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Aviso: o capítulo a seguir relata um acontecimento fictício. Apesar das instabilidades ainda existentes entre Sudão e Sudão do Sul, a narrativa aqui presente apenas usa de fatos reais para criar um episódio condizente com a história, inspirada no ocorrido em Bengasi, na Líbia, em 2012.

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15 de setembro de 2012

Abye – Fronteira entre o Sudão e o Sudão do Sul

Eu cavo até que minha pá conte um segredo

Juro para terra que vou guardá-lo

A garagem do complexo cuja a placa sinaliza a sede da IHF é aberta assim que Kelly sussurra, próximo ao microfone, a senha de identificação. Ela continua dirigindo, com Jack sentado ao seu lado, os óculos escuros sobre o rosto e o suor fazendo com que se sinta desconfortável. Sua mochila bem segura sobre seu colo, sem qualquer documento de identificação que possa deletá-lo, sem qualquer informação grandiosa. Exceto pelo laço que, a cada minuto em que se aproximam, parece tornar-se mais pesado e denso sobre suas coxas. Eles mal tiveram tempo para respirar depois de aterrissarem. George foi no carro da frente, guiando o minúsculo comboio da minúscula base de operações montada fora da cidade onde O'Riley ficou a equipe de apoio e o minúsculo contingente do SPLM. Dirigiram rápido o bastante para diminuir o percurso em meia hora.

Kelly estaciona ao lado de George, alguns milímetros de distância da parede amarela. No banco de trás, Rodriguez assobia em reprovação e Kelly lhe exibe o dedo do meio. Jack pula para o lado de fora, colocando a alça da mochila sobre o ombro e olha ao redor, para o solo empoeirado e o calor vibrando metros à frente de seu rosto. Enquanto dirigiam, Selena, do carro de George e através de um comunicador, repassou cada etapa já planejada. Ao entrarem na cidade, eles puderam observar atentamente os riscos, com protestos mal contidos se desdobrando em cada rua que passaram. A porta da IHF, a situação ainda é calma.

— Jack e eu vamos conversar com o chefe da segurança do Welsh. — George comanda. — Vocês cinco montam os postos de vigilância.

— Williams disse que um dos homens dele vai dar suporte nisso. — Jack comenta, coçando a nuca. Ele já se sente suado, desconfortável.

Rodriguez ri, irônico:

— Um só? Ele é o que? O Super-Homem? O Thor?

— Pode ser o Capitão América. — Aaron dá de ombros.

— Ou o Pantera Negra. — Bonny sugere. Ele recebe alguns olhares confusos em troca. — E é claro que vocês não sabem quem a porra do Pantera Negra é.

Discretamente, Nicholas ergue o dedo e torna a abaixá-lo. Talvez ele saiba. Mas talvez ainda não se sinta totalmente seguro para falar.

— Pelo que sabemos, a equipe de segurança daqui conta com uns cinco caras, incluindo o Williams. — George esclarece. — O que não é quase nada. Dois deles são responsáveis pela parte logística, então, pelo que parece, não são homens de ação.

— Isso nos deixa só com três caras de apoio. — Jack não consegue evitar o suspiro frustrado e a sensação de catástrofe. — Acho que deveríamos começar logo. Nesse calor, isso aqui vai azedar rapidinho.

Kelly e George passam as chaves para Xavier e Aaron, respectivamente. Em seguida, acompanhados por Jack e Selena, entram no complexo. Ao contrário do que havia sido combinado, não há ninguém para guia-los. Jack se surpreende com a normalidade calma do ambiente, como se, de fato, fosse mais um dia rotineiro. Ele não gosta de como isso pareceu considerando o exterior, as ameaças que, nas últimas horas, rondaram com mais força pelos telejornais e por toda a internet. Não parecia apenas forçado, como errado.

O silêncio das estrelas [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now