Anne with an E- flames of the past- AU

Capítulo 55 - O silêncio

ANNE

Anne ouviu a voz de Gilbert falando com ela, mas não conseguia entender uma única palavra. Seu coração estava disparado e uma sensação ruim dentro de si parecia drenar todas as suas forças. A imagem de Josie não saía de sua cabeça, e não saber o motivo dessa projeção mental piorava tudo.

Algo lhe dizia que sua irmã estava em perigo, mas Anne não conseguia intuir que tipo de perigo poderia ser, já que Josie estava em um colégio particular nos Estados Unidos bastante prestigiado, onde a segurança máxima era garantida para seus internos. Ainda assim, seu coração parecia falar com ela em uma linguagem fraternal que somente ela conhecia.

Era um tipo de conexão que tinha com a irmã em determinadas situações desde que eram crianças. No início, ela pensara que fosse bobagem quando começara a ter esse tipo de intuição. Anne até falara em suas sessões de terapia sobre isso, mas a terapeuta lhe dissera que aquilo não era nada fora do normal, e que o que ela chamava de "premonição " a respeito do que estava acontecendo com Josie no momento em que pensava nela, eram apenas preocupações excessivas da parte de Anne por serem irmãs, e estarem muito ligadas uma na outra.

Por certo tempo, a ruivinha tentara ignorar seus pensamentos em relação a irmã. Mesmo quando pareciam tão fortes que era como se estivessem tendo uma conversa telepática. O interessante era que não acontecia em todas as situações, apenas quando Josie parecia estar passando por uma situação difícil, ou seu estado de espírito estava com vibrações tristes ou depressivas. Quando vários acontecimentos provaram a Anne que ela não estava exagerando em suas preocupações, e que sua intuição a respeito daquele momento específico estava certa, ela parou de lutar contra esse sexto sentido mas nunca mais falara sobre ele com ninguém, por receio de que a enxergassem como desequilibrada, e seria mais um fato negativo sobre si mesma com o qual teria que lidar.

Talvez Diana a tivesse ouvido sem julgá-la, mas Anne não sabia ainda sobre a crença da amiga nesse tipo de coisa, por isso preferira não arriscar e guardar apenas para si aquele segredo. Assim, através dos anos, todas as vezes que Josie não estava bem, a ruivinha sentia em seu coração, como agora.

-Anne.- A voz de Gilbert pareceu chegar até ela de tão longe, como se estivessem em uma linha telefônica, e em cidades completamente distintas. Porém, o toque suave dele em seu ombro, a fez encará-lo com seus olhos anuviados, perdida nas imagens em sua cabeça.

-Querida, fale comigo. O que está acontecendo? Sente alguma dor?- Anne balançou a cabeça, se lembrando que estava com a mão sobre seu peito, por isso, Gilbert chegara a conclusão de que ela estava com alguma dor física. Como explicar a ele que era algo que vinha de dentro não como uma dor, mas sim como um presságio?

Anne fechou os olhos e respirou fundo, tentando fazer passar o aperto em seu peito que a estava sufocando. Respirar estava muito difícil, e por isso, ela evitava falar ou suas forças se esgotariam rapidamente. Era como quando tinha suas crises de ansiedade, porém mais intensa e muito mais angustiante. Vagamente, ela sentiu as mãos de Gilbert em seus cabelos, e suas tentativas em descobrir o que estava acontecendo, falando com ela baixinho. Por fim, ele a pegou no colo,e a carregou apressadamente até o quarto, onde se deitou na cama com ela em seus braços.

As batidas do coração de Gilbert contra seu peito tiveram um efeito calmante sobre suas emoções, melhor e mais rápido que qualquer remédio que pudesse tomar. Sua conexão corporal com Gilbert também era espantosa. Ele parecia saber exatamente do que ela precisava, guiado pelo instinto do sentimento que partilhavam. Pela primeira vez desde que soubera que seus destinos estavam entrelaçados por séculos, ela percebeu com certo assombro como era bom ter alguém que conhecia tão profundamente suas camadas, que não precisava se expressar verbalmente para que Gilbert entendesse sua alma.