O avião pousou na Inglaterra numa manhã de sexta-feira.
Eu não tive muita escolha após ler as mensagens e atender a ligação de Peter Smith horas mais tarde. Ele pediu - mandou - muito educadamente que eu passasse alguns dias com Harry na Inglaterra. Aparentemente, a banda teria algumas semanas de folga e eu deveria aproveitar mais essa parada para demonstrar proximidade com o "meu namorado", palavras dele. Então, eu tive a ideia de que seria legal também para os meus pais conhecerem mais um pedaço do mundo e, com o prazo de duas semanas que consegui negociar com Smith, eles se organizaram e aqui estamos nós.
Como tudo foi resolvido de última hora e eu não conhecia nada do país, Eleanor ficou de nos buscar no aeroporto. Ela insistiu que nós não ficássemos num hotel e, sim, na sua casa, mesmo quando eu disse que não queria incomodar. Nós nos aproximamos ainda mais nessas duas semanas que passei organizando a viagem, ela me ajudou em várias coisas. Ela é uma grande amiga.
No dia em que recebi as inúmeras mensagens do senhor Smith e estava conversando com Lauren, tive que pedir inúmeras desculpas antes de larga-la sozinha para sair correndo e ouvir o que ele tinha a dizer. Ela disse que não tinha problema e que poderíamos continuar a conversa outro dia, porém, antes de sair de Gaffney eu não a vi outra vez e não sei quando poderemos terminar a conversa.
- Oi. - Eleanor me recebeu com um enorme sorriso no rosto e um abraço. - Espero que a viagem tenha sido boa.
- Foi, sim. - respondi. - Me desculpa pelo incomodo, mas, muito obrigada por vir nos buscar.
- Não foi incomodo algum. Mal podia esperar para tê-los aqui. - falou empolgada.
Apresentei-a aos meus pais, que logo ficaram cativados com a sua doçura, e pegamos as malas antes de seguir para o carro. Ela foi nos mostrando alguns pontos da cidade e planejando quando poderíamos visitar o melhor restaurante de Londres, a roda gigante, uma galeria de artes, teatro, feira livre e inúmeras outras atrações.
- O Louis deve chegar no início da noite. - falou estacionando o carro na garagem da enorme casa. - Talvez possamos sair para jantar.
- Tudo bem.
Um homem apareceu de dentro da casa, vestido com um terno azul escuro e uma espécie de fone no ouvido, e nos ajudou a descer as malas do carro. A casa é tão linda por dentro quanto por fora. Decoradas com cores neutras e móveis de madeira escura, o contraste é perfeito. Uma enorme escadaria fica bem de frente para a porta de entrada, um lindo lustre pendia do teto do andar de cima.
- Uau. - murmurei.
- Eu tive a mesma reação quando Louis me mostrou a casa.
- É linda. - minha mãe disse e meu pai concordou.
- Achei um pouco exagerada apenas para nós dois, mas quando reunimos a família aqui parece ainda mais perfeita.
Ela nos levou para conhecer um pouco melhor a casa, mostrou os quartos que ficaremos hospedados, a cozinha, a sala de jantar, a sala de estar e o lindo e também enorme quintal. Uma mulher apareceu para nos informar que o almoço já seria servido e fomos para a sala de jantar. Eleanor pediu que preparassem pratos típicos do cardápio dos ingleses, mas também foi preparado pratos mais tradicionais aos quais nós consumimos também nos Estados Unidos. Ela é realmente muito atenciosa.
Durante a tarde, eu pedi licença para descansar por algumas horas. Aproveitei para arrumar minhas roupas e sapatos e, logo depois que acordei, tomei um banho antes de descer as escadas. Estava na metade dos degraus quando a porta de entrada se abriu e vi Louis entrar e, em seguida, Harry.
- Olha quem chegou. - falei e eles me olharam.
- Bom te ver de novo. - Louis disse me abraçando.
- Muito obrigada por nos receber na sua casa.
- Eu ficaria realmente chateado se vocês ficassem em um hotel. Isso pode tornar a experiência de vocês em Londres dez vezes melhor. - piscou na última frase. - Eu sou maravilhoso e ótimo guia.
- Eu deveria saber. - ri.
- Você veio com alguém? - Harry pergunta.
- Sim, eu trouxe meus pais. - respondi.
- Você trouxe seus pais? - perguntou um pouco incrédulo.
- Sim. - olhei para o Louis que suspirou e seguiu para dentro da casa. - Algum problema com isso? - cruzei os braços.
- Não achei que envolveria seus pais nisso.
- Eles sabem a verdade.
- Eu não quero conhecer a sua família assim como não quero que a minha família conheça você. - passou as mãos pelo cabelo e depois no rosto, parece que está nervoso.
- O que? Qual o seu problema?
