Apenas Meu

By mjesssilva

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APENAS MEU - SÉRIE APENAS - LIVRO 1 Agatha Salazzar é incomum e carrega segredos em sua mala mental. Ela... More

Prólogo
Capitulo 1:
Capítulo 2:
Capítulo 3:
Capítulo 4:
Capítulo 5:
Capítulo 6:
Capítulo 7:
Capítulo 8:
Capítulo 9:
Capítulo 10:
Capítulo 11:
Capítulo 12 (parte 1):
Capítulo 12 (parte 2/3)
Capítulo 12 (parte 3/3):
Capítulo 13:
Capítulo 14:
Capítulo 15:
Capítulo 16:
Capítulo 17:
Capítulo 18 (parte 1/2):
Capítulo 18 (parte 2/2):
Capítulo 19:
Capítulo 20:
Capítulo 21:
Capítulo 22:
Capítulo 23:
Capítulo 24:
Capítulo 25 (parte 1/2):
Capítulo 25 (parte 2/2):
Capítulo 26:
Capítulo 27:
Capítulo 28:
Capítulo 29:
Capítulo 30:
Capítulo 31:
Capítulo 32:
Capítulo 33:
Capítulo 34:
Capítulo 35:
Capítulo 36:
Capítulo 37:
Capítulo 38:
Capítulo 39:
Capítulo 40:
COMUNICADO.
Capítulo 41:
Capítulo 42:
Capítulo 43:
Capítulo 44:
Capítulo 46:
Capítulo 47:
Epílogo:
Agradecimentos:

Capítulo 45:

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By mjesssilva

Mundo silencioso. Taxas de movimentação em alto mar parecem silêncio absoluto. Não acordado, sem ritmo rápido. Calmaria absoluta (Dauðalogn - Sigur Rós.)

Mesmo me sentindo perdidamente culpada, não senti arrependimento. Acreditava que qualquer pessoa apaixonada faria aquilo no meu lugar. Fiquei o tempo todo tão aflita com a sua segurança. E agora, vendo-o ali com tanto sangue saindo pelo canto do lábio e do nariz, eu sentia que havia feito o que era certo. Caso contrário, o sangramento estaria ainda pior.

- Agora só falta uma. – Carlos disse quando parou de mascar seu chiclete.

Henrique engoliu em seco, a raiva transparecendo em todas suas atitudes. Os ombros tensos. A pele dos braços onde os homens o seguravam estava avermelhada.

- Emily? – Carlos chamou.

O homem ainda me segurava pela cintura. E, lenta e imperceptivelmente, começou a se esfregar em mim. Fiquei cega. As bordas dos meus olhos ficaram negras e me tomaram a visão. A raiva transbordou de mim. As lágrimas cessaram e com o pé ainda descalço, ergui minha perna com mais força que acreditava ter e chutei o entre de suas virilhas.

O rapaz me soltou, provavelmente devido à dor que se alojou, bem... em suas partes. Henrique tomou uma atitude assim que demonstrei a minha. Ele não estava me esperando. Mas sabia que, ao se soltar, fez aquilo por eu estar insegura.

Os dois homens que os seguravam caíram ao chão. Mãos contra o abdômen, enquanto o outro segurava sua canela com impaciência. Rapidamente, ele correu até mim. Enxugou minhas lágrimas com seu toque costumeiro e me abraçou pelos ombros, escondendo meu rosto na curva de seu pescoço...

O som de tiros se fez soar. Foi quando notei que um dos braços de Henrique não estava me abraçando, só o esquerdo o fazia. Era Henrique quem atirava. Seu peito vibrava anteriormente a cada disparo. Era ele que estava me protegendo. E além de tudo, cuidando para que as imagens não ficassem gravadas eternamente na minha mente.

Seu peito deixou de ficar tenso, e senti quando o braço que segurava a arma se abaixou. Só então ousei olhar por sobre seus ombros. Fiquei nas pontas dos pés, sentindo os frangalhos de invasão perfurar a sola dos mesmos. Vi Carlos sorrindo animadamente. Os corpos dos homens que o ajudavam estavam ao seu redor. As balas perfuraram o centro da testa de cada um deles. Perfeitamente o centro. O amor de minha vida tinha uma mira e tanto.

Carlos começou a aplaudir. Ele parecia encantado.

- Se não fossemos arqui-inimigos, poderia convidá-lo para participar da minha facção. – Ele deu de ombros, o sorriso permaneceu em seu nojento rosto.

Não ousei me soltar de Henrique.

