Um tiro no escuro

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D A H Y U N

O dia chegou. O dia pelo qual eu temi a semana toda finalmente chegou. Meu coração parecia querer sair pela boca, minhas mãos suavam frio, minha boca estava seca e só tinha cor graças ao batom rosa claro. Alguém me acode, porque eu vou desmaiar!

A campainha tocou.

Eu abri.

Para piorar o meu desespero, Eunwoo foi o primeiro a chegar. Por que ele tinha que ser sempre tão pontual? Eu mal conseguia conversar, graças a Jeová meu pai puxou papo com o genro, um tentando agradar o outro ao falar sobre estilos musicais. Minha mãe estava na cozinha terminando de organizar o jantar e eu ficava de um lado para o outro, impaciente.

Quando Tzuyu chegou, fez o milagre de me acalmar um pouco, ela tinha assuntos mais descontraídos do que a maioria dos meus amigos do Salão, até conseguiu me distrair por algum tempo... Tempo esse que foi interrompido pelo terceiro toque de campainha da noite.

Sana.

Acreditem ou não, a morena estava praticamente irreconhecível! Ela havia de fato tirado seu piercing do septo e o alargador, seu cabelo estava arrumado de um modo que eu jamais imaginaria, suas roupas provavelmente eram emprestadas, super femininas e delicadas, nada daquele estilo despojado que ela costumava vestir e, para completar, ela estava usando maquiagem! Dá para acreditar?! Sana fizera aquilo tudo por mim! Eu jamais pensei que ela se importaria tanto em causar uma boa impressão! A única coisa que possivelmente desagradaria meus pais era a tatuagem de números romanos exposta no braço da menina, no entanto ela havia sido esperta o bastante para usar uma calça, cobrindo o outro desenho eternizado em sua panturrilha.

- Uau! Quem é você? - Indaguei atordoada.

- O amor da sua vida. - Sussurrou enquanto passava por mim. - Que linda casa Hyun! Obrigada por me convidarem. - Falou mais alto, sabendo que as outras pessoas ouviriam.

- Nós é que ficamos felizes por você ter vindo. - Meu pai se levantou do sofá para cumprimentar a morena. - É muito bom conhecer os amigos da Dahy.

Tzuyu, que obviamente já conhecia o estilo de Sana na escola, lançou um olhar de estranhamento em minha direção. Ela provavelmente não estava entendendo nada, já que eu nunca havia lhe contado a respeito da japonesa. Descobrir que aquela era a "minha amiga que queria aprender sobre o Salão" foi, de certo, um grande choque.

- Que ótimo, agora já estão todos aqui! - Minha mãe entrou na sala animada. - Estou ajeitando os últimos detalhes da janta, ninguém vai passar fome hoje, não se preocupem. - Riu em uma tentativa de ser engraçada.

Então aquela conversa furada de sempre começou, era mais um daqueles típicos diálogos chatos e constrangedores que todo pai tem com os amigos dos filhos, contando passagens vergonhosas da minha infância e vantagens sobre a época em que ele era jovem, coisa e tal... Dei graças a Deus quando minha mãe me chamou para arrumar a mesa. A comida iria ocupar a boca de todos e fazer com que falassem menos besteiras... Pelo menos era o que eu esperava.

Por via de regra, em minha casa os homens se sentavam nas pontas da mesa, meu pai em uma e meu namorado na outra. Eunwoo pediu para que eu tomasse o lugar próximo a ele, de modo que me fez ficar de frente para Tzuyu e ao lado de Sana, que, por sua vez, ficou cara a cara com minha mãe. Se aquela situação me assustava? Vocês nem imaginam o quanto! Eu não fazia ideia de como conseguiria comer com meu estômago se revirando tanto, eu sentia como se tivesse um Kamikaze dentro da barriga.

Meu pai puxou a oração, coisa que não fazíamos todas as vezes em que nos sentávamos à mesa, ele provavelmente só estava querendo mostrar que éramos uma família tradicional e exemplar dentro de nossas crenças. Mal sabia ele que eu vinha beijando a boca da menina sentada ao seu lado... Cômico.

Girl Meet Girl • TwiceWhere stories live. Discover now