Imaginem a seguinte cena:
Quatro adolescentes sentados um ao lado do outro no sofá, tentando parecer inocentes depois de ter batido um papinho com um mafioso alemão, fugido dele e parado de cabeça para baixo de uma janela, mas que depois brigou com um gigante e chamou ele de bela e a fera para logo em seguida dar um coice de salto na virilha dele e se jogar num beco a espera de ajuda, para logo em seguida, ver que a ajuda era dois patetas que brincavam de médico e depois darmos uma voltinha de ambulância por ai enquanto eu estava dopado com duas doses altas de anestesia geral.
— Vocês tem cinco segundos para começarem a se explicar.
Nunca vi minha mãe tão brava como agora. Ela está com os braços cruzados a frente do peito, vestindo agora uma roupa diferente de quando a vimos na entrada. Ela estava com as roupas de quando saiu de casa, mais que furiosa no quintal, e agora está vestindo seu pijama. Uma veia se sobressalta em sua testa e isso só confirma o quão extressada ela está.
— Antes que você comece com papinho de mãe, daqueles 5, 4, 3 e blá blá blá, eu quero falar. — O resolutor do hospital a interrompe e ela levanta uma sobrancelha para ele.
— Vixi... — Meu pai e tio Mike fazem uma careta.
— Você vai ficar bem caladinho e esperar a sua vez.
— Mas senhora, eles usaram um veículo não público e de nosso domi...
— Da pra calar a boca?
Tá legal, minha mãe tá bem puta.
— É, cala a po...
— Addison! — Tio Rush interrompe tia Adds antes que ela possa estragar tudo.
— Beleza eu não sei porque eu estou aqui e... — Alan se auto interrompe erguendo um dedo indicador para nós esperarmos enquanto ele coloca um cigarro na boca. — Eu só estava tentando ajudar e, alguém tem um isqueiro ai?
— Aqui. — Blue joga para ele e eu e Matteo tapeamos a testa no mesmo momento em que ela arregala os olho e morde o lábio inferior.
— Blue Courtiney Fay Blanderfool, porque diabos você tem um isqueiro? — Tio Rush pergunta quase tendo um infarto.
Minha mãe e tia Adds seguram a risada.
— Churrasco? — Blue diz sem certeza sabendo o quanto estava ferrada.
— Senhor Blanderfool, o isqueiro é meu. Eu pedi para ela guardar em seu bolso enquanto eu tentava achar meu celular. — Matteo diz tomando o isqueiro das mãos de Alan que no último segundo consegue acender o cigarro e parece convencer meu tio.
— Ei sem cigarro aqui crianças. — Adds toma o cigarro das mãos de Alan e da uma tragada. — Vê só Elle, que má influência. — Ela passa o cigarro para minha mãe.
— Onde já se viu fumar aqui em casa, né amor? — Minha mãe traga indignadissíma e entrega para o meu pai.
— Eu já disse que nessa família ninguém ia fumar. — Ele traga e passa para tio Mike.
Nós observamos tudo isso com os olhos arregalados. Eles estão se ouvindo?
— É tão feio ver criança fumar, imagina adultos. Ninguém fuma hoje em dia, todo mundo sabe que faz mal pra saúde. — Tio Mike traga e diz tudo muito sério. — Né não cara. — Ele cutuca o resolutor do hospital enquanto traga e ele está nos olhando do jeito mais assustado possível.
— Obrigada. — Blue sussurra para Matteo do meu lado e ele da um meio sorriso para ela.
Franzo a testa e olho para Alan que está mais assustado que eu.
— Eles acabaram de serem legais um com o outro? — Pergunto para Alan que continua sem entender.
— Voltando ao assunto e... Me passa essa merda. — Tio Rush pega o cigarro e pisa em cima dele.
— NÃOOOOOO. — Alan grita subindo em cima do sofá enquanto aponta para o chão com uma cara chorosa. — Esse era meu cigarro especial, era para momentos tensos, você é um monstro sabia? Um monstro!
Alan fica emocionado.
— Calma cara, nós vamos conseguir outro pra você. — Matteo o empurra para sentar de volta no sofá e Alan abraça ele quase chorando. — Shiii, vai ficar tudo bem.
Matteo é quase o pai de Alan.
— Não, era o Brodw, cara. O Brodw era meu maço favorito.
— Céus quando essas crianças ficaram tão loucas? — Adds pergunta chocada com a cena e olhamos para ela como se ela não tivesse coração. — O que foi? Ele tá chorando por um cigarro.
— Mãe! Era o Brodw, respeita o cigarro e Alan. — Blue diz brava e só de ouvir o nome do maço, Alan começa a chorar.
— Calma menino, não chora, o tio Mike tem outro olha. — Tio Mike entrega outro maço e Alan para de chorar.
— MIKE! — Tio Rush grita com ele o repreendendo e Mike levanta as mãos em rendição. — Olha vamos fazer o seguinte, quanto o senhor quer para sair daqui e fingir que nada aconteceu?
O resolutor anota um valor e entrega para meu tio que nem sequer se impressiona com tanto zeros.
— Ótimo isso é quase toda a sua mesada, olha que legal querida. — Tio Rush da um sorriso que sabemos que não tem nenhum significado bom para Blue que arregala os olhos dando um pulo do sofá.
— O que? Não fui eu que peguei a... — Blue para por um minuto e olha para Alan e Matteo. — Tá legal! — Ela balança as mãos como se estivesse animada e revira os olhos se sentando de volta.
— Ótimo, tenham uma boa noite. — O resolutor sorri e vai embora.
Meu pai suspira indignado.
— É só dar dinheiro que eles ficam de boca calada, impressionante como nada mais se resolve com uma boa conversa.
— Cara... Tá parecendo um velho barbudo que passa o dia inteiro tomando cerveja na varanda. — Tio Mike diz para meu pai e rachamos. Dou tanta risada que meus olhos lacrimejam.
— Ai ai, noite boa né, mas eu ainda estou com muito sono e acho que essa conversa pode ser reagendada para amanhã de manhã. — Digo me espriguiçando.
Não era mentira. Eu estava com sono graças a porra da injeção que Alan me deu, mas minha mãe esperou eu dormir por cinco horas até voltar o assunto e daqui a quatro horas já seria manhã.
Ela suspira olhando para nós.
— Tudo bem, só porque amanhã cedo você tem que estar no set de gravações.
— Porra. — Suspiro baixinho.
Eu havia me esquecido que estou gravando uma série e eu teria que estar bem cedo amanhã.
Merda.
— Aí tia, tem um suquinho ai? — Alan pergunta esfregando a mão na barriga. — Mó fome.
— Vai pra cozinha Alan. — Minha mãe responde o de sempre para Alan.
— Eles vão dormir aqui hoje tá? — Aviso minha mãe apontando para Matteo e para Alan que já caminhava para a cozinha como se fosse dono da casa.
— Todo dia eles dormem aqui. — Meu pai resmunga em tom de brincadeira.
Escutamos um barulho na janela dos fundos e tio Rush gesticula para ficarmos em silêncio. Ele sempre atento, semicerra os olhos e quando a luz do corredor é acessa, nós tomamos um susto.
— Merda Holly! — April resmunga tapeando a testa.
As duas estavam totalmente arrumadas e maquiadas. Com certeza foram na festa de alguém escondidas. Pena que são novatas nessa arte.
— April e Holly Pankow, o que vocês pensam que estavam fazendo? — Minha mãe pergunta voltando a se estressar e eu, Blue e Matteo suspiramos por não sermos mais o foco da noite.
April cruza os braços chateada.
— Por que meu nome sempre vem na frente se todos sabem que Holly que fez a merda e só me obrigou a ir? — Ela pergunta e sinto pena dela pois ela está certa.
— Bom... — Me levanto e os dois atrás de mim fazem o mesmo. — Eu não sei como mas agora vocês estão ferradas. — Cantarolo bagunçando o cabelo das duas.
— NOAH! — As duas gritam partindo para cima de mim mas sou mais rápido e corro para o meu quarto rindo.
Bem, na verdade tento correr mas tanto eu como as gêmeas, tropeçamos nos próprios pés e caimos de cara no chão.
— Com certeza seus filhos. — Tio Mike diz rindo para minha mãe.
— Dane-se, quero as duas aquu e você também Mike. — Minha mãe aponta para tio Mike que arregala os olhos. — Nada de se questionar, você prometeu cuidar dos meus filhos. Era só olhar eles e dizer não e olha só onde chegamos.
Deixo essa confusão toda para eles resolverem e eu, Matteo e Alan nos trancamos em meu quarto. Blue não pode vir porque seus pais a chamaram para dormir só que todos sabemos que depois de meia horinha, nossas famílias estariam de volta aos seus quartos e nós...
Nós estariamos dentro de um carro com os faróis apagados indo para a praia de madrugada surfar e comer batata frita.
Assim que Alan estaciona o carro nós saimos gritando e tirando nossas camisas. Blue já estava de biquíni correndo até o mar e jogo minha camisa, na areia mesmo, correndo até ela junto com nossos amigos.
Entro no mar já afundando Blue que ri e me empurra subindo em minhas costas e me afundando também. Alan entra e grita sacudindo a cabeça e molhando todos nós. Matteo é o último pq está recolhendo nossas roupas e fazendo um montinho num lugar para não perdemos.
— Para de ser organizado Matteo, vem logo. — Blue fala alto para ele ouvir e ele tira sua camisa para correr até nós.
