—Obrigado a todos por estarem aqui nesse dia tão importante. Apesar de já ter alguns dias que retomamos nosso país, queria tornar isso oficial para nós e para o mundo. Por isso, depois de 20 anos, declaro que esse dia é um novo começo para todo o povo de Saffron...

Desviei minha atenção para o Justin que também me olhava, respirei fundo sorrindo com isso. Ele não tinha me avisado que iria vim. Os soldados começaram a se mexer pelo local, estreitei os olhos confusa. Um deles segurou meu braço me puxando, outros fizeram o mesmo com os membros da realeza.

—O que está... — eu não pude terminar quando algo explodiu a poucos metros de onde estávamos, o soldado se jogou em cima de mim tentando me proteger de uma série de explosões que nos circulavam. Tentei procura uma brecha pelo seu corpo para poder ver o Justin.

As pessoas gritavam, os soldados tentavam retirar todos sem machucar ninguém. Eu não o achava, o que fez meu coração apertar com medo do que poderia acontecer com ele. O soldado se levantou examinando o ambiente.

—Precisamos ir. — ele falou serio me puxando novamente.

—Não! — falei firme puxando meu braço, ele tentou me puxar novamente, mas eu o empurrei.

Fiz um campo a minha volta, segurando a dor que sentia. Droga! Por que eu tinha que ter deixado o anel em casa? Apertei o anel de Justin tentando acha-lo, senti a sua dor e abri meus olhos marejados. Sem sucesso vi que o soldado tentava invadir meu campo, mas ele o repelia.

—Princesa! — o soldado gritou e eu não me importei, outra explosão fez o chão tremer, parecia em baixo da terra pelo tremor.

Não!

Rapidamente fiz um feitiço de localização no anel que flutuou mostrando a direção de Justin. Corri sem perder o anel de vista, ele parou alguns metros na frente mostrando o Justin no chão, seu rosto estava coberto pela toca que usava. Peguei o anel me ajoelhando ao seu lado, fazendo a bolha nos envolver.

—Justin. — o chamei com receio, segurei sua mão tentando achar o problema o que fez ir para o chão, mas nada era visível. O que me fez imaginar que era algo interno. — Ei! — o sacodi ainda com medo de piorar sua situação, então ele apertou minha mão repetidamente como se despertasse, puxei a toca vendo seu rosto um pouco inchado e machucado, ele sorriu de lado e eu fiz o mesmo alisando seu rosto. — Você acordou. — disse com os olhos marejados.

—Sim. O que... — ele não pode terminar com outra explosão escutei algo cair e vi de longe o chão abrir. Oh droga! Bufei me levantando.

—Precisamos sair daqui! — disse firme. Sorri ao ver dois soldados vindo na nossa direção. O que tentava me arrastar, não parecia feliz.

—Princesa, precisamos sair! — ele gritou e eu sorri com isso, desfiz a bolha.

—Eu sei, mas você precisa pega-lo primeiro. — apontei para o Justin e os dois pararam o encarando.

—Não podemos. — cruzei os braços os encarando.

—Vocês não podem salvar a vida do príncipe? — questionei sem entender. — Então, eu não vou. — disse com desdém, mas meu coração estava a mil com cada pedaço da praça que caia no buraco. Eles se olharam.

—Tudo bem, mas você vai ter que... — interrompi o segundo.

—Que explicar para os meus pais? Que eu escolhi salvar meu noivo? Claro eu explico ou posso mandar demitir vocês por estarem perdendo tempo. — falei sem paciências, eles assentiram pegando Justin, assim corremos para o último carro ali.

Eles colocaram Justin primeiro, entrei em seguida, os dois soldados assumiram a direção e o passageiro.

Justin estendeu a mão e eu a segurei, ele entrelaçou nossos dedos e se inclinou deitando sua cabeça em meu ombro.

—Você vai ficar bem. — falei alisando seu rosto.

—Eu sei. — Justin disse com a voz arrastada. Fitei seu rosto agoniada.

O empurrei e levantei seu moletom para ver seu tórax, tinha uma enorme mancha vermelha, algumas marcas começavam a ficar roxas em forma de sapatos.

—Você foi pisoteado? — perguntei assustada, ele assentiu levemente, seus olhos estavam fechados. — Justin... — minha voz saiu baixa, eu me segurava para não chorar.

Comprimi minha boca sabendo que deveria fazer isso, mas eu já sentia dor apenas para tentar acha-lo. Espalmei minha mão em seu peitoral, mas ele a tirou.

—Não! — Justin falou firme, após abrir seus olhos. — Não vai fazer isso. — ele fitava meus olhos.

—Você está sangrando. — disse sem entender seu pedido.

—Os médicos podem me salvar. Você só vai se machucar. — ele abaixou o moletom e se ajeitou ali, eu podia ver sua dor, abri a boca querendo falar algo, mas sabia que não poderia.

—Nos podemos fazer outro. — sussurrei para ele, que virou o rosto para me olhar.

—Não, Kylie. Eu vou ficar bem. — ele enxugou uma lagrima que descia, ele estava fazendo muito esforço.

Entrelacei nossos dedos novamente e fitei o banco a minha frente me concentrando em cura-lo, de maneira lenta para que ele não percebesse e me afastasse. Fechei os olhos sentindo a dor me atingir, meus olhos ficaram ainda mais marejados com medo de perder Justin e o bebê. Eu não deveria ter deixado o anel em casa apenas por ele não combinar com a roupa.

—Eu sei o que você está fazendo. — Justin falou, sem soltar minha mão. O olhei assustada. — Por favor, para. Eu estou bem. — assenti suspirando, deveria ter dado um tempo para ele.

Alguns minutos depois paramos na frente do palácio, eu saio primeiro esperando os soldados tira-lo do carro, ordenei que eles o levassem para o meu quarto e que o outro chamasse o médico urgentemente.

—Onde você esteve? — Mason perguntou me parando, observei o segurança correndo com Justin.

—Por que vocês demoraram tanto? — Amélia me abraçou assustada.

—Eu não posso fazer isso agora. — falei agoniada, eles estranharam. — Justin estava lá, pisotearam ele. — disse já sem conseguir segurar as lagrimas, seus olhos arregalaram.

—Onde ele está? — Amélia perguntou preocupada.

—Mandei o soldado levar para o meu quarto e o outro chamar o médico.

—Por que você não o cura? — Mason perguntou confuso.

—Eu não estou podendo usar minha magia assim. Não sei o que está acontecendo, mas eu sinto aquela dor e eu já usei magia hoje tentando acha-lo. — Amelia me analisou.

—Você está com dor? — ela perguntou ainda mais preocupada.

—Um pouco, mas isso não importa. Vocês não vão me ajudar? — questionei brava, eles se olharam e eu sai bufando esbarrando nos dois propositalmente.

Andei apressada até meu quarto, abri a porta fazendo a bater nas paredes, o médico analisava o Justin que estava estirado na minha cama.

—como ele está? — perguntei parando ao seu lado. O médico me olhou triste.

—Precisamos leva-lo para o hospital. — ele falou e eu neguei.

—Com o país explodindo? Não! — falei me levantando levei a mão até a cabeça andando de um lado para o outro.

—Alteza, precisamos leva-lo para fazer uma cirurgia. Ele está com uma grave hemorragia interna. — Meus olhos ficaram marejados, Justin estava apenas respirando, com os olhos fechados, ele não gemia de dor. — Eu dei um remédio para aliviar a dor, mas precisamos leva-lo agora.

—Não! Eu vou resolver. — Respirei fundo enxugando minhas lagrimas. Apoiei minhas mãos em seu abdômen, engoli a seco sem a menor coragem de fazer, meu coração estava dividido. Lentamente tirei minhas mãos abraçando meu corpo chorando. Eu não podia fazer isso.

Me desculpe! 

Choices of the heart 3 - A princesa perdidaWhere stories live. Discover now