Capítulo 50

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A pele de Malévola estava branca como uma nuvem. Meu coração começou a bater disparado e minhas mãos suaram frio, tremendo. Eu estava com muito medo do que poderia estar havendo com minha ama. Ela não podia ficar doente, não...

-Mãe, mãe! -Aurora a chamava pela sua alcunha favorita. Desde que nossa filha começou a tratar Malévola como "mãe" e não simplesmente como "fada madrinha", muita coisa mudou entre as duas. Eu sabia que minha esposa adorava ouvir sua primogênita se dirigir a ela daquela forma -Mãe, você está me ouvido? - a princesa sacudiu um pouco os ombros da trevosa.

Mesmo estando claramente acordada e consciente, Malévola parecia não nos escutar. Como se sua mente estivesse longe ou ela estivesse incapaz de responder qualquer coisa.

Segurei minha esposa pelo braço esquerdo e Aurora fez o mesmo no outro lado. Saímos das escadas voltando para o andar de cima carregando a fada. Até mesmo Andrew se dispôs a ajudar, descendo do colo de sua mamãe e tentando empurrar Malévola conosco. Por muito pouco ela não caíra escada abaixo.

Nós colocamos a trevosa em um banco que tinha disposto ali pertinho nos corredores de nossa casa e ao sentar,ela balançou a cabeça, massageando as têmporas. Toquei sua testa para ver se não estava com febre.

-Lévola tá dodói? - Andrew perguntou para Aurora, apontando o dedinho em direção a sua avó. Ele ainda tinha dificuldades em falar o nome de minha ama com clareza. Às vezes conseguia e em outras não, porém soava fofinho de todas as formas.

-Sua vó vai ficar bem, filho –disse minha filha,agachando-se para olhar o menino com mais clareza –Não é nada -ela sorriu, mesmo que não visse motivos para fazer tal coisa naquele instante de preocupação.

A criança a sua frente lhe deu um abraço. Andrew era bem carinhoso, digamos. 

Assim como Sophie fora um dia...

-Melhor, mãe? -sibilou Aurora chegando para mais perto do corpo sentado de Malévola naquele assento negro sem costas, feito especialmente para as asas dela. Quase todas as nossas cadeiras eram assim por conta disso.

Fui para o lado de minha ama e sentei-me em outro banco,tocando sua mão. Ela parecia sem ar, fraca.

Doente.

-Tontura de novo? -limitei-me a perguntar baixinho na esperança de nossa princesa não ouvir. A mulher fada assentiu com uma expressão de dor estampada em seu belo rosto enquanto buscava respirar melhor.

Baixei a cabeça e bati meus pés no chão inquieto. Toquei o braço dela e o afaguei, como se aquilo pudesse aliviar a sua agonia. Sei que não era possível mas...ao menos ela saberia que podia contar comigo para tudo e eu estaria ali para cuidar dela.

Aurora também.

-O que você está sentindo? -questionou a menina loira de olhos claros em pé a nossa frente para a sua madrinha. Malévola suspirou e olhou para o alto, sem saber o que dizer,ou talvez sem forças para elaborar uma resposta.

-Só estou tonta -conseguiu falar, sua voz rouca e lenta como dificilmente ficava.

Andrew já entediado se sentou no chão, próximo aos pés de Malévola e começou a brincar com o sapato da mesma.

Nossa filha virou um pouco a cabeça para o lado e colocou as mãos na cintura, comprimindo os lábios.

-Tonta? -ela semicerrou as sobrancelhas -Está tonta de novo?

A fada anuiu com a cabeça.

Resolvi que ficar calado naquele momento era a melhor das opções.

LOVE-MALÉVOLA E DIAVALWhere stories live. Discover now