Capítulo 9- Sonho Interrompido

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Olá, pessoal. Aqui está mais um capítulo. Espero pelos comentários. Beijos. Rosana


Ammybeth observou a carruagem dos pais virarem a curva da estrada, e saiu correndo para encontrar Lucas .Viam-se quase todos os dias, e ela sentia como se sua vida estivesse dividida em duas, e ela fosse uma atriz que representava dois papéis diferentes. Em um ela era Ammybeth Velásquez, a filha zelosa e obediente, que fazia tudo para agradar os pais, que nunca levantava a voz ou o olhar quando o pai lhe dava ordens como se fosse um de seus empregados, e que jamais contestava qualquer palavra sua. No outro, ela era apenas a menina Ammybeth, que deixava suas vestes de princesa dentro de um baú em seu quarto, e se tornava uma garota comum, livre de sua condição social, que corria para os braços do homem que amava e vivia os melhores momentos de sua vida.

Ela nunca pensara que sendo tão jovem pudesse viver um amor avassalador assim. Quando estavam juntos, havia algo diferente no ar, como se vivessem em um universo paralelo acima do bem e do mal, nada podia atingi-los, nem a fúria do seu pai caso descobrisse por onde sua nobre filha andava e nem aquele casamento absurdo que o pai a obrigada a aceitar. Ammybeth sequer pensava nisso quando os lábios de Lucas estavam sobre os seus, enquanto suas mãos subiam da cintura dela até a nuca em um passeio sensual que a deixava ofegante, e ela ia descobrindo aos poucos o que o que era ter desejos por alguém.

Em sua inocência, ela não compreendia muito bem o que era aquele bolo em seu estômago, quando ele lhe beijava o pescoço, ou aquele calor que nascia em seu baixo ventre e se espalhava por seu corpo inteiro como se ela tivesse perto de uma grande fornalha quando Lucas colava seu corpo no dela não deixando nenhum espaço entre os dois. Apenas conseguia pensar que se eles a deixavam em um estado eufórico e excitante fazendo-a se sentir tão cheia de vida, deviam ser classificados como bons, e Ammybeth não queria deixar de senti-los nunca.

Estar com Lucas era tão fácil, respirar o mesmo ar que ele a fazia ter sonhos acordada de viver uma vida inteira ao lado dele sem nunca mais terem que se separar. Ele era a pessoa certa para ela, e mesmo que não fossem da mesma condição social, ela não pretendia abrir mão dele, pois não conseguiria mais viver uma vida onde Lucas não estivesse com ela.

Mas, o tempo não estava do seu lado, o destino parecia predestinado, e quanto mais rezava para as coisas mudarem lhe apontando uma saída, mais se via enredada naquela trama.

O pai já falava em adiantar os trâmites do casamento, e a mãe já encomendara o tecido para o vestido de noiva, e fora atrás da melhor doceira da cidade para preparar os quitutes do casamento. Ninguém parecia interessado em sua opinião , se esqueciam que ela era a noiva, e a tratavam como uma marionete, moldando-a da maneira que mais convinha a todos.

Ammybeth observava a tudo com desespero. Não suportava pensar que teria que dividir a vida com aquele homem desprezível. Se não bastasse toda a palhaçada daquele casamento, ela tinha que tolerar a presença do Conde três vezes por semana. Ele sempre aparecia para o jantar, e tratava a casa de Ammybeth como se fosse dele, dando ordens aos empregados e fazendo o que lhe dava prazer, tudo com o consentimento de seu pai, que apertava os dentes de raiva pelo comportamento do Conde em sua própria casa, mas disfarçava sua ira por trás de um sorriso complacente, apenas por que não queria perder a tortura vultosa que receberia com aquele casamento. A mãe de Ammybeth tratava o Conde como se fosse um rei, seus olhares para ele lhe davam nojo, era como se a excitasse o fato de aquele homem poderoso estar sentado à sua mesa. Às vezes, Ammybeth tinha a impressão que se ela e seu pai não estivessem ali, sua mãe e o Conde se atracariam ali mesmo na sala de jantar.

Era algo horrível de se pensar sobre a própria mãe, mas somente naqueles momentos, era que a menina percebia que Marilla Velásquez tinha sido sempre assim. Adorava ter a atenção toda para si, principalmente dos homens, e isso somente piorara quando começara a disputar essas atenções com a própria filha. Ammybeth apenas se admirava de seu pai não perceber esse lado volúvel de sua mãe, mas, talvez até percebesse e não desse importância, assim como a filha era um mero objeto para que ele obtivesse o que desejava, a mãe podia muito bem ser vista como uma mera peça decorativa em sua casa.

Anne with an E-  flames of the past- AUWhere stories live. Discover now