Capítulo 14

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Diaval

Minha vontade de gritar só aumentava a cada instante. O meu braço estava consideravelmente inchado,e cada vez que eu o olhava,parecia que seu estado piorava.A dor era uma das mais fortes que já passei.E olhe que eu já havia experimentado muita coisa.As cicatrizes,provindas da minha devassa vida de corvo eram minha maior prova.

O empurrão de Malévola me causara uma fratura inigualável. Me perguntava o porquê ela tinha feito tal coisa, ou o que tinha passado na sua cabeça. Jamais me machucaria. Ou ao menos, eu pensava isso dela até hoje.

O braço fraturado batera em uma pedra pontiaguda de mal jeito, ao passo que meu corpo foi de encontro ao chão, velozmente, dando de quebra, uma dor horrenda na minha coluna . O olhar frio de Malévola para mim quebrara meu coração, e sua partida só piorara as coisas, pois me enganei imaginando que ela me ajudaria, o que não aconteceu.

Sophie correu ao meu encontro, e diferente da mãe, gritou por todo lugar em busca de socorro e ajuda, ao ver que eu estava sangrando. Creio que foi traumatizante para ela presenciar uma cena como aquela.

Tinha vontade de chorar, relembrando todo o acontecimento. Me sentia decepcionado, magoado, eu não sabia bem. Minha mente estava uma bagunça.

Malévola não era capaz de... não assim...mas por que ela...ah, quanto mais eu perguntava, pior ficava.

Decepção era o que eu sentia. E não adiantava eu tentar entender os motivos de minha ama ter me agredido. Nenhum deles justificaria nada do que ela fez para mim.

E como se não bastasse, Sophie me encheu de perguntas sobre o que aconteceu, no caminho em que traçamos junto a algumas fadas trevosas que nos guiavam até um lugar seguro para tratar-me. Tive que mentir em todas as minhas respostas, afinal, era melhor do que dizer que fui propositalmente machucado para uma criança que com certeza ficaria em choque ao saber que a causadora disso fora aquela que ela mais ama nessa vida.Agradeci mentalmente quando  levaram a garotinha para outro lugar,enquanto fui carregado até a ala hospitalar.Responder seus questionamentos estava ficando cada vez mais complicado.Não só pela minha agonia física,mas também a emocional ao lembrar do ocorrido.

A enfermaria até que não era feia,por mais que fosse dentro de uma caverna.Umas pinturas rupestres faziam o ambiente ficar menos vazio,e as plantas que envolviam a parede a deixavam com um pouco mais de vida.Também havia uma abertura que lembrava bem uma janela e servia para o vento passar melhor,e o local não ficar tão abafado.Por hora aquilo bastava.

Chequei minha cama.Era uma formação rochosa interessante,coberta de lençóis.Não muito confortável,constatei ao me deitar,mas não importava.Nada para mim importava mais.Eu sentia um gosto amargo na minha boca,mesmo que nada tivesse comido.Era o gosto amargo de ser traído.Eu estava vivenciando isso na minha própria pele.

Após um bom período de tempo,com vários seres mágicos enfaixando meu ferimento,e fazendo diversas perguntas,como "está doendo muito?" ou "se fizer esse movimento,piora?",finalmente obtive um diagnóstico:

-É,seu braço infelizmente quebrou,senhor Diaval,então... -um dos fadas que estavam ali falou,enquanto seus outros companheiros ainda me examinavam em busca de mais algum ferimento.Pareciam não ter encontrado nada além do que já estava mais que evidente.

-Só Diaval, por favor. -o interrompi -Títulos não importam para mim.

Inclusive agora,que aquela que tem o título mais alto de todos me mostrou que isso não revela caráter nenhum. -acrescentei em pensamento.

O homem fada,da espécie de minha ama,que descobri pela boca de seus parceiros de trabalho que se chamava Rustolf me olhou assustado.Suas sobrancelhas arquearam e sua boca se abriu em surpresa.

LOVE-MALÉVOLA E DIAVALWhere stories live. Discover now