Capítulo 3

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III

Os planos de Mairon não foram no entanto revelados a Moriel. Ele manteve segredo - fosse por razões práticas, fosse por simplesmente não querer revelar-se mesmo a seu filho - e permaneceu ainda muitas eras de homens naquele estudo silencioso. Moriel nada perguntava, pensando que na verdade não era necessário saber de nada por enquanto e, quando fosse conveniente, Mairon lhe revelaria as coisas enfim.

Com algum tempo, o maia se dirigiu até perto de Orodruin. Lá havia muito fogo e energia para consumir em seus feitiços. Após ter estabelecido a base de seu novo reino lá, chamou através de magia e encantamentos negros a vários dos antigos servos de Morgoth. Alguns como os balrogs¹ não responderam, mas seres mais fracos e domináveis como orcs e trolls vieram imediatamente.

Mairon postou-se diante deles e declarou:

- Reconhecem este anel aqui?

Era o anel que Morgoth lhe dera na primeira era². Todos assentiram. Quem, dentre os asseclas de Morgoth, não o reconheceria?

- Pois então. Isto faz de mim seu representante em Arda. Vocês me devem obediência! Portanto, vão trabalhar pra mim a partir de agora.

Sendo assim, mandou todos trabalharem e passarem a lhe construir casas, castelos, torres e todo um reino digno de ser habitado pelo segundo em comando de Melkor. E com o tempo, a construção de uma nova torre foi planejada e executada. Era uma torre enorme, a qual tomava conta de todo o cenário da terra. Lá ficava perto da montanha de Orodruin, a qual serviria de forja para Mairon e suas novas obras de malícia e dominação.

Os olhos de Moriel brilharam ao ver tudo aquilo. Não se conteve ao ver aquela terra fervilhando de orcs, trolls, wargs e enfim até mesmo homens. Perguntou enfim:

- Pai, como se chamará essa terra que você está estabelecendo?

O maia sorriu, um sorriso sinistro e malicioso.

- Mordor. Nós fundaremos a própria Terra da Escuridão, meu filho.

- E os valar? Devem estar nos esperando para o julgamento...

Com raiva e ao mesmo tempo com um contentamento nocivo, Mairon tomou a uma pedra próxima em suas mãos e a esmagou sem dificuldade.

- Vão continuar esperando, os idiotas. Debaixo do nariz deles, eu vou trazer Melkor de volta a vida e eles nunca mais nos farão frente!

Mais do que isso o maia não disse. Simplesmente tomou de suas ferramentas e foi para as forjas. Moriel permanecia observando o horizonte e pensando que a vingança de seu pai era muito, muito maior do que ele próprio estava podendo conceber no momento.

OoOoOoOoOoOoO

Após um longo período - cerca de seiscentos anos - a torre de Barad Dûr finalmente ficou pronta. Novamente Mairon era o maia poderoso e imponente de antes - e agora mais ainda, pois sem a impulsividade de Melkor ele multiplicara a quantidade de servos e terras colonizadas grandemente. Ele não destruía, somente dominava, controlava e disciplinava - muitas vezes de forma cruel, mas evitava a destruição ao máximo, ao contrário de seu antigo mestre.

Moriel também tornara-se novamente príncipe belo e ricamente ataviado. O nome de Melkor não fora esquecido em Mordor, sendo passado de geração em geração dentre os homens, idolatrado em cada discurso público que Mairon proferia a seus subordinados. Por mais que os séculos passassem, ele não esquecia ao vala negro jamais.

Gostava de pentear e ataviar ao cabelo negro e longo do filho, e às vezes ficava perto dele, acariciando seu cabelo. Quando Moriel perguntava a razão daquilo, Mairon respondia:

O filho da escuridãoWhere stories live. Discover now