Capítulo 49- Forças invisíveis

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Olá,  pessoal. Estou postando mais um capítulo de flames, e esta também é uma história muito  especial para mim. Muito obrigada pelos 5 kg de leitura, e pela fidelidade de todos vocês que a  acompanham a cada postagem. Eu sei que o assunto abordado aqui é bastante complexo de entender , mas quem lê minhas histórias sabe que nunca escrevo nada sem um propósito e todas as minhas histórias possuem uma mensagem com o intuito de melhorar a vida de alguém. Então, eu espero que essa história, assim como todas as outras que tenho postado tragam um alento para qualquer infortúnio pelo qual estejam passando no momento. Beijos e até o próximo.

ANNE

O som do piano ecoava pela casa, e desde aquela manhã criações de Vivaldi, Bach, Bethoven e Mozart deslizavam pelos dedos de Gilbert em seu momento mais inspirador, enquanto cada clássico era reproduzido nas teclas do instrumento, misturando harmonia e talento de uma só vez.

Anne estava trabalhando no escritório que havia em sua casa, e a música suave chegava até ela como uma missão pacificadora para seu nervosismo e ansiedade sempre presentes agora. Várias vezes naquele dia, ela teve que se levantar de sua mesa, ir até a janela e observar a chuva lá fora. Era uma daquelas tardes melancólicas por si só, quando os sentimentos se tornavam densos, o coração procurava conforto em coisas terrenas contrastando com a alma que parecia mais sensível a cada pequeno detalhe no ambiente ao seu redor.

Uma brisa gelada passou pelas frestas da janela aberta, e Anne apertou seu casaco contra o corpo para se proteger melhor. Ela acordara se sentindo estranha naquela manhã, e não entendia bem aquela sensação de peso em seu coração.

Obviamente não podia culpar o tempo que amanhecera triste, ou as nuvens no céu que anunciavam mais chuva para aquele dia. Anne simplesmente não se sentia ela mesma naquele momento, e transitar entre a sua dualidade de personalidade a estava afligindo demais.

Ela sabia do que precisava, e estava a exatamente a poucos passos da sua porta, mas, não queria tornar sua dependência emocional maior do que já era, e decidiu que seu remédio que se chamava Gilbert Blythe teria que esperar.

Ele dormira ali todos os dias daquela semana, porque Anne não se sentia bem e Gilbert insistira em ficar para cuidar dela. Anne adorava tê-lo por perto, mas tinha receio de abusar demais de seus cuidados e de sua presença. Ainda não tinham se casado e embora isso não demoraria a acontecer, Anne não se via no direito de roubar o tempo do noivo para si, sabendo de sua apertada agenda diária.

Gilbert era um pianista dedicado, e no tempo em que passava com ela em sua casa, ele se desdobrava entre duas tarefas, a de praticar porque sua profissão o exigia, e dar toda atenção que Anne precisava, mesmo que tivesse que diminuir seu tempo de composição própria e leitura de suas partituras, e não era isso que Anne desejava.

Ela detestava essa vulnerabilidade que a deixava mais sensível do que o normal. Chorar nunca fora algo fácil para ela, que passara os últimos anos endurecendo seu coração, e afastando cada emoção que pudesse atrapalhar seu desempenho diante de um júri exigente dentro de um tribunal.

Anne aprendera com Matthew Cuthbert que um advogado que se deixava levar por seus sentimentos perante um caso, era um fracasso desde o princípio e não seria de grande serventia para o seu cliente. Ou se aprendia a ser duro como uma rocha, ou se desistia da profissão para sempre.

Seu pai tivera grande êxito em sua jornada como advogado por isso, ele era a imagem da frieza e e do autocontrole, e ela nunca chegara a saber se essa sua postura era apenas fachada ou se ele realmente era isento de sentimentos.

Para a grande decepção de Matthew, Anne era totalmente o oposto dele, e apesar de no início de sua carreira, ela ter tentado seguir os passos dele, logo ela percebeu que não era feita da mesma matéria que seu pai.

Anne with an E-  flames of the past- AUWo Geschichten leben. Entdecke jetzt