𝗝𝗼𝘀𝗵 𝗕𝗲𝗮𝘂𝗰𝗵𝗮𝗺𝗽 ❥
— Câncer? — Pergunto assustado.
Acho que minha alma saiu do meu corpo e voltou.
Nunca na minha vida eu poderia imaginar isso acontecendo com o meu pai. Ele era tão saudável e forte, sempre cuidou da sua saúde e nunca deu nada nos exames de rotina que ele fazia. Câncer. Essa doença é a pior que existe. Leva pessoas tão importantes e boas, com familiares, amigos, eu não desejo isso pra ninguém.
— Papai? Tem certeza? — Any sussurrou com os olhos cheio de lágrimas. Acho que até eu posso chorar a qualquer momento agora. Essa doença é tão maldita.
— Sim. — Ele respondeu também com os olhos cheio de agua. — Ainda estou no começo do tratamento, mas o câncer é no estômago. Tem fases e estados, acho que não tenho muito tempo. O médico disse que tem tratamento, mas eu realmente não quero sofrer.
— O quê? Você precisa fazer o tratamento! — Digo desesperado. Ele foi ruim, comigo e com a minha namorada, mas ele ainda é nosso pai e eu o amo independente de tudo. Não posso deixá-lo desistir de se curar. Pelo menos por um tempo.
— Eu realmente pensei nas possibilidades, vou sofrer muito, Josh. O tratamento vai ser pesado, acho que não tenho forças pra lutar. — Ele respondeu com a voz já fraca. — Eu apenas quero viver os últimos dias da minha vida tentando recuperar a minha família e poder fazer parte da vida do meu neto.
— Você não pode desistir. Isso não. Se tem tratamento, pode haver uma chance de se recuperar ou se curar. Por favor, papai, não faz isso. — Any soa desesperada enquanto fala e segura minha mão com força.
— O câncer é do estômago. Irei ficar péssimo. O tratamento vai ser pesado. — Ron diz suspirando.
— E sobre a paternidade de vocês dois. — Priscila começa com o assunto. — Quando Ron e eu namorávamos, queríamos muito ter um filho juntos, éramos jovens, sabíamos disso, mas queríamos muito ter um filho. Minha mãe fez um trato com o pai dele, eles haviam feito um acordo pra termos um herdeiro. Bom, eu fiquei grávida. Conseguimos engravidar de um menininho. — Priscila explica com os olhos cheios de lágrimas.
— Então temos um irmão? — Pergunto com a boca aberta em sinal de choque e surpresa.
— Vocês não são irmãos realmente. — Ron disse com a expressão de dor. — Vocês têm um irmão da nossa parte, mas não são irmãos de sangue. Josh realmente é filho da Regina comigo.
— E a Any é minha filha com o Roger. Por isso o Benjamin puxou os cabelos do avô. — Priscila limpa as lágrimas enquanto seu corpo treme todo. Any vai ao lado dela e segura suas mãos.
Eu não estou muito diferente, foram anos de enganação e isso ainda me choca. Até um mês atrás éramos irmãos e agora temos um filho juntos e temos um irmão em comum. Ainda assim não somos sangue.
— E o nosso irmão? — Any pergunta mudando sua expressão. — Vocês mentiram pra gente! Foram vinte anos de mentira! Eu sempre soube ou suspeitava de alguma coisa. Como vocês esperam que a gente os perdoe depois disso? Ele não é meu irmão e eu passei dezenove anos sendo enganada! Passei dezenove anos pensando que Ron era meu pai e Josh meu irmão. Regina me maltratava e ele não fazia nada. Eu não consigo acreditar nisso. — Ela tem um sobressalto e levanta da cadeira irritada.
— Desculpa, filha. — Ron sussurra agora chorando. — Sabíamos que você não era minha filha, mas a mãe da Priscila nos ameaçou. Ela queria uma herdeira, nosso primeiro filho juntos ainda está vivo, mas não tínhamos outra opção a não ser um orfanato. Sua avó não queria que ficássemos com ele. Ela queria uma menina.
— Então ele ainda está vivo e não sabe que tem uma família? Isso é horrível. — Nos assustamos com uma voz e olhamos pra atrás, estavam Bailey e Noah parados e com os olhos arregalo. — Coitado, gente, vocês são horríveis.
— Bailey! — Priscila exclama assustada. — Estavam escutando a nossa conversa?
— Claro. — Ele responde como se fosse óbvio e se senta ao meu lado. — Podem continuar. Não vamos atrapalhar.
— Isso é assunto de família. — Ron diz.
— Ele é da família. — Respondo grosso. — Noah também é da família. Podem falar na frente deles. Eles não mentem pra nós.
Noah ainda contínua parado na entrada do Jardim. Com as mãos nos bolsos e parecia sem jeito.
— Bailey... Acho que devemos deixar eles a sós. Isso é assunto de pais e filhos.
— Agora eu quero terminar de saber. Para de ser chato e senta aqui. — Bailey puxa sua mão e eles se mantém calados ao nosso redor.
Priscila limpa a garganta parecendo envergonhada e continua:
— Ele sabe que tem irmãos. Não queríamos deixar ele sem pais, então ele viveu a vida sabendo que tem família e pais, minha mãe ainda não desconfia que ficamos com ele. Ele mora na Alemanha e tem uma família. Desde de criança ele queria conhecer os irmãos, mas era muito perigoso. Se nossos pais descobrissem sobre ele, eles o pegariam e sumiria com ele pra longe da gente. Sentimos muito por mentir esse tempo todo, mas era necessário no tempo.
— Uau. Estou sem palavras. — Bailey sussurra com a mão na boca.
— Temos um irmão e mais uma vez vocês mentiram sobre isso. — Engulo em seco me sentindo em pânico. Isso não pode estar acontecendo.
— Agora estamos aqui pra falar a verdade. Vocês não são irmãos de sangue, vocês têm um irmão em comum e ele está vivo, Any é filho do Roger e não minha. Realmente trair a sua mãe com a Regina, tivemos o Josh e cinco meses depois a Priscila descobriu uma gravidez. Nesse tempo não estávamos mais juntos. Eu sinto muito por fazer vocês sofrerem com esse assunto. Espero que com o tempo nos perdoe por mentir sobre tudo.
— Isso é demais pra mim. — Minha namorada diz negando com a cabeça. — Eu não consigo pensar direito agora. E-eu preciso de um tempo disso tudo. Minha cabeça doe, meu coração parece que se despedaçou. Vocês mentiram pra gente.. — Então em menos de dois segundos, ela desaba de chorar caindo de joelhos no chão. Rapidamente corro até ela a apertando nos meus braços e choramos juntos.
— Tudo bem, vida. Vamos ficar bem. — Digo as palavras no seu ouvido. Tentando a conforta e a proteger. — Vamos ficar bem. Não pensa nisso agora.
— Me tira daqui, eu não quero ficar aqui. Pega o Benjamin e vamos embora daqui. — Ela parece desesperava e fora de si enquanto fala. — E-eu não quero ficar perto deles..
— Vamos resolver isso. Você precisa ser forte. Não precisamos perdoar eles. Ron está com câncer e mesmo com as piores coisas que ele já fez, ainda cuidou de nós dois, sua mãe mesmo mentindo, cuidou de você e sempre lhe deu o melhor. Vamos respirar fundo e voltar a conversar. Vamos fazer isso pelo nosso filho. Ele não merece viver no meio disso. Depois que nos resolvemos, vamos seguir nossa vida juntos. Não vamos ficar com assuntos inacabados. — Beijo sua testa repetida vezes e respiro fundo.
Eu preciso ser forte por ela. Mesmo isso também me afetando, Any é mais frágil e precisa de atenção com isso, ela foi a mais enganada nesse assunto e por mais que isso não pareça nada pra alguns, pra ela é difícil suportar.
— Então.. Benjamin acordou chorando e já está ficando vermelho. — Taylor apareceu na entrada da porta e rapidamente Any se levantou e correu pra dentro de casa. — Nossa que energia negativa é essa aqui?
— Então, priminha, senta que vem bomba por aí. — Bailey falou e eu revirei os olhos indo atrás da minha família verdadeira.