08

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Por incrível que pareça, nossa tarde depois de todas as piadinhas estava sendo boa. Estávamos rindo a beça das nossas histórias antigas, rindo das histórias novas do Pedro e ele rindo dos perrengues que tínhamos passado com Luan por todos esses anos dele bêbado por aí.

— E aquele dia que seu Zé ligou da portaria dizendo que ele tava jogado na grama do condomínio? Caralho, eu não me aguentei de rir quando cheguei lá embaixo. — Bruno disse se escangalhando de rir.

— Porra, pior que nesse dia eu nem tava tão louco assim. — ele negou.

— Aham, imagina se tivesse. — debochei.

— Mano, que tristeza que eu perdi essa porra toda. Ô saudade que batia de vocês de lá, quando a gente ligava por Skype no início eu ficava malzão depois, batia mó vontade de voltar! — Pedro disse dando um gole na cerveja.

— E a cara da Maria Luiza quando Bruno contou pra ela que Pedro tinha virado pai? — Sarah relembrou fazendo os outros rirem e eu quase explodir de tanta vergonha.

— Fica acanhada não, Malu. Todas nós ficamos assustadas, só que tua reação tinha que ter ganhado um Oscar! — Karine riu.

— Foi melhor que a atuação dela no dia que fomos gastar o Pedro em Porto! — disse Mariana.

— Caô? — ele arregalou o olhão — Agora tô curioso! Conta!

— Cara, se vocês contarem eu nunca mais falo com vocês, NUNCA. — ameacei olhando sério.

— Era 5 de março, um pouquinho depois daquela cena no aeroporto... — Bruno fez uma introdução dramática.

— Maria Luiza tinha acabado de chegar aqui em casa de uma festa com Karine... — Sarah fez cena também.

Todo mundo tava rindo e a minha vontade era de esconder minha cara debaixo de um buraco.

— Foi quando escutou sua voz vindo da cozinha, Bruno estava em uma vídeo-chamada com você.... — Karine entrou na onda.

— Foi andando devagarzinho na ponta do pé pra não fazer barulho e atrapalhar o primo, quando de repente... — Luan fez uma pausa arregalando os olhos — escutou um menino por trás "papai?" — imitou.

Pedro escutava atentamente com um sorriso travesso nos lábios, parecia estar se divertindo com essa cena toda que eles estavam fazendo pra contar a minha vergonha.

Mariana não conseguia nem completar eles de tanto que ela ria, provavelmente lembrando.

— Sério, eu odeio vocês! — levantei indo em direção do freezer pra pegar mais cerveja.

— Deixa ela. Continua contando! — Mariana pediu recuperando o fôlego.

— Ela continuou escutando disfarçadamente, mesmo a cozinha sendo toda aberta pra sala. Bruno assim que a viu desligou a chamada rápido na cara de seu amigo. — Luan continuou.

— E foi aí.. que ele ao contar toda a verdade pra sua prima mais que trêbada, presenciou a típica cena de novela... ela foi caminhando lentamente até ir de encontro com a porta da sala, com lágrimas dramáticas caindo em seu rosto ela deslizou com suas costas até o chão abraçando suas pernas. — Karine terminou.

— Vai se foder, eu fiquei três dias rindo disso. — Sarah disse em meio a risadas.

— Eu não acho graça nenhuma! — cruzei os braços voltando pro meu lugar.

— Claro que não, quem passou vergonha foi você. Sem palhaçada, foi hilário. — Bruno disse olhando pro Pedro.

— Tadinha, eu mesmo que tinha que ter contado! — Pedro falou rindo fraco.

— Tadinha nada, só tava bêbada mesmo. — tentei aliviar minha barra um pouco.

— Aham. — Mariana debochou.

— Prometo não te fazer chorar que nem cena de filme mais, ok? — ele disse debochando da minha cara.

— Por que você não vai ver se eu tô na esquina? — mandei língua.

