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25 de agosto de 2012

Brighton, Inglaterra – Reino Unido

As faíscas enviam o fogo fio abaixo

A contagem regressiva começa

Até que a dinamite estoure


Jack e Charlie estão sentados lado a lado alguns metros acima do mar. Eles tiveram sorte de ter encontrado um lugar muito confortável em meios as pedras. Não por sorte, há uma toalha na mochila de Charlie que ela estende para que os dois possam se sentir menos incomodados. Baloo está brincando na água. Ele pula as pequenas ondas que arrebentam, late para ela como se fossem inimigos grandes e teimosos, cheios de perigo e agressividade. Parece uma criança com o melhor dos brinquedos. Ele salta, corre e rosna. Depois, olha para cima e Charlie tem absoluta certeza que ele sorri para os dois, os dentes amostras e os olhos menores. Baloo faz isso só para mostrar que está feliz — muito, muito feliz — e então volta a sua luta imaginária com um inimigo invisível.

Charlie termina de comer seu sorvete. Os dois tinham almoçado peixe e batata em algum dos restaurantes da orla, o que fez Jack descobrir que peixe é, na verdade, o único tipo de carne que Charlie ainda come. Depois, ela o lembrou que tinha crescido em uma fazenda e que a fonte de renda principal era gado bovino. Charlie gostava de ficar com as vacas quando podia e foi realmente um choque saber o que acontecia com elas. Ela sabia de onde vinha a carne em seu prato porque nunca foi burra, mas de repente teve que encarar aquilo e isso a fez se sentir culpada. Ninguém na família se importava, mas Charlie se sentiu tão mal que nunca mais conseguiu comer carne novamente. Quando terminaram, eles foram ao Museu de Pesca que, ironicamente, Charlie nunca tinha conhecido, e ao aquário, que era incrivelmente interessante.

Jack esteve o tempo todo perto de Charlie. A mão dele espetando contra a dela. O corpo orbitando ao redor do seu. Nada de tocá-la e ela também não o tocou — e isso foi horrível de várias formas diferentes. Charlie costuma ter muita certeza do que está fazendo e de como está fazendo. Ela pode ser jovem, mas já passou por uns bons bocados na vida e então é muito mais madura do que provavelmente deveria ser. Isso é bom. Só que, com Jack, parece ser diferente e ela não sabe o motivo.

Na primeira vez que o viu, ela pensou que ele era bem atraente e perdido. Ela também pensou que queria transar com ele, mas que ele estava tão confuso que talvez fosse melhor não se envolver tanto. Era melhor não se envolver de jeito nenhum. Na segunda vez, ela ainda queria isso, mas descobriu que a companhia dele era uma coisa a se apreciar. Na terceira, sentada com ele ali, os dois completamente quietos e nem um pouco incomodados com o silêncio, Charlie sente menos urgência em fazer isso. Ela quer beijá-lo e, sim, seria ótimo fazer sexo com ele, mas ela sente um certo receio de ir rápido demais e acabar muito cedo. A companhia de Jack é confortável.

Mesmo assim, ela não reclamaria se ele a tivesse beijado e tocado vez ou outra mesmo estando em público. Ele poderia beijá-la ou só segurar a mão. Charlie logo percebeu que está exigindo muito. Jack não é o tipo de pessoa que sabe bem o que está fazendo ali e ele mesmo deixa isso claro. É bom porque ela entendeu que estão no tempo dela, mas Charlie começa a se perguntar qual seu tempo de fato.

Baloo late alto. Jack está com os óculos, as mangas da camisa erguida até acima das dobras do cotovelo, deixando algumas tatuagens expostas e os bíceps marcados. Charlie só percebe naquele momento que a aquela roupa parece servir melhor nele, que não é tão erroneamente justa. E, depois, ela percebe que ele é muito bonito, com o maxilar marcado e uma mecha do cabelo caída sobre a testa em direção ao rosto.

O silêncio das estrelas [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora