Apenas Meu

By mjesssilva

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APENAS MEU - SÉRIE APENAS - LIVRO 1 Agatha Salazzar é incomum e carrega segredos em sua mala mental. Ela... More

Prólogo
Capitulo 1:
Capítulo 2:
Capítulo 3:
Capítulo 4:
Capítulo 5:
Capítulo 6:
Capítulo 7:
Capítulo 8:
Capítulo 9:
Capítulo 10:
Capítulo 11:
Capítulo 12 (parte 1):
Capítulo 12 (parte 2/3)
Capítulo 12 (parte 3/3):
Capítulo 13:
Capítulo 14:
Capítulo 15:
Capítulo 16:
Capítulo 17:
Capítulo 18 (parte 1/2):
Capítulo 18 (parte 2/2):
Capítulo 19:
Capítulo 20:
Capítulo 21:
Capítulo 22:
Capítulo 23:
Capítulo 24:
Capítulo 25 (parte 1/2):
Capítulo 25 (parte 2/2):
Capítulo 26:
Capítulo 27:
Capítulo 29:
Capítulo 30:
Capítulo 31:
Capítulo 32:
Capítulo 33:
Capítulo 34:
Capítulo 35:
Capítulo 36:
Capítulo 37:
Capítulo 38:
Capítulo 39:
Capítulo 40:
COMUNICADO.
Capítulo 41:
Capítulo 42:
Capítulo 43:
Capítulo 44:
Capítulo 45:
Capítulo 46:
Capítulo 47:
Epílogo:
Agradecimentos:

Capítulo 28:

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By mjesssilva

NI: Tô torcendo pra vocês começaram a gostar do Henrique de novo, galerinha <3

**

Be my friend, hold me, wrap me up, unfold me. I‘m small, I'm needy, warm me up and breathe me.
Seja meu amigo, me segure, me envolva, me descubra. Eu sou pequena, estou carente. Me aqueça e me respire (Breathe Me – Sia).

Uns dez dias depois, eu estava decorando o quarto de Júlia. Com ela me ajudando, é claro. Naquela manhã, eu passei em sua casa antiga cheia de caixas e a coloquei na cadeirinha no banco traseiro, prendendo todos os cintos que a salvaram no seu acidente e que levaram sua mãe embora. Ela conversava sobre as pessoas que passavam na rua, afastando os fios do seu rosto abanados pela brisa que entrava pela janela.

Ela era linda e não tinha culpa de ser filha de um casal... distorcido. Uma mãe louca de paixão por um homem que a amou em algum instante, mas de maneira tão superficial, que quase não existia sentimento. Um pai estuprador de meninas jovens e aquele foi o único momento em que agradeci pela morte de Natan. Deus sabe o que ele poderia ser capaz de fazer com a própria filha.

Estacionei numa vaga de uma loja de móveis planejados e soltei todos os cintos de Júlia, ajudando-a a descer do carro com cuidado e ativando o alarme. Ela mesma ajeitou o vestido rosa em que sua babá a vestiu e tomou a iniciativa de agarrar a ponta dos meus dedos entre sua pequena mão.

- O que viemos fazer aqui, dinha? – Ela indagou, abaixo de mim, levantando o rosto para me fitar melhor.

Era incrível, que com tão pouca idade, ela conseguisse falar as coisas e além de tudo entender o significado do que dizia. Ela tinha apenas três anos!

- Viemos comprar as coisas pro seu quarto novo, você não quer me ajudar a escolher? – Perguntei, olhando para baixo e sorrindo para seu rosto.

A resposta veio quando ela se soltou da minha mão e passou pelas portas automáticas, seguindo rumo às decorações brancas e rosas.

*

Naquela mesma noite, Júlia ligou para seu pai na empresa e pediu para dormir comigo, com a liberação dele, nós passamos em uma loja de roupas e compramos algumas para deixar no meu apê.

Chegamos conversando sobre as peças que ela escolheu, enquanto eu respondia àquelas perguntinhas constrangedoras que crianças costumavam fazer. Quando abri a porta, ela soltou as sacolas a sua esquerda e tirou os pequenos sapatos, organizando-os ao lado das sacolas e correndo em uma direção só, com os olhos brilhando e um grande sorriso se estendendo por seu rosto. Entendi o porquê quando ela pulou no colo de Henrique. Este, vestido como não se vestia há muito tempo. Com uma bermuda pendendo na cintura fina, os cabelos bagunçados. Todos estavam lá. Cate e Eliot, como nos velhos tempos. E Bruno e Emily, mostrando que os novos tempos estavam lá.

