Capítulo 50 - Quando a chuva passar

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Olá, pessoal. Mais um capítulo de flames. Espero que me deixem seus comentários e votos como incentivo. Essa música é uma poesia. Eu a amo demais , e achei que combinava com o capítulo.

ANNE

As pálpebras pesadas quase não a deixavam abrir os olhos, e quando o fez foi com grande esforço que ela lançou o seu olhar azul para o quarto estranho que não era o seu. Um pânico momentâneo a dominou por não conseguir se lembrar por que estava ali e não em sua própria casa, mas, então a lembrança chegou como um espinho que ocultamente fora colocado em seu coração, e que a rasgou por dentro com seu veneno letal e dolorido.

Gilbert e Winifred, os dois se beijando, aquela cena parecia gravada em sua mente para sempre e à qual nunca conseguiria apagar. Anne tentou bloqueá-la, empurrá-la para longe, mas como um sofrimento que beirava ao masoquismo, ela a reviveu uma, duas, três, quatro, na quinta vez já estava soluçando desconsolada. Seu peito estava vazio, seus braços estavam vazios, ela precisava de Gilbert, mas ele não estava lá daquela vez para envolvê-la com seu amor, porque seus lábios estavam muito ocupados colados nos de outra mulher, e ela não conseguia aceitar aquilo, assim como cada músculo dolorido de seu corpo sentia absurdamente a falta dele, e incapaz de suportar aquela agonia, Anne começou a golpear o travesseiro com seus dois punhos fechados, e a soluçar cada vez mais alto, até que sentiu os braços de Diana trazendo-a para perto de si, enquanto a ninava como se fosse uma garotinha que tivesse caído e ralado os joelhos e precisasse de um beijo carinhoso para se consolar.

Mas não havia consolo para seu coração estraçalhado, nenhum beijo iria apagar a sua dor, ela se sentia tão cansada como se tivesse corrido muitos quilômetros, e o ar de seus pulmões tivesse se esgotado completamente.

- Anne, querida. Me diga o que está acontecendo? Você me deu um tremendo susto. Tive que chamar um médico para te ver, e se continuar assim vou ter que te levar para um hospital. - Diana disse preocupada em ver Anne naquele estado em que nunca a vira antes. Normalmente, ela era tão controlada, e mesmo em uma situação difícil nunca era fácil saber o que ela estava pensando, porque sua amiga nunca fora exatamente um livro aberto em relação a si mesma, como uma boa advogada, ela sabia blefar, fingir, manipular, estar no controle de cada uma se suas ações, sem deixar que ninguém soubesse como se sentia por dentro, por isso era assustador vê-la desmoronando sem saber o que fazer para ajudar.

Anne tentou falar, mas verbalizar o que tinha acontecido era mil vezes pior do que tê-lo só em sua cabeça, por isso ela apenas deixou que as lágrimas continuassem a rolar, enquanto Diana apenas a olhava tentando entender o que se passava em seu coração.

- Querida, você sabe que pode confiar em mim, e me contar o que quiser. Não guarde isso só para você, ou vai acabar ficando doente. - Diana disse, fazendo mais uma tentativa em desvendar toda aquela tristeza que via nos olhos da amiga. Então, seu telefone tocou pelo que parecia ser a vigésima vez naquele dia, e ela não precisou olhar para saber quem era. Gilbert Blythe era a pessoa mais persistente que já tinha conhecido, mesmo depois de Diana não ter atendido nenhuma de suas ligações, o rapaz continuava insistindo, e o motivo de não tê-lo atendido fora porque seus instintos lhe diziam que ele tinha tudo a ver com o súbito abatimento de Anne.

- Gilbert me ligou a manhã inteira, Anne, e estou quase atendendo para mandá-lo para o inferno por isso, mas se o fizer ele vai descobrir que você está aqui. É o que você quer?- Anne se apressou em balançar a cabeça negando. A última coisa que precisava era ver se cara a cara com Gilbert, pois ela tinha certeza que não aguentaria olhar para ele sabendo do que o rapaz tinha feito.

- Eu sabia. Isso tudo tem a ver com ele, não é? Por que não me conta o que aconteceu, Anne? Por pior que seja, eu vou entender e tentar te ajudar. - Anne sabia da sinceridade da Diana. Ela era a única a quem sempre pudera contar tudo sem medo de julgamento ou crítica. Durante muito tempo ela fora o único suporte que tivera em seus momentos mais complicados, porque nunca conseguira confiar em mais ninguém até encontrar Gilbert.

Anne with an E-  flames of the past- AUWhere stories live. Discover now