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MARATONA 4/5

A festa estava passando rápido sem que eu nem percebesse. Não sabia mais onde estava ninguém, estava na pista entre a galera só balançando a raba, e quando eu olhava pra procurar o pessoal, era um belo de um nada.

As únicas pessoas que se mantinham perto de mim eram Giselle, Mirella, Miguel, Samuel e infelizmente Luan. De resto era o pessoal que eu não tinha muita intimidade.

— Cadê Mariana, Malu e Guilherme? — perguntei quando dei por mim.

— Ih amiga, vi Mariana indo pra lá com um moleque. Acho que foram se pegar! — Giselle apontou pra perto do banheiro.

— Malu e Guilherme devem tá em algum canto também, não faço ideia. — Samuel deu de ombros.

Assenti tentando entrar no meu ponto de equilíbrio porque depois de ter dançando pra caralho botando bebida pra dentro tava difícil pra eu me manter reta. E quando consegui, sai à procura de qualquer um.

Rodei todos os cantos do quintal onde estava acontecendo a festa e nada deles. Deviam estar fodendo por algum lugar inusitado, sei lá. Resolvi me sentar na grama do nada, queria descansar já que minhas pernas estavam pedindo arrego.

— Karine!? — Mirella gritou vindo na minha direção.

— Que é? Achou alguém? — gritei de volta.

— Não, me ajuda com Luan que ele tá muito doidão, acabou de vomitar pra caralho depois de brigar com um moleque. — ela disse esticando a mão pra me ajudar a levantar.

— E eu com isso? — fiz força pra me impulsar.

— Ué, não pode me ajudar? — bufei seguindo ela.

Quando chegamos onde tava rolando a pista vi Luan sentado em uma das mesas todo mole com Miguel e Giselle em cima dando água pra ele.

— Tenho uns amigos muito dos filhos da puta mesmo pra sumir e me deixar aqui com essa peteca. — reclamei.

— Peteca? Tô te pedindo ajuda não. Tirem ela daqui, não quero ela aqui, tira! — Luan começou a espernear.

Revirei os olhos ainda parada na frente dele.

— Amiga, você vai ter que levar ele pra casa de uber. Já tentei ligar pra todo mundo e nada. — Mirella disse parada com o telefone na mão.

— Ah não Mirella, por que você não leva?

— Prometi pro Miguel que essa noite não ia ficar totalmente devota as merdas do Luan, por favor Ka, faz isso por mim! — pediu fazendo sinal de prece.

Suspirei. — Tá, deixa só eu tomar uma água.

Ela assentiu me dando um abraço e foi pedindo o uber pra mim.

Eu estava longe de querer fazer aquilo, por mim eu largava ele jogado na grama até amanhã e ele que se resolvesse, mas devido a todas as perturbações eu atendi ao pedido do resto e levaria ele pra casa contra todas as minhas vontades.

Eles me ajudaram a colocar ele no uber, entrei no banco da frente e fiquei enrolando uma conversa com o motorista pra tirar a atenção dele do Luan gritando e se debatendo no banco de trás.

Paguei o cara, abri a porta traseira e puxei ele pra apoiar no meu ombro. A vontade que eu tinha era de começar a berrar, mas não ia adiantar nada, só ia me fazer passar mais vergonha.

— Porra Luan, fica que nem gente caralho! — gritei quando ele se jogou no chão do condomínio.

— Vai ser chata assim longe, eu quero me divertir ô sem graça, se joga aqui também. — riu da minha cara.

— Vou me jogar aí só se for pra te meter a porrada. — coloquei as mãos na cintura — Bora, levanta daí que eu quero ir pra minha casa dormir.

— Que isso novinha, dorme comigo lá em casa, tá doida que eu vou deixar você voltar desse jeito!? — eu ri da cara dele.

— Levanta logo daí cara! — pedi com as mãos na cintura.

Ele fez bico e se levantou aos trancos e barrancos. Apoiei seu braço no meu pescoço e o ajudei a andar até dentro do prédio deles.