Ele riu fazendo um sinal de coração no ar.

— O papo tá bom, mas eu tenho uma festa pra ir. Querem ir? — Luan perguntou se levantando.

— Eu não vou, Sophia não para de chutar aqui dentro, não sei que que deu nela hoje. — Sarah disse olhando pra barriga.

— E eu, já viu né!? Cuidar da mulher e da bebê, tô bem mermo. — Bruno disse fazendo massagem nos pés da Sarah. Ela jogou um beijo no ar.

— Vou também não, quero dormir cedo hoje, amanhã tenho tanta coisa pra fazer que nem sei. — fiz careta.

— Saudade quando não tínhamos tantas responsabilidade. — Mariana fez careta.

— Nem fala! — Karine bufou.

— Bom, então vou sozinho mermo. Não rejeito uma! Quer ir? — olhou pro Pedro.

— Nada, prometi minha mãe que eu ia voltar cedo por causa do Mike, agora tô assim, filho pra cuidar. — Luan riu fraco — Deixa pra próxima!

Enrolamos mais um pouquinho pra de fato levantar pra meter o pé. Claro que ajudamos Bruno a arrumar a bagunça que tínhamos deixado na cobertura e depois fomos cada um para as suas casas.

Eu e Karine até chamamos Mari pra dormir lá em casa mais uma noite já que ela estava sozinha naquele apêzão que ela tinha, mas ela disse que tinha que se acostumar então deixamos pra lá voltando sozinhas mesmo.

— Tô morrendo de sono, vou dar uma ligada pro Guilherme e apagar! — eu disse pendurando a chave no enfeite que tinha na parede.

— Fala não, piscina me dá uma canseira! — ela disse abrindo a geladeira — Ó, só não esquece que amanhã cedo vamos ter que passar na obra.

Franzi a sobrancelha. — Ué, pra quê?

— Esqueci de te avisar, a Daniele disse que teve que mudar algumas coisas por conta de um problema de infiltração. Não entendi nada, amanhã ela vai explicar melhor pra gente aprovar as mudanças! — ela explicou bebendo um gole d'água.

— Ah, ok. Até amanhã! — mandei um beijo no ar.

Finalmente entrei no meu quarto, liguei meu ar condicionado, me despi largando as roupas em cima da cama e fui pro meu banheiro tomar meu banhozinho.

Coloquei um pijama confortável, passei um óleo no meu cabelo pra uma hidratação e me deitei na cama pra ligar pro namo.

Ligação 

— Oi bebê. — ele atendeu.
— E aí, como tá tudo aí?
— Tá tranquilo até agora. O cara do barman atrasou dando uma dor de cabeça, mas já resolvemos tudo.
— Hum, vai ficar até acabar?
— Vou não, pedi pro Alexandre tomar conta de tudo. Amanhã tenho que acordar cedo pra ir pro escritório.
— Essa vida de advogado e produtor de eventos não combina muito. — eu ri.
— Também acho, alguma coisa eu vou deixar de lado. Mas e no Bruno? Foi tudo bem?
— Sim, de boa.
— De boa mesmo? — percebi um tom de incerteza.
— Claro ué, o que demais podia ter acontecido?
— Sei lá. Pedro?
— Não começa, Guilherme. Não aconteceu nada demais.
— Hum, sei. — ele riu — Te amo, tá? Muito.
— Amo você também. Aí, vou desligar, tô cansada e amanhã já tenho coisa pra resolver cedo.
— Tá bom, boa noite.

Desliguei o telefone, larguei ele em cima da cabeceira e tentei dormir. Mas foi uma tentativa falha, fiquei pensando no dia de hoje, na carona, nas piadinhas.

Eu precisava pra ontem tratar tudo com normalidade, senão tudo ficaria uma bagunça pra mim e corria o risco da mulher resolvida que sou hoje se perder.

Coincidências 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora