Depois do Ritual (romance gay)

By ramqsa

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[HISTÓRIA COMPLETA] Todos os anos antes do retorno das aulas, os alunos da Zaco Beach School se reúnem em vol... More

[APRESENTAÇÃO]
[UM]: O RITUAL NA PRAIA
[DOIS]: DEPOIS DO RITUAL
[TRÊS]: NAMORADOS
[QUATRO]: HORA DO BEIJO
[CINCO]: TIME PRINCIPAL
[DREAMCAST]
[SEIS]: AINDA SOMOS NÓS
[SETE]: O CONVITE
[OITO]: A FESTA DO ADAM
[NOVE]: O EFEITO DA MACONHA
[DEZ]: AONDE VOCÊ ESTAVA?
[DOZE]: O QUE ÉRAMOS E O QUE SOMOS
[TREZE]: ESTAMOS JUNTOS NESSA
[QUATORZE]: PÉSSIMA CONFIRMAÇÃO
[QUINZE]: JUNTAR AS PEÇAS
[DEZESSEIS]: ADAM, ROMEU E LORENZO
[DEZESSETE]: O VÍDEO
[DEZOITO]: ACAMPAMENTO
[DEZENOVE]: EU E VOCÊ
[VINTE]: EU AMO VOCÊ
[VINTE E UM]: FRAGMENTOS
[VINTE E DOIS]: ADAM, NICHOLAS E VEGAS
[VINTE E TRÊS]: O RESULTADO
[VINTE E QUATRO]: SER VERDADEIRO
[VINTE E CINCO]: CONEXÃO
[VINTE E SEIS]: LIBERDADE
[VINTE E SETE]: DE VOLTA AO LAR
[VINTE E OITO]: YUNA
[VINTE E NOVE]: QUEBRADO
[TRINTA]: LORENZO
[TRINTA E UM]: DE VOLTA AO JOGO
[TRINTA E DOIS]: CAMPEONATO
[TRINTA E TRÊS]: RENDENÇÃO
[TRINTA E QUATRO]: SONHO DA CALIFÓRNIA
[TRINTA E CINCO]: MUDANÇAS
[TRINTA E SEIS] BEM-VINDOS À ANCHIETA
[TRINTA E SETE]: DOIS PEDAÇOS DE UM CORAÇÃO PARTIDO
[TRINTA E OITO]: A PROPOSTA
[TRINTA E NOVE]: NICHOLAS DANVERS
[QUARENTA]: PLANO EM AÇÃO
[QUARENTA E UM]: RONY E ROMEU
[QUARENTA E DOIS]: A DESPEDIDA E A QUEDA
[QUARENTA E TRÊS]: TREZE DE MAIO
[QUARENTA E QUATRO]: PONTO FINAL
[QUARENTA E CINCO]: ADEUS, SAN PIER
[FINAL]: PRIMEIRO O BAILE, DEPOIS LA
[EPÍLOGO]: PARA SEMPRE NÓS
[INFO]

[ONZE]: É APENAS UM BANHO

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By ramqsa

DEREK

Nicholas assume o volante do carro. Me sinto incapaz de fazer qualquer outra coisa além de deitar com a cabeça contra o vidro escuro da janela. Me recordo das palavras do Adam antes de sairmos da festa, exigindo que tomássemos cuidado com o seu furacão vermelho já que o Nicholas ainda não tinha carteira de motorista e eu estava bêbado demais para fazer o percurso até a nossa casa. Permaneço calado da forma que ele exigiu antes de chegarmos aqui, e durante sua condução, toco meus lábios e a têmpora com o saco plástico repleto de gelos que ele me entregou antes de virmos embora.

Agora longe de toda a situação em que estávamos na festa, me sinto tolo e extremamente ingrato por não ter agradecido a ele por me tirar de uma enrascada. Não que eu não soubesse brigar, mas eu certamente me alteraria mais do que o necessário e acabaria fazendo uma grande besteira enquanto deixasse que o fluído das frustações da semana escorresse por meus punhos arrancando sangue de outra pessoa. Eu não sou assim.

Nicholas encara o caminho à nossa frente sem desviar o olhar para mim uma vez sequer, seus lábios permanecem naquela linha tênue onde poucas vezes ele abre caminho para a respiração enquanto eu o encaro por breves segundos naquele silêncio absoluto em que estamos. Eu reparo nele mais que o suficiente, nos dedos apertando com força o volante, na clara tensão ao franzir a testa ou coçar a nuca. Eu errei demais.

