Capítulo 19- O fruto proibido

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Olá, capítulo de flames postado mais cedo. Espero que gostem e comentem. Beijos. Farei a correção depois


ANNE

Era quinta-feira à noite, e Anne se encontrava sozinha em casa. Ela nunca se importara com isso antes, porque sempre preferira à solidão a ambientes abarrotados de gente, e depois de passar o dia todo fechada em um escritório ou indo de um tribunal outro para cuidar dos casos de seus clientes, aquele momento em que tirava os sapatos, preparava algo preferido para comer ou beber, e se sentava na frente da TV para assistir filmes clichês era a melhor hora de seu dia. Entretanto, naquela noite por alguma razão, ela se sentia tão inquieta que não teria se importado de ter uma companhia para conversar e distrair sua cabeça de pensamentos que não deveriam brincar com sua mente, mas estavam lá, insistentes, repetitivos e perturbadores.

Gilbert Blythe e seus maravilhosos olhos castanhos tinham mexido com seu psicológico, e ela não conseguia mais tirá-lo da cabeça. O que exatamente estava acontecendo com ela? Nunca fora de se impressionar por homens bonitos que defendia nos tribunais, a neutralidade e o profissionalismo sempre vieram em primeiro lugar, mas, naquele caso, seu bom senso a estava abandonando, ao mesmo tempo que algo lhe dizia que ele não era como os outros, e podia acabar lhe causando um problema imenso.

Anne, afastou os cabelos do rosto, se levantou respirando fundo e foi para a cozinha buscar mais pipoca. Ela precisava de uma distração e o filme que estava vendo não estava lhe sendo muito eficiente nessa função, mas, ainda assim, ela se manteve sentada no sofá olhando para tela sem realmente prestar atenção, pois o que dominava completamente sua cabeça era os dois últimos encontros que tivera com Gilbert Blythe. Ela não sabia dizer o que havia nele que atraía sua atenção, mas, havia algo tão dolorosamente familiar no jeito do pianista olhá-la que Anne se sentia completamente indefesa perto dele, assim como sentia que se o deixasse se aproximar demais, ele conseguiria derrubar todos os muros que ela construíra em torno de suas emoções ao longo do anos, e deste modo a imagem da advogada fria e competente cairia por terra, por isso, ela fugira, porque se enxergara naqueles olhos castanhos tão vulnerável como realmente era, seu instinto a levando para longe quando seu coração desejara desesperadamente poder ficar.

Ela tinha que encontrar uma maneira de barrar aqueles sentimentos que vinham à tona cada vez que baixava sua guarda quando estavam juntos, e o mais estranho de tudo era que tiveram apenas três encontros, mas em todos eles, ela sentira como se fossem velhos conhecidos. Era tão bom conversar com Gilbert, ouvir suas histórias, e era assustadoramente fácil se abrir para ele e deixá-lo enxergar sua verdadeira face, e Anne não gostava da ideia de alguém conseguir ultrapassar suas barreiras sem ter que se esforçar muito.

Isso nunca acontecera com seu noivo com quem convivia a bastante tempo. Anne conseguia conversar com Billy tudo sobre o trabalho, o que acontecia no seu dia a dia, sobre sua relação com seus pais, mas seus sentimentos mais íntimos sempre ficavam trancados a sete chaves, e nunca os expunha em conversas mais pessoais com seu noivo. Isso não tinha nada a ver com confiança, e sim com a sua dificuldade em colocar em palavras suas próprias emoções, e mesmo durante o ano em que se consultara com seu psicólogo ela jamais chegara ao ponto de se abrir de verdade, e ele muitas vezes lhe dissera que ela era o tipo de paciente que globalizava todos os seus pensamentos e sentimentos, mas nunca deixava que ele soubesse o que realmente estava sentindo.

Anne sabia que não fazia isso por medo ou rebeldia de uma adolescente com uma inteligência muito acima da média. Ela só não conseguia verbalizar sua raiva, frustração ou dúvidas como a maioria das pessoas fazia, porque estava tão trancada dentro de si mesma que falar com exatidão sobre tudo o que sentia era trabalhoso e desgastante demais, e com o tempo ela se tornara uma especialista em representar e fazer todos acreditarem que era exatamente aquela mulher de quem os jornais e mídias comentavam cada vez que ganhava um caso. Muitas vezes ela era vira as expressões, "dura como uma rocha", "fria como gelo", "cortante como uma navalha", "um gênio em ação", com grande humor, pois eram descrições que sempre caiam como uma luva em seu pai, mas, ela como uma boa Cuthbert tinha que manter a reputação da família intacta. Contudo ninguém sabia, de suas crises de ansiedade, da solidão de suas noites, e da sensação de nunca ser suficiente, porque enquanto todos viam como certa sua caminhada ao topo, Anne senta esse ideal cada vez mais distante, por conta das cobranças que impunha a si mesma.

Anne with an E-  flames of the past- AUOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz