Nova York. Um lugar de extrema agitação, era incrível como não parava nem um minuto. Mas era uma agitação boa. Me lembro de entrar e sair de metrôs, táxis e ônibus o tempo inteiro quando eu era mais jovem. Mesmo tendo um carro eu gostava de me misturar no meio das pessoas. A calmaria em exeço me deixava solitária. Me fazia pensar e as vezes minha mente consegue ser minha pior inimiga.
Dentro do táxi, eu observava as pessoas andando atrasadas para seus trabalhos, com cafés e pastas nas mão.
Me peguei observando uma moça andar apressada pelas ruas com um lindo xale vermelho enrolado em seu pescoço, o que destaca seus cachos ruivos volumosos e seus olhos verdes como âmbar. Uma redatora! Isso, ela deve ser uma redatora que trabalha para uma revista que não entende que ela é talentosa o suficiente e a colocou no menor papél possivél. Ela está andando rápido porque sabe que seu novo chefe vê apenas seus defeitos, se ela se atrasar, será menos um ponto e mais um motivo para ela chegar em casa e contar tudo para sua melhor amiga acompanhada de um shot gigante de vodka.
Na direção contrária a sua, um homem de cabelos negros e olhos castanhos que claramente por uma coincidência perfeita ele trabalhava na mesma revista mas estava gripado e voltou a trabalhar hoje. Seu lugar na empresa era bem melhor que o dela já que ele andava despreocupado mas ainda assim com um pouco de pressa pelo horário.
Um sorriso me escapou dos labios quando os dois se esbarraram e o café do homem cai em seu xale. Ela ficou mais vermelha que seus cabelos e o xingou.
Mas, logo seus olhos se fecharam em frustração quando ele começou a se desculpar. O mesmo, sem jeito, retirou o xale da moça e passou o seu pelo pescoço dela. Ela olhou pra ele, surpresa e em troca recebeu um sorriso simpático do homem. Certeza que aquele sorriso a deixou de pernas bambas por um minuto. Eu gostaria de saber o que aconteceria depois, mas infelizmente... Ou melhor, felizmente, o trânsito foi embora dando passagem aos táxis.
— Um clichê por aqui. — O taxista me tirou dos pensamentos vendo que eu observava aquilo pela janela.
— Ainda assim, acho lindo. — Ri. — Isso é tão comum quanto correr de assaltos pelas escadárias daquele prédio. — Apontei vendo que uma mulher corria nas escadarias de fora daquele prédio com um ladrão atrás dela. Ele provavelmente pegaria sua bolsa e não acharia nada já que a mulher de meia idade escondia a carteira nos peitos.
— Ah sim! — Riu o motorista. — É bem observadora garota. — Agradeci vendo Rudy só observar a conversa bem quieto.
Desde pequena, para passar o tempo, eu fazia isso. Observava as pessoas e tentava adivinhar como eram suas vidas. Aquele senhor ali, sentado lendo um jornal no banco de concreto do parque, deve ir ali todos os dias. Ele acorda cedo, toma seus remédios e um café, logo vai para o parque e lê o jornal que acabou de ser comprado na banca da esquina e só sai dali para alimentar os patos. Parece que mais uma vez eu estava certa, ele foi alimentar os patos com um pedaço de pão que estava guardado num papel dentro de seu bolso.
— Chegamos. — Rudy me chamou enquanto pagava o homem e saimos do carro amarelo. A cafeteria estava bem a nossa frente e me lembrei de ter ido ali várias vezes com Adds, Scar e um antigo amigo estudar até tarde para passar nas provas.
Entramos rápido para ninguém nos reconhecer do lado de fora. Outer Banks fez muito sucesso, mais do que imaginavamos.
O sininho da entrada tilintou e procurei com os olhos Jaden. Havia poucas pessoas ali. Uma senhora comendo omeletes e um café enquanto assistia o jornal da manhã e comentava com um homem rabugento que parecia estar mais interessado em ver o tinder em seu celular. A garçonete se preocupava em atender os outros quatro clientes da loja com cuidado e a moça do caixa estava me concentrada em passar os esmaltes rosa nas unhas. E ali estava Jaden.
Nossos olhares se encontraram e sorrimos um para o outro. Jaden estava diferente, parecia muito pensativo. Seu semblante além de preocupado parecia... Distante.
— Vamos amor. — Peguei em sua mão e caminhei até a mesa onde Jaden nos esperava.
— Elle! — Jaden se levantou de braços abertos. — Que saudades! — Dei risada e me enterrei naquele abraço carinhoso.
— Faz muito tempo mesmo. — Concordei e enfim Jaden percebeu minha companhia.
— O que ele tá fazendo aqui? — Sussurrou do meu lado com uma pontada de raiva.