— Que cara foi essa ein Blue? — Pergunto para minha prima com a cara que ela fez ao ver ele sem camisa.
Ela revira os olhos e vai dar um mergulho. A água está escura e um pouco perigosa demais para quatro adolescentes numa madrugada, mas já fazemos isso a anos. Então já temos experiência com esse tipo de coisa.
— Stained coffee cup, Just that fingerprint. Of lipstick's not enough — Blue começa a cantar e faço o som da batida. (Xícara de café manchada. Só aquela marca. De batom não é o suficiente)
— Sweet, where you lay. Still a trace of innocence. On the pillowcase. — Alan completa e fingimos que a água é uma bateria. ( Doce, onde você deita. Ainda há um traço de inocência.Naquela fronha.)
— Waking up. Beside you I'm a loaded gun. I can't contain this anymore. I'm all yours, I got no control. No control
Cantamos todos juntos bem alto enquanto rimos e fingiamos que nossas mãos eram microfones.
(Acordando. Ao seu lado, sou uma arma carregada. Não consigo mais aguentar isso. Sou todo seu, eu estou sem controle. Sem controle.) | No control, one direction|
Ficamos mais um tempo no mar tentando afundar uns aos outros, cantando, brigando, tentando ver até aonde Alan funcionava como uma boia e até tentei surfar nele mas nós dois caimos na primeira onda.
— Vai lá comprar batata, Noah. — Blue me empurra para fora do mar mas leva um tombo quando uma onda a atinge.
— Ó lá a Ariel gente, pequena sereia. — Debocho dela vendo o tamanho do capote que ela levou. — Não sabe nem na...
POR QUE EU SEMPRE TROPEÇO?
— Eu já pedi pra comprar batata não comer areia seu idiota.
Mando o dedo pra ela e me levanto limpando meu peito e minha barriga da areia e afasto meus cabelos caminhando até o quiosque da plataforma que sempre estava aberto essas horas. Eles tem as melhores batatas fritas e tem gente que vem para a praia como nós. Mas não é sempre, também não sei o porque que eles abrem até agora.
— E ai cara? Me vê dois combos de batata, por favor. — Peço e o cara gordinho e rabugento acena indo prepara-las. Me encosto no parapeito da grande plataforma de madeira e empurro meus cabelos olhando para o mar.
Mas minha visão acaba parando em uma garota na ponta da plataforma, com os braços cruzados no parapeito. Seus cabelos parecem escuros na noite que a engolia ali, mas balançava e se enrolavam pelo vento. Está usando uma jaqueta preta surrada e um short jeans e... Nossa que pernas. Mas seus ombros estão chacoalhando.
— Merda. — Sussurro para mim mesmo e passo a mão com força nos cabelos que estavam quase secando pelo vento.
Ela está chorando e eu odeio ver meninas chorando.
Sou contra a vontade de ir até lá e tentar acalma-la mas meus pés já estão me traindo e caminahndo em sua direção. Estou quase na metade do caminho quando vejo algo que estava ao seu lado cair no mar.
— Ah não... — Sua voz parecia desesperada quando a bolsa caiu e algo em mim me diz que é uma bolsa importante. Não pelo valor do material mas do que tinha ali dentro.
Então eu corro e pulo aqueles oito metros abaixo para afundar na água com um grito dela lá de cima. Abro meus olhos e vejo a bolsa vermelha que parecia de pano, então nado rápido até ela e seguro a mesma voltando para a margem.
A garota já desceu a plataforma e está correndo em minha direção, mas para assim que me vê sair da água e andar até ela.
— Pankow?
Aquela voz... Essa garota...
Franzo a testa ao chegar mais perto da mesma e olhar em seus olhos.
— Sky?
Ficamos um tempo nos encarando. Essa garota a minha frente só pode ser Sky. Os olhos daquela garota eram difíceis de esquecer, principalmente quando ela está me olhando desse jeito agora.
— Meu dia só piorou. — Ela resmunga tomando a bolsa de minhas mãos e a apertando contra o peito sem se importar de que está toda molhada.
Dou um sorrisinho de canto.
É por isso que eu não esquecia desse olhar tão provocador.
— Continua tão chata desde a última vez, ein. — Concluo e ela semicerra aqueles lindos olhos verde mar.
— Vá se ferrar seu idiota. — Ela empurra meu peito mas não tem força o suficiente para me fazer ao menos ir para trás.
Sky Stewart, minha antiga colega de classe. Durante todo o ensino médio e tempo que nos conhecemos, nos odiamos tanto a ponto de receber um xingamento seu como bom dia durante todos os anos letivos. Ela nunca se misturava com as pessoas e me lembro que ela só tinha dois amigos, mas desde o último ano eu não a via com eles. Por algum motivo ela me odeia demais e por outro motivo eu acabei nutrindo a mesma coisa, mas por diversão. Eu adorava deixa-la irritada como está agora.
