(Ema narrando)
Descemos uma escada que nos levou a um cômodo no subsolo, onde a adega de Mariana se revelava verdadeiramente impressionante. O aroma de madeira impregnava o ambiente, enquanto as paredes escuras conferiam uma atmosfera envolvente.
— Qual é a sua experiência com vinhos? – perguntou Mariana, fitando-me.
— Praticamente nenhuma. Costumo consumir vinhos baratos de supermercado. – respondi, sorrindo sem jeito.
— Isso é lamentável, Ema. Você precisa aprimorar seu paladar. – comentou Mariana, enquanto retirava um vinho tinto de uma das prateleiras. Em seguida, ela o levou até uma bancada rústica, onde pegou duas taças e um abridor de rolhas. Após abrir o vinho, serviu uma pequena quantidade em cada taça e me ofereceu uma delas. Aceitei e a aproximei dos lábios, tomando um gole.
— É bom. Muito bom. – murmurei, esboçando um pequeno sorriso. Mariana agitou levemente o líquido em sua taça, realizando movimentos circulares, antes de aproximá-la do nariz para apreciar o aroma.
— Adoro esta safra. – comentou, bebendo um gole de maneira elegante. Senti-me mais inexperiente do que o habitual, ela parecia realmente saber apreciar bebidas finas.
Passos apressados ecoaram na escada, anunciando a chegada de Daniele.
— Amor, a Lina chegou. Quer que ela desça? – informou Daniele.
— Sim. – respondeu Mariana. Enquanto isso, eu me perguntava quem seria Lina. Uma amiga de Mariana? E por que ela estaria ali?
Daniele subiu as escadas com pressa, mas com cuidado para não pisar na barra do vestido. Pouco depois, uma figura alta desceu as escadas vestindo uma armadura medieval. Seu rosto estava oculto pelo capacete e uma espada estava presa à sua cintura. Ao se aproximar, ela abriu o capacete, revelando um sorriso gentil.
— Olá.
— Lina, você veio bem básica. – comentou Mariana com ironia.
— Bem, estou a serviço da rainha. – respondeu Lina.
— Hmm... Você sabe como me cativar, sua soldadinha travessa. – respondeu Mariana com um sorriso. — Junte-se a nós. Esta é Ema, a eleita da Sarah. Ouviu falar do namoro, não é?
— Sim, soube há uns dois minutos. – confessou Lina. — Estou feliz pela Sarah.
— Ema, esta é Angelina Martínez, uma excelente cirurgiã plástica e ótima companhia. Metade francesa, metade mexicana. Lábia afiada e sangue quente. Tome cuidado com ela. – advertiu Mariana, provocando risos em Lina.
— Vou te contratar como minha marqueteira. – brincou Lina, aproximando-se e estendendo a mão, ainda coberta pela armadura. — Angelina, ou Lina para os íntimos.
— Ema, para todos. – respondi, apertando sua mão.
— Sempre soube que Sarah tinha bom gosto. Seu rosto é muito harmônico. – ela comentou, deixando-me levemente tímida.
— Não é? – concordou Mariana. — Ela é minha pupila, logo será uma boa dominatrix.
— Isso é bom. – Lina tocou meu ombro com a mão livre. — Você está em boas mãos, Mari é uma excelente professora.
— Você pratica há muito tempo? – perguntei.
— Sim, cerca de 15 anos. Mas isso fica entre nós, já estou com 38 anos. – respondeu Lina, sorrindo. Seus lábios eram finos e delicados, sua expressão transmitia naturalidade. Tinha olhos castanhos e cabelos escuros, com apenas alguns fios escapando para a testa. Era mais alta que eu e talvez mais esbelta.
— Eu vou subir por um instante para autorizar que o jantar seja servido. Vocês se importam de ficar à sós? – perguntou Mariana.
— Não, tudo bem. – respondeu Lina.
— Está ótimo para mim também. – concordei.
Mariana estendeu a taça que segurava para Lina.
— Sirva-se, mon bijou.
— Permita-me dizer, você está estonteante. – Lina pegou a taça, fitando o rosto de Mariana, ambas pareciam flertar.
— Não tente me agradar na esperança de conseguir algo com a Daniele. Hoje não estou muito propícia a permitir isso. – advertiu Daniele.
— Você terá a noite toda para mudar de opinião, ma chère. – Lina tocou o queixo de Mariana, esboçando um sorriso malicioso. — O coração dela é apenas seu, mas talvez haja algo nela que possamos compartilhar.
Franzi a testa e tomei o restante do meu vinho, optando por ficar em silêncio diante do teor da conversa.
Continua...