Ao me ver,a fada arregalou o olhos,e pude notar que seu corpo afastou-se um pouco para trás,quase imperceptivelmente.Não pude decifrar sua expressão facial de primeira,pois os raios de luz que o astro diurno estava a liberar não me permitiam.

A cumprimentei,com um aceno de mão,como se fôssemos apenas conhecidos distantes,que não possuíam nenhuma relação especial entre si.Ela não foi recíproca no ato.

Dei uma breve olhada em Sophie,que por hora,estava entretida demais,brincando com suas colegas trevosas.A garotinha sorria,com os arremessos de lama em seu rosto,enquanto ela revidava.

Diria que,se a menina estivesse usando o vestido que ganhara de mim ontem,no seu aniversário,numa ocasião como esta,eu estaria tendo um mini ataque cardíaco.

Agradeci mentalmente por a criança ter ao menos um pingo de senso.Porém lembrei-me que sua mãe não ia gostar nada de vê-la suja daquele jeito.

Como um pássaro em busca de um ninho desesperadamente,apressei o passo para próximo de Malévola,louco por notícias.Por muito pouco,não caí no chão,ao bater meu pé em uma pedrinha,que estava meio enterrada na relva.A dor era insuportável,mas optei por deixá-la para depois.Tinha coisas mais importantes a tratar.

-Malévola...Malévola,e.... -ofeguei de cansaço.A corrida de alguns metros que fiz me mostrou que talvez,eu estivesse me tornando uma pessoa sedentária -E então...como..como foi?

-Diaval,eu não quero conversar,agora -ela falou estressada.

Ainda sem ar,a encarei,e pude notar o como seus olhos estavam mais verdes que o normal.Tinha uma pequena ferida disposta na sua testa,parecida com um arranhão,e questionei-me se aquilo foi feito no castelo,ou já estava ali há um bom tempo.

Aquela cor em suas íris,aquela raiva que sua face,agora debaixo de uma sombra fresca,que nos protegia do sol,me transmitia...não parecia ser boa coisa.Tremi um pouco

-Você...você tá bem? -questionei,mesmo sabendo previamente uma conclusão.

Ela não me respondeu,apenas suspirou,fechando os olhos.Parecia que estava reprimindo um choro.Pude ouvir um pequeno gemido saindo de seus lábios avermelhados.

-Já disse que não quero conversar,me deixe sozinha,por favor -sua voz,que sempre emitia poder e autoridade,agora apenas trazia medo,e insegurança,vacilando por culpa de lágrimas sendo retraídas para dentro.

-Não deu certo,não é? -resolvi não obedecê-la,pouco me importando para o que aconteceria comigo depois,caso a mesma tivesse algum ataque de fúria.A propósito,eles estavam se tornando menos cotidianos -Eu deveria ter ido com você,Malévola.Por que será que nunca me escutas?

-Você pode me deixar em paz? -persistiu a fada,gritando,as mãos indo de encontro a sua cabeça.Abri minha boca para contrariá-la novamente,mas atentei ao risco de como isso a faria se sentir pior e mais irritada.

A única certeza que eu possuía,era que algo de errado havia acontecido.Se estivesse tudo realmente bem,Malévola não se encontraria dessa maneira,e muito provavelmente,as coisas estariam diferentes,começando por suas reações emocionais.

-Só...promete que vamos conversar depois.Eu quero ajudar você.

-Não sou uma criança,já estou farta de suas preocupações,tudo isso me sufoca!Estou cansada,Diaval!Cansada! -gritou,bufando -Se nós somos praticamente quase casados,por que não confia em mim? -suas mãos gesticulavam rapidamente -Será que dá pra você parar de querer me proteger por tudo nesse mundo?

Ela estava agitada,como a muito tempo não ficava.Percebi sua respiração ofegante,e o ódio que sua face transmitia.

A minha vontade era de dizer que talvez,eu não confiasse nela por conhecê-la o suficiente para saber que as coisas não estavam bem.Porém não tive tempo de proferir essas palavras,pois atrás de mim,ouvi uma voz,que sinceramente,era a que eu menos queria escutar naquele momento.

LOVE-MALÉVOLA E DIAVALOnde histórias criam vida. Descubra agora