Quando tiro o meu próprio celular do bolso, cansado demais de ficar com o gelo nos lábios, vasculho minhas conversas até encontrar o meu pai, são breves movimentos na tela até eu avisar que eu iria dormir na casa do Nicholas por estarmos chegando tarde. Ele não me responde, também não espero resposta, sei que pelo horário, ele deve estar dormindo, ou se preparando para trabalhar outra vez – se já não estiver lá. –, é assim que funciona agora, ele não tem um horário fixo, sempre está livre quando o assunto é ganhar mais para nos dar uma vida melhor e nos erguermos outra vez.

Me sinto péssimo ao pensar nisso.

Foi o álcool que afastou meus pais. As brigas, o dinheiro gasto com bebidas e a obsessão por sempre querer mais e mais. Entramos em ruína graças as suas bebidas, e após ele abandonar o emprego e se dedicar somente a isso, a minha mãe foi embora, deixando-nos sozinhos com a minha tentativa de cuidar dele. E eu cuidei. Agora estamos bem, estamos nos recuperando e tendo aquilo que chamam de fé por um recomeço juntos outra vez, embora a minha mãe já não seja a mesma de antes para lhe dar uma segunda chance.

— Avisei ao meu pai que vou dormir na sua casa, assim ele não ficará preocupado. — quebro o silêncio dentro do carro, encarando as ruas quase desertas por quais passamos enquanto ele dirige. — Mas posso ir para casa, caso você prefira.

— Tudo bem. E não, já está tudo certo para você dormir comigo, não vou deixar você aparecer lá com esse cheiro de álcool depois de todos os problemas que o seu pai já teve, você entende disso melhor do que eu, Derek. — ele finalmente me encara. — E sua boca ainda está inchada.

— Eu sei. — deixo a respiração escapar.

Permaneço a encarar a paisagem à frente, o céu noturno repleto de estrelas. Estamos no auge da madrugada e isso não nos traz preocupação, a cidade é calma demais para qualquer receio em estarmos aqui.

— Você pode me falar o que o Justin queria com você? Eu realmente fiquei preocupado com o seu sumiço, Nicholas. — agora eu encaro ele.

— Babaquice. Era tudo o que ele queria. — observo a passagem de língua por seus lábios. — E eu transei com a Kimberly. — seu olhar fica fixo em mim por alguns rápidos segundos enquanto ele diz aquilo da forma mais aleatória e espontânea. — Eu sei, eu passei um pouco dos limites, mas foi ótimo. — Nicholas finalmente ri.

Tento esboçar qualquer expressão facial que não seja estranha demais.

Eu falho nisso.

— Ok. Agora eu estou meio que imaginando você e a Kimberly transando. — a expressão é de nojo. — E isso é nojento. — dou risada também. — Pelo menos foi bom, mas vocês usaram preservativo? — outra vez eu apoio minha cabeça contra o vidro da janela, encarando-o dirigir.

— Não tínhamos. Mas eu não gozei dentro. — Nicholas dá de ombros.

— Eu discuti com a Yuna. Ela basicamente juntou as peças e supôs ou descobriu que o nosso namoro é o desafio que o Adam propôs para nós dois. — troco informações com ele.

— E o que você fez? — Nicholas faz a curva, já próximo do quarteirão onde moramos.

— Eu me fiz de desentendido. — passo os dedos da destra por meus fios de cabelos loiros.

— Ótimo, continue fazendo isso. — ele estaciona logo depois.

Quando a chave do Nicholas destrava a porta principal da sua casa, somente a luz que vem da direção da cozinha está ligada. A sala, um ambiente amplo e moderno, tem poucos flashs de luzes graças à uma ou duas mobílias que nos ajudam a se locomover sem esbarrar em absolutamente nada enquanto travamos a missão de não fazer nenhum barulho até terminarmos de subir as escadas que nos leva para o segundo andar, onde o seu quarto fica. Com o celular em mãos, uso a lanterna da traseira para nos auxiliar no encaixe da chave na fechadura da sua porta do quarto, demorando-se alguns segundos para finalmente podermos girar a maçaneta para revelar o seu quarto em uma mistura de azul-turquesa e branco onde milhares de livros aleatórios e gibis da DC Comics permaneciam – como sempre –, espalhados por todos os ambientes além das estantes.

