eu não tenho medo que ele perca o controle dessa condução e acabe me levando para o abismo, porque é isso o que eu desejo, e eu desejo isso na maior intensidade.

— É melhor a gente se apressar. — ele passa a língua nos próprios lábios após terminar de me beijar, um sorriso está estampado em seu rosto, e no meu também. — Daqui a pouco o seu pai sobe para verificar se você está tomando banho outra vez, quando eu estava subindo ele pediu para que eu te apreçasse, case contrário, só sairíamos amanhã. — ele ri.

Eu desfiro um tapa contra o seu peitoral.

— Idiota, eu nem me atraso tanto assim. — também estou rindo. — E que intimidade é essa que você está tendo com o meu pai? Só digo que não aprovo ela, vocês mal se conhecem.

— É que todos sabem que eu sou um charme. — Lorenzo pisca e então se vira para abrir a porta do quarto, eu sigo ele pelo corredor, e então descemos a escada juntos e encontramos a minha mãe e o meu pai no sofá da sala, a primeira coisa que me chama a atenção, é o quanto a barriga da minha mãe já está visível, mesmo coberta pela blusa branca rendada.

— Eu disse que ele ia demorar para descer. — meu pai disse enquanto olhava para a minha mãe. — E não demorou mais ainda porque o rapaz aí foi chamar ele, como é seu nome mesmo? — ele aponta para o Lorenzo que sorri outra vez após descer o último degrau, normalmente a boa relação dos meus pais envolvendo outro garoto, era somente com o Derek, ele é tratado como um filho.

— É Lorenzo. — eu respondo por ele. — E não dá tanta ousadia porque esse garoto não presta.

— Nicholas, isso é algo que se diga? Vai deixar o menino constrangido. — minha mãe ri e então se levanta em seguida, seus cabelos pretos estão soltos, por trás dos ombros. — Eu acho melhor irmos logo, o seu pai quer pegar um bom lugar onde todos nós fiquemos juntos.

Minhas bochechas ainda estão trêmulas pelo que acabamos de fazer. Me sinto fora de mim, deslocado, com seu sabor correndo por minha língua, seu cheiro de baunilha e algo de frescor misturado ao meu perfume, deixando a nossa essência enquanto saímos de casa.

Não posso machuca-lo.

Durante o tempo em que estivemos no carro, com o meu pai de motorista, a minha mãe no carona e eu e o Lorenzo atrás, o meu coração se apertou firmemente por estarmos indo em direção a ele, ao Derek.

Eu não tive contato algum com o Lorenzo, exceto quando eu deitei a minha cabeça em seu ombro para tirar uma foto que foi postada logo em seguida, mas ao invés de voltar para a minha posição normal, eu continuei ali, olhando o que ele fazia no celular, conversando com seu grupo de amigos. O Michael, a Mia e a Alison já haviam chegado no colégio e estavam esperando por nós dois.

— Você vai falar com o Derek antes do jogo começar, Nicholas? — minha mãe perguntou, se virando para trás e então me encontrando ali, com os olhos quase fechados, a situação estava me dando um pouco de sono.

Ela não expressou reação alguma ao me ver aninhado no Lorenzo, o que fez um frio percorrer toda a minha barriga, sem saber se isso estava certo ou errado.

— Não estamos em uma boa situação. — respondo, indiferente. — Mas talvez eu vá no vestiário para desejar boa sorte ao time, afinal, eles são boas pessoas, diferente daquele inútil.

Minha mãe respira fundo.

— Brigaram outra vez? — ela questiona, ainda olhando para mim. Aos poucos eu me afasto do Lorenzo e volto para minha posição normal, e enquanto eu faço isso ele torna a guardar o celular no bolso, talvez constrangido.

— E eu não vou me desculpar dessa vez. — eu respondo, convicto do que quero.

Novamente o silêncio toma conta do carro, e é assim durante mais quinze minutos, onde eu e o Lorenzo compartilhamos o mesmo fone de ouvido que toca Video Games da Lana Del Rey.

Clássico. E bom gosto.

— Aos dois ai no fundo. — meu pai olha pelo retrovisor. — Chegamos. Vocês podem descer aqui mesmo enquanto eu vou procurar um lugar para estacionar e a gente se encontra lá dentro nas arquibancadas, caso você queira ficar com seus amigos, Nicholas, deixe o celular ligado para a gente se comunicar com você. — meu pai diz, e rapidamente destravo o cinto por estar louco para pular fora dali.

— Tudo bem, a gente vai se encontrar com a Alison e o resto do pessoal e não sei, talvez a gente sente juntos e eu aviso se qualquer coisa acontecer. — explico, já saindo do carro com o Lorenzo me acompanhando, é quando eu fecho a porta que a minha mãe coloca a cabeça para fora da janela e me diz:

— Nicholas. Tenha juízo. — ela pisca.