— Vou de escada! — se soltou e saiu correndo pra porta da escada. Bufei.

— Luan, não! — gritei, mas ele já estava subindo. Bati o pé no chão e fui atrás dele, não podia deixar ele doido do jeito que tava subir até o último andar sozinho.

Ele tava correndo na minha frente, subindo com toda energia do mundo enquanto eu estava quase desmaiando. A cada degrau era uma respiração funda. Parei no quarto andar me apoiando no corrimão pra poder recuperar um pouco o fôlego.

— Ah, qual é!? — ele olhou pra trás e parou.

— Tô cansada meu filho. — revirei os olhos.

— Sedentária. — disse sentando em um degrau.

— Sou mesmo! Não sou igual Mariana e Malu ratas de academia não, zero disposição. — bufei.

— Hum. — abaixou a cabeça entre as pernas.

Fiquei tentando respirar melhor relaxando na parede quando escutei ele choramingando. Franzi as sobrancelhas tentando entender o que estava acontecendo.

— Tá chorando? — ri sem graça.

— Tenho saudade de você, Karine. Ainda sofro por causa de Olivia, eu queria que ela estivesse aqui com a gente, não aguento mais esse sentimento. — olhou pra mim com os olhos avermelhados.

Apertei os olhos tentando me livrar da vontade de chorar, respirei fundo me aproximando dele.

— Luan... — sentei ao seu lado — Esquece isso, já passou. Não precisa sofrer pra sempre.

— Não dá. Toda vez que te vejo eu sofro por não estar mais contigo, só beber que me faz esquecer essa porra. Hoje você com aquele moleque me deixou louco. — desviou o olhar pro chão.

Ele já não parecia estar mais tão bêbado como antes, o que era de se estranhar já que estava muito louco mesmo. Mas eu sabia que quando ele chorava as coisas tendiam a ficar mais sérias.

Ficamos em silêncio por um tempo, eu não sabia o que responder e ele provavelmente não tinha mais o que falar além de chorar. Estar ao lado dele assim fazia eu me sentir mal, mas também sentia vontade de abraçá-lo até estarmos bem novamente.

— Sobre a Olivia, nossa anjinho ainda tá viva dentro dos nossos corações e ela sabe disso. Sei que você passou a ter mais fé depois de tudo, mesmo estando assim. Fica bem Luan, ela com certeza não gosta de ver o pai dela desse jeito. — segurei a mão dele — Pode ter certeza que eu sofro todos os dias por causa disso, as coisas dela ainda estão no quarto antigo da Mari lá em casa, todo dia eu entro lá pra me lembrar do amor que eu ainda tenho dentro de mim, ainda mais depois de me tornar tão fria pra tudo, só que a gente não pode deixar de viver. Não mesmo.

— Você sabe que eu ainda te amo, né!? — olhou no fundos dos meus olhos. Engoli a seco.

— Ah, Luan...

Ele me interrompeu. — É sério Karine, eu te amo. Você acha que a gente ainda tem alguma chance mesmo que demore pra isso acontecer?

— Não sei. — disse sentindo meu coração acelerar.

— Por favor... — ele sussurrou colocando meu cabelo atrás da minha orelha.

— Não sei, Luan. Não sei. — balancei minha cabeça tirando sua mão.

Ele assentiu decepcionado.

— Vamos de elevador, por favor? — pedi sorrindo fraco.

— Ok.

Levantamos e entramos no andar pra pegar o elevador pro último. Minha sorte era que Pedro estava saindo da casa de Bruno com Mike dormindo em seu colo.

Ele franziu as sobrancelhas ao ver nós dois juntos, nem fiz questão de explicar nada, só pedi pra que ele entrasse com ele pra casa. Ele até se ofereceu pra me levar em casa, mas eu neguei já pedindo um uber. Precisava de um tempo sozinha pra pensar.

Coincidências 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora