Capítulo 30

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Corri depressa para levar minha caçula até Tereza.Ela era a fada mais sábia de todas e sabia bem o que fazer quando qualquer um ficasse doente,ou precisasse de ajuda médica.Digamos que ela era a doutora chefe dos Moors desde que chegou,e já havia ajudado muitas criaturas por conta disso,incluindo a própria Malévola.

Não tive tempo de me despedir de Philip na correria,mas agradeci mentalmente ele ter entendido que se tratava de uma urgência eu sair dali imediatamente.Resolvi desenfaixar o meu braço,e colocar Sophie no meu colo.Sinceramente não importava se eu ainda não estava bom o bastante.Tudo que importava para mim era que minha caçula ficasse.

Uma força superior tomou conta de meu ser,e senti o meu sangue passar mais rápido pelas veias,enquanto eu apressava meus passos com minha filha gemendo de dor em meus braços.Eu nunca havia experimentado algo assim antes,uma sensação tão intensa como aquela.Então isso devia ser um algum tipo de amor...era o amor de um pai por sua filha.

Com Aurora não foi desse jeito.Com ela,eu nunca tinha vivenciado este sentimento,e não era porque a princesa era menos filha,ou menos importante.Era porque sempre Malévola que cuidava dela,sempre minha ama que fazia a maior parte das coisas,e eu apenas era um auxiliador.

Agora,tinha apenas Sophie e eu.E esse fator me fez aprender a ser um pai melhor.Um pai de verdade.Porque a menina dependia única e exclusivamente de mim naquele momento.Eu sentia que mesmo quando Malévola voltasse,eu já não seria mais o mesmo.

-Papai,minha cabeça dói muito! -queixou-se a menina em meus braços,começando a chorar logo em seguida apoiando sua cabecinha em meu ombro,quem sabe buscando uma forma de aliviar toda aquela dor que estava sentindo.O caminho até Tereza parecia mais distante que o habitual,e minhas pernas humanas já estavam cansando,mas não parei em nenhum momento.

Ofegante e já meio exausto,apenas falei para Sophie que tudo ficaria bem e pedi para que ela aguentasse mais um pouco.Como eu queria que meu corpo de humano fosse mais ágil nessas horas!

Quando vi a toca das trevosas,me permiti sorrir,mesmo estando aflito por dentro,mesmo estando cansado de correr,e preocupado com minha pequena.Eu sorri porque havia conseguido.Sophie estaria sã e salva nas mãos de Tereza agora.

Assim que visualizei a fada trevosa,ela correu até mim,parecendo entender o que estava acontecendo.A criança que eu carregava continuava chorando,mas não tão alto a ponto de gritar.Eram apenas pequenos lamentos e prantos,como se algo a corroesse em seu interior.Eu a entreguei,e já nos braços de Tereza,Sophie sorriu,e balbuciou já fraca um "eu te amo,pai".

-Eu também te amo,filha -gritei,e minha voz atravessou toda a caverna como um grande eco,atraindo a atenção de algumas fadas que estavam fazendo uma refeição ali próximo.Eu não me importei com isso.Não me importei com nada.Só queria ver minha pequena bem de novo.

Para mim,era o suficiente.

Meu sangue começou a esfriar,e fiquei com a visão meio preta,com alguns pontinhos brancos embaçando a imagem que meus olhos tentavam me transmitir.Meu braço latejou um pouco,e eu me sentei na primeira coisa que vi por ali,uma tontura imensa me deixando destruído.Parei para respirar fundo,e recuperar todo o fôlego perdido.Uma fada ali,parecendo notar minha situação,me ofereceu um copo de água,e não neguei.

A empatia daquela espécie era algo que me espantava.

-Se sente melhor? -eu a ouvi perguntar.

Fiz que sim com a cabeça,ainda segurando o copo de água agora vazio em minhas mãos.Minha visão,aos poucos retornava para mim.Respirei fundo mais uma vez,duas,três.Precisava ser forte,precisava ficar firme.

LOVE-MALÉVOLA E DIAVALWhere stories live. Discover now