- Eu nunca faria parte das coisas em que você se mete, Carlos. – Henrique disse com raiva.

- Ah, sim. Não precisa me informar. Natan já avisou isso. – Carlos deu de ombros, esfregando as palmas das mãos.

A menção ao nome me enojou. Henrique pareceu irritado. O mesmo estava de costas para Carlos, provavelmente em uma falha tentativa de me proteger. Emily permanecia escondida e Bruno provavelmente estava imerso em sombras naquele corredor.

Carlos poderia ser pego a qualquer momento. Mas duvidava que o erro fosse ser reparado com tanta facilidade. Se alguém puxasse o gatilho, estaria encrencado com a justiça. E acreditava que ninguém queria aquilo.

Me lembrei de crianças. Não entendi o porquê, provavelmente por estar apavorada. Mas me lembrei de Júlia, Murilo e do bebê de Cate. Graças a Deus ela foi a primeira a sair de lá.

Repentinamente, lanternas se acenderam ao nosso redor. Carlos avançou, pegou Henrique desprevenido, puxando-o pelo pescoço. Ele me soltou, provavelmente para que não fôssemos carregados juntos. Mas, ainda assim, em um fulgor do desespero, segui ambos.

Carlos segurava Henrique pelo pescoço, em uma chave de braço. Henrique estava preso. O queixo suavemente erguido para buscar uma melhor respiração. O sangue escorrendo pela sobrancelha esfolada esquerda. Os lábios ressecados e sangue seco no nariz.

Fiquei diante dele. A polícia avançou. As armas apontando para nós. Reconheceram o momento.

- Agora tenho reféns. Dois reféns importantes. Vocês não podem atirar. – Carlos disse com uma gargalhada.

Sentia a tensão de Henrique atrás de mim.

- Agatha. – Ele sussurrou. Resfolegou pelo aperto na garganta, não ousei me virar. – Corra. Fuja. Saia daqui pelo amor do bom Deus.

Acenei em negativo. Eu ficaria lá. Custasse o que custasse.

Emily surgiu do corredor, colocando apenas os olhos azuis para fora e fitando a cena. Parecia tão encolhida e assustada. Bruno estava atrás dos policias. Provavelmente ele pensou em leva-los por aquela livre entrada.

Mas Carlos não desistiria com facilidade. Disso eu tinha certeza. Um atirador surgiu. Brandindo uma grande arma. Fechou um dos olhos e, em questão de segundos, minha respiração se perdeu, meus olhos fraquejaram.

Vi quando ele puxou o gatilho, assim que fez o movimento imperceptível, Carlos se moveu com velocidade e precisão. E depois do estrondo pavoroso, deixei de escutar ou ver qualquer coisa...

*

Bips soavam ao meu redor. Estava presa, mas não sentia meu corpo. Senti que estava presadentro do meu corpo. Tentei mover os dedos, mas nada aconteceu. Me sentia suavemente adormecida. Suavemente presa entre dimensões desconhecidas. Eu precisava abrir os olhos. Fiz força, mas as pálpebras não se moveram.

Relaxei ao ouvir um movimento ao meu lado. Externamente e quase que em distância máxima senti uma picada em meu braço. Em circunstâncias normais, teria me movido pelo rápido beliscão. Mas, como já mencionado, meus músculos não correspondiam aos meus comandos.

- Como ela está? – Era Cate. Sempre reconheceria aquela voz.

Estava tão carregada de sofrimento.

Repuxei minhas memórias. O som de tiros perfurou minha mente. Eu protegendo Henrique. O atirador puxando o gatilho. Depois não me lembrava de nada.

- Ela ficará bem. – Uma mulher com voz doce respondeu. – A bala passou raspando no coração e ficou alojada. Mas já a retiramos com sucesso e sem danos.

Cate suspirou. Praticamente a vi cobrindo os lábios com as mãos.

Eu queria xingar a mulher ao meu lado. Cate estava grávida, não podia sofrer com aquilo.

- Desculpe. Não queria assustar. – A mulher pareceu sincera.

Era estranho... ouvir a conversa. Saber que era eu o assunto principal. Entender o que aconteceu pelo ver de outras pessoas.

- Querida, você precisa descansar. – Aquela era minha mãe. Ela estava chorando. Claramente.

A porta se abriu novamente. Um cheiro adocicado invadiu minhas narinas. Quase sorri. Talvez tenha feito aquilo internamente, mas o mesmo não resplandeceu em meu rosto. No exterior.

