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Como sempre parei na frente da casa da praga e desci do carro com toda raiva do mundo. Júlio, o pai dela, saiu acompanhado dela e do meu filho.

— Tô cansado das graças da sua filha. — fechei a porta do carro com força e andei em direção deles.

— Calma aí rapaz, vamos com calma! — ele disse fazendo um sinal pra eu parar.

— Vamos com calma? — ri sarcástico — Calma pra quem? Só se for pra vocês, porque eu tô sem paciência nenhuma. Ela não vai tirar Mike do país, porra, eu sou pai dele também! — bati no peito.

— Papai, eu não vou. — Mike choramingou correndo pra minha perna.

— Vem pra cá, garoto! — Letícia chamou. Essa porra nem tratar o garoto bem trata. — Ele nem é seu pai.

Fui bem educado, sou consciente, e muito, mais muito, controlado, graças a Deus, porque se fosse um filho da puta já tinha metido a mão na cara dela, se com razão? Sinceramente, com a raiva que eu tava dentro de mim, nem sei mais o que é ter razão. Mas eu jamais faria isso, jamais. Não me permito. Isso não é coisa de homem.

Mike não demorou pra começar a gritar e chorar. Júlio a todo momento com aquela pose dele e o nariz em pé tentando manter a classe e agir na razão, parecia que ele não batia bem e não entendia a situação que a filha dele é uma completa maluca.

— Calma Mike. — peguei ele no colo — Eu registrei o garoto, Letícia, você me mostrou o exame de DNA, se eu não sou o pai dele você tá brincando com a vida da criança? Você é psicopata?

— Ele não é seu filho Pedro, eu já consultei. — ele revirou os olhos — Até te peço desculpas pela conduta da minha filha, no entanto, eu não posso fazer nada por você. Ele não é seu.

A piranha não disfarçava o sorriso vitorioso no rosto. Eu não conseguia nem falar, é óbvio que eu correria atrás disso na justiça, que eu procuraria saber de verdade, mas por agora eu tinha que deixar ele ir. Só tristeza dentro do meu coração.

— Vamos Mike, é pra hoje! — Letícia disse esticando o braço pra pegar ele de mim. Eu desviei sem nem olhar na cara dela.

— Papai vai resolver isso, tá meu filho? Pode ficar tranquilo, você não vai ficar longe de mim por muito tempo, vou até o inferno atrás de você. — olhei diretamente pra ele — Eu te amo muito.

— Eu também papai. — ele limpou as lágrimas — Eu vou te esperar.

Eu assenti me segurando pra não chorar, ele falando assim me partia o coração. Ele me deu um abraço tão apertado que eu queria era enfiar ele dentro do meu carro e dar um sumiço, mas isso só pioraria as coisas.

— Eu te odeio! — ele gritou pra Letícia e saiu correndo pra dentro da casa.

Eu não fiz questão nenhuma de trocar uma palavra com nenhum dos dois, nem aquele desgraçado e nem a filha, os dois farinha do mesmo saco. Entrei no meu carro e dirigi de volta pra casa, a sorte é que se eu já tava enchendo a cara antes, imagina agora.

BRUNO

Uma tarde qualquer na casa do brother e eu tava na boca do palhaço, tudo influência da presença da Sarah ali. Tentei por um bom tempo esquecer ela, mas é impossível, nem tentando algo com a Mariana rolou, barra demais.

Tava por um triz de chegar nela e tentar resolver tudo, mas ela parecia tão bem resolvida, tão decidida, tão bem depois do nosso término que me dava até receio de chegar nela e dizer alguma coisa.

Só sei que Sarah sempre foi e sempre será o amor da minha vida, não sei se um dia vou encontrar alguém que me complete tanto quanto ela. Pareço até uma mulher quando digo essas coisas, mas é isso né, elas tem a sabedoria e eu só copio o que elas falam, ainda bem que tenho Malu como prima, que não é muita coisa também já que ela é zero romântica. Enfim, é isso. Sofrendo por amor com quase 27 anos na cara.

Coincidências 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora