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Aviso: o capítulo a seguir contém cenas de sexo explícito. Sua leitura não é necessária para a compreensão completa da história e não vai interferir no entendimento da narrativa de modo que, caso não se sinta confortável para ler, você pode apenas pulá-lo.

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13 de setembro de 2012

Brighton, Inglaterra - Reino Unido

"Quando acabou e você foi dormir, eu fiquei acordado ouvindo o relógio no seu criado-mudo e o vento lá fora e compreendi que estava mesmo em casa, que estar na cama com você era estar em casa, e algo que vinha se aproximando no escuro tinha sumido de repente. Não podia ficar. Tinha sido expulso. Sabia como voltar, não havia dúvida, mas não podia ficar, e eu podia dormir tranquilo (...)As pessoas dão importância demais a serem compreendidas, mas ninguém consegue segurança o bastante. Nunca vou me esquecer de como me senti seguro quando aquela coisa desapareceu da escuridão" (LOVE - A história de Lisey, Stephen King)


Charlie deixa a ponta do polegar direito na lateral da página, sentindo o peso do livro imediatamente fechá-lo contra a marcação. Ela segura o copo - copo, não taça, porque, aparentemente, ao contrário do que Jack tem em seu armário, Diana e Charlie nunca investiram muito em recipientes especiais para bebidas alcóolicas - e ergue-o um pouco acima de sua cabeça, um pouco para trás. Ela escuta o som do líquido deslizando, parando no que aparentemente Jack entende como sendo a dose ideal para ela. A garrafa para ao chão.

Após um curto gole, Charlie coloca o copo na mesa ao lado, ao alcance fácil da mão dela. Pigarreia, sentindo o movimento do tórax de Jack a cada respiração tranquila e compassada que ele dá, sentindo os fios macios do tapete caramelo roçarem em suas coxas lisas. E depois, sente uma das mãos de Jack se esfregar suavemente na lateral do ombro até o cotovelo.

De forma quase engraçada, ao menos para Charlie, ele ainda hesita sobre ela. Não importa o que já fizeram até aquele momento - todas as conversas que tiveram sobre qualquer assunto, a madrugada insone dele em que ela preencheu o tempo com som das teclas de seu computador e programações com o trabalho. O modo como ele a colocou na cama duas noites atrás, como Charlie empurrou a cabeça de Jack na direção certa, dizendo onde a língua deveria estar, ou como ele quase gozou na boca dela naquela manhã, pouco antes dela precisar voltar para Brighton. É inegável que eles avançaram significativamente na relação, mas não é pouco raro que Charlie sinta Jack travar os músculos, indicar que está se questionando sobre o local certo de colocar suas mãos - se tudo bem tocar ali. Não por achar que Charlie seja frágil, mas só por não saber como se comportar em uma situação.

Uma parte de Charlie acha que, na verdade, isso é muito divertido e se ilude com a ideia de que, num futuro, talvez não tão distante assim, isso será algum tipo de piada: como Jack às vezes agiam com um adolescente na primeira namorada. Talvez o tipo de história que ela conte na mesa do jantar, para os... Charlie para aí. Ela não quer pensar em quem e nem em todas as implicações referentes a isso.

Jack estende uma das mãos, puxa um dos morangos que está na bandeja. No meio do caminho, ele oferece a Charlie e, depois que ela morde um pedaço, leva o restante para a própria boca. A única razão de ainda haver comida ali é porque Diana levou Baloo, assim como Malcon e Clay, para um jantar na casa de Jay, deixando o apartamento e todo o pequeno prédio apenas para os dois. Charlie ainda não agradeceu a amiga o bastante por ter feito isso sem nem precisar ser solicitado ou por ter tirado as camisinhas do banheiro e deixado no criado mudo, ao lado da cama.

O silêncio das estrelas [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now