Vira-lata

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Primeiramente, sim eu atrasei nas att e me sinto mal por isso. Tive problemas pois precisei estudar para algumas provas, minha internet também não está lá essas coisas e eu não ando muito animado ultimamente.

Segundo, não vai ter três capítulos, infelizmente como eu disse, estou meio pra baixo e não consigo corrigir nenhum capítulo, seja dessa fic como de algumas outras. Espero que entendam.

Terceiro, talvez demore um pouco para ter outra atualização, mas prometo voltar assim que me sentir um pouco melhor. Enquanto isso, se cuidem, ok? Toda essa coisa de quarentena está afetando o psicológico de muitas pessoas, acho que não escapei. Mas vou melhorar logo 💜🤙

Enfim, fiquem com esses capítulos. Até a próxima, pessoal.

Boa leitura 💕
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D A H Y U N

Eu nem sei de onde tirei a coragem para deixar a escola de lado e matar as últimas aulas para correr atrás de Chae! A sorte é que Mina havia falado com Jungkook, o estagiário, mais cedo, foi ele quem nos liberou para sair do colégio. Só fiquei imaginando as consequências que isso traria para a menina mais tarde... Quero dizer, Jungkook iria querer algo em troca, não iria?

Eu não entendia para quê tanto desespero em encontrar Chae. Sabia que ela estava mal, que precisávamos conversar com ela e resolver as coisas o mais rápido possível e tudo mais... Mas não podia esperar até o final da aula?

As respostas apareceram no momento exato em que o Uber, o qual Min e eu pegamos para chegar até a localização enviada por Sana, se aproximou de um morro. Um morro ENORME. Gigantesco! O carro começou a subir, e quanto ele mais andava, mais alto parecia ser o topo. Não chegávamos nunca! Eu já estava começando a acreditar que, no final do caminho, eu acabaria encontrando Jeová lá em cima! Sério.

Meu coração se acelerou em batidas descompassadas quando finalmente pude visualizar o pequeno corpo de Chae em pé bem na ponta do morro. Aquilo ali era praticamente um abismo, dava para ver a cidade inteira e mais um pouco de lá. Eu e Mina nos entreolhamos em preocupação.

- Para, para, para, para! - Pedi depressa para o motorista, que freou o veículo com tudo. Meu corpo voou e acabei dando de cara com o banco da frente no qual o moço estava sentado. Pessoal, usem cinto de segurança! - Vamos descer aqui! - Afinal, eu seria bem mais rápida correndo do que o carro conseguia ser naquela estreita estradinha de terra. - Vamos dividir? - Perguntei para Mina em referência ao preço da corrida, que deveria ter ficado um absurdo.

- Deixa isso comigo, vai logo pra lá. - Ela respondeu. Lancei-lhe um olhar em busca de confirmação antes de ter certeza que deveria sair do carro.

Corri o mais rápido que pude até o topo do morro, alcancei Chae, segurando seu pulso com firmeza e desespero.

- Pelo amor de Jeová, eu sei que parece ser a única solução agora, mas não faz isso! - Disparei a dizer.

Chae e eu tínhamos uma história bastante complicada, eu sabia que ela não havia se aproximado de mim pela minha amizade, sabia dos seus interesses, sabia o quanto ela conseguia agir feito babaca. Seria mentira se eu dissesse que ela não havia me chateado e me colocado em conflito por diversas vezes, mas também não seria de todo honesto negar que ela havia mexido comigo. Chae foi o gatilho do meu despertar, mesmo que ela não tivesse as melhores intenções, ela foi a primeira a me mostrar o mundo do qual eu tanto temia. Foi a primeira mulher que beijei, a primeira capaz de me fazer questionar minhas doutrinas, a primeira atração forte, que me fez encarar a realidade. Nós, inegavelmente, éramos unidas por uma forte ligação, ela havia se tornado, contrariando todas as expectativas, uma amiga de muito valor para mim. Eu me importava, eu a conhecia, eu a queria bem, e só de imaginar a possibilidade de seu corpo se desprender do solo firme do pico do morro... Meu Jeová... Eu não podia permitir aquilo! Do fundo do meu coração, tudo o que pensei, naquele momento, foi em salvá-la de si mesma e fazê-la ficar bem outra vez, nem por um segundo eu me lembrei das consequências que aquele ato teria diante dos olhos de Deus. O único pecado imperdoável... Um pecado que eu costumava tanto julgar e que passou a ser, naquele dia, mais um dos questionamentos que eu tinha sobre a doutrina que me fora ensinada.

Chae, no entanto, ao contrário do que eu previa, ergueu calmamente o olhar para mim. Ela tinha uma expressão de estranheza, fitava-me como se eu tivesse acabado de sair de um manicômio.

- Eu não vou pular, idiota. - Sua voz era equilibrada.

- Não vai? - Franzi o cenho, ainda não convencida o bastante para soltá-la.

Chae negou com a cabeça, arqueando as sobrancelhas como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, foi uma informação que meu cérebro, em choque, demorou para processar. Antes que eu pudesse ter qualquer reação, os olhos azuis seguiram o caminho por cima dos meus ombros.

- O que ela tá fazendo aqui? - Perguntou com certo nojo, fazendo com que eu me virasse para ter certeza sobre quem ela falava.

- Chae, porra, você quase me matou de preocupação, meu! - Mina pulou sobre a menina, envolvendo-a em um abraço apertado, antes que eu tivesse tempo de dar maiores explicações. - O que você tá fazendo aqui? Eu quero te jogar daqui de cima por isso, sabia?! - A mais alta continuava falando, quase enfiando o rosto na curva do pescoço de Chae. Ela apenas não havia notado uma coisa: a falta de reciprocidade no abraço. - Por que não me responde? - Finalmente se afastou, segurando a amiga pelos ombros. Era visível até para mim o quanto as mãos de Mina tremiam. - Como você está?

- Eu estou bem. - Chae deu de ombros. - Só estava observando a cidade, não posso?

- Observando a cidade todos os dias durante uma semana?! - Mina indagou. - Você perdeu muita aula!

- Ah, tá... Desculpa, é que da última vez que chequei a vida ainda era minha. - A mais baixa respondeu com tanta indiferença e sarcasmo embutido na voz, que meu queixo caiu. E, pelo visto, o de Mina também...

- N-não... Eu não quis te dar lição de moral... - Começou a se explicar após alguns instantes em choque. Chae parecia mais preocupada em olhar a paisagem. - Eu só fiquei preocupada... E-eu queria saber se você está bem, queria saber quando voltaria para as aulas e... Dizer que sinto muito pelo... - Chae interrompeu, voltando-se novamente para a menina.

- Eu entendi, relaxa.

- Então... - Mina começou. - Você me desculpa? - Perguntou, incerta.

- Uh-hun, claro. - Chae deu de ombros, sem parecer se importar.

- Tem certeza que está bem? - Foi minha vez de estranhar.

- Eu tô, Dubu. - Riu brevemente, mudando um tanto a postura. - Não se preocupem, só tirei um tempinho pra mim.

- Podia pelo menos ter dado sinal de vida. - Reclamei, cruzando os braços.

Naquele exato momento, o barulho de uma pessoa correndo se aproximou rapidamente, logo pude ver Sana chegando e... Espera! Ela tinha alguma coisa nos braços. Uma coisa pequena e... Peluda?

- Eu sabia que você estava aqui! Porra, ainda bem que te achamos! - Comemorou a morena.

- Você não fez isso, Sana! - Chae exclamou desacreditada, não conseguindo impedir que um leve sorriso aparecesse no canto de seus lábios. Ela caminhou vagarosamente até a japonesa.

- Pode apostar que fiz! - A mais velha assentiu com um sorriso travesso no rosto.

- Ai, caralho! - Chae e minha mente ecoaram essa frase em uníssono no exato momento em que Sana levantou aquela pequena bolinha preta. - É mesmo pra mim?! - A menina não conseguiu esconder a animação.

- Você disse que queria um filhotinho vira-lata, não disse? - Sana perguntou antes de deixar que Chae pegasse o cãozinho.

Mina observava tudo atônita. Seu rosto estava mais avermelhado do que jamais esteve, denunciando sua vontade de chorar. Seus lábios, curvados sutilmente para baixo, também não ajudavam a disfarçar sua expressão de tristeza. Ela, assim como eu, esperava outra reação por parte de Chae. Puxei-a pela mão com discrição, dando um leve aperto em seus dedos finos, desejando que ela entendesse que aquilo era um sinal para que ela se mantivesse forte. Sua pele estava gelada e suada como se tivesse se enfiado dentro de um congelador por horas.

- Se acalma, isso passa. - Cochichei em seu ouvido, mas ela imediatamente negou com a cabeça.

- A Chae brava ou triste é uma coisa, indiferente, é outra. - Respondeu sem se preocupar em confidenciar-me aquilo, ela sabia que nenhuma das outras duas meninas escutaria, afinal, estavam ocupadas demais brincando com o novo amigo.

Girl Meet Girl • TwiceWhere stories live. Discover now