Faltando um mês para cerimônia, eu decidi pesquisar a história do castelo, onde acontecerá o meu casamento e fiquei ainda mais encantada pelo Chateau Challain. Tudo começa com Louise-Ida de La Potherie, uma mulher excepcional que viveu em um tempo muito turbulento da França. Ela era a última de sua linha, de uma família nobre e rica. Seu pai era um coronel famoso que lutou nas guerras espanholas, e contra as forças da revolução, seu único irmão foi morto em um duelo. Sozinha, neste período difícil, Louise finalmente encontrou o amor de sua vida, Le conde de La Rochefoucauld-Bayers. Casaram-se e buscaram refúgio na casa de seus ancestrais. Juntos, eles começaram a construir um santuário, um testemunho de seu amor, e é esse monumento que conhecemos como o 'Chateau Challain'.
Os trabalhos começaram em 1847, eles contrataram o arquiteto parisiense Louis Visconti, famoso por projetar a extensão do Louvre, para substituir o castelo original do século XVI. Os proprietários escolheram Rene Hode, um conhecido arquiteto angevino para supervisionar o projeto de construção. O castelo foi projetado para comemorar a passagem do tempo, suas 4 torres representam as estações, 12 torres representam os meses lunares, 26 escadas em espiral representam as quinzenas por ano, 52 lareiras representam as semanas do ano e 365 janelas representam cada dia que passa. Mais de 700 artesãos trabalharam na construção e, embora o trabalho tenha progredido rapidamente, estava longe de ser simples, com o trabalho sendo atrasado por mais uma revolução em 1848.
Com a obra perto da conclusão, a tragédia se abateu mais uma vez, no início do inverno de 1854, e à sombra do castelo quase concluído, Le Comte morreu. Com o coração partido e com dois filhos, Louise, agora condessa La Rochefoucauld-Bayers, estava determinada a levar o projeto até o fim e supervisionou pessoalmente as etapas finais da construção. No final das contas, o castelo se tornou uma das maiores residências privadas francesas do século XIX, possui uma riqueza de detalhes arquitetônicos, incluindo entalhes em madeira intrincados, painéis e esculturas góticas, grandes lareiras e tetos pintados à mão. Ele está situado em uma propriedade muito bem cuidada, que ocupa um canto de uma vila pitoresca. Devido ao ambiente da propriedade e ao design do castelo em si, o Chateau Challain é frequentemente referido como a "Jóia Neo-Gótica de Anjou" ou "Le Petite Chambord". Um verdadeiro sonho.
Contei tudo a Harry, com clara empolgação no olhar, no dia em que ele chegou, mas, é claro, ele já sabia. Naquele dia, nós também conversamos sobre as nossas despedidas de solteiros e demos boas risadas. Ele tinha bons amigos e eu boas amigas, eles fizeram de tudo por nós. Nossos amigos chegaram aos poucos na França e, graças a enormidade do local, eles e nossas famílias tinham lugar mais do que suficiente para se hospedarem. Como planejado pela equipe do Chateau Challain, Harry ficou com um quarto de um lado do castelo e eu na outra ponta e, bem, a correria dos últimos acertos manteve essa tradição do noivo não ver a noiva antes do casamento. Eu não vi Harry por dois dias inteiros, acredite, eu estava prestes a mandar todos à merda e cair nos braços do meu futuro marido a qualquer momento. Aguentei firme, provando vestido, sapato, escolhendo maquiagem, cabelo, unha e rezando para que a previsão do tempo se fizesse como prevíamos, para que meu casamento pudesse acontecer no pátio do castelo como o previsto. Ventou um pouco, algumas nuvens apareceram, porém, o sol brilhava como nunca lá fora e a umidade do ar baixa quase nos matava de desidratação, só que mantínhamos tudo nos conformes. Após a cerimônia, nós passaremos a noite na suíte master e partiremos em dois dias para a nossa lua de mel, em Dubai, por dez antes de um pulo na Austrália por mais dez. Optamos por não viajar todo o tempo livre, trinta dias, então passaremos mais dez dias na casa nova, como bons recém-casados. Eu e Harry escolhemos uma casa enorme no mesmo bairro onde ele mora, porém, com mais conforto para criarmos nossa família, o arquiteto anotou todos os nossos planos e nos mostrou inúmeros projetos, adequamos um ao que queríamos e a reforma deve estar acontecendo enquanto estamos aqui. Quando voltarmos à Inglaterra, tudo estará pronto para receber a nova fase da nossa vida, como cônjuges.