- Isso...torna as coisas mais delicadas. Parece que temos intimidade, que somos próximos, que nos conhecemos e isso não é verdade.
- Bom, o contrato diz que precisamos parecer reais.
- Nós dois. - fez um movimento com as mãos entre nós, indicando a quem se referia. - Não precisamos envolver mais ninguém. Ninguém pode ficar sabendo que isso é uma farsa.
- Eles são os meus pais. É lógico que eles sabem tudo o que acontece na minha vida.
- Eu deveria saber mesmo que você é o tipo garotinha que corre para os pais quando as coisas apertam.
- O que...
- Claire. - ouvi minha mãe chamar e me virei, vendo-a surgir na porta que dava para a sala de estar.
- Oi, mãe. - sorri. - Esse é Harry.
- Olá. - ele acenou.
- Muito prazer, Harry, sou Carolina, mas, por favor, me chame de Carol. - sorriu. - Tudo bem com vocês?
- Claro, estávamos apenas conversando. - ele respondeu rapidamente.
- Eleanor e Louis estão tentando reservar uma mesa no restaurante que gostam. - disse e eu concordei com a cabeça. - Eu vou voltar para lá.
- Eu também vou, já conversei tudo o que precisava atualizar com o Harry Styles aqui.
Horas mais tarde, nós fomos para o restaurante onde meu pai, Louis e Harry conversaram bastante sobre esportes enquanto eu, minha mãe e Eleanor planejávamos alguns lugares para visitar e comentávamos como, de fato, a comida naquele lugar era maravilhosa. Harry segurou minha mão e olhou para mim nos momentos estratégicos, mas não trocou uma única palavra comigo pelo resto da noite e eu, com certeza, também não daria o braço a torcer. Espero que ele não esteja esperando um pedido de desculpas e, sim, planejando dizer um.
Rude.
Grosso.
Imbecil.
Esse é o grande Harry Styles para mim. Não vejo a hora de acabar tudo isso e declarar o meu ódio.
...
No dia seguinte, eu descobri que Harry passou a noite anterior na casa de Louis sem motivo algum, pois sua casa fica a poucos metros. Ele foi embora logo pela manhã e não o vimos durante todo o final de semana. Eu e meus pais aproveitamos o sábado e o domingo para visitar o máximo de pontos turísticos da cidade, garantindo ao casal que nos hospedou que estava tudo bem. Eles mereciam um tempinho a sós, já haviam feito muito por nós. Na segunda-feira, havia um jogo de futebol acontecendo e Louis levou o meu pai de companhia enquanto Eleanor levou eu e minha mãe para visitar as melhores lojas de Londres. Por mais que estávamos no começo da primavera, eles nos levaram para conhecer a praia mais próxima na terça, na quarta conhecemos a família do Louis por uma chamada de vídeo. Na quinta-feira, foi quando vimos Harry novamente e, ironicamente, a sua mãe e o seu padrasto haviam chegado a Londres. Todo o discurso que ele fez sobre não envolver nossas famílias retornou a minha cabeça e eu revirei os olhos. Louis os convidou para almoçar em sua casa e, eu pude notar em seus sorrisinhos irônicos para Harry, que havia um dedo seu nessa história.
- Como tem sido os shows? - Anne perguntou.
- Todos maravilhosos, cheios de energia, lotados, apesar da agenda corrida sugar tudo de nós. - Louis disse.
- Vocês estão emagrecendo. - falou. - Espero que estejam tendo tempo para uma refeição de qualidade.
- Você está exagerando, mãe. - Harry murmurou.
Anne e Robin não foram menos que maravilhosos com todos nós. Ela tem um sorriso fácil e sincero no rosto o tempo todo, conversas interessantes e não esconde o orgulho não só de Harry mas do Louis também. Sua gentileza realmente me encanta e me faz questionar quando seu filho aprendeu a ser como é hoje, duvido que tenha crescido desse jeito tendo essa mulher cheia de vida por perto. Fico sabendo que os meninos terão que se reunir no sábado para discutir sobre o novo álbum e também que Harry tem uma irmã mais velha.
- Nós deveríamos fazer alguma coisa mais tarde. - Anne sugere aos meus pais quando eles estão se despedindo.
- Seria ótimo. - minha mãe diz e meu pai concorda.
Eles conversam por mais um tempo, planejando a noite e eu ajudo Eleanor a organizar a sala de jantar.
- Parece que Liam não está tendo um bom momento. - comenta.
- O que houve? - pergunto preocupada.
- Sophia terminou com ele e ontem ele a viu com outro.
- Eles pareciam tão bem.