- Como foi o passeio com a mamãe? – Henrique indagou, talvez não notando o uso incorreto das palavras. Ainda assim, Bruno parou de mastigar seu pão, olhando de mim para ele e parando seu olhar sobre mim.

- Foi legal. – Júlia respondeu risonha, com os braços apoiados nos ombros de seu... pai.

Sim, aquele era o termo correto. Era ele quem criava e dava a educação correta. E acho que ele acertou em me colocar como mãe, mas não me sentia segura e nem bem com isso. Mesmo com o pedido de sua mãe antes da morte, eu me sentia uma ladra. E quem tinha que decidir isso não era ou Henrique e muito menos Melissa. Quem tinha de decidir se eu podia ser chamada de mãe era a própria Júlia.

*

Os dias estavam passando depressa. Júlia ficava no meu apartamento com Bruno frequentemente. E agradecia aos céus por ter sua presença nos meus dias mórbidos. Naquele final de semana – ou seja, no dia seguinte – ela iria ficar na casa dos avós maternos por um tempo, como o combinado após a morte de Melissa. Suas pequenas malas estavam todas arrumadas.

Dei play no IPad e o som saiu por todas as caixas do apartamento. Júlia mexeu seu corpo instantaneamente.

- O bolo vai demorar muito, dinha? – Ela indagou atrás de mim. Me virei e abanei a cabeça em negativo, cantarolando a música em silêncio. Estávamos à vontade em casa. Eu com um shortinho que não chegava ao início das coxas e um top que sustentasse bem os seios. Ela estava só de blusinha e calcinha, o que a deixava ainda mais infantil do que era. – Dinha? – Ela chamou novamente e me virei com a bacia nos braços, movendo a colher para mexer a massa. A batedeira estava bem próxima, mas eu preferia fazer como minha mãe fazia quando era do tamanho de Júlia. – Posso ver TV no seu quarto?

- A música está incomodando, amor? – Indaguei pronta para abaixar o som.

Ela abanou a cabeça em negativo, fazendo seu cabelo se abanar junto. – Só quero ver desenho.

- Tudo bem. – Respondi. Me movi em sua direção, enquanto ela movia as pernas com ansiedade contida. Peguei-a pela cintura e coloquei-a no chão.

Ela começou a caminhar, mas retornou antes que chegasse à sala. Ela me puxou com seus dedos, até que eu me ajoelhasse para ficar na sua altura. Seu dedo minúsculo se levantou e ela o passou pela ponte do meu nariz, até a ponta do mesmo. As lágrimas escorreram assim que ela saiu e aquele era um fato que eu nunca enfrentaria sozinha. Eu precisava de alguém naquele momento e o único que entraria por aquela porta naquela noite, seria Henrique. Eu o queria como amigo. Só para tirar a dor do meu peito, mesmo sabendo pelos problemas que ele passava.

Consegui controlar o choro e terminei a massa do bolo de chocolate, colocando-o no forno. A campainha tocou e antes de chegar perto da porta eu sabia quem estaria atrás dela. Meu coração acelerou e minhas mãos ficaram frias pelo suor instantâneo que tomou conta de ambas. Caminhei até a porta com lentidão e respirei fundo antes de abri-la por inteiro, encontrando Henrique com o paletó e a gravata em mãos e um sorriso nos lábios. Em suas mãos, ele trazia uma garrafa de vinho lacrada e uma rosa vermelha. Eu sorri, sabendo que estávamos em uma fase de conquista e adorando estar passando por aquilo com alguém que já tinha meu coração.

- Entre, visitante. – Pisquei ao vociferar meu antigo apelido.

Ele entrou, tirando os sapatos com os pés e chutando-os para o lado. – Parece que invertemos os papéis. – Ele se abaixou e esquentou a lateral do meu rosto com um beijo cálido, enquanto eu trancava a porta da sala. – Onde está Júlia? – Ele indagou, caminhando até a cozinha e deixando o vinho sobre o balcão, olhando em todas as direções possíveis.

O nome da menina no quarto me levou de volta ao momento que ocorreu na cozinha. Ao carinho que queria de um filho meu.

- Está no quarto. – Respondi, caminhando em sua direção. Enquanto sentia seus olhos percorrendo meu abdômen e pernas desnudos. Era de atiçar o desejo de qualquer mulher.

Ele acenou em positivo, mostrando que entendera.