— Jaden, Rudy se ofereceu para ajudar. Confie nele okay? — Assegurei segurando no braço do meu namorado e Jaden respirou fundo antes de voltar a sorrir como que para apenas me agradar.
— Bom, prazer em reve-lo Rudy! Como está? — Jaden apertou a mão de Rudy que forçou um sorriso. Sim eu sei, aquilo era constrangedor e estranho mas se os dois me amam eles precisam suportar a idéia de se verem. Principalmente nessa situação.
— Vou bem Jaden, com Elle então... Ai! — Rudy exclamou baixinho quando o cutuquei nas costelas.
— Elle eu tomei a liberdade de pegar uma limonada italiana pra você e... Bom eu não sabia que ele viria. — Apontou para Rudy com certa provocação.
Tá legal aquilo já tá me dando dor de cabeça.
— Beleza, meninos antes de irmos ao assunto principal... — Vi uma garçonete passando e chamei sua atenção. — Querida traga um café expresso sem espuma por favor. — Pedi para Rudy e me voltei a eles novamente que pareciam dois pitbulls se encarando. — Será que tem como vocês se darem bem, por mim? — Eles pararam de se encarar e voltaram-se a mim. — Por favor?
— Tudo bem. — Responderam juntos e nos sentamos a mesa que era mais distante do resto das outras.
— Então vamos ao plano. — Jaden falou baixinho quando a garçonete foi entregar o café para Rudy e percebi que ela se engraçou demais.
Por que elas usavam uma saia tão curta?
— A reunião vai acontecer no palacete principal de Nova York. No final da noite, Richards esperará por mim, meu pai e seus conselheiros. Vamos ficar na sala de estar usada como sala de reuniões. Pelo o que fiquei sabendo, haverá um apagão assim que Richards assinar o contrato falsificado. — Arregalei os olhos quase engasgando com a bebida. — Dentro desse apagão vão tentar o assasinato.
— Tem alguma coisa que pode ser usada como arma nesse lugar? — Rudy perguntou diretamente para Jaden.
— A adaga Kunt.
Suspirei de medo só de ouvir aquele nome.
— Eu não entendo porque Richards insiste em deixar aquela droga de enfeite no palacete. — Balancei a cabeça em negação.
— O que tem nessa adaga de tão importante? — Rudy perguntou e uma sombra de sorriso se formou nos lábios de Jaden, talvez feliz por saber mais de minha família do que meu namorado.
— É uma adaga feita á aço chinês, com jóias de todo o oriente. Um presente dado por Kublai Khan, para a família. — Rudy se impressionou.
— Espera, o que criou a dinastia luã e dominou quase toda asia oriental? — Rudy perguntou e confirmei. — Puta merda Elle! — Rudy era um fã do oriente e tinha certeza que ele ficaria impressionado. — Por isso os olhos de Richards são meio puxadinhos?
— Não mais que idiotice. — Jaden bufou. — Richards é mais velho que nós, obviamente os olhos ficam um pouco mais puxados. — Jaden respondeu com irritação.
— Jaden! — Chamei sua atenção e ele pigarreou antes de continuar. — Não meu amor, Richards tem descendência Norueguesa e Russa, porem a família dele em toda a geração se aliou as forças antigas do oriente, para evitar mais guerras com os Estados Unidos. — Expliquei para Rudy.
— Tenho certeza que o ataque será com a Adaga. — Jaden prosseguiu. — Só ela conseguiria matar quem quer que seja, se enfiada no peito. E usando uma luva é capaz de ser qualquer um. — Ficamos em silêncio pensando.
— E Rush? — Perguntei esperançosa de que meu irmão estava a par de tudo.
— Ah me lembrei. Rush não está aqui, ele teve que ir com urgência para a França. — Franzi a testa.
Sério Adds? França? Voltar pra terra natal justo agora? QUE VOCÊ ACABOU DE GANHAR BEBÊ.
— Adds viajou escondido dele com a pequena Blue para mostrar a garotinha a França mas como a menina tem apenas três meses o médico não deixou. Só que conhecemos Adds e ela não escuta a ninguém, somente Rush.Então, ele pediu para que você tomasse controle na base. — Arregalei tanto os olhos que podiam ser comparados com os pires dos cafés dos meninos.
— Q-Que? Eu? — Não acreditei. — Ele só pode estar brincando. — Ri irônica.
— Não Elle. É sério e você vai precisar ir até a base comandar como você deseja esquematizar o ataque e logo depois você tera de ir pra casa como se foi apenas para visitar Richards. — Engoli em seco.
— Nós vamos te ajudar amor, não estará sozinha.— Rudy beijou o alto da minha cabeça e ouvi Jaden respirar fundo pela cena.
