Capítulo 21

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Diaval

Eu me sentia mais apreensivo do que nunca.Lidar com pressão era algo que eu sabia bem,pois conviver com Malévola me ensinou bastante,principalmente na época que ela resolvera tentar ser a criatura má que não era,e eu tinha de literalmente tomar toda cautela para não ser transformado em coisas horrorosas,como cachorros.Só que ver Aurora hoje estava parecendo ser algo bem mais assustador com todo o clima que se instalara entre ela e sua fada madrinha (mãe,diga-se de passagem).

Malévola estava sumida a dez dias.As procuras feitas pelas fadas trevosas foram um fracasso,e nenhuma pista foi encontrada.Nenhuma sequer.Zeyn fora preso temporariamente,pois eu tinha certeza que com ele por perto,nós teríamos um atraso ainda maior para encontrar minha noiva,mas eu estava começando a suspeitar que nada o fada tinha a ver com aquele sequestro de fato,apesar de eu odiá-lo.

Fiz perguntas e mais perguntas para tentar arrancar dele algo,enquanto as buscas se davam continuidade,mas tudo que ele respondia era que não tinha compactuado com nada,e estava sendo julgado injustamente.Eu queria acreditar nele.Queria de verdade.Mas só ia soltá-lo quando minha ama aparecesse.Era o que eu havia prometido a todos.

Sem Malévola,as fadas das trevas me colocaram a frente delas,por eu ser a sua pessoa mais próxima.Seus argumentos eram que um povo não era um povo sem um líder maior,e como a minha noiva não estava entre eles,eu teria de dar conta do recado.

Pensei diversas vezes comigo mesmo quanta hipocrisia tinham,já que quando eram exilados Malévola não estava lá para ajudar,e nem sabia da existência de nenhum deles,acreditando que ela era uma única falha genética nesse grandioso universo mágico.Será que outro alguém as liderava?Era algo que eu talvez um dia pudesse perguntar a minha ama quando a trouxesse de volta.Eu não iria desistir,mesmo que agora,as esperanças de todos estivessem esgotadas,ou algo perto disso.

A cada instante que se passava,e a cada procura infrutífera por minha noiva,as fadas trevosas temiam pelo pior.Não adiantava dar palavras de motivação,consolo,nada funcionava.

Muitas vezes eu as dizia que Malévola não estava morta,pois isso acarretaria a morte de todos os demais,e eles não tinham tido uma dor de dente sequer.Me assustava ver como a espécie de minha ama conseguia ser tão pessimista alguns momentos.

Sophie estava feliz por eu tê-la revelado a verdade do que estava acontecendo.Dizia já ser adulta o bastante para entender que a vida não é feita somente de coisas boas,e junto a mim,ela tentava animar todos a voltarem a crer que sua mãe apareceria cedo ou tarde,e ajudava no que podia.

Porém,em algumas noites,em que íamos dormir,naquela escura caverna,eu podia ouvir minha caçula chorar antes de seus olhos pregarem.Soltar as lágrimas que prendia na frente de mim e dos outros.Ela ficava sonâmbula e vinha me perguntar onde estava sua mãe todos os dias.A garotinha no fundo,estava em choque.Só que como aprendera com Malévola,tentava disfarçar o que sentia de verdade.Mas de mim,ela falhava.

Apesar de vários fracassos nos últimos dez dias,algumas boas novas ajudaram um pouco a todos.Para mim,uma das coisas boas era que meu braço estava caminhando em uma melhora significante,apesar de eu ainda ser obrigado a usá-lo enfaixado,e para os outros,incluindo eu de novo,era que a tempestade de Moors passara.Não estava mais chovendo,ou escuro.O sol voltara a nascer no horizonte,e as coisas pareciam ter voltado ao normal na natureza.Eu não sabia se aquilo podia ser algum sinal de que minha noiva estava bem e viva,mas coloquei toda minha fé nisso.Algo me dizia que podia ter relações.Eu só não sabia como.

Já com as fadas trevosas exaustas,tive de apelar para minha outra opção de ajuda,que era contatar Aurora,e aproveitei que a chuva tinha parado para fazer isso logo.Não acreditava ser uma boa ideia,pois não sabia como ela ia reagir,nem se ainda estava com raiva da sua mãe pelo que quer que fosse,mas tinha de tentar. Minha primogênita não poderia me deixar de lado,ou simplesmente deixar sua mãe definhar onde quer que ela estivesse,pois de uma coisa eu sabia:bem ela não estava.

LOVE-MALÉVOLA E DIAVALWhere stories live. Discover now