Capítulo 18

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XVIII

Vários mensageiros procuravam ao senhor Melkor. Ele logo foi alcançado. Saiu de sua sala com sua filha, aflito, ansioso por não ter podido sair à guerra, e foi com avidez que exigiu informações dos mensageiros.

- Então? O que ocorreu?

- Seu filho Moriel traz o corpo de Mairon nos braços.

Por alguns segundos, o vala ficou completamente sem fala. Mairen começou a chorar, sabendo que aquilo não era boa coisa.

- Papai - dizia ela chorosa, segurando na barra da túnica de Melkor - Papai, o que foi que aconteceu com a mamã-

- CADÊ O MORIEL?! Cadê ele, que não veio ainda até aqui?!

- Senhor, a torre é muito grande, há muitos andares e escadas...

- NÃO QUERO SABER! Cadê meu filho?! Cadê meu filho com Mairon, cadê?! Idiota fui eu de ter ficado aqui feito um paspalho!

Ensandecido, Melkor empurrava a todos pro lado, querendo achar o filho desesperadamente, ignorando até mesmo os gritos chorosos de Mairen, quando enfim Moriel dobrou a esquina daquele andar. Estava cabisbaixo, algumas lágrimas lhe toldavam o olhar. Quando Mairon perdera o corpo pela primeira vez, em Númenor, ele não estava presente e não precisara ver. Agora, a coisa era muito diferente.

Melkor foi em direção a ele.

- Mas o que foi que aconteceu?! Ele não portava o tal do Anel?! Como que o derrotaram?!

- Meu pai... eu não sei como tudo foi, pois estava em outra companhia a fim de despistar os inimigos. Mas o que sei é que... levaram o Anel dele embora.

- O QUE?!

Melkor já sabia de antemão, pelo que Mairon lhe contara, que sem o Anel Mairon perderia a sua melhor essência e nunca mais poderia se recuperar. Aquilo era terrível. O vala passou então a chorar alto e se agarrou ao corpo morto do consorte.

- Oh Mairon, Mairon, você foi pra onde eu não posso te seguir...!

Suas lágrimas caíam sem parar sobre o rosto morto do companheiro, o qual estava indubitavelmente morto. Realmente, Mairon na última era se expusera ao risco que antes ele próprio se expunha.

- E pra que me salvar aqui dentro se não posso ficar com ele?! Oh Mairon, como é que eu vou viver sem você...?

Mairen se debruçava no corpo de Mairon, chorando também, impulsiva e emocional que era como Melkor. Mas Moriel tentou intervir:

- Meu pai...

- Agora, escute aqui! - disse ele, levantando de súbito, deixando o corpo do maia no chão e apontando o dedo em riste pro rosto do filho - Nem tente me impedir de ir lá embaixo quebrar a cara de quem fez isso com Mairon! Entendeu? Ele me impediu de o seguir, eu acatei porque das outras vezes em que não o acatei deu em coisa errada. Mas agora não! Não vai me impedir de vingar a morte dele!

- Meu pai...

- Não adianta, vou lá embaixo!

- Vou também! - declarou empedernida Mairen, que mesmo ainda com aparência de criança queria vingar a morte da "mãe".

Usando de toda a paciência que tinha, Moriel tentou se fazer ouvir outra vez.

- Eu não os impedirei de descerem. Apenas peço que me ouçam antes!

- Para que? Os inimigos vão fugir, se é que já não o fizeram!

- Serei breve. Escute, meu pai, Mairon não está de fato morto.

O filho da escuridãoWhere stories live. Discover now