Capítulo 25

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XXV

- Como assim, não encontraram o pequeno?!

- Ele não estava mais lá. Orthanc está tomada pelos ents. De Curumo nem sinal, pelo que dizem está trancado na torre principal com um de seus servidores. De resto, não há pequeno.

- Maldição...! Tomaram a Orthanc também! E nós aqui parados! A guerra terá de se tornar mais acirrada!

Ainda buscando uma explicação praquilo, Mairon olhou o palantír que era de Curumo em Orthanc. No começo nada viu, mas depois acabou sendo interceptado por ninguém menos que Aragorn, o filho de Arathorn, o qual vinha buscar o reinado novamente.

Foi uma batalha dura. Mairon em seu poder de maia fez tudo para desgastar ao outro e fazê-lo crer que os poderes de seus exércitos eram incompatíveis com os dos edain ou eldar, mas ele também estava enfraquecido. Pois Aragorn sabia do Anel, reforjara Andúril e agora marchava para lutar contra os exércitos de Mordor.

Com raiva, Mairon desconectou do palantír. Chamou seus generais e enfim preparou a um enorme exército para atacar Gondor.

- Moriel, você vai na frente com o Rei Bruxo. Aproveite e comande com ele um aríete de guerra que vai arrombar Minas Tirith. Estive trabalhando nele em segredo, tem muitos feitiços de terror e dominação. Você terá poder para direcioná-lo magicamente, mas quem vai empurrá-lo são os trolls, orcs e demais servidores menores da Torre Negra. Quero aquela cidade arrasada! Nada menos!

Moriel fez uma reverência ante Mairon, como se ele fosse mais seu general que seu pai, e saiu. Mairen não foi à guerra. Melkor também não.

- Meu bem, quando eu vou sair daqui afinal de contas?

- Espere só eu saber o resultado dessa batalha. Caso seja negativa... então você também entrará em ação.

- Sei. E eu ouvi falar que o seu aríete se chama Grond... o nome do meu antigo martelo.

- Sim. Se aborrece de eu o usar?

- Claro que não, meu bem. Mostra que pensa em mim...

- Hun... e como penso. Por que não me arromba com o seu aríete, hein?

- É pra já...

Para se distrair da guerra iminente, Mairon ficava muito tempo acompanhado com Melkor. Somente o deixava para receber notícias do que estaria acontecendo nas guerras. E muita coisa ocorrera naquela batalha decisiva de Minas Tirith. Denethor se matara, o rei de Rohan soçobrara, o Rei Bruxo sofrera uma ignominiosa derrota contra uma donzela (disso Mairon não podia falar, uma vez que já fora derrotado por Lúthien em seu passado), muitos foram derrotados do lado dos inimigos, mas Aragorn com um exército de mortos - isso mesmo, mortos; justamente contra ele, que era denominado de "necromante" - acabara por vencer aquela batalha.

Mas logo um novo alento viria a seu coração. Alguns mensageiros declararam que a passagem de Cirith Ungol (a que passava justamente por Laracna, a "sua gata") fora invadida. Um pequeno fora preso e capturado. Outro, a quem ninguém sabia se era um guerreiro élfico ou o que, invadira a passagem e ferira a Laracna. Eram realmente tempos obscuros! Ninguém jamais ferira Laracna antes.

O bom daquilo era que lhe trouxeram roupas do pequeno que adentrara Mordor. Vinha com uma malha de mithril, roupa esfarrapada, pequena espada élfica, cajado dos edain de Gondor.

- O que diabos um pequeno, sozinho, vestindo uma roupa dessas, quer em minhas terras?

Mas esse pequeno também sumira. O guerreiro élfico provavelmente o salvara.

- Bem. Agora tenho de me preocupar com o último assalto que faremos. Batedores me disseram que estão vindo senhores do oeste para cá. Olórin, Aragorn, todos esses senhores, com uma súcia que não consegue bater-se nem com meus menores guerreiros. Será divertido capturar a alguns deles e sob tortura saber enfim onde está o meu anel.

Quando os Capitães do Oeste se colocaram no portão de Mordor, Mairon enviou a um de seus principais intendentes, o qual chamavam de Boca de Sauron. Odiava aquele nome, "Sauron", mas os idiotas "de fora" não reconheceriam se o chamassem de "Mairon". Enviou pois o porta-voz, ainda que contra a vontade de Melkor.

- Não confio em edain pra fazer essas coisas, meu bem.

- Eu já lhe disse, eles não têm vontade própria. Não são mais edain, não passam de espectros.

Pediu para Moriel o manter informado sobre tudo. Mandou mostrar as roupas do Pequeno para Olórin e os demais. Veria se eram queridos de si. E era. Mas eles não cederam. Lutariam afinal. Assim que Moriel voltou dizendo sobre a negativa deles, Mairon se levantou, resoluto.

- Melkor, está na nossa hora de agir. Vamos sair lá fora e acabar com eles! Um deles certamente saberá onde está meu Anel.

Satisfeito, o vala se levantou e ia seguir a seu consorte, para finalmente colocar as mãos na massa como tanto desejava. Mas nesse mesmo momento, muitas coisas aconteceram. De repente, das Sammath Naur, justamente das forjas de onde vinha seu poder e onde Mairon forjara o Um Anel há muitos anos, viera um clamor reivindicando o uso do mesmo.

E num segundo o maia o viu. Um pequeno atrevido, bem na beira do precipício de lava, usando o seu anel. A roda de fogo. Num momento ele compreendeu o plano de seus inimigos: não era arrasá-lo com guerras ou então tentar dominar ao Anel; era destrui-lo, pois assim ele jamais se reergueria outra vez.

- Nazgûl! Até a Sammath Naur! Não o deixem escapar! Tragam-me o Anel!

Mas antes que qualquer Nazgûl chegasse, aquela criaturinha desprezível, que um dia Mairon tomara como mascote para sua filha, se embateu com o pequeno e tomou o Anel de si. Ainda estava cativo do objeto, e de qualquer forma provavelmente fora ele a guiar os outros para Mordor. Nunca, nunca devia tê-lo deixado partir!

E o serzinho repugnante dançou em torno do precipício, "Precioso, Precioso! Ó meu Precioso!" e em seu íntimo Mairon torceu para que dançasse mais um pouco - só mais um pouco - a fim de que os Nazgûl chegassem e o tomassem para si. Se o tomassem, então tudo estaria ganho. Ele derrotaria aos Capitães do Oeste com um único golpe.

Mas não foi assim que ocorreu. Por causa de um tropeção, de um reles tropeção daquela criatura ridícula, seu destino se selara. Pois ele caíra dentro do precipício com Anel e tudo - para sua destruição, mas também a destruição de Mairon, o qual sentia o "fána" ser desintegrado sem nada poder fazer.

- NÃO! - foi a última coisa a qual pôde exclamar, agarrado no parapeito de uma das sacadas de Barad Dûr, vendo impotente o melhor de seu poder se acabar.

To be continued

OoOoOoOoOoOoO

Detesto capítulo de guerra, acho que já falei. Mas daqui pra frente vai ficar interessante.

Beijos a todos e todas!

O filho da escuridãoWhere stories live. Discover now