Modo avião

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Boa leitura!!!

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Senti meus lábios roçarem levemente nos de Mina, nesse momento meu coração parecia ter esquecido o próprio ritmo. Questionei a mim mesma a respeito da minha falta de atitude, porque eu ainda não havia puxado Mina para um beijo de verdade? De alguma forma, a delicadeza contida em seus movimentos e expressões, me impedira.

A garota em minha frente já nem parecia ser a melhor amiga que eu tinha há anos, até mesmo a sua famosa pegada havia sido deixada de lado, tanto que sequer senti suas mãos me tocarem até que ela me empurrasse de maneira relativamente brusca, cortando o mínimo contato que nossos lábios conseguiram ter.

Mina pigarreou, desviando rapidamente o olhar. Juro que por um instante ela pareceu completamente desconsertada.

- Você tá vibrando. - Riu, retomando sua postura usual.

- Ah... - Murmurei, ainda bastante atordoada. - É mesmo, ahn...

Inclinei-me um pouco para frente, apalpando minha calça jeans a procura do meu celular. Só então me toquei de que a vibração vinha da lateral da minha perna, do mesmo lado em que Mina estava sentada. Claro, eu não sento com o celular no bolso, duh! Apanhei o objeto rapidamente, tentando disfarçar a confusão metal que o "quase beijo" me causara.

"Sana" indicava o nome na tela do aparelho. Recusei a ligação sem pensar duas vezes, praguejando a mim mesma mentalmente por não obedecer as regras do cinema sobre desligar os celulares.

Modo avião, oi sumido! Ativei para que ninguém mais nos atrapalhasse.

- Quem era?

- Ninguém. - Respondi prontamente. - Deve ser engano. - Esbocei um sorriso amarelo e Mina deu de ombros em retorno.

- Melhor sairmos, vai que nos trancam aqui. - Mina falou em tom de brincadeira, já se levantando.

- Caraca, boa ideia! Se abaixa aí. - Escorreguei pela cadeira do cinema e dei um puxão em Mina, na tentativa de nos esconder. Era aquele tipo de brincadeira com fundo de verdade, imagina que louco passar a noite numa sala de cinema?

- Tá louca? - Mina riu, resistindo ao meu puxão. - Se eu não voltar, minha mãe me expulsa de novo.

- Eu te recebo em casa. - Deixei escapar, fazendo com que Mina revirasse os olhos.

A garota se adiantou, descendo as escadas e me deixando ali sentada. Apenas a observei, sem me preocupar em sair dali e ainda esperando um final diferente para o nosso "quase beijo".

Mina terminou de descer as escadas de maneira divertida, pulando alguns degraus, então ela finalmente olhou para trás, esperando por mim. Peguei-me sorrindo sozinha.

- Pensei que fosse ficar me secando pra sempre. - Falou de forma convencida quando cheguei até ela.

- Eu não tava te secando, tava esperando que você caísse, mas não foi dessa vez. - Forcei uma expressão de decepção.

- Você não presta.

- Nops, a propósito, sua bunda fica linda nessa calça. - Dei uma piscadinha ao final da frase. Era a mais pura verdade, a calça skinny marcava cada curva do corpo de Mina, dando uma boa noção de como ela ficaria se estivesse pelada.

A garota abriu a boca, numa mistura de supresa pela minha confissão e uma expressão de quem diz "Eu sabia!", então me deu um empurrãozinho descontraído, que fez com que nós duas ríssemos. Em um reflexo, nossos olhares se encontraram, causando um silêncio repentino e me trazendo uma sensação inexplicavelmente boa.

- Você... - Mina começou devagar, se perdendo em meio a própria frase, então soube que ela havia sentido o mesmo. - Você tinha uma coisa pra falar, né?

O que eu pretendia dizer mesmo?

- Eu tinha... - Falei simplesmente, tentando lembrar exatamente o que eu planejava. Mina arqueou as sobrancelhas, esperando que eu continuasse. - Bom, é que tá tarde... Acho melhor conversarmos amanhã. - Paramos ao chegar a um corredor que levaria para dos lados opostos. - Eu sigo por ali. - Indiquei a esquerda, que levava à saída onde combinei de encontrar minha mãe.

- Tudo bem. Então, até amanha. - Mina deu um sorriso tão lindo que me deu vontade de apertá-la.

Nos despedimos com um abraço e seguimos, cada uma para um lado.

Joguei-me em minha cama, confusa. Havia um bom tempo que eu não tinha um contato como o de hoje com Mina e, por algum motivo, foi diferente das outras vezes. Eu não senti aquele apelo sexual de sempre, na verdade, foi algo mais... Carinhoso (?).

Certo, isso estava praticamente incompreensível para mim. Tudo entre mim e a Mina estava diferente nos últimos meses. Nossa amizade estava esquisita, brigávamos por bobagens, nossas conversas não eram mais as mesmas... E agora isso. Mas, se quer saber, a real/principal mudança que eu sentia era a própria Mina, o que é que ela tem afinal?

Sinto como se eu estivesse a conhecendo novamente, cada hora uma novidade, uma surpresa... Isso me deixa um tanto nervosa, para ser sincera. Melhores amigas deveriam saber tudo uma da outra, não é? Eu poderia até culpar a mãe dela, mas seria injusto, porque, se parar para pensar, ela tem estado assim desde antes... Desde... Desde o dia que chegou bêbada em casa! É, eu acho que é isso! O dia em que jogamos eu nunca, o dia em fiquei com a Dahyun, o mesmo dia em que ela ficou com o Christopher.

Fala sério!

Senti um súbito desanimo. Só me faltava a Mina estar apaixonadinha por um garoto. De novo, como no ano passado. Lá se vai a nossa promessa e todo o esforço que ela teve para se assumir lésbica. Pelo amor de Deus, e eu aqui, trouxa, me preocupando!

Porque eu ligo afinal? Só preciso mesmo que isso não estrague nossa amizade. Preciso acabar com essa minha vontade esquisita de beijá-la, preciso controlar meus impulsos. Sabia desde o começo que nada disso daria certo.

Eu não iria ficar pensando nessas coisas ou acabaria enlouquecendo.

Desativei o modo avião do meu celular, lembrando da ligação inconveniente de Sana. Em poucos instantes meu celular vibrou descontroladamente com a quantidade de mensagens recebidas pelo WhatsApp, todas da mesma pessoa.

Sana:

Chae, preciso de você.

Sana:

Por favor, me ajuda. Não sei mais oq fazer!

Sana:

Cadê você? Me atende!!!

Havia mais uma dezena mensagens desesperadas dizendo basicamente a mesma coisa. Senti meu corpo gelar em pensar na possibilidade de algo grave ter acontecido. Não perdi tempo em responder qualquer coisa, apenas retornei a ligação que eu havia recusado mais cedo.

- Chae. - Ouvi a voz de Sana de um jeito que eu ainda não conhecia. Ela estava chorando.

- O que aconteceu? - A preocupação era fortemente denunciada pelo meu tom de voz. Sana soluçava, sem conseguir responder, isso fez com que meu coração disparasse ainda mais. - Se acalma, por favor. Seja lá o que for, vai ficar tudo bem. - Falei, tentando manter meu equilíbrio.

- Eu preciso de você. Por favor, me ajuda. - Disse ainda em meio ao choro.

- Tudo bem, tudo bem. Eu vou te ajudar. Só me diga o que fazer. - Ouvi Sana puxando o ar, tentando tomar fôlego para falar.

- É minha mãe, Chae. Ela sumiu.

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Pena que não rolou beijinho, né?

Até a próxima! 🙃

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