— Estou com a sensação de ter bebido por um ano e ter sido atropelado por um caminhão logo depois. — reclamo enquanto caminho para a sua cama, me sentando por cima do edredom em cor cinza enquanto o Nicholas volta a trancar a porta antes de se virar para me encarar.

Meus dedos passeiam rápido pelo nó da jaqueta jeans amarrada em minha cintura, deixando-a de lado por cima da cama quando finalmente consigo retira-la. Nicholas ainda me observa, dessa vez enquanto eu forço a minha camisa parcialmente suada para revelar meu corpo branco com algumas definições existentes graças ao time e exercícios feitos em meu tempo livre.

— É. Acho que senti a mesma coisa. — ele dá risada segundos depois, levando seus dedos para a sua calça jeans onde desabotoa o botão e desce o zíper. — E eu comi quase de tudo, só depois a Alison me contou sobre o ingrediente especial. — Nicholas simula uma "tragada" com os dedos próximo dos lábios, terminando de puxar a calça para revelar a cueca logo depois.

Essa imagem não me surpreende. Somos amigos há tanto tempo que momentos assim cresceram com a gente, o primeiro pelo, o primeiro beijo, a primeira garota, a primeira revista pornográfica, o primeiro vídeo, passamos por essas fases juntos, como irmãos.

— Extrapolamos nossos limites. — forço a saída dos sapatos, retirando as meias logo depois. — Mas no geral, nem foi uma festa tão ruim assim. Você transou. — tento fazer graça com a situação. — Eu fui traído, Nicholas Danvers.

— Você não teria sido traído se tivesse transado comigo. — Nicholas me encara enquanto dobra a calça. — E agora eu vou tomar banho, você precisa ficar aqui e lidar a notícia da sua traição. — ele tenta não rir enquanto tira a própria camisa, exibindo o corpo mais magro que o meu. — E se formos analisar bem, você beijou outra garota, não estaríamos quites? — Nicholas arqueia sua sobrancelha.

— Ei! — eu me levanto. — Meu pau não entrou em ninguém, um beijo não pode ser considerado uma traição. — cruzo os braços contra o peito, sendo mais rápido que ele para alcançar a porta entreaberta do banheiro. — E eu estou mais chapado que você, preciso tomar banho primeiro.

— Estamos na minha casa. — ele retruca e eu dou de ombros. — E você precisa colocar mais gelo nos lábios e na têmpora. Além disso, se eu tomar banho primeiro, posso descer para pegar algo para comermos antes de dormir e arrumar as coisas para a gente deitar. — Nicholas tenta dar bons argumentos enquanto eu nego com a cabeça. — É sério, Haze. Eu estou cansado.

— E eu não? Eu estou dolorido. — enfatizo meu ponto.

— E o que você quer? Que tomemos banhos juntos? Você não vai primeiro.

— Se você entrar, eu entro também. — dou passagem após as palavras, e ignorando totalmente elas, Nicholas atravessa o banheiro após me tombar para o lado com um empurro de leve. — Certo, que tomemos banhos juntos então.

Meus dedos descem até a calça, trabalhando no botão e no zíper até eu estar somente de cueca também. Nicholas revira os olhos ao me ver daquela forma, competindo. Com a toalha ainda em mãos, ele ajeita-a no ambiente e atravessa para dentro do box de vidro, ainda vestido.

— Para com essa palhaçada, Haze.

— Somos namorados, qual é o problema? É apenas um banho, você não quer sair do banheiro para ceder espaço para mim, vou ficar aqui. — entro no box também.

— Você não teria essa coragem. — Nicholas me desafia, parado na minha frente dentro daquele espaço mediano para tomarmos banho.

— Não? — eu repito.

Instantaneamente minhas mãos passeiam pela borda da cueca box que estou usando, adentrando com os dedos até ter firmeza do tecido que forço para descer entre minhas pernas enquanto o meu pau ainda mole finalmente fica visível. Nicholas permanece com o olhar fixo nos meus, um tanto trêmulo, e quando me inclino para passar a cueca pelos pés trago-a comigo entre os dedos da destra, balançando em frente dos seus olhos.

— Não me desafie, Danvers. — pisco durante aquele riso malicioso.

Por segundos, observo aquele seu estado de choque, sem saber para onde olhar. Nicholas passeia outra vez com a língua entre o lábio, lubrificando a região antes de finalmente quebrar o nosso olhar, desviando o seu para baixo, pelo meu corpo, alcançando pela primeira vez, tão próximo – já que ficávamos nus no chuveiro do time –, o meu pau com ralos pentelhos loiros ao redor, crescendo.

