Capítulo 51 -FINAL

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Hérmia e Lisandro nos observaram por tanto tempo que comecei a ficar constrangido. Eles sorriam por alguma razão, mas eu particularmente não conseguia ver nenhuma graça em me tornar uma purpurina humana. Sentia-me desconfortável.

Malévola também estava na mesma. Olhei para ela e balancei um pouco a cabeça, afirmando que entendia seu incômodo. Ela não fez nenhuma expressão de retorno.

-Se sabem o que está acontecendo, nos ajudem por favor! -implorei aos pais de minha ama, cruzando as mãos. Queria entender o porquê meu corpo e o de minha esposa tinham ficado tão brilhantes.

Queria entender o que eram aqueles desenhos dourados no céu e o pássaro de fogo que sobrevoava por entre ele.

Queria entender muitas coisas.

Todas as fadinhas convidadas para a festa, Andrew, Philip e Aurora ficaram atônitos ao contemplarem a magia que se espalhava pelo ambiente. Era algo nunca visto antes. Bom,não por mim pelo menos.

-"Passalinho" -falou meu neto apontando para a ave cintilante no alto. Sua mãe o balançou nos braços e sorriu, espantada.

Dei uma risadinha baixa, achando fofa a maneira como a criança pronunciava as palavras. Ele já tinha quatro anos mas...ao mesmo tempo, ainda tinha quatro anos.

-Ela parece estar querendo dizer alguma coisa –pontuou Malévola se referindo a ave que nos sobrevoava. Concordei.

-Sim, ela está. - replicou sua mãe, não parecendo nada surpresa –Precisamos ir.

Minha ama desviou o olhar para Hérmia,franzindo seu cenho e cruzando os braços.

-Ir? -indagou ela,meio perturbada com a ideia –Ir pra onde?

Hérmia e Lisandro não responderam.

Eles apenas se aproximaram de mim e Malévola. A mãe tocou na mão de sua filha e o pai me deu uma batida de amigo no ombro.

-Vamos? -convidou a fada trevosa. Minha esposa negou com a cabeça em teimosia.

-Não saio daqui sem saber pra onde irei. - disparou ela –Isso é loucura!

-Filha,será que dá pra você confiar na gente? -Lisandro arregalou seus olhos, meio impaciente. Hérmia tentou acalmá-lo indo ficar ao seu lado.

Talvez eu tivesse descoberto quem Malévola puxara na personalidade,afinal.

Todos ficaram nos observando, esperando o rumo que nossa conversa tomaria. O céu continuou a brilhar nos tons de ouro e o pássaro misterioso grasnou lá do alto.

-Malévola, querida... -a voz de Hérmia soou doce e pacífica. Até me fez lembrar Aurora -Não podemos explicar agora na frente de tantas pessoas, seria inapropriado. Por hora quero que nos obedeça e siga-nos com seu marido. Não temos muito tempo.

-No caminho você vai saber de tudo, isso é uma promessa –prosseguiu o pai da trevosa, parecendo mais tranquilo -Vocês dois, claro –ele notou minha existência.

Pensativa, minha ama avaliou a proposta dos pais. Cheguei para mais próximo dela e cochichei:

-São seus pais,eles sabem o que estão fazendo.

A trevosa me queimou com o olhar. Não sabia se estava com raiva ou confusa. Ela tinha deixado tudo muito em aberto.

Fiz carinha de cachorro pidão (mesmo que eu odiasse esse animal). Vai que aquilo amolecia o coração duro de minha ama no fim das contas.

Pouco tempo depois, ela viu que as criaturas e humanos presentes a fixavam, ansiosos por uma resposta de sua parte e se deu por vencida:

-Está bem, está bem – revirou os olhos e remexeu seus braços. Lhe dei uma piscadinha -Nós vamos.

LOVE-MALÉVOLA E DIAVALOnde as histórias ganham vida. Descobre agora