- Você precisa descer em quinze minutos. - a mulher loira responsável por organizar tudo - Lisa - aparece, colocando apenas a cabeça para dentro da porta. - Tudo bem?
Eu não conseguia parar de chorar. Começou a dez minutos e eu estava tremendo como se estivesse fazendo dez graus negativos aqui, mas, na verdade, estava dez graus acima do suportável para o corpo humano. Realmente muito quente nessa tarde.
- Eu preciso de um pouco de tempo. - solucei. - Não há chance de eu subir no altar, ao lado de Harry Styles, com o rosto inchado de choro.
- Você precisa que eu chame alguém? - pergunta, solícita enquanto o cabeleireiro termina meu penteado simples, apenas uma parte do cabelo preso para trás, e o resto solto, sobre meus ombros, cacheados nas pontas.
O francês dono do salão contratado para aprontar a mim, as minhas madrinhas, minhas mãe e todas as mulheres presentes, perdeu a paciência e estava fazendo o cabelo antes da mulher magra e tímida finalizar minha maquiagem.
- Eu preciso das minhas amigas. - afirmei, fungando e pincelando os dedos sob os olhos para afastar as lágrimas.
- Tudo bem.
O homem atrás de mim bufou e murmurou que estava tudo pronto. Afastou-se um pouco, parando no meio exato da antessala do meu quarto e admirou seu trabalho por poucos segundos.
- Obrigada. - murmurei. - E me desculpe.
- Tudo bem, criança. Todo mundo fica nervoso antes de um passo tão grande como o que você está prestes a dar.
Assinto para ele no espelho e admiro minhas unhas num tom muito claro de rosa, um pouco maiores do que costumo usar, mas a manicure insistiu que eu deveria deixá-las assim, pois ficariam mais bonitas nas fotos.
- Claire. - ouvi a voz de Rebeca e virei-me na cadeira, assistindo ela, Eleanor, Maya, Gigi, Kendall e Ed entrando.
Kendall seria madrinha do Harry, então, ela entraria junto com os outros meninos e Edward entraria junto com as meninas e ficaria ao meu lado no altar. Não seria justo eu roubar a amiga do meu futuro marido, por isso, decidimos trocar esse casal. Harry precisava dela ao seu lado no altar e eu precisava da minha purpurina ao meu, inclusive, eu entregaria meu buquê a ele, que ainda não sabe disso.
- Ei. - Eleanor se abaixa ao meu lado, afagando minha mão. - O que foi?
- Eu não consigo parar de chorar. - confesso entre soluços.
- Ah, não, Claire! - Ed grita e para na minha frente, com as mãos na cintura. - Você está prestes a se casar num castelo francês, com um príncipe lindo, sensato e gostoso. Isso é o sonho de qualquer ser humano na face da Terra. Então, por favor, limpe esse rosto, respire fundo, deixe a maquiadora terminar de fazer a mágica e desça para terminar de laçar aquele espetáculo de homem.
As meninas gargalham e, pela primeira vez, eu também rio, secando o rosto. Ele se abaixa a minha frente, apertando minhas mãos entre as suas.
- Você consegue e você vai ser muito feliz. - afirma, sorrindo. - Você está a poucos minutos de se casar com o homem que ama, querida. Exploda em sorrisos, fique ainda mais linda e confirme para Harry que você é a mulher dos sonhos de qualquer cara e que está se casando com ele. Mostre o quão sortudo ele é por tê-la e que ele deve amá-la intensamente a cada minuto.
- Acredite, ele sabe disso e está uma pilha de nervos do outro lado. - Kendall fala, apontando para o lado de fora. - Não sei quantas vezes já o vi coçar o nariz e conferir o par de alianças.
Outra coisa que escolhemos juntos: nossas alianças, afinal, o objetivo é usá-las para o resto da vida. Optamos por um par de platina, simples, quando comparada com o anel de noivado que Harry me deu. Não tinha nenhuma pedra espalhafatosa na minha, apenas rodeada por uma fileira de diamantes, e a dele era mais grossa, sem os diamantes, mas com o meu nome gravado.
Eu sabia que Harry coçava o nariz quando estava desconfortável, nervoso ou ansioso por alguma coisa. De certa forma, era um alívio pensar que eu não era a única com um gelo na barriga.
- Ele está bem? - pergunto, olhando para sua amiga. - Estou mais ansiosa para vê-lo do que para dizer sim.
- Ele está ótimo. - confirma com um gesto de mão.
- Ok. - respiro fundo. - Chamem a maquiadora e fiquem comigo até eu descer?