Seu olhar dura poucos segundos, ele tenta focar em qualquer outra região enquanto cumpre o seu lado da provocação, descendo a própria cueca onde eu sigo o olhar, encarando o seu pau também mole, com ralos pentelhos negros. De forma engraçada, mas sem rir, chego a conclusão de que somos grandes e bons o suficiente para o serviço, mas eu tenho alguns centímetros à mais, mesmo que ainda estejamos moles – o que não revelava muita coisa –, Nicholas quebra esse meu transe de pensamentos quando se levanta outra vez, balançando a cueca à frente dos nossos olhos.

— E agora?

— Agora você liga o chuveiro e fica debaixo dele. É assim que se toma banho.

— Só não te dou outro soco porque você já está fodido.

Nicholas puxa a respiração, liberando pelos lábios enquanto dá alguns passos para trás. Eu observo aquele azulejo azulado do seu banheiro, a pequena janela que dá visão para a cidade de San Pier lá fora, sobrevivendo à madrugada. Em poucos segundos, ele está de costas para mim, a mão girando na maçaneta enquanto eu controlo meus olhos para não encarar a sua bunda branquela – eu falho nisso. –, e no exato momento em que dou passos para frente, tentando alcançar a água que já cai por seus cabelos, ele se vira também.

Quando percebo que estou próximo demais, roubando um pouco d'água morna que caí por meus cabelos loiros, já não consigo me afastar, embora eu tente. Peitorais colados, narizes se roçando, respiração no mesmo ritmo e olhares na mesma intenção.

Verde no azul. Azul no verde.

— Nicholas? — eu chamo.

Eu sei que isso não é certo.

É apenas um banho. Era apenas um banho. A culpa é do álcool, da maconha, da briga, de toda a confusão que aconteceu com nós dois durante essa primeira semana. A culpa é da tensão, da pressão, dos momentos que estamos vivenciando juntos.

— Derek? — ele me encara de volta, a água caindo entre nós dois.

Jamais beijaria outro cara. Jamais beijaria o Nicholas por vontade própria.

Ele pede passagem ao me tocar com os lábios. Eu aceito.

Ao contrário da primeira vez em que fizemos isso, no refeitório, dessa vez não é algo rápido. Nicholas ainda tem o sabor das bebidas, agora misturado com a água, e eu ofereço o mesmo. Minha língua percorre por cima da sua, ambos trocando a saliva durante toda aquela situação que faz o meu coração bater um pouco mais rápido e o meu corpo esquentar por nervoso. Em um único impulso, empurro o seu corpo contra os azulejos azulados enquanto a frequência da água vai ficando fraca até ser desligada por uma de suas mãos.

Meus olhos permanecem fechados enquanto seus lábios chupam meus lábios e mordisca o inferior antes de se afastar para me cobrir com alguns selos enquanto minhas mãos tocam a sua própria cintura e apertam a região, me certificando de que aquele momento é real, embora eu já tenha perdido totalmente o juízo.

Estou começando a me excitar, Nicholas também.

Meus lábios seguem à procura do seu pescoço molhado pela água morna onde eu sacio a minha sede, passeando com a língua por sua pele branca, sugando-a algumas vezes para marca-la, formando o mesmo hematoma que segundos depois ele deixa no meu peito enquanto agora minhas mãos passeiam por ambas as suas nádegas.

— O que estamos fazendo, Nicholas?

Ele afasta a cabeça, exibindo para mim os seus olhos azulados.

— Eu não sei.

Quando acordo pela manhã, com a luz do sol atravessando a janela do quarto e encontrando o meu rosto e parte do meu corpo desprotegido pelo edredom cinza, acabo por quase me jogar no chão em uma tentativa frustrada de me levantar. Minha cabeça dói, meus lábios doem, minhas costas emitem um ardor e o meu peito nu está com um hematoma da brincadeira que tivemos no chuveiro, nada foi um sonho ou pesadelo, tudo foi real. A primeira prova disso é a samba canção que visto, em hipótese alguma eu vestiria uma samba canção com o rosto do Flash. A segunda prova é o ambiente amplo e pouco organizado, com livros por todos os lados e uma bela vista da cidade lá embaixo através da janela.

— Puta merda. — sussurro para mim mesmo na sua ausência.