Estávamos todos na arquibancada, eu, o Lorenzo, a Alison, a Mia e o Michael. A nossa demora para encontrar um bom lugar foi devido ao nosso atraso para comprarmos comida, o Lorenzo insistiu em pagar um pacote grande de pipoca para mim, e por conta do custo, eu insisti em dividirmos um grande copo de refrigerante.

— Faltam trinta minutos. — Mia disse após olhar em seu celular. — Eu preferia estar em casa assistindo alguma série, mas infelizmente a Alison é chata demais e me arrastou para vim assistir um campeonato de futebol. — ela passa as mãos pelos fios brancos dos seus cabelos.

— Ei, eu só te convidei para sair. — Alison se defende, e então eu e o Lorenzo nos entreolhamos. A situação entre as duas estava bem estranha ultimamente.

— E assim se dá início a um bom e lindo namoro entre duas lésbicas. — Michael diz, enfiando um pouco de pipoca na boca em seguida. — E eu acho que eu não deveria ter dito isso. — diz ele enquanto mastiga.

Meu olhar é desviado para a Alison, que apenas arqueia ambas as sobrancelhas e depois revira os olhos, conversaríamos sobre isso depois.

Eu desvio meu olhar para o campo, e depois para a escada de onde várias outras pessoas começam a subir, uma pessoa em especial chama a minha atenção. Seus cabelos loiros cortados baixinho, sua altura e o seu corpo forte, bronzeado, ele até fica atraente vestido daquela forma, com o velho uniforme do time – já que o novo seria revelado hoje. –, embora já não faça parte dele. É o Adam. E ele procura alguém pela multidão, passeando entre as fileiras até o seu olhar encontrar o meu.

— Nicholas? — ele me chama, e eu tento esboçar o meu melhor sorriso embora a minha cara de desgosto seja extremamente visível. — Você pode vim até o vestiário comigo? Precisamos da sua ajuda.

— Eu estou fora do time, acho você deve saber disso. — respondo enquanto a Alison e todos os outros olham para nós dois sem entender absolutamente nada.

— Eu sei da sua situação, mas realmente estamos precisando de alguém e só você está disponível no momento, venha comigo e eu te explico no caminho. — ele insiste, e então o Lorenzo aperta meu ombro levemente.

— Eu já volto, e se eu demorar, eu quero que um de vocês vá até o vestiário ver o que aconteceu. — falo alto o suficiente para que o Adam também escute o que estou pedindo, e após o recado, eu sigo com ele pelas escadas, tentando não esbarrar na multidão que sobe para encontrar bons lugares.

— O que você quer comigo? — afrontá-lo é algo divertido, eu nunca tive medo do Adam, embora ele fosse bem mais alto e forte do que eu.

Ele ri da minha cara, o que me deixa extremamente desconfortável.

— Poupe suas palavras. O treinador precisa de um jogador extra e o Derek me pediu para chamá-lo, eu não ia aceitar vim, mas eu precisava olhar na sua cara e dizer que foi extremamente divertido manipular vocês dois durante esse pequeno período de tempo, mas sabíamos que isso não ia durar muito, a Yuna é uma estúpida, e o Derek é um cachorrinho que sempre fica cheirando os passos que ela dá, é um casal de merda, e eu estou na faculdade, acho que meu nível mudou, eu não estou me importando com uma simples estudante do ensino médio, eu tenho mulheres de verdade agora, universitárias, a Yuna não significa nada para mim.

Suas palavras me causam enjoo, seu pensamento machista me faz querer socar a sua cara ali mesmo, mas eu me detenho a fazer isso.

— Você é uma pessoa extremamente ridícula.

— Eu sei disso, e te agradeço por me lembrar. — ele sorri.

O resto do trajeto é feito em silêncio, e em cinco minutos estamos no vestiário do time onde o treinador anda de um lado para o outro, gritando e dando ordens. Ele sempre estava assim, gritando e dando ordens, e por mais chato que fosse, no fundo sabíamos que ele fazia isso para o nosso bem, para evoluirmos.

Assim que ele me vê, joga um dos uniformes em minha mão, branco com laranja, antes azul. O Bryce escolheu a minha indicação, e eu tenho que admitir que ela ficou boa. Atrás da camiseta o meu nome está estampado: Nicholas Danvers, 13.

— Querendo ou não você faz parte do time, e não podemos jogar sem você. — o treinador diz. — Agora vá se trocar, e eu não aceito um não como resposta, Sr.Danvers.

O fato dele insistir me deixa orgulhoso de mim mesmo, ele não faria isso se eu não fosse um bom jogador, e embora eu não quisesse suar durante aquela noite, eu não poderia recusar a proposta, eu prometi para mim mesmo que aquela seria a minha última vez dentro de um campo, e o treinador me prometeu que não tentaria me arrastar outra vez se eu participasse do campeonato dessa vez.