- Eu também preciso ficar aqui. – Cate disse enquanto suspirava. Agora, mentalmente, eu a via enxugando as lágrimas com força.

Ouvi seus passos se afastando de onde estava.

Agora o cheiro adocicado estava mais próximo de mim, acompanhado de passos firmes. Reconheci o odor de orquídeas, minhas prediletas.

- Ah, meu Deus. Não me deixe ainda mais emocionada. – Cate disse, a voz em prantos.

- Desculpe, maninha. Liberaram minha entrada. – Caio estava bem próximo de mim.

- Com licença. – A mulher, enfermeira com toda a certeza, disse ao se retirar, o som da porta fechando atrás de si se fez ouvir.

- E Henrique? – Ele indagou.

O nome me causou arrepios. Será que ele também estava em uma situação parecida?

- Está resolvendo as papeladas da adoção de Murilo. Quer que esteja resolvido quando ela acordar. – Mamãe respondeu.

Sentia seus olhos me queimar. Eu quis mover os lábios. Mas estava estática. Petrificada.

Os soluços de Cate estavam ao fundo. Quis tanto me levantar. Tanto. Queria abraça-la.

- Ah, querida. – Disse minha mãe, espantando o sofrimento de sua voz. – Com certeza está grávida de uma menina. – Senti um sorriso em sua voz. – Ficamos emotivas quando estamos.

Cate parou de chorar abruptamente. – Eu sempre quis uma menina. Apesar de Eliot querer um menino. – Ela murmurou. O choro estava controlado. E agradeci minha mãe. E, como anteriormente, eu sorri no meu interior, não transparecendo o mesmo para que todos vissem.

Eu comecei a relaxar mais que o normal. As vozes ficaram distantes e indistinguíveis. E, novamente, apaguei.

*

- Oi, meu amor. – Me espantei com a voz tão próxima de Henrique.

Abri os olhos... ou ao menos pensei que o tinha feito. Ouvi o farfalhar dele ao meu lado. E quase chorei de alívio. Talvez tenha chorado na minha mente. Esperneado e corrido para lhe abraçar. Mas continuava deitada na maca. Sentia as agulhas me perfurando. Sentia as gotas do soro sendo injetadas. Meus sentidos estavam mais alerta. Eu precisava me esforçar para sair daquela prisão? Eu não sabia...

- Consegui. Finalmente consegui. Agora, para tudo ficar perfeito, só falta você. – Ele murmurou.

Nunca ouvi sua voz com resquício de sofrimento pesado. Mas existia primeira vez para tudo. Seus dedos frios tomaram os meus. Tentei apertá-los. Mas, novamente, não o fiz. Era desesperador.

Ele ergueu meu braço e senti quando beijou os nós dos meus dedos flácidos. Senti sua barba por fazer.

Ele recolocou a mão no lugar e se afastou de mim. Mas eu não queria que ele fosse. Eu queria que ele ficasse. Queria me desculpar por não poder corresponder a ele.

A porta se abriu. – Olá, Sr. Grey. – Disse a doce voz da mesma enfermeira. – A paciente continua no mesmo estágio. Sem avanços. – Ela informou. Sentia o sorriso em sua voz. Mas sabia que fazia aquilo para tranquilizar o mesmo. – Sinto muito. – Disse com mais suavidade. – A pancada na cabeça. O estresse. Somado ao local em que a bala estava resultou nesse coma e é bom, pois assim os remédios surtem efeito.

Praticamente podia ouvir Henrique acenando firmemente em positivo.

- Você sabe quanto tempo tem. – Ela alertou.

- Não vou tomar decisões das quais me arrependerei depois. – Henrique disse com sua baixa voz fria.

- Sabe que determinamos tempo, Sr. Grey. – Ela repetiu o tom de voz calmo.

- Eu já ouvi isso tudo. Agora, se não se incomoda, poderia se retirar? Quero ficar a sós com minha noiva.

A porta se fechou. Acreditava que ela tinha ido embora.

- Não se preocupe, meu amor. Algumas semanas se passaram. Mas não vou desistir de você. – Ele sussurrou ao longe. Sentia seus olhos em mim.

Semanas? Então... eu estava em um coma há semanas. O que será que havia ocorrido com Carlos?

Mas, acima de tudo. Ao ouvir aquelas palavras, sabia que não estava sozinha. Minha visão se iluminou. A luz clamava por mim. Mas ignorei, porque, ali fora, ele estava comigo. E mais do que tudo... eu o queria. E queria que ele me sentisse também. Queria acordar com suas palavras. Queria ver seus olhos novamente.

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