Repentinamente, senti que aquele era o momento certo para enclausurar certa dúvida minha. Como convidando a se sentar, eu puxei um dos bancos com pernas compridas e me sentei, puxando um pouco a barra do shortinho, para não se parecer tanto com uma calcinha. Seus olhos seguiram os movimentos dos meus dedos.

- Precisa de ajuda? – Ele indagou, sorrindo de maneira cafajeste e fazendo meu coração palpitar.

- Obrigada. – Sorri, desviando da cantada. – Queria te perguntar uma coisa. – Desviei o assunto completamente.

- Sim. – Ele incentivou, virando-se e abrindo as portas dos armários sobre sua cabeça, realçando seus bíceps sob o tecido da camisa e deixando o início de sua boxer a mostra. Ele retornou com duas taças em uma mão, separadas por seus dedos longos. Ouvi o baque da porta do armário e pulei, assustando-me. – Pode perguntar, linda.

Eu me derreti toda e me recuperei para perguntar: - Você amava mesmo Melissa? E por favor, eu quero que seja inteiramente sincero comigo.

Ele fez uma longa pausa, enquanto abria o vinho com extremo conhecimento do que estava fazendo e servia as duas taças pela metade, deslizando uma pelo balcão na minha direção. Depois de tomar um pequeno gole, ele abriu a camisa e deixou-a sobre o balcão e eu podia garantir que nunca tinha me sentido tão à vontade ou presente em um lar com minha família. Ele puxou um banco para se sentar bem diante de mim. Seus olhos estavam profundos e não conseguia enxergar nada além daquele brilho de memórias em seu olhar.

- Sinceramente? Eu pensei que amava. E foi por isso daqueles acontecimentos estranhos entre a gente. Pensei que poderia construir uma família com ela e com a menina que vinha a caminho. E sou sincero em dizer que sempre desconfiei da paternidade. Mas também sou sincero ao dizer que amo aquela criança no quarto. E que quando não quis ficar com ela foi puro...

- Medo. – Completei sua frase, como o que senti. – Sinto muito.

- Você não precisa sentir por nada, Agatha. E agora é minha vez de perguntar. – Ele se animou, abrindo um grande sorriso que se estendeu por seu rosto, iluminando-o. – O que você esconde de mim? – Meu coração afundou com sua sinceridade, ele sabia que ainda tinha algo. – Eu posso até imaginar o que seja, mas quero ouvir você me falando.

- Eu... eu... – Respirei fundo, desviando um pouco os olhos e decidindo não contar de cara o que havia ocorrido, decidi repercutir com uma história, para explicar tudo de uma vez. – Quando meus pais descobriram que fui estuprada, eles imediatamente marcaram consultas apressadas para mim. Depois de vários exames, veio a notícia de que eu tive um ponto de sorte naquele momento, mas que carregaria aquele fato pelo resto da minha vida. Eu nasci sem o útero, Rick. Não posso ser mãe. Não posso procriar um ser no meu ventre, nem sentir os chutes desta em um futuro. – As lágrimas já estavam rolando por minha face, Henrique não se aproximou como todos fizeram quando descobriram e gostei mais ainda daquilo. – Quando tive minhas tentativas de suicídio, não foi depressão por ter sido abusada, eu achava que era. Mas descobri que aquele só era um dos pequeninos fatos que ajudava. A maior tristeza que eu guardava era o fato de não poder construir uma família. Não poder dar uma neta ou neto pra minha mãe. E impedi-la disso porque sou filha única. Foi por isso que sofri tanto quando cheguei e me deparei com Melissa grávida. Ela sabia desse meu segredo, provavelmente por Natan e me chantageou, dizendo que contaria pra você. Foi por isso que viajei. E quando voltei, minha intenção era te contar tudo, pra enfrentarmos meus demônios e termos um relacionamento verdadeiro, mas...

- Era tarde demais. – Ele completou com olhos vagos, olhando-me com atenção.

O forno apitou nos avisando que o bolo estava pronto e eu fiz o que eu queria ter feito quando ele entrou por aquela porta vestido daquele jeito. Eu me atirei em seus braços sem pensar no que aquilo acarretaria para nossa relação. Sem pensar no que tínhamos, enfim, compartilhado. Sem pensar no futuro ou passado, mas curtindo o presente com a maior intensidade que eu podia me permitir. Fiquei entre suas pernas, sentindo-as me preencher do quadril para baixo. Abracei seu pescoço com força, inalando seu cheiro gostoso e me enroscando toda nele, enquanto ele me abraçava pela cintura, me apertando com seus dedos ágeis e me deixando chorar por aquilo que eu também não podia dar para ele. Um filho.

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