Epílogo

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"Não há ruptura de laços entre aqueles que se amam no infinito do espaço e na eternidade do tempo. [ Emanuel]"

ANNE E GILBERT

A bailarina se movia no palco em passos delicados, rodopiando com uma leveza que quem a observasse tinha a sensação que ela estava flutuando.

Conforme a música prosseguia em suas passagens mais intensas, os movimentos dela também se tornavam mais rápidos, interpretando cada nota com saltos e giros que contavam uma história de amor de séculos.

Em um canto do palco estava o pianista, que enquanto seus dedos corriam pelas teclas do instrumento, seus olhos seguiam a bailarina em todos os estágios da dança, sentindo seu peito explodir de amor e admiração por aquela que sempre fora sua, em todas as vidas que tivera nesse mundo.

Em algum ponto do espetáculo, seus olhares se encontravam e a conexão perfeita acontecia entre eles, como interligados em suas almas por algo além deles e de toda compreensão humana, até que o espetáculo por fim terminou com um último rodopio sem erros, onde a felicidade tantas vezes negada foi alcançada, dando aquela demonstração de arte o realismo que a história encenada ali merecia.

Muitos aplausos quebraram o silêncio de uma plateia elevada pelo amor, romantismo e tragédia e por último, o final feliz que todos esperavam, fazendo com que a bailarina emocionada e o pianista orgulhoso do sucesso estrondoso de mais uma noite de espetáculo se abraçassem, e trocassem um beijo de amor, tendo como espectadores milhares de pessoas que deliravam cada vez que isso acontecia noite após noite, em território nacional e internacional também.

O espetáculo Ammybeth vinha sendo parte da turnê de Gilbert Blythe durante dois anos ininterruptos. A música que um dia fora composta para a musa de seus sonhos, se tornara imprescindível em todos os seus recitais , por isso a ideia de colocar Anne como bailarina nessa parte do show, também fora dele, a qual ela aceitara sem muita persuasão do marido.

Ela adorava dançar, e viu ali também uma oportunidade de estar com o rapaz durante suas viagens, pois depois de toda a separação que tiveram que viver, ela não desejava ficar longe dele de forma nenhuma.

Participar daquele espetáculo também era uma forma de homenagear a sua outra vida, a mulher que fora e que não pudera concretizar seu sonho de amor. Mas fora por causa dela que enfim encontrara o caminho certo para o seu coração, e se libertara de todas as suas prisões internas para ser quem era agora, ao lado do único amor de sua vida. Anne estava feliz, e sentia que sua essência de Ammybeth também estava.

Seus sonhos estavam sendo realizados aos poucos. Ainda atuava como advogada em causas beneficentes, trabalhava como professora de ballet na escola de música do marido e tinha a casa dos sonhos que Gilbert lhe prometera.

Era de frente para o mar em uma vizinhança luxuosa, mas isso não era o mais importante. Ela gostava da calmaria que o lugar lhe proporcionava, e ter a visão das ondas se quebrando nas pedras enquanto tomava seu café da manhã, era o cenário mais fabuloso que poderia ter ao nascer de um novo dia.

Suas famílias estavam bastante unidas agora. Marilla e Luísa estreitaram suas amizade do passado, e Matthew e John se tornaram grandes parceiros no jogo de xadrez, enquanto que Ruby e Josie pareciam ter desenvolvido grande afeição uma pela outra, e assim seu caminho e de Gilbert parecia ter sido aberto em todos os sentidos.

A única coisa que lhe faltava era um bebê. Anne vinha tentando engravidar desde o último ano, mas ainda não havia acontecido. Ela fizera todos os exames e nada de anormal fora constatado. Sua médica lhe dissera que ela deveria ter paciência, pois aconteceria quanto menos estivesse esperando, e que controlar a ansiedade era o primeiro passo para que seu corpo relaxasse, e trabalhasse a seu favor.

Anne with an E-  flames of the past- AUWhere stories live. Discover now