— Tudo bem só me dêem um minuto. — Pedi saindo da mesa e eles se levantaram preocupados. Mas não me seguiram quando viram que eu fui até o banheiro feminino. Aquilo era tanta informação que abri a cabine com tudo e vomitei dentro da privada. — Ah merda!
— Tá tudo bem querida? — Uma senhora perguntou me vendo daquele estado e me pus a limpar tudo com pressa forçando um sorriso.
— Ah sim, não se preocupe. — Ela ainda estava parada na minha frente.
— Está esperando um bebê? — Perguntou e tossi quase me engasgando só de pensar na possibilidade. Vasculhei na minha mente a última vez que menstruei e um peso foi embora das minhas costas.
— Não senhora, minha mestruação está em dia. — A agradeci pela procupação e sai do banheiro limpando as lágrimas. Mas a cena que vi fez elas voltarem, assim como a dor de cabeça. Rudy e Jaden discutindo sobre mim. — Eu vou embora. — Peguei minha bolsa e eles pararam assim que viram que eu estava decidida a ir mesmo.
— Amor!
— Am..er... Elle!
— Será que os dois bebêzinhos podem parar por um minuto? — Me virei pra eles e eles se assustaram ao ver meus olhos cheios de lágrimas. — Não podem entender que eu estou numa fase delicada? Olha quanta coisa caiu nas minhas costas em menos de um dia? Podem pelo menos fingir se darem bem por mim? Depois vocês nunca mais vão se ver. — Respirei fundo, mas as lágrimas eram teimosas.
— Me desculpe.— Jaden pediu sem saber o que fazer. Ele sempre fora mais desesperado por não saber com lidar com uma mulher chorando. Já Rudy era diferente e sempre conseguia parar as lágrimas.
— Desculpa amor. — Rudy me abraçou fazendo carinho na minha cabeça.
— Tudo bem agora, eu vou pra base militar, Jaden vá para o escritório e disfarça, Rudy precisamos conversar. — Espalhei as ordens e eles começaram a me obedecer. — Oh céus! — Suspirei de olhos fechados enquanto pedia um táxi.
(...)
Paramos em frente ao grande prédio afastado da cidade.Um prédio enorme e todo envidraçado, era lá que Rush trabalhava. United States Secret Service! A agência secreta dos Estados Unidos estava em minha mãos para um anti assasinato porque o idiota do meu irmão cometeu a proeza de me colocar nessa posição.
— Eu não vou conseguir. — Dei dois passos para trás recuando.
— Elle, para com isso...
— Não, você tinha razão. Eu sou apenas uma atriz. — Choraminguei.
Céus o que ta rolando comigo hoje?
— Meu amor — Rudy me pegou pelos ombros. — Você não é só uma atriz, você é a atriz. Você pode fazer tudo o que quiser porque sua inteligência é incrivel. E você é a mulher mais forte que eu já conheci em toda a minha vida. Não dê ouvidos ao que eu disse numa briga, não é o que eu acho. Por que eu tenho certeza que você vai comandar isso aqui muito bem. — Eu olhava nos olhos de Rudy como se eu fosse tão pequena.
— Certo.— Concordei. Eu passei desesseis anos da minha vida rodeada de coisas desse tipo, todos achavam que se eu não fosse atriz eu seria agente como Rush e Richards que foi um dia... Mas agora eu precisava usar uma carta na manga. — Tive uma idéia. — Rudy sorriu. — Tá bem... Vamos fazer o que nós dois sabemos de melhor. — Rudy franziu a testa.
— Transar agora? — Dei risada.
— Não, claro que não. A segunda coisa então. — Pedi.
— Atuar. — Estalou os dedos.
— Isso. Quero que finja que somos JJ e Blue numa missão. Consegue me entender? — Ele balançou a cabeça em acordo. — Ótimo então vamos. — Juntei toda minha coragem e dei dois passos. — Espera.
— O que foi ago... — Interrompi Rudy com um beijo.
Ah meu deus aquilo era tudo o que eu precisava para seguir em frente.
— Obrigada.— Sussurrei e ele ficou até meio tonto pela surpresa. Seguimos até a recepção e quando mal entramos já fomos barrados.
— Quem pensam que são para entrarem assim? — Uma mulher que aparentava ter quase a mesma idade que eu e com um distintivo brilhante na cintura nos parou.
— Fui chamada para organizar um anti ataque. — Tentei explicar mas ela riu com os braços cruzados.
— Todos os dias vem algum merdinha falar isso, você acha que é a única que quer invadir este lugar? — Perguntou olhando bem no fundo dos meus olhos.
O que a Blue faria agora? Mandaria ela tomar no cú sem medo de ser presa mass...