Minha saliva tem um gosto amargo. Lembrar de tudo o que aconteceu me deixa com uma sensação pior ainda, embora a lembrança permaneça turva, como flashs de momentos e não de toda a situação, isso me faz questionar se terminamos ali mesmo ou seguimos para o quarto onde sujamos os lençóis.

Depois da rápida higiene matinal, desço as escadas do segundo andar na esperança de encontrar alguém em casa. Ao primeiro olhar, não encontro o tio Richard por ali como sempre ficava em seus dias livres de final de semana, jogado pelo sofá ou na poltrona, no lugar dele, Nicholas está jogado de forma espalhada, me encontrando com o olhar logo após a minha descida para o último degrau.

— Bom dia, donzela. — ele provoca, jogando a almofada que antes estava debaixo da sua cabeça em minha direção.

— Bom dia. — respondo sem muito entusiasmo, ainda cansado. Dou passos rápidos até me alojar no outro sofá, também espalhado. Era ótimo ter essa intimidade, ser de casa. — Onde estão o tio Richard e a tia Zalia? Comentários sobre a nossa chegada?

— Saíram juntos. — Nicholas dá de ombros, se levantando logo depois. — Café da manhã? — ele segue até alcançar a cozinha. — Tem cereal. E não, eles não falaram nada.

Nicholas prepara duas tigelas com cereais e leite antes de me chamar outra vez, me obrigando a voltar para a realidade em que estávamos. Eu me sento ao seu lado na banqueta da cozinha, encarando o seu calção moletom em cor preta por alguns segundos na tentativa de me recordar em tê-lo visto vestir a peça, mas não me lembro.

— Nicholas? — minha voz sai um tanto entrecortada, já sabendo que entraríamos em um assunto ruim. — Não vamos falar sobre o que aconteceu ontem no chuveiro? — enfio a primeira colher com o cereal na boca, tendo força para engolir.

— Temos algo para conversar? — Nicholas não me encara. — Nós bebemos demais na festa do Adam, eu estava chapado, você estava chapado.. — ele faz uma pausa para terminar de mastigar e engolir. — Decidimos provocar um ao outro naquele banho e acabou acontecendo, você me beijou e só isso. — consigo ver um pouco do leite escorrer por seus lábios.

— Eu não te beijei. — retruco. — Você me beijou.

— A gente se beijou, Derek. — ele finalmente olha em meus olhos.

— E você não acha isso estranho? Que tenhamos nos beijado e mais sei lá o quê? Eu não lembro o que a gente fez depois daquele momento, mas eu sei que isso foi errado. Olha cara, eu sei que somos amigos há um grande tempo, a gente cresceu juntos, aprendemos diversas coisas juntos e esse desafio mexeu com a nossa cabeça — outra vez, faço uma pausa. —, mas se você acha que é certo entrar nesse vínculo que você está entrando, não é. — agora Nicholas prende sua atenção em mim. — Sabe, eu sempre ouvi comentários conforme a gente crescia, gente próxima, gente distante, gente do time. — estalo alguns dedos. — Eles sempre me fizeram questionar o que você enxergava aqui e eu respeito você, eu amo você independente do que você seja, então, se você estiver pronto para me contar alguma coisa.. — Nicholas corta minhas palavras.

— Espera um pouco, você está insinuando que eu sou gay ou bissexual? — ele deixa a colher contra a tigela. — E que comentários, Derek? Nós não fizemos nada ontem além daqueles caralhos que aconteceram no banheiro, a gente se beijou, você se afastou, disse que estava cansado e que esperaria eu me ensaboar para terminar o seu banho, apenas isso, a gente se vestiu, deitamos e em menos de três minutos você dormiu, me deixando sozinho. — sua voz emana um tom que me faz sentir dor.

— Nicholas, você não está entendendo o que eu quero dizer.

— Que eu sou viado e que eu me aproveitei de você por estar bêbado? — sua expressão não muda.

— Nich..

— A esse horário seu pai já deve ter ido trabalho, você pode sair. Minha mãe colocou suas roupas para lavar, eu te entrego no colégio. — Nicholas me dá as costas para levantar e jogar a tigela com o resto do cereal dentro da pia.

— Nicholas, não exagera.

— Saí, Derek. — ele reforça o olhar. — Quer que eu repita? Quer que eu te expulse?

— Não precisa.

E eu saio, me sentindo extremamente babaca.


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