- Aparentemente, ela disse que ele fica muito tempo longe e que precisava de alguém que fosse mais presente na vida dela. - conta. - O pior é que ano passado eles tiveram uma crise pelo mesmo motivo e Liam conversou com a gestão da banda, pedindo que diminuíssem o ritmo, não só porque ela pediu, mas é notável que os meninos cansam muito nessas viagens intermináveis, e eles disseram que era impossível isso acontecer. Não sei o que houve, mas eles reataram o namoro e agora ele meio que se sente culpado por ter feito ela procurar em alguém o que não tinha nele.
- Ele está em Londres?
- Sim, chegou ontem pela manhã.
- E a primeira coisa que ele viu em Londres foi a Sophia com o outro. - concluí e ela assentiu. - Você acha que ele gostaria de alguém para conversar?
- Ele conversou bastante com o Louis, Harry e Niall. - ela vira de repente para mim. - Mas acho maravilhoso se conseguíssemos tirá-lo de casa para uma noite de diversões.
- Por mim tudo bem. - concordo.
Ela sai rapidamente da sala de jantar e quando volta toda empolgada com Louis atrás eu sei que o plano já está todo pronto em sua cabeça.
Meus pais saem no início da noite quando Anne bate à porta e eu começo a me arrumar após o banho. Eleanor não disse nada sobre onde íamos, então, optei por vestir algo que eu me encaixaria em qualquer lugar que ela nos levar. Escolhi um vestido cor rosê é um blaser branco por cima, para que o frio da noite não me atingisse, sapatos da mesma cor do vestido e apenas uma gargantilha para completar. Deixei o cabelo solto e natural, fiz a melhor maquiagem que eu consegui - o que não é muito, não sou realmente boa nisso. - e peguei o celular para descer os degraus.
- Uau! Definitivamente um colírio para os olhos. - Eleanor disse, chamando atenção do Louis e do Harry que estavam conversando próximos a ela.
- Você está maravilhosa! - falei, chegando mais perto para admirar seu lindo vestido vermelho.
- Gostou? Foi um presente do meu amor. - piscou para o Louis enquanto alisava o vestido.
- É lindo! Você tem muito bom gosto, Tomlinson.
- Querida, eu nem tenho defeitos. - gabou-se, me fazendo rir.
- Claro. - revirei os olhos.
- Podemos ir? - Harry pergunta e todos saímos.
Há um motorista nos esperando dentro do carro e ele segue o caminho enquanto nós conversamos. Quando o carro para, vejo pela janela uma casa noturna com uma fila enorme e é exatamente para lá que Eleanor nos leva. Assim que Louis diz seu nome, em uma entrada separada da fila, nós somos conduzidos para dentro e vejo que onde estamos indo é uma área VIP, com mesas espaçadas e confortáveis e até mesmo a pista de dança separada da parte debaixo, que é onde todas as pessoas da fila quilométrica ficarão.
Liam, Niall e Rebeca já nos esperavam em uma mesa.
- Quando você chegou? - perguntei a minha amiga.
- No início da semana. - respondeu. - Desculpa não ter avisado...
- Não tem problema nenhum.
A primeira rodada de bebidas chega e nós conversamos sobre o lugar ser confortável, animado e dar privacidade ao mesmo tempo. Fico sabendo que o dono do lugar é conhecido deles e que Liam está querendo entrar na sociedade, pois, pretendem expandir o negócio para outros territórios.
- Vamos dançar! - Eleanor diz, levantando-se algumas bebidas e conversas mais tarde.
- Vamos! - digo e viro meu copo antes de sair do sofá. - Vem, Beca.
Ela balança a cabeça e pega minha mão. Nós dançamos três músicas e eu me aproximo de Liam, puxando-o pela mão.
- Não serei uma boa companhia hoje, Claire. - resmunga.
- Você sempre é uma boa companhia.
Faço ele mexer o corpo, inicialmente, com a ajuda das outras duas e, algumas músicas mais tarde, ele já está completamente à vontade com as danças. Nós dois perdemos a noção do tempo ali, Receba reclamou de cansaço e foi se sentar, logo Eleanor foi também. Liam, claramente, estava se divertindo e era muito bom vê-lo assim.
- Meus pés estão me matando. - aproximei-me dele para falar próximo do seu ouvido, pois, era o único jeito que a música alta permitia.
- Eu preciso de uma bebida. - disse e seguiu para o bar.
Harry me viu andando na direção da mesa e levantou-se para me encontrar no meio do caminho.
- O que você está pensando? - perguntou-me, com uma expressão nada boa.
- O que? Como assim? - questionei confusa.
- O que acha que está fazendo com Liam?
- Nada, nós estávamos dançando como dois amigos dançam quando saem juntos. - respondo.
- Certamente, não é o que aquela câmera vai pensar.
Ele aponta discretamente para a minha esquerda e eu sigo seu olhar, vendo um homem com um celular nas mãos, no momento, apontando para nós.
Merda!
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Desculpa a demora, amores.
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