— Que se foda o que acontece aqui. — Tanto ela como Rudy arregalaram os olhos.— O que importa é que eu vou entrar nessa merda você querendo ou não, e se você me irritar mais um pouco eu mesma tenho direito de te demitir.
— Como é que é? Garota você tem noção do que tá falando. E com quem está falando? — Ela ia tirando uma arma de choque do bolso.
— Acho que a pergunta aqui é outra. Mas já respondendo, você — Ressaltei. — Está falando com Elle Blanderfool, isso mesmo, irmã de seu superior Rush Blanderfool. — Mostrei o distintivo e o documento que uma vez Rush me dera para ter acesso livre numa emergência.
— M-me desculpe senhorita, vocês dois estão liberados. Vou dar passagem para vocês. — Ela ficou mansinha e foi indo na frente.
— Não vou negar que você fica tão linda desse jeito. — Rudy sussurrou no meu ouvido e sorri.
Passamos por diversos corredores, elevadores e salas até chegarmos no centro de comando que ficava no subsolo. Lá vários homens trabalhavam em equipamentos, computadores e carregavam armas para tudo que lado. Poucas mulheres estavam fazendo algo o que me decepcionou bastante.
— Garotos. — A moça de mais cedo que descobri se chamar Tina gritou mas eles não deram ateção. Isso porque ela berrou umas sete vezes.
Peguei uma arma que estava do meu lado e atirei num vaso que passou raspando por entre os homens que estava ali. Eles ficaram tão assustados que nem abriram a boca para falar. Somente um se atreveu.
— Quem essa garota pensa que é pra atirar aqui dentro? — Olhei para seu crachá e descobri que seu nome era Kisha. Um moreno alto e forte, com cabelos mais rentes ao couro cabeludo o que dava a entender que foi recentemente cortado, levantou a voz pra mim.
— Meu nome é Elle Crystal Blanderfool. — Eles arregalaram os olhos. — Isso mesmo, Rush me enviou até aqui para eu ajuda-los a organizar um anti assasinato ao seu presidente chefe Richards Blanderfool.
— Como que essa garotinha vai liderar alguma coisa, ela não é atriz pornô? — Um homem cochichou mas eu ouvi e meu sangue ferveu, me fazendo seguir até ele.
— Essa garotinha que você fala é uma mulher de vinte e dois anos bem decidida que usa uma arma tão bem que sou capaz de mata-lo agora mesmo sem nem perceber. — Ele ficou com medo de mim apenas pelo meu tom de voz. — E atriz pornô é o caralho, entendeu? Eu sou atriz mas agora não sei onde você achou meu nome num site pornô já que os vídeos que você vê te ajudam a dar a rosca.
— WOOOOOOOOOOOOOOOW! — Os outros caras começaram a rir e sai como Adds, desfilando.
— Chega de brincadeira, preciso que vocês me escutem e façam exatamente o que eu falar. Eu tenho um plano que vai colocar o senhor Arthur no lugar dele. — Falei olhando para todos. — Na cadeia.
— É ISSO AI! — Comemoraram e respirei fundo.
— Mais para isso eu vou precisar de um subcomandante para a operação já que eu mesma estarei dentro do palacete. — Passei os olhos em todos ali, eu era muito bom de decifrar as pessoas apenas pelo olhar.
— Senhorita Blanderfool eu sou o subcomandante de Rush e... — Kisha ia falando mas o interrompi olhando já para a minha subcomandante.
— Senhorita Diane, um passo a frente. — Ela sem medo veio até mim e a olhei dos pés a cabeça. Ela era perfeita, tinha porte, era decisiva e desde que cheguei aqui vi ela concentrada no projeto que estudava. Além de Richards já ter mencionado seu nome várias vezes nos jantares. — Quero que seja minha subcomandante...
— O que? — Os homens daquele local começaram a negar.
— Escutem, se alguém continuar se opondo contra minhas idéias vai sair daqui e ir direto pra porra da rua ouviram? Será que vocês tem medo de ser comandados por uma mulher por isso são assim? — Debochei e eles calaram a boca. — Rudy. — Chamei meu namorado e ele parou do meu lado. — Okay, o plano é o seguinte...
Oiii meus amores, tudo bem?
Sei que nosso combinado é no máximo três capítulos por semana esse mês mas eu estou viajando. Antes que falem algo, estou seguindo todos os protocolos de segurança.
Mas como não gosto de deixa-los na mão, escrevi alguns e deixei pronto pra vocês.
Espero que tenham gostado do capítulo de hoje.
Não se esqueçam de votar e comentar ❤
Próximo capítulo vai ser beeeem... Olha, preparem os coraçãozinhos.