Capítulo 10

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Basicamente,a noite anterior de nada fora proveitosa para mim,como imaginei que aconteceria.Digamos que eu já conhecia a mim mesmo o suficiente para prever certas coisas,e insônia era uma delas.

Sophie,diferente de minha pessoa,adormeceu pouco depois de nossa conversa,informal.Não parecia ter problemas para dormir,mesmo que estivesse vivendo o mais profundo e cruel de seus medos interiores.Agora,ela estava até brincando e se divertindo,às margens dos lagos,com Thistlewit e Knotgrass,como se nada tivesse acontecido.Crianças eram engraçadas,pois mesmo em situações como esta,conseguiam enxergar os lados bons e ficar em paz.Ou pelo menos,Sophie e Aurora eram assim.

Eu me lembro bem do dia que quebrei uma de minhas asas,enquanto brincava com a princesa,alguns anos atrás no chalé do vale,onde ela vivia com as suas tias fadas desastradas.A garota tinha por volta de seus sete anos,se não me falhe a memória.

Malévola nos observava de longe,em um pequeno monte,que dava vista para a casinha da floresta.Eu não podia vê-la,mas sentia sua presença,independente da distância.Era como se seus olhos esverdeados soltassem uma mágica que me permitia saber onde ela estava,sempre.Isso me deixava até mesmo aventurar-me para um pouco mais longe de Moors,quando minha ama não necessitava de minha companhia.Não importava o quão longe eu fosse,sempre sabia o caminho de volta para casa.

Brincar com Aurora havia se tornado algo rotineiro,e todos os dias eu ia encontrá-la,de manhã cedo.Em um desses encontros,decidimos apostar uma corrida,nada justa,entre uma humana e um pássaro veloz,e modéstia a parte,estiloso.

Ganhei.Mas acabei me animando tanto,a ponto de não olhar por onde estava andando(ou voando),numa certa hora,e nisso,bati uma de minhas asas num tronco de árvore.Minha queda foi feia,e Aurora ficou assustada,entretanto,manteve a calma.Ela me pegou por entre seus braços,e levou até sua casa,para enfaixar a parte machucada de meu corpo.Apesar das circunstâncias,a menininha sorria constantemente.

-Vai ficar tudo bem,passarinho. -cantarolava,carinhosamente,me chamando pelo apelido que me dera,quando esta devia estar com seus três,ou quatro aninhos.Uma pena,que quando me conheceu em forma de pessoa,parou de chamar-me assim.

Nossa primogênita era um doce.E talvez,por isso,eu tinha dificuldades de acreditar que ela e Malévola podem ter brigado no palácio,a alguns dias atrás,por um motivo,que nem conveniente era.Eu cria que Sophie seria uma alegria para Aurora.Um presente.Cri que ela iria entender,mesmo que tivéssemos escondido a verdade por tanto tempo.

Mas esse era o problema da fase adulta.Ela chega,e sua criança interior muitas vezes,acaba morrendo,ou ficando adormecida.

-Senhor Diaval? -uma voz masculina me chamou.Não identifiquei quem era de primeira,pois estava absorto demais em pensamentos profundos,e lembranças felizes,para processar informações em meu cérebro.Prometi internamente que se fosse Zeyn,eu o deixaria falando sozinho.

Levantei minha cabeça,e notei,mesmo com a vista turva,consequente de minha falta de sono,que se tratava de um fada trevoso,da espécie jungle.Suas asas coloridas eram simplesmente fantásticas,e lembravam bem um arco-íris perfeito.Sua pele era escura,e ele aparentava ainda ser jovem,e inexperiente.

Não era Zeyn,pelo menos.

-Pois não? -respondi formalmente,como se eu fosse uma criatura altamente polida.Pigarreei a garganta,ficando em pé,ajeitando uma gravata imaginária em meu pescoço.

-Sinto muito incomodá-lo,senhor,de verdade,mas é que...

-Não me chame de senhor,amigo! - o cortei,incomodado.Aquele título era forte demais para mim,e apenas Malévola era digna de tê-lo em minhas concepções -Sou apenas Diaval.Só isso.Uma criatura normal,como você.

LOVE-MALÉVOLA E DIAVALTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang