Minha vida

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O alarme soou por todo o prédio, eu já estava acordada por isso o ignorei completamente. Voltei minha concentração ao diário roxo em minhas mãos, escrevendo meus sentimentos naquele papel amarelado.

Bateram em minha porta e eu bufei colocando o caderno de lado, para ir atender. Um soldado devidamente fardado estava parado ali, arqueei a sobrancelha a espera do motivo de me incomodar tão cedo.

—Precisamos de você, um soldado acaba de chegar em estado crítico. — Assenti entrando em meu quarto e calçando minhas sandálias. Segui o soldado pelo quartel até a enfermaria do lugar, não que fosse um local desconhecido, eu o fazia todos os dias.

Outros dois soldados que estavam na porta, as abriram me deixando entrar, olhei em volta a procura do soldado em estado crítico, já que possuíam vários soldados machucados. Andei até a sala isolada imaginando que ele estava ali, sorri de lado ao ver que estava certa.

—Qual o caso? — questionei prendendo meu cabelo, tinha várias pessoas rodeando o cara, o monitor mostrava a linha reta que se movia com os choques no coração do cara.

—Está morto a 10 minutos. — Camila falou disparando outro choque, suspirei e peguei um par de luvas.

—Saiam! — ordenei sem me importar em quem estaria incomodando, apenas Camila ficou na sala, ela colocou as pás no carrinho e eu posicionei minhas mãos na ferida, ela adorava assistir, apesar dos 5 meses vendo eu fazer isso todos os dias.

Fechei meus olhos sentindo a lesão por toda sua barriga, ele tinha morrido por hemorragia interna.

—Saltou em cima de uma granada? — perguntei abrindo os olhos, Camila assentiu e eu revirei os olhos. — Eles não sabem que isso dá trabalho? — questionei irritada, ela riu.

Comecei meu trabalho retirando cada pedaço do abdômen daquele homem, coloquei eles em uma bandeja ao meu lado e ao terminar fechei cada ferida. Coloquei as mãos em cima do seu coração e com um pouco de concentração o fiz voltar a bater.

—Leve-o para a cirurgia. —falei sorrindo para ela e tirando minhas luvas, Camila assentiu. Sai da sala mandando todos voltarem para ajudá-la.

Sai do prédio vendo que o sol já tinha nascido, fechei os olhos sentindo os raios penetrarem em minha pele e sorri com isso.

Depois de passar um mês presa em um quarto sem ter ao menos uma janela, eu aproveitava todo o sol que podia.

—Não vai comer? — John perguntou esbarrando de proposito em meu ombro, ri de seu jeito brincalhão e o acompanhei até o refeitório.

—Precisava de um tempo, acabei de trazer um homem de volta a vida. — disse soando entediada, ele riu.

—Você precisa me contar como faz isso. — Neguei com a cabeça passando na sua frente.

—É segredo de estado, ou melhor, real. — ele gargalhou.

—Qual é, Sofia. Me conta! — o ruivo implorou e dei de ombros entrando no refeitório, como esperado o local já estava lotado de soldados. Segui sem me importar com o cara atrás de mim.

Peguei a bandeja e observei o menu da manhã, que nunca era apetitosa. Suspirei me servindo e indo até uma mesa. Comi em silencio rodeada de soldados esfomeados.

Estávamos a alguns quilômetros do núcleo da guerra, essa era a base de apoio aos soldados, onde eles treinavam, se recuperavam e aguardavam sua vez de servir ao país e eu estava aqui para servi com os meus poderes de cura, eu já tinha perdido as contas de quantas vidas tinham sido salvas pelos meus poderes.

Choices of the heart 3 - A princesa perdidaWhere stories live. Discover now