Todos assentiram e eu admirei o vestido que escolhi para minhas madrinhas. Era floral, com fundo bege - quase branco, porém não me importei com a etiqueta que só a noiva deveria vestir branco, achei o tecido perfeito para a decoração. A maquiadora entrou apressada e a cerimonialista grita, com seu sotaque francês, que só temos dez minutos.
- Por favor, consiga mais dez. - peço. - A culpa é toda minha e ela não precisa enlouquecer, tendo que trabalhar com pressa.
- Eu sinto muito, mas os músicos precisam viajar para outra cerimônia trinta minutos depois do seu casamento acabar. - informa.
- Peça a Harry que converse com eles, talvez haja mais um tempinho. - pisquei e ela bufou, saindo atrás do meu futuro marido.
A orquestra da cerimônia e a banda da festa foram escolhas de Harry, eram pessoas que ele conhecia e admirava. Tenho certeza que haveria um jeito. As garotas da banda da festa estavam iniciando a carreira e meu quase marido gostou muito do trabalho delas, quando as ouviu na casa de Louis, que está trabalhando com elas. Não levou muito tempo para ele se decidir que seriam as responsáveis por animar a nossa festa. Achei amável de sua parte que ele quisesse ajudar iniciantes numa indústria tão complicada, concorrida e estressante como a musical. Eu não entendia quase nada de música, por isso, deixei em suas mãos, assim como ele abriu mão de dar sua opinião nos tecidos, flores e peças de louça que seriam usados.
Não demorou muito para a minha maquiagem ficar pronta. Ela já tinha preparado a minha pele com produtos a prova d'água e só faltava finalizar. Depois de tudo pronto, ela foi me ajudar a entrar no vestido de noiva. O meu vestido é de decote ombro a ombro, com um tecido leve e transparente caindo sobre os braços, a saia não é muito grande, mas é rodada, marca a minha cintura e tem algum tecido pregado na parte de cima e distribuído na saia que lembram flores. é perfeito e do jeito que eu sonhei. Os sapatos rosa envelhecido também foram feitos especialmente para a ocasião e, surpreendentemente, são confortáveis como nunca encontrei antes. Eu estava pronta. Respiro fundo e me viro para os meus amigos.
- E aí? - pergunto.
- Você está tão linda. - Gigi comenta, emocionada.
- Simplesmente perfeita. - Ed complementa também com lágrimas nos olhos enquanto as outras assentem.
- Obrigada por virem me socorrer. - sorrio.
- Em qualquer momento. - Eleanor pisca.
- Não seria tão incrível e especial, se vocês não estivessem.
- Como se nós fossemos perder o seu casamento. - Beca revira os olhos.
- Agora - Kendall começa, dando um passo em minha direção e entregando-me o buquê misto de flores rosas e brancas. -, vamos casar você!
Estou sorrindo tanto que não sei como minhas bochechas ainda não começaram a doer. Pisco várias vezes para não deixar as lágrimas escorrerem ainda e tomo mais uma respiração profunda antes de assentir para que Ed abra a porta e eu saia pelo corredor. Desço as enormes escadas, degraus por degrau, elegantemente, como achei que não fosse capaz. Tamanha ansiedade de me tornar, oficialmente, Claire Thompson Styles. Contenho as lágrimas de novo. Quando estou chegando no lobby, que me levará para os pátios no fundo do castelo, onde será o meu casamento, todos os funcionários - correndo de um lado para o outro, ajustando os últimos e pequenos detalhes - param e me olham com um sorriso para, então, voltarem aos seus afazeres. Ao avistar minha mãe, esperando-me no último degrau da escadaria, com lágrimas nos olhos e um imenso sorriso nos lábios, os meus olhos transbordam.
- Mãe. - soluço, batendo o indicador nas maçãs do rosto para não deixar as grossas gotas rolarem mais que o necessário.
- Você está tão linda, filha. - sorri e puxa-me para um abraço, com cuidado para não tirar nada do lugar. - Seu pai estaria tão orgulhoso de você.
- Ele estaria, né? - rio, tocando agora os cantos internos dos olhos. - Queria que ele estivesse aqui.
- Eu também. - aperta a minha mão e leva uma mecha do meu cabelo para trás dos ombros. - Mas ele está sempre em nossos corações e tenho certeza que nos acompanhará até o altar.
Assinto e olho para o teto cheio de pinturas feitas à mão. Inspiro pelo nariz e expiro pela boca.
- Claire, está na hora. - anuncia a cerimonialista. - Você está pronta?
- Mais do que nunca.
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Desculpa a enrolação para o casamento, mas a minha cabeça está fervilhando kkkkkk.
Espero que estejam gostando!
All The Love <3 <3 <3