— Tudo bem, eu vou preparar as coisas lá fora e volto quando vocês precisarem entrar em campo, Adam, eu sinto muito mas você não poderá ficar no vestiário, me acompanhe por favor, soube que seus pais também estão na arquibancada e você pode se acomodar com eles. — o treinador passou um dos seus braços pelos ombros do Adam, e antes que ele pudesse se recusar, o puxou para fora dali, me deixando a sós com os outros garotos do time que naquele momento se trocavam como se nada tivesse acontecido, até que ele aparece.

— Nicholas. — Derek diz, vindo ao meu encontro. — Que bom que você veio. — seu olhar é desviado para o uniforme em minhas mãos. — E pelo visto você já sabe da proposta do treinador, o time todo pediu por isso, não seria a mesma coisa se você deixasse participar.

Eu reviro meus olhos.

— Ah. — tento não rir. — Então agora você se importa com o meu bem-estar? E quando você decidiu me trocar pela Yuna, você pensou nisso? Você pensou que estávamos tão bem até você decidir foder com a nossa vida indo ficar com ela por causa de um acidente estúpido que não teve absolutamente nada demais? Ela apenas perdeu um filho que sequer era seu, era do Adam, se você ainda não percebeu, você está sendo um total idiota nessa história se humilhando feito um cachorrinho para essa garota. — eu cuspo as palavras contra ele, e faço isso em um tom baixo, porém carregado de raiva, como se fossem balas novas e muito bem atiradas.

— Você é tão egoísta, eu não sei como você só consegue pensar em você mesmo. — Derek passa uma das mãos pelo rosto. — A garota precisava de mim, ela precisava de um amigo e é isso o que eu estou sendo para ela, eu não vou deixar a Yuna porque você tem ciúmes do que pode ou estar acontecendo entre nós dois, você deveria confiar em mim, confiar em nós dois. — Derek me imprensa contra um dos armários, o movimento do vestiário continua o mesmo, e eu acho a sua ação totalmente comprometedora. — E você diz isso como se fosse o santo da história, acha que eu não te vi abraçado com aquele garoto lá? Os sorrisos, esse cacete de foto que você postou minutos atrás, eu vi tudo, Nicholas.

— Você ainda tem a cara de pau de dizer que existe um nós? — eu o afasto com as mãos contra o seu peitoral. — Não existe um nós, Derek. — as lágrimas que ameaçam cair dos meus olhos é a melhor prova disso, e eu não costumo ser chorão, mas ele me faz chorar às vezes. — Você destruiu tudo, você destruiu o meu amor por você, você destruiu a minha admiração por você e você destruiu a nossa amizade.

— Eu não mandei você se apaixonar por mim. — e então ele começa a dar voltas pelo mesmo local, com o seu olhar desviado para o chão. — Isso tudo é culpa do Adam, não deveríamos ter começado isso, esse foi o maior erro das nossas vidas, Nicholas. — ele cessa suas voltas, e então volta a se aproximar de mim. — Não deveríamos ter estragado essa amizade, eu sei que eu ferrei com tudo, mas você também ferrou. — uma de suas mãos passa pelo lado da minha cabeça e encontra o armário vermelho, ele está próximo demais, e eu consigo sentir o seu cheiro de hortelã, é seu sabonete. — Você tem razão, não existe um nós, porque durante esses dias, eu percebi que o que aconteceu entre nós dois foi devido aos últimos acontecimentos, ao desafio, a pressão do Adam, à carência que sentíamos e a necessidade de tocarmos em algo, me perdoe Nicholas. — sua outra mão encontra o meu rosto, ele segura o meu maxilar com um pouco de força, me forçando a olha-lo nos olhos. — Me perdoe, mas eu amo a Yuna.

Suas palavras são as últimas coisas a ficarem registradas em minha cabeça, porque enquanto as lágrimas caem e eu entro em processo de explosão, meu punho se fecha e eu acerto o seu nariz com toda a fúria que estava guardada dentro de mim durante todo esse tempo, o soco é tão forte que acaba machucando a minha mão também, e enquanto o sangue escorre e a minha garganta arranha, eu fujo dali para qualquer outro lugar que não seja a arquibancada outra vez.

Estávamos no dia do campeonato de futebol, o mais importante e decisivo, estávamos fechando um ciclo, deveria ser um final feliz para todos, mas a dor que consome o meu coração nesse momento é grande demais para permitir que a felicidade aconteça, enquanto eu ando pela rua desgovernando, tendo uma enorme vontade de gritar, me bater e me arranhar, ele aparece.

Ele veio atrás de mim.


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