— Onde está o resto do bando? — Ela pergunta em deboche porque sabe que eles sempre estão por perto e na escola não era diferente. Nós podiamos ter milhões de amigos ali, mas os de verdade, que são eles, sempre estavam juntos.
— Em algum lugar do mar, iamos comer batatas frita... Digamos que não tivemos uma noite boa. — Dou uma risadinha e ela levanta as sobrancelhas.
— Claro, devem ter se metido em alguma confusão escandalosa como todos vocês ricos e mimados fazem.
Reviro os olhos para o comentário dela.
— Pelo menos estamos na praia se divertindo depois de nos ferrarmos não chorando igual uma criancinha solitária na plataforma. — Digo um pouco mais frio do que eu gostaria de ser e ela engole em seco.
— Eu tenho motivos mais nobres para estar chorando Pankow, então vá pro inferno. — Ela bate o pé e sorrio ao ver como isso a afetou.
Olha só, consegui ganhar dela num argumento!
— Okay, já estou indo, meus demônios devem estar com fome. — Digo andando ao seu lado e ela não olha na minha cara. — Por falar em fome, você ainda trabalha na Streat Burguer?
Pelo silêncio da para perceber que não.
Coço a nuca e mordo o lábio inferior.
— Estava chorando porque está sem emprego? — Pergunto e ela para derrepente e respira fundo de cabeça baixa. — Por favor não chore na minha frente, eu não sei lidar.
Ela me empurra mais sei que um pequeno sorriso despontou de seu rosto pelo jeito como falei.
— Em parte sim. — Ela arruma a jaqueta fungando e erguendo o queixo para fingir estar bem. Mas seus olhos dizem que ela está destruída por dentro.
Por algum motivo, Sky trabalhava dobrado naquele lugar. Um lugar nojento onde eu tenho certeza que o dono não era um dos melhores caras do mundo e o dinheiro não devia dar para nada, mas mesmo assim ela trabalhava e ainda trabalhava na biblioteca da escola. Mas como estamos de férias e acabamos de nos formar...
De repente tenho uma idéia.
— Sabe... — Começo pegando as batatas fritas e pagando o cara. — Aceita? — Ofereço a batata mas ela nega. — Bem, eu estou trabalhando numa série e ouvi por aí que eu precisava de uma assistente.
Ela bufa sabendo em que rumo eu quero chegar.
— Ah qual é? Minha mãe está me enchendo o saco faz duas semanas dizendo que eu preciso de alguém que me organize e ninguém melhor que uma pessoa que já brigava comigo o dia inteiro, para brigar mais um pouco, porém com motivo...
— Eu sempre tive motivos para brigar com você, Pankow! — Ela me interrompe e faço uma careta.
— Eu sempre tive motivos para brigar com você Pankow... — Imito ela com uma voz péssima e ela emiti um som de desgosto. — Olha, pensa bem. — Digo e ela para de frente pra mim, cruzando os braços. — Se estava chorando porque saiu daquela merda, é porque precisa de grana e eu pago bem. Muito bem na verdade e você deve imaginar isso.
Ela umidece os lábios e analisa meu rosto por um instante. Enquanto ela pensa, aproveito para admirar mais um pouco seu rosto. Ela não era aquele tipo de garota californiana que eu estava acostumado, era diferente. Nem parecia querer pertencer a Califórnia. Mas aqueles lábios dela eram lindos, falavam muita besteira e me xingavam demais, mas eram lindos.
Pelo jeito que me olha, sei que vai aceitar a oferta. Dou um sorrisinho.
— Seu trabalho começa amanhã a tarde, na minha casa para eu te mostrar pra minha mãe e ela aprovar.
— Que porre. — Ela resmunga e revira os olhos.
Dou risada por isso.
— Você não conhece minha mãe.
— Claro que conheço, eu já assisti todos os trabalhos dela e do seu pai. Quem em pleno o século que estamos não conhece Elle e Rudy Pankow? — Ela diz como se aquilo fosse dito por todos.
— Então ela vai adorar conhecer a fã número um dela. — Digo em provocação e ela fica super irritada. — Até amanhã gatinha. — Pisco para ela e viro as costas ouvindo milhões de xingamentos.
Não seria fácil ter Sky por perto, mas tenho certeza que pela grana ela faria um bom trabalho.
Oiiiie, o que acharam do capítulo?
Gente essa família tentando resolver as coisas... KSKSKSKSKS não da!
Hmmm personagem nova no caminho, o que acharam dela com Noah?
Não se esqueçam de votar e comentar ❤
Fotinho da Sky Stewart:
Até o próximo capítulo!