Capítulo 28

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XXVIII

Após um tempo, Moriel finalmente interpelou a seus pais:

- O que faremos agora?

Foi Melkor quem respondeu:

- Arrasaremos com Arda!

- Mas...

- Não tem "mas". Veja o que eles fizeram com Mairon, somente porque ele trazia o meu nome! Ele ao contrário de mim não destruía. Ele podia dominar, mas não destruía. Ele não é como eu. E mesmo assim o perseguiram! Eu passei toda a terceira era quieto, sem fazer nada além de cuidar da minha família, e vejam como agem comigo! Pois chega de me esconder! Agiremos afinal!

Moriel voltou seu olhar para Mairon, e o olhar dele era tão resoluto quanto ele nunca vira antes. Foi perguntar a eles o que fariam, e então Mairon se demonstrou completamente fora de si, da racionalidade que usualmente apresentava.

- Vamos destruir. Finalmente eu quero destruir tanto quanto Melkor!

- E depois? O que farão?

- Provavelmente sofreremos todos um castigo horrível. Morrermos não vamos, somos ainur, nossos espíritos são indestrutíveis. Mas sofreremos castigos horríveis. De qualquer forma, pouco me importa. Não conseguiria mais viver nessa terra sabendo que seríamos perseguidos vez após vez, sem ter sossego pra viver em paz.

O tom e a postura de Mairon eram os de uma pessoa que falava não somente como consorte ou pai dos filhos de Melkor, mas como se ele fosse seu deus. Como na segunda era, no período em que o vala ainda estava no Vazio.

Assim sendo, não mais montaram exércitos. Não mais organizaram estratégias. Melkor queria simplesmente gastar sua energia no mundo, e sem Mairon o controlando, ele a gastaria e dispersaria de maneira completamente arrasadora e sem limites, como no começo dos tempos. Mas agora esse descontrole se somava ao fato de que ele estava com ódio. Muito ódio.

Primeiramente sentiram ódio da luz, e portanto foram atacar o sol. Arien, a maia que guiava o astro, um dia há muitos milênios rejeitara Melkor, mas isso não ficara completamente esquecido. Nem pelo vala, nem pelo maia, o qual, apesar de ter sido o único com quem Melkor se casara e com quem constituíra família, Mairon ainda tinha muita bronca daquelas mulheres a quem Melkor dera atenção antes de lhe conhecer. Por isso arrasaram com o "fána" de Arien e destruíram o sol, fazendo assim com que toda Arda sentisse a força de sua destruição. Sem o sol, os alimentos não cresceriam e toda a vida findaria em pouco tempo. Dessa vez a guerra era séria.

Mas ainda não satisfeitos, os Senhores do Escuro foram destruir a lua e seu timoneiro, Tilion. Assim como Arien, ele teve seu fána destruído e foi para Valinor junto de Arien. Ao olhar aquilo e ver o que os maiar reportaram, Mandos olhou para o céu então escuro, em convulsões de violência, e disse de si para si:

- Enfim se iniciou a Dagor Dagorath.

OoOoOoOoOoOoO

Os antigos saíram dos salões de Mandos para a guerra. Fëanor, seus filhos, Lúthien, Beren, Túrin, até mesmo os antigos númenorianos ressuscitaram para lutar. Cada um escolheu seu caminho. Muitos escolheram o lado dos Valar, mas outros também escolheram o lado de Mairon e Melkor. Os balrogs também voltaram à vida, assim como Ungoliant e outros seres malignos, porém mesmo alguns deles não tinham certeza de ficar do lado do vala negro, pois os Valar não os aceitariam.

Em seu descontrole, Melkor passou a destruir tudo ao lado de Mairon, esse também descontrolado. Moriel, o qual sequer ousara interromper a loucura dos pais. Pensou o que faria com aquilo; ele em si não desejava destruir tudo, portador do espírito prático e racional de Mairon que era. Mairon queria destruir por causa de Melkor, mas Moriel não tinha aquela "paixão" por Melkor, mesmo sendo ele seu pai; portanto, ele não tinha ganas de destruir tudo. Então, pensou o que faria caso seus pais perdessem a guerra - o que era muito provável de acontecer. Os Valar jamais perdoariam a si e a sua irmã - especialmente a si, pois ele trabalhara por muito tempo em serviços de tortura, guerra e escravização para seus pais.

O filho